domingo, 23 de outubro de 2022

Notas breves

 Foi, ou não foi?


- Quem foi à escola, hoje?

- O Lúcio foi.

- Quem sujou de terra a sala?

- Foi o Lúcio.


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Nanominidicionário Escalafobético de Aumentativos e Diminutivos da Língua Portuguesa.


Eu, Sergio Ricardo, chamado, pelas pessoas mais baixas do que eu, de Serginho, e, pelas mais altas, de Sergião, ofereço aos meus queridos leitores um presente inestimável, que lhes será útil por toda a eternidade: um Nanominidicionário Escalafobético de Aumentativos e Diminutivos da Língua Portuguesa.

Memorizem a lista, amados leitores.

Aumentativos:

Ana: Anão.

Ave: avião.

Bala: balão.

Barato: baratão.

Bota: botão.

Caixa: caixão.

Chá: chão.

Conversa: conversão.

Fogo: fogão.

Galo: galão.

Leite: leitão.

Leo (de Leonardo): leão.

Má: mão.

Pá: pão.

Pássaro: passarão.

Raça: ração.

Soluço: solução.

Talo: talão.

Vara: varão.


Diminutivos:

Caro: carinho.

Sarda: sardinha.


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Onde estão os meus pães?


Vivendo e aprendendo. Eu soube, ontem, que "pães" é o substantivo neutro plural que substitui os substantivos, conjugados na condição de sujeito composto, "pai", masculino, e "mãe", feminino. Cá entre nós: é mais fácil, e prático, falar "meus pães" do que "meu pai e minha mãe". Agora, sempre que alguém me perguntar "Onde estão os seus pães?", saberei que se está a querer saber o paradeiro de meu pai e de minha mãe.


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É fascista e nazista o político que está, sem temer o povo, a defender o direito de toda pessoa à legítima defesa, com o uso, se assim a pessoa o desejar, de armas-de-fogo, sabendo-se que os fascistas e os nazistas recusam ao povo conceder o direito à legítima defesa e dele tira as armas?


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É mais fácil oprimir o povo que sabe fazer uso, quando necessário, para a conservação de sua liberdade, da força, do que aquele que não sabe?


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Se o Estado é o único e exclusivo detentor do direito do uso da força para fazer a segurança do povo; se em um país em que o Estado, e unicamente o Estado, tem tal poder a violência ê assustadoramente assassina, então o Estado é ineficiente. Se é assim, por que se atribui ao Estado onisciência, onipresença, infalibilidade?


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Um político defende o direito dos pais decidirem se matriculam, seus filhos em escolas do sistema educacional oficial, ou se os educam em casa, a eles ministrando aulas desta e daquela matéria, ou se lhes contratam professores. Tal político está a defender a liberdade dos pais. Sabendo-se que para os fascistas e os nazistas toda pessoa é obrigada a frequentar escolas do sistema oficial de ensino, cujas normas são obra do Estado, pode-se chamar tal político de fascista e nazista?


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Muitos orgulhosos e vaidosos autoproclamados defensores da liberdade de expressão, a assistirem ao cala-boca que se está a dar a diversos jornalistas e youtubers, simulam ignorância a respeito, e silenciam-se. Compreensível. São defensores da liberdade de expressão para si mesmos, e não para as pessoas que pensam diferente deles.


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Muitas vezes ouvi citarem uma frase atribuída a Voltaire, aquela que ensina: "Não concordo com o que dizes, mas defendo até a morte o direito de o dizeres." Agora que se pede, diante da supressão da liberdade de expressão de pessoas incômodas ao que se convencionou chamar de sistema, às pessoas que defendam a liberdade de cada pessoa dizer, livremente, o que pensa, calam-se muitos dentre aqueles que, reproduzindo a frase atribuída ao filósofo francês, faziam-se de paladinos da liberdade. São heróis da Liberdade apenas da boca para fora.


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A exibição pública de virtude não é ato virtuoso. Não é herói quem se diz herói, mas quem, sem o dizer, age heroicamente.

Muita gente, fazendo-se de herói, para se darem como virtuosos, reproduziam, na forma de bastão contra cabeças alheias, uma obra de Martin Niemöller, cujo início é este "Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei.", e que se encerra assim: "No quarto dia, vieram e me levaram; já não havia mais ninguém para reclamar." Mensagem edificante, conhecida na versão cujos princípio e fim aqui eu transcrevi e em várias outras. Muitas pessoas fizeram uso dela, envaidecidos; e dentre elas muitas, numa hora em que está a liberdade de todos ameaçada, inclusive a delas, se calam. Tais pessoas reescreveram a mensagem, que se inicia assim: "Um dia vieram e fuzilaram, ao paredón, o meu vizinho. Vivas à revolução."; e termina assim: "Hoje me levaram, e irão me fuzilar. Por que, se eu sou um revolucionário?!"


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