Muita gente que se diz favorável
à tolerância declara que todos têm de tolerar tudo e que nada pode ser
proibido, isto é, ser alvo de intolerância, e que a liberdade é irrestrita, e a
tolerância, absoluta. Ora, aqueles que promovem a tolerância absoluta tolera a
intolerância, e, ao tolerá-la, admite tolerância àqueles que não toleram a
tolerância, isto é, toleram os intolerantes, estando, portanto, dando tiros nos
próprios pés ao não definirem critérios para o que é tolerável e o que não o é;
além disso, tais tolerantes, diante daqueles que não toleram os intolerantes,
perdem a compostura e os chamam de intolerantes. Ora, os tolerantes que não
toleram aqueles que não toleram a intolerância dos intolerantes são
intolerantes, e neste ponto entram em contradição, pois, se tolerantes, têm de
tolerar aqueles que não toleram a intolerância dos intolerantes.
A sabedoria ensina-nos a seguir o
caminho do meio, jamais os extremos. No caso da tolerância é sábio quem não vai
à extremidade. Quem é extremista, neste caso, acaba por ser tolerante com quem
é intolerante, sendo, portanto, favorável àqueles que podem eliminá-los e
aniquilar a tolerância, e intolerante com quem não tolera a intolerância dos
intolerantes, discriminando, portanto, as pessoas de bom-senso, pessoas que têm
critérios para avaliar as condutas das pessoas e a própria, e separar o joio do
trigo.
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