terça-feira, 7 de abril de 2020

Tiraninhos

Prefeitos e governadores definem quais são as atividades essenciais e quais são as que não são essenciais. Quais são os critérios que eles usam para distinguir as essenciais das que não são essenciais eles não dizem. E ninguém sabe para o que umas atividades são essenciais e outras não. Reúnem-se prefeitos e governadores e alguns burocratas, nos seus escritórios climatizados com ar condicionados, sentados em cadeiras confortáveis; após um bate-papo amigável, refestelando-se num banquete nababesco, determinam, sem consultar o povo que dizem representar, quais atividades são essenciais e quais não são essenciais. Desrespeitam milhões de brasileiros, os que executam as atividades que eles, prefeitos e governadores, classificam como não sendo essenciais, as, vou assim chamar, atividades "não-essenciais". E atividades essenciais e não-essenciais para o quê? Se são essenciais algumas atividades, elas são essenciais para alguma coisa; se outras não são essenciais, elas não essenciais para alguma coisa. Acredito que eles querem dizer que tais atividades são essenciais para o funcionamento da sociedade, e outras não. Entendo, considerando o que os "representantes do povo" (sabichões inconsequentes muitos deles, mal-intencionados não poucos) determinam, de baixo para cima, ignorando a vontade popular (vontade que, pode-se dizer, foi dobrada pelo terror-pânico), que para eles as atividades "essenciais" não podem ser suspensas e as "não-essenciais" podem, afinal elas não são essenciais.
Ora, as pessoas cujas atividades foram classificadas na categoria das atividades "não-essenciais", impedidas, por decretos municipais e estaduais, de trabalharem, e ameaçadas até com a prisão, se não atenderem à ordem legal (legal?!), sentem-se desprivilegiadas, desprezadas, desmoralizadas, desrespeitadas. Tais prefeitos e governadores, idiotas, estúpidos, ignorantes, imbecis, soberbos, presunçosos, agridem os brasileiros, insensíveis às consequências de suas ações dezarrazoadas, aos sentimentos alheios, ao sofrimento do povo que eles dizem representar. São tipinhos desprezíveis. E são estes tipinhos que os ruminantes Odiadores Profissionais do Bolsonaro, anti-fascistas, integrantes das hostes bárbaras "Ele Não", "Resistência É Sobrevivência", "Lula Livre", "Mariele Vive", "Fascistas Não Passarão" apóiam bovinamente. Muitos destes prefeitos e governadores, não sendo mal-intencionados, apenas ineptos no mais alto grau, estão se deliciando com o poder que adquiriram de uma hora para outra, poder que lhes permite decidir sobre a vida e a morte de muita gente; sem perceber, deixaram sair de si mesmos e exibir-se desinibidamente o demoniozinho autoritário que tinham embutidos no espírito. Outros prefeitos e governadores, no entanto, têm consciência das consequências de seus atos, e os promovem para causar o caos, e querem ampliar seus poderes, concentrá-los nas mãos. Nenhum deles, nem os primeiros que, agora inconscientemente assumem poderes ditadoriais, que muito lhes agrada ao ego narcísico, e nem os conscientes das consequências maléficas de suas decisões, merecem desculpas.

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