Sempre
que se fala em escravidão, aponta-se, e com razão, o dedo acusador
para os portugueses, que sustentavam o regime escravocrata no Brasil
e financiavam um intenso comércio de africanos escravos. É fato. É
história. Não há o que negar: Houve um tráfico negreiro, e os
portugueses exerceram o seu torpe papel: O de comerciantes de gente
oriunda da África. Mas a história não está completamente contada
ao nomear-se apenas uma das personagens nela envolvidas, o português,
que adquiria, como compradores, na África, os negros africanos.
Para
se conhecer toda a história faz-se necessário perguntar: De quem os
portugueses compravam os escravos negros? Quem lhos vendia? Sendo os
portugueses os compradores, na África, de negros africanos, havia os
vendedores. E quem eram os vendedores? Não se pode contar a
verdadeira história do tráfico negreiro se se aponta o dedo
acusador unicamente àqueles, os portugueses, que compravam, na
África, os africanos negros, sem que se nomeie os vendedores, e os
vendedores eram os próprios africanos negros. Os portugueses não
penetravam nas terras africanas continente adentro, à caça das
gentes da África; eles aportavam os seus navios na costa litorânea
africana e negociavam o preço dos africanos negros aprisionados,
escravos estes, caçados pelos próprios africanos negros. Só houve
tráfico negreiro porque havia compradores e vendedores de africanos
negros.
Quanto
mais distante ficamos daquele período nefasto da história do
Brasil, mais se distorce, em atendimento à política que atenta
contra a verdade, os capítulos que a compõem e o papel de cada
personagem que neles se movem.
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