sexta-feira, 2 de setembro de 2022

Duas notas

 A extinção dos homens


Meu querido, amado leitor, você já viu, estou certo, ao vivo e em cores, perambulando por aí, a exibir sua estética grotesca, uma - talvez mais de uma (provavelmente uma dúzia) - daquelas criaturas de cabelos coloridos, sovacos peludos, despeitadas, sempre a carregarem o cenho franzido, a cuspirem perdigotos corrosivos nos homens - e nas mulheres femininas -, uma daquelas criaturas, prossigo, de cabelos coloridos que, sendo mulheres, classificam-se numa subcategoria feminina não muito benquista, e tampouco respeitada, pelas outras mulheres, as da categoria original, superior de mulheres, cuja mãe, e mãe de todos nós, na face da Terra surgiu, e no Éden, de uma costela de Adão, o pai de todos nós. E você já deve ter percebido que tais criaturas, conquanto tenham os dons das mulheres, dons que herdaram da natureza, simultaneamente mãe e madrasta, elas esforçam-se, destruindo-se, para se fazerem criaturas de uma espécie, de uma raça única, que não compartilha com os homens nenhuma identidade natural, como se não fossem a metade de uma espécie, que encontraria a sua extinção se uma das duas metades inexistisse. Ninguém ignora que perpetua-se a espécie humana porque, entre tapas e beijos, e arranhões e puxões de orelhas, e rusgas as mais tolas, entendem-se - e eu quase escrevi maravilhosamente bem - homens e mulheres. Que é difícil - provavelmente impossível - para os homens entenderem as mulheres, todos sabemos. E que é difícil - presumivelmente impossível - para as mulheres entenderem os homens, todos concordamos. Aliás, não posso deixar de dizer: os homens não entendem os homens, e as mulheres não compreendem as mulheres - se assim não fosse, homens não esmurrariam homens, e mulheres não estapeariam mulheres. Não sei quem disse - e é a autoria da idéia original dada a William Shakespeare, que, dizem as más línguas, não escreveu as peças que ele assinou - que há entre o céu e a terra mais do que sonha a vã filosofia humana.

E chegamos, após uma curta embromação, ao meu objetivo: uma notícia, que é do balacobaco, louca pra dedéu, coisa de doido. Uma dessas criaturas amáveis, feminista - e nada tenho contra o feminismo enquanto movimento legítimo em favor das mulheres - de carteirinha, daquelas histéricas, doidas de pedra, insanas, disse - disse, não -, escreveu que é seu sonho viver em uma sociedade em que as mulheres tenham o direito, e o exerçam em sua inteireza, de abortar (diríamos os seres humanos: matar) todos os fetos (diríamos: seres humanos) masculinos para que não nascessem nenhum homem, porque deseja a moçoila que a raça dos homens seja extinta, para que as mulheres possam viver em paz. Eita! Que coisa! A excelsa criatura não sabe que os homens não são de uma raça distinta da humana, e tampouco as mulheres! Que doideira! Extintos os homens, extinguem-se as mulheres. Nem as amazonas - as da Grécia, e as do Amazonas, também chamadas icamiabas - eram, assim, tão sem noção: elas apenas não queriam que os homens vivessem em meio a elas, e só, mas não prescindiam da companhia masculina, e menos ainda dos deuses. Zeus que o diga.


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"Mas" e "apesar de", o Bolsonaro, e a má-fé e a má-vontade dos anti-bolsonaristas.


Já é o caso de internação compulsória em casa de Orates, ou, dizendo em vernáculo camoniano, em casa de gente doida de pedra, maluca, biruta, lelé, dodói da cabeça.

Sempre que estão numa situação que não lhes é do agrado, conhecedores de ótimas notícias, sendo obrigados a, infelizmente, dá-las, na inexistência de péssimas notícias, aos brasileiros deste e de outros quadrantes do universo, os anti-bolsonaristas inserem uma conjuncão adversativa, o já proverbial e folclórico Mas, personagem que adquire ares de entidade mágica onipresente na milenar cultura brasílica. E por que o Mas, e não o Porém, o Todavia, e outras figurinhas de igual quilate? Talvez seja restrito o vocabulário dos autores das peças que se convencionou chamar jornalísticas - e talvez eles também não sejam íntimos do Pai dos Burros, de um Dicionário de Sinônimos e de outros monstros mitológicos, lendários em terras tupiniquins. De tanto empregarem o Mas, que este se cansou de fazer papel de bobo. Chega! Basta! Esbravejou o dito cujo, que se recusou a exibir a sua beleza ao mundo e deixar-se usar por azêmolas acéfalas. Ia o jornalista a escrever o título de uma peça jornalística, assim a iniciando: "A economia brasileira cresceu três por cento em relação ao ano anterior (...)". E detinha-se o profissional das notícias, e após alguns segundos a pensar com os seus botões, prosseguia, recorrendo ao amigo fiel de toda obra: (...), mas ainda não atingiu o patamar de 2.002.". E tal se viu vezes incontáveis nestes anos de governo Jair Messias Bolsonaro. Já está o senhor Mas desgastado; é ele, hoje, alvo de piada; o povo brasileiro está, ao reconhecê-lo, onde quer que ele esteja, a apontá-lo, e a rir-se dele, a bandeiras despregadas. A reputação do hoje mais popular membro da família Conjunção Adversativa não foi enodoada por ele, mas pelas pessoas que dele fazem mal uso. Agora, parece, e tudo dá a entender, cientes de que Mas não é mais útil, os anti-bolsonaristas foram buscar à família Locução Prepositiva um aliado, e aliciaram o Apesar De, que lhes serve para os mesmos fins, e em algumas peças jornalísticas já se lê: Apesar de seu bom desempenho, o setor de construção civil ainda está abaixo do desempenho de 2.014.

Quem me chamou a atenção para este fenômeno sui generis, um misto de jabuticaba e pororoca brasileiras, foi João Luiz Mauad.

Nota de rodapé: não reproduzi, nesta pequena obra-prima, menhum título de nenhuma reportagem; limitei-me a expor o fenômeno - ou femônemo, assim se diz por aí.

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