quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Sem consenso

Muita gente, revelando indignação (fingida) e preocupação (fingida), com o "Brasil dividido", com a "polarização", tem o desejo (inconfessado) de impor a todos a sua opinião (que é a errada). Ora, o que há, no Brasil, hoje em dia, é divergência de opiniões, que ocasiona atritos (que raramente redunda em violência), o que é um bem à sociedade; o oposto disso seria o consenso (e deveríamos de nos perguntar quem o impõe, pois só pode haver consenso em questões políticas e qualquer outra questão com a imposição de uma idéia - e isso tem uma nome: autoritarismo). O tom alarmista de muita gente, que vê ódio em toda manifestação (das pessoas que pensam diferente, claro) de opiniões é só fingimento histérico. Tal gente, repito, tem o desejo de impor suas idéias; não o conseguindo, apelam a um artíficio: apontar o dissenso como fruto da intolerância, da intransigência, do fanatismo, da arrogância. O sonho de tal gente é obter a tudo o que dizem a anuência automática de todos os seus interlocutores. Não possui, mesmo que diga o contrário, o espírito da liberdade, do respeito à divergência. As divergências, ocasionadas por opiniões as mais variadas (independentemente se certas, se erradas), alimentam idéias, que são reconsideradas vezes sem conta - prova de uma sociedade saudável; a sociedade brasileira seria doente se houvesse o consenso, se não houvesse o "Brasil dividido", a "polarização".

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