sexta-feira, 19 de agosto de 2022

Quatro notas

 

Fernandez, um argentino, herói dos anti-bolsonaristas

Não faz dois anos que anti-bolsonaristas desta e de outras galáxias, à notícia de que o maior herói da Argentina, nosso ilustre hermano Alberto Fernandez, o homem que, dizem os inocentes e os desatentos, governa a Argentina, e faz das tripas coração para livrá-la ainda hoje dos bretões que insistem em se conservarem nas Falklands, ou Malvinas, e está a fazer de seu país um território chinês além-mar, havia implementado, em respeito às regras sanitárias de combate ao maior bode expiatório de todos os tempos, o Covid-19 (Coronavírus, para os íntimos; Mocorongovírus, para o meu querido amigo Barnabé, que há um bom tempo não me envia uma de suas adoráveis mensagens via Uatesape), rigoroso lockdown (que então se chamava quarentena) de uns trinta dias, disseram, naquele tom indignado, que lhes é característico, de excelsas autoridades, supremas, que ele estava a livrar os argentinos da morte certa, enquanto seu congênere brasileiro, o vilanesco e crudelíssimo Jair Messias Bolsonaro, também chamado Jairzão, e Capitão Bonoro, e Mito, estava, ao se recusar a impôr um lockdown de rigor equivalente ao argentino, a matar centenas de milhares de brasileiros. Há quem acredite que os números oficiais de mortes e infectados pelo Covid correspondem aos reais. Que acreditem!
Hoje estamos a assistir o Brasil, sob o comando do presidente Jair Messias Bolsonaro, a recompôr-se, economicamente, do tombo que sofreu, em 2.020, e a dar passos largos ao desenvolvimento, a controlar a inflação, que não atingiu, no ano de 2.021, dois dígitos, e a gerar milhões de empregos, e a investir em infraestrutura, e a entregar ao seu povo novas obras de transposição de águas do rio São Francisco, e a se revelar um porto seguro para investimentos, enquanto a Argentina segue a sua maldita sina para o abismo, com inflação, em 2.020, de 35%, e, em 2.021, de 50%, e aumento do desemprego, e cada vez mais dependente do capital chinês.
E os anti-bolsonaristas, a realidade a desmenti-los, a clamarem aos quatro ventos que está o presidente brasileiro a destruir a casa do Pelé, e seu par argentino a enriquecer a terra do Maradona.

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Discussão filosófica de alto nível.

Ouvi falar - não sei se é verdade (à venda o peixe, e pelo preço que comprei) - que a discussão filosófica de mais alto nível que humanos jamais empreenderam se deu no topo do Everest.

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Linguagem neutra, o auge da civilização.

Dizem as línguas viperinas das criaturas lupinas que a linguagem neutra está, em praça pública, para disputa intelectual séria e acalorada, seus defensores a dá-la instrumento apropriado para se chegar à extinção de preconceitos. É natural. Um avanço, um progresso da linguagem, do vocabulário, o destino infalível da língua de todo povo moderno. O símbolo de superioridade civilizacional. O ponto áureo da civilização humana. Os indivíduos que a rejeitam e que lhe torcem o nariz são seres antiquados, da era medieval, incivis, que merecem o ostracismo, a viverem à margem da sociedade perfeita que os vanguardistas labutam, diuturnamente, com o suor do rosto e com o sacrifício do próprio sangue, se necessário, para erigir, se preciso for contra tudo e contra todos. E ai daqueles que ousam ver má intenção nos bons cidadãos que lutam para impô-la, via legal, a todos os filhos de Deus. São cancelados, como se diz hoje em dia. E o que há de natural em tal linguagem neutra? Se é natural, por que as pessoas comuns não a usamos naturalmente sem que sejamos obrigados a fazê-lo, sob coação?! Corruptelas são naturais. Quem nunca falou "bêudo" em vez de "bêbado", "vuô" em vez de "voou" não nasceu ainda. Refiro-me, claro, aos brasileiros. Segundo consta, e não sei se procede a informação, os portugueses são mais cuidadosos do que os brasileiros no uso que fazem da última flor do lácio.

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Diplomas para o povo.

É o diploma escolar - principalmente o universitário - o Santo Graal dos brasileiros. Tal fetiche muitos males ocasionam aos descendentes de Peri e Ceci - e não são poucos os que se matam para obtê-lo. Os brasileiros agem tal qual Smeagol, "Precioso! Precioso!", a admirarem, alumbrados, objeto tão desejado, tão querido, de cuja posse querem exclusividade. Adoecem, para obtê-lo. E o conhecimento do qual, presume-se, o diploma é unicamente um emblema, é um detalhe irrelevante, insignificante. Não são poucas as pessoas que estudaram, durante décadas, em escolas, uma determinada disciplina, e dela nada aprenderam. E elas ostentam, orgulhosas, o diploma, autêntico comprovante de anos de frequência escolar.

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