terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Hino Nacional

Uma recordação: na sala em que eu estudava, no colegial, no Instituto João Gomes de Araújo, havia um americano em intercâmbio. Um dia, na aula de Língua Portuguesa, a professora Maria Inês Amadei, pediu-nos, em um determinado momento da aula, que cantássemos o Hino Nacional Brasileiro. Displicentes, com má-vontade, os alunos, sentados, o cantamos, sem firmeza na voz e constrangidos. Em seguida, a professora pediu para uma das alunas, Bernardete, que sabia falar inglês, que ela pedisse ao americano, Nick, que ele cantasse o Hino Nacional Americano. De imediato, ele se levantou da cadeira, pôs a mão direita ao peito esquerdo, e, num tom de voz forte, puxando, com vontade, o ar dos pulmões, pôs-se a cantar o hino de seu país. Encerrada a recitação, sentou-se; e a professora chamou-nos a atenção para a postura do americano, que, com um gesto espontâneo, automático, deu-nos a nós alunos brasileiros uma impecável aula de amor à pátria. Na sequência, a professora fez-nos cantar o Hino Nacional uma vez mais; e agora, mais constrangidos do que antes, o cantamos, em pé, com vontade - e sendo a nossa vontade forçada, e não espontânea, nossa atitude soou ridícula.
Lembrei-me deste episódio assim que li reportagens acerca da sugestão que fez o ministro da educação, Ricardo Vélez-Rodriguéz, a de os professores e os alunos cantarem o Hino Nacional, e da reação a ela, virulenta, estúpida e cínica de esquerdistas e de direitistas, todos anti-Bolsonaro.

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