quinta-feira, 9 de abril de 2020

De heróis e de falsos heróis

Contra o Chinavírus, prefeitos assumem postura destrambelhada, desarrazoada, sem pé nem cabeça, e trocam os pés pelas mãos, e enfiam, literalmente, o pé na jaca, sujando-se, estupidamente, em ações inconsequentes prejudiciais às pessoas que vivem nos municípios que eles governam, melhor, que eles desgovernam. Diante da ação, superestimada, do Chinavírus, Corongavírus para os íntimos, querem mostrar serviço, mostrar para o que vieram, combater o bom combate contra um inimigo que eles jamais viram mais gordo. Oferecem-se à batalha, de peito aberto, prontos para o que der e vier. E por quê!? Ora, estamos em ano eleitoral. E muitos dentre eles serão candidatos à reeleição; e muitos querem fazer o sucessor, seu aliado. As medidas que eles tomam, nestes dias de quarentena, alguns assumindo poderes, não é exagero dizer, ditatoriais, obrigando os cidadãos a recolherem-se às suas casas, sob pena de multas, processos e até prisões se desobedecerem aos decretos, eles as tomam apenas para criar ingredientes para a receita das propagandas eleitorais. Apresentar-se-ão como super-heróis dotados de superpoderes excepcionais, extraordinários. E são heróis tão fabulosos, tão bravos, tão destemidos, tão indômitos, que enfrentaram, com toda a coragem do mundo, o Corongavírus, ou Covid-19, super-vilão crudelíssimo cujo poder equivale aos poderes somados de Thanos, Darkseid, Galactus, Doutor Destino, Kang, General Zod e Bizarro. Querem que o povo acredite que eles, prefeitos, são poderosíssimos - e para o persuadirem de que são superpoderosos superestimam o poder do inimigo, o Corongavírus. Não é por outra razão que tomam medidas excepcionais exageradas. É compreensível, do ponto de vista do jogo político num ano eleitoral, que assumam tal postura, pois os seus adversários irão bombardeá-los, durante a campanha eleitoral, com acusações, se fundadas, se infundadas, não vem ao caso, de negligência e descaso e irresponsabilidade se eles não tomarem nenhuma medida emergencial contra o vilão que está a aterrorizar a humanidade; daí eles fazerem os cálculos, e decidirem decretar medidas que possam usar de escudos contra os ataques de seus adversários, que ficarão de mãos atadas, não podendo assacar contra eles a negligência e o descaso no combate a um mal que pode, declaram os alarmistas (e é nestes que a população, amedrontada, perdida sua serenidade, acredita), matar milhões de pessoas em questão de um milésimo de segundo.
É a política que dá as cartas neste capítulo obscuro, tétrico, nos quais representamos os papéis de meros figurantes.
Muitos prefeitos, nestes dias que correm, e velozmente, presunçosos, esforçam-se para representar o papel de Super-Homem, ou o do Thor, ou o do Capitão América, mas, ineptos, atuam com a desenvoltura do Chapolin Colorado; aliás, são piores do que o querido personagem de Roberto Gómez Bolaños; se possuíssem só a tolice e a inépcia que fazem a fama do maior super-herói latino-americano a nossa situação não seria tão má; para a nossa infelicidade, eles associam aos talentos de Chapolin Colorado o maquiavelismo deicida do Lex Luthor, a insanidade do Coringa e a maldade revolucionária do Bane.

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