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e debate-se a reforma da previdência
social. Não entro nos detalhes das propostas apresentadas pelos
políticos – desconheço-as. Há um ponto, no entanto, em que praticamente
todas as pessoas - aquelas que são
contra o governo e aquelas que lhe são a favor - concordam: Cabe ao
governo ditar as regras de aposentadoria, definir a porcentagem do
salário dos trabalhadores que será recolhida aos cofres da Previdência
Social e administrar a aposentadoria de todos os brasileiros. Assim,
concedem ao governo o papel de guardião
de recursos oriundos da remuneração do trabalho, dispensando-se os
brasileiros
de cuidarem, cada qual, de seus próprios ganhos. Tal
pensamento, quase unânime entre os brasileiros, foi neles incutido,
gradativamente, durante décadas, numa cultura propícia à entrega, pelo
povo, ao governo, do controle do próprio destino da nação. É uma idéia
cara aos políticos que almejam sugar dos brasileiros uma parcela de sua
renda, tendo-se, supõe-se, o
propósito de oferecer-lhes cuidados assim que eles atingirem uma idade
que lhes
dispense de trabalhar, pelo menos com registro em carteira, e lhes
permita gozar das
economias acumuladas, forçosamente, durante os anos em que ocuparam-se
em
trabalho remunerado segundo a lei vigente. Tal política é opressora; os
seus propugnadores convenceram os brasileiros de que eles, os
brasileiros, não são capazes de
gerir seu próprio dinheiro, atribuindo-lhes ignorância das questões
básicas da administração da renda que é fruto do trabalho deles,
tratando-os como incapazes de governarem-se a si mesmos, obrigados - de
livre e
espontânea vontade, assim supõem -, a entregarem ao governo a tarefa de
administrar-lhes os recursos acumulados para consumo durante os anos de
aposentadoria. Ora, os brasileiros, que responsabilizam-se por um
trabalho, administram uma casa, governam uma família, não seriam capazes
de
administrar o dinheiro com que são remunerados pelo trabalham que
executam?
Independentemente do que venham a decidir os políticos, lá em Brasília,
os
brasileiros continuarão a serem tratados como serviçais dos donos do
poder, terão
as suas vidas controladas por eles, que estabelecerão todas as regras
neste caso, criando dificuldades para que cada brasileiro governe a si
mesmo e administre os seus próprios recursos amealhados com o suor do
próprio
rosto e a energia de seu próprio cérebro.
Por
que cabe ao governo ditar as
regras acerca do uso que cada brasileiro faz do seu próprio
dinheiro? Por que se transfere para o governo, consciente de que o faz,
tal
responsabilidade, ciente de que ele irá desperdiçar os recursos numa
instituição onerosa, ineficiente e
corrupta? Por que os brasileiros, como boa parte do mundo, permitem que o
governo dite as regras a respeito desta questão e de muitas outras?
Qual é o poder de
persuasão de governos, e por quais meios eles o exercem, sobre as
pessoas, que lhes dão permissão para controlar todas as pequenas coisas
da vida de toda pessoa, e como
conseguem dissuadir aqueles que, de espírito independente, se calem, e
não lhes
apontem, nas entrelinhas dos discursos, toda a maldade intrínseca, e não
revelem, antecipando, em imaginação, os eventos, apresentando os
prejuízos que serão causados?
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