quarta-feira, 19 de outubro de 2022

Duas notas breves

 Caíam as águas de março, e as de abril, e as de maio, e as dos meses subsequentes, do ano de 2.020. Médicos orientaram - melhor, desorientaram - as pessoas que apresentavam sintomas de uma doença causada por um bichinho invísivel a trancarem-se cada qual em sua casa e nela permanecerem aprisionadas até que sentissem falta de ar, e só então procurar uma autoridade médica. Não vi, então, sensatez em tal conselho. E o presidente brasileiro também não. Pela primeira vez na minha curta existência, vi médicos recusando tratamento às pessoas em estágios iniciais de uma doença. Atendiam os médicos ao chamado da medicina, ou ao da histeria que os adoeciam?


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Se um homem que sofre do coração recorre a um médico, este, ao fim da consulta lhe diz: "Você é hipertenso. Possui tal e tal mal cardíaco. Evite gorduras, sal, massas. Se você, não seguindo as minhas orientações, vir a sofrer uma parada cardíaca, não me procure: você não terá direito a um leito hospitalar, tampouco a um da UTI."?

Se um homem de hábitos sexuais promíscuos recorre a um médico, este lhe diz: "Use preservativos, sempre. Se você não providenciar proteção para si mesmo, se você não se cuidar, e alguêm infectar você com o vírus da AIDS, e você adoecer, eu não assegurarei a você um leito hospitalar."?

Nas duas ocasiões, ninguém irá dizer que tem o médico autoridade, licença profissional, tampouco moral, para impor-se ao paciente, para chantageá-lo, tampouco negar-lhe tratamento caso ele não lhe siga as orientações. Os dois casos são ilustrações que eu ponho num pensamento que me coça a cabeça desde que li, em tempos de coronavírus, de pessoas da área médica, comentários, em tom de ameaça, de chantagem, que simulavam ares de respeitáveis exortações médicas, que delas revelavam a fragilidade psicológica, a submissão ao terror midiático que então massacrava trilhões de pessoas. Ora, se um homem não segue as políticas de combate ao minivírus podem médicos ameaçarem-lo: "Se não seguir as determinações médicas, e vir a adoecer gravemente, você não terá direito a um leito hospitalar."? Não. Mas eu vi médicos estupidamente lançando mão, em tom de exortação profissional, de tal expediente. E não o fizeram, quero deixar claro, para este e aquele paciente que tenha-os visitado no consultório, mas em publicações, em redes sociais, de notas que reproduziam uma Declaração, que trazia, com os espaços vazios apropriados, mais ou menos as seguintes palavras: "DECLARAÇÃO: Eu [nome do paciente], portador do RG [número] e do CPF [número], residente em [cidade], à rua [nome da rua], [número], declaro, de próprio punho, que, porque me recuso a respeitar as medidas sanitárias que as organizações médicas estabelecem para enfrentar a epidemia, rejeito, caso eu adoeça de COVID, um leito de UTI." Médicos, aterrorizados pela mídia, e pressionados por outras forças, aterrorizaram as pessos, chantagearam-las.

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