segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Aposentadoria

... e debate-se a reforma da previdência social. Não entro nos detalhes das propostas apresentadas pelos políticos – desconheço-as. Há um ponto, no entanto, em que praticamente todas as pessoas - aquelas que são contra o governo e aquelas que lhe são a favor - concordam: Cabe ao governo ditar as regras de aposentadoria, definir a porcentagem do salário dos trabalhadores que será recolhida aos cofres da Previdência Social e administrar a aposentadoria de todos os brasileiros. Assim, concedem ao governo o papel de guardião de recursos oriundos da remuneração do trabalho, dispensando-se os brasileiros de cuidarem, cada qual, de seus próprios ganhos. Tal pensamento, quase unânime entre os brasileiros, foi neles incutido, gradativamente, durante décadas, numa cultura propícia à entrega, pelo povo, ao governo, do controle do próprio destino da nação. É uma idéia cara aos políticos que almejam sugar dos brasileiros uma parcela de sua renda, tendo-se, supõe-se, o propósito de oferecer-lhes cuidados assim que eles atingirem uma idade que lhes dispense de trabalhar, pelo menos com registro em carteira, e lhes permita gozar das economias acumuladas, forçosamente, durante os anos em que ocuparam-se em trabalho remunerado segundo a lei vigente. Tal política é opressora; os seus propugnadores convenceram os brasileiros de que eles, os brasileiros, não são capazes de gerir seu próprio dinheiro, atribuindo-lhes ignorância das questões básicas da administração da renda que é fruto do trabalho deles, tratando-os como incapazes de governarem-se a si mesmos, obrigados - de livre e espontânea vontade, assim supõem -, a entregarem ao governo a tarefa de administrar-lhes os recursos acumulados para consumo durante os anos de aposentadoria. Ora, os brasileiros, que responsabilizam-se por um trabalho, administram uma casa, governam uma família, não seriam capazes de administrar o dinheiro com que são remunerados pelo trabalham que executam? Independentemente do que venham a decidir os políticos, lá em Brasília, os brasileiros continuarão a serem tratados como serviçais dos donos do poder, terão as suas vidas controladas por eles, que estabelecerão todas as regras neste caso, criando dificuldades para que cada brasileiro governe a si mesmo e administre os seus próprios recursos amealhados com o suor do próprio rosto e a energia de seu próprio cérebro.
Por que cabe ao governo ditar as regras acerca do uso que cada brasileiro faz do seu próprio dinheiro? Por que se transfere para o governo, consciente de que o faz, tal responsabilidade, ciente de que ele irá desperdiçar os recursos numa instituição onerosa, ineficiente e corrupta? Por que os brasileiros, como boa parte do mundo, permitem que o governo dite as regras a respeito desta questão e de muitas outras? Qual é o poder de persuasão de governos, e por quais meios eles o exercem, sobre as pessoas, que lhes dão permissão para controlar todas as pequenas coisas da vida de toda pessoa, e como conseguem dissuadir aqueles que, de espírito independente, se calem, e não lhes apontem, nas entrelinhas dos discursos, toda a maldade intrínseca, e não revelem, antecipando, em imaginação, os eventos, apresentando os prejuízos que serão causados?

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