Livros
que não terminei de ler. Livros que me desagradaram. Livros que me
surpreenderam. E outras notas breves.
De
todos os livros que li, de quatro deles não concluí a leitura, dois, embora
tenham me desagradado, li até o ponto final, e muitos me surpreenderam, e
destes digo algumas palavras antes de tratar dos outros seis. Surpreenderam-me,
e agradaram-me, não poucos livros; foram muitos os que me prenderam a atenção, ocuparam-me
horas e horas de dias e dias, a leitura indo de vento em popa. O primeiro livro
que me deu, assim digo, um soco na cabeça, fazendo-me, deslumbrado, pensar
acerca da literatura, de suas dimensões, amplas, e da nossa condição humana,
foi Crime e Castigo, de Fiódor Dostoiévksi, de quem li, depois, Irmãos
Karamazóvi e outros livros. Foi o meu primeiro contato com a literatura russa,
da qual sou admirador. A história de Rasputin Raskolnikóv é extraordinária.
Depois, li Moby Dick, de Herman Melville, que me fez viajar pelos mares; e Ana
Karenina, de Leon Tolstói; e Dom Quixote, de Miguel de Cervantes Saavedra. E mais
recentemente, surpreenderam-me, de Josué Montello, O Silêncio da Confissão, de José
Cândido de Carvalho, O Coronel e o Lobisomem, e A Mulher que Fugiu de Sodoma
(que estou lendo), de José Geraldo Vieira. Citei apenas estes poucos livros,
uma amostra da literatura que muito me surpreendeu. E até hoje me fazem pensar
acerca da condição humana, tais livros inspirando-me muitos, e contraditórios,
pensamentos. Agora, cito os dois livros que li de má vontade, não inteiramente,
da primeira à última página, e por último os que abandonei de tanto me
desagradaram. Quo Vadis?, de Henryk Sienkiewicz, de quem eu já havia lido, com
muito agrado, O Campo da Glória; Quo Vadis?, no entanto, desagradou-me até a
metade de suas páginas, e a partir deste ponto, seguindo a leitura, li com
interesse, a leitura seguindo com agrado. O outro livro, dos dois que li,
embora tenham me desagradado, foi Avalovara, de Osman Lins; de início, li, e li
com vontade, até um certo ponto do livro, a partir do qual a leitura
arrastou-se, para meu desconforto. Os quatro livros que não li até a página
derradeira foram: Ulisses, de James Joyce; Macunaíma, de Mário de Andrade;
Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa; e O Egípcio, de Mika Waltari.
Li, de cada um deles, se muito, cem páginas, e os abandonei, irritado,
desgostoso, deles esperando mais do que eles me ofereceram. O primeiro deles está
incluído no cânone da Literatura ocidental, o segundo e o terceiro no da
literatura brasileira, e o último é popular, ou foi durante algum tempo. Aqui
fica o registro. Não está este texto um estudo de literatura, nem um ensaio; é
apenas uma declaração, curta, simples, de um leitor.
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Um livro, que li, sem vontade, a leitura arrastando-se, é de um dos maiores escritores do mundo: Aventuras de Pickwick, de Charles Dickens, de quem também li A Casa Soturna, e com muito gosto, apaixonadamente, posso dizer.
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Um livro, bem pequeno, fez-me rir, e muito: Diário de um Louco, de Nikolai Gogol.
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A literatura russa tem uma galeria de escritores extraordinários, geniais. Após ler Dostoiévski e Tolstói, o Leon, e não o Alexei, procurei por outros escritores da terra do Gagárin, e vim a conhecer Nikolai Gogol, Anton Tchekov, Ivan Turgueniev, Saltykov-Shchedrin, Alexei Tolstói, Evgueni Ievtuchenko e Voinovich são alguns deles.
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Livros de pouco, ou nenhum, valor literário que li com muita vontade foram, de Patrícia Wentworth, O Punhal de Marfim, um americano, e Medo e Delírio em Las Vegas, de Hunter S. Thompson.
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História Extraordinárias, de Edgar Allan Poe agarrou-me pela jugular.
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Pode uma pessoa gostar de todos os gêneros literários existentes, sejam quantos forem, e de livros escritos pelos gênios e de escritos por escritores menores. Pode-se gostar de aventura, policial, romance histórico, espionagem, ficção científica, e todos os outros já criados. Robinson Crusoé, O Assassinato no Expresso do Oriente, Juliano, A Alternativa do Diabo e A Guerra das Salamandras estão entre as minhas leituras mais queridas. E Shakespeare e Dostoiévski e Thomas Mann e Proust e Machado e Camões, e Júlio Diniz e Joaquim Manuel de Almeida e Júlio Verne.
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Fizeram da obra-prima do Giovanni Boccaccio, Decamerão, um livro proibido, fescenino, de má fama. É uma injustiça à obra do gênio literário italiano, um dos melhores livros que li. Dentre as cem histórias que Boccaccio narrou as de substância erótica correspondem a uma parcela ínfima, insignificante; infelizmente, foram elas que fizeram a fama do autor.
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O meu primeiro contato com a obra de Dante Alighieri foi a leitura de O Inferno, o primeiro livro da Divina Comédia, numa edição, recheada de ilustrações de Gustave Doré, publicada pela Ediouro. Chamou-me a atenção, então, mais do que o texto, as ilustrações, impactantes, assustadoras.
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Livros que me fizeram viajar para bem longe: Solaris, de Stanisław Lem, Contato, de Carl Sagan, Viagem aos Império do Sol e da Lua (Edição do Clube do Livro), de Cyrano de Bergerac, um narigudo bem engraçado, que Edmond Rostand retratou numa peça primorosa.
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Livros que me causaram estranheza: Esperando Godot, de Samuel Beckett, e O Rinoceronte, de Eugène Ionesco.
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