terça-feira, 5 de outubro de 2021

Duas mensagens

 Mensagem do Barnabé Varejeira - Ô povo fraco!


Bão dia, Cérjim. Já é seis hora. O galo já cantô o sór raiá. E o sór raiô. E eu já ordeei as vaca, e já recoí os ovo das galinha, ovos bão, batuta de nutritivo, de deixá todos os meu fio forte inguar tôro, e já peguei do pomar frutas, e, com a graça de Deus, que espaventô a desgraça do diabo, na compania da muié que me acompanha desde o casório na Igreja de Nosso Senhor e dos fio meus querido, bebi café-com-leite, comi pão com mantêga que nóis preparâmo, e muintas, muintas fruta. Agorinha, mermo, me adespedi da muié e dos fio, pa í trabaiá. Finquei pé, aqui, uns minuto, pa dá um bão dia pa famia, pôs parente e pôs amigo. E pa enviá esta mensage po cê, Cérjim, mensage importante. Sei que as coisa não tão nada bem, e pá muita gente vai de mal a pió, e não sobra pão pá ninguém, mas querditando em Deus fica mió. Rimô, inté. Bem, ninguém; pió, mió. Não é de poesia que eu quero falá po cê. Quero dá po cê mensage de animação. Tô veno muintos ómi e muintas muié preocupado demais. Tá certo! Os político tão abusano da sorte. Inventáro esta instória de mocorongovírus só pá martratá as pessoa. Eu não sô bobo. Não naci ônti. Cê acha, Cérjim, que o mocorongovírus matô todo esse mundaréu de gente que dizem por aí que ele matô? Matô, nada. É instória da carochinha, da mamãe gansa, do arco-da-véia, conversa pa boi dormí. Mas, pensa, aqui, comigo, Cérjim, ca sua cabeça, e não ca mia: Se o mocorongovírus matô muinta tanta gente, que sóbe pa mais de um mião, o pobrema não tá no mocorongovírus; tá nas pessoa, que tão muinto fraca. Não engulo, e de jeito maneira, a instória do pãodemônio do mocorongovírus. É instória do arco-da-véia mais véia do que o arco, que é do tempo do Matusalém. Pior, inté, pruque as instória do arco-véia têm, lá, a sua graça, e a do mocorongovírus é bestice de gente da cidade grande. E aí em Piamoangaba tá cheio de bobão que querdita no que político e cientista e médico, todos mentiroso, conta. Não todos, é vredade que se diga. A vida de ôceis da cidade tá difícil, sei eu. Mas a curpa é dos ómi dipromado, bando de gente besta, fiótinhos de cruz-credo. E digo uma coisa, Cérjim: Não se percupe muinto, não, com os pobrema atuar, pois vai piorá; dêxe pa se percupar mais tarde; se o cê esquentá, em demasiado, a cabeça, o cê vai fritá o seu cérbero, o se vai torrá o seu cérbero, e quando vié os maior pobrema, o cê não vai tê força pá agi. Percupe-se só o necessário, e guarde energia pá quano vié coisa mais séria. Ou o cê acha que os político vão dá sossego pa os ómi de bem!? Não vão, não. Eles quer dominá toda as gente do universo. Então, Cérjim, esta é a mensage que eu queria enviá po cê; já enviei, então posso terminá a mensage. Por hoje são esta as palavra que tenho pa dizê. Que Deus Nosso Senhor Jesus Cristo, fio de José e Maria, abençoe o cê, e não dêxe o cê caí nas lábia do demônio. Inté.

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Mensagem do Barnabé Varejeira - O Mané Sujão Cruz-Credo.

Bão dia, Cérjim. Bão dia, não; ba tarde. Já é tarde aqui. Se aqui, na roça, já é tarde, intão aí em Piamoangaba tamém é; se não é, devia sê. O cê já armoçô? Já!? Então, é ba tarde. Não!? Então, é bão dia. O dia, hoje, tá de rachá os miolo de todo fio de Deus. Nossa Senhora! Parece, inté, que abriro as porta da casa do cão; e o fogo das profundeza dos inferno sobe pa arriba da terra e queima os ómi de carne e osso, e as muié tamém pruque elas tamém são de carne e osso e fias de Deus. Parei um tiquinho de tempo, deitei na mia rede, que já tá um pôco escangaiada, pa lê umas notícia e ligá o uatesape e enviá mensage pos amigo; e o cê é um dos meu amigo pa quem, vira e mexe, dia sim e otro tamém, envio mensage. Hoje, Cérjim, eu conto po cê uma instória divertida, que se deu onde se deu, não muinto longe daqui, e nem muinto perto, e tamém não foi muinto longe dali, e muinto perto tamém não foi; e nem muinto longe e nem muinto perto de acolá. O cê conhece o Mané Sujão Cruz-Credo?! Não o conhece?! Tudo bem. Pa entendê a instória o cê não percisa conhecê ele. O Mané Sujão Cruz-Credo é o ómi mais sujo do praneta. E o mais fedido. E o mais porco. Um gambá de duas perna. Fedido que Deus me livre. Vive no chiquero, o porcalhão! Suíno! Leitão gambázento! Usa ropa tão fedida quanto ele. É doido de pedra, o imundo. Maluco de comê terra e achá que tá comeno filémiôn. Hoje, cedinho, não se sabe porque cargas d'água - e quem sabe o que se passa dentro da cabeça de um cabeça-de-cuia!? - ele, o doido-de-pedra, arresorveu se banhá no córgo da fazenda do Tião Saca-Rôia, que, diga-se a vredade, não cuida muinto bem do córgo, que tá bem fedido, bem sujo, mais sujo do que o trasêro do coisa-ruim. O Tião Saca-Rôia é relaxado pa dedéu, que Deus me perdõe a língua. Não quero dá ca língua nos dente: O Tião suja, e suja muinto, o córgo; no córgo ele joga muinta sujidade. Que Deus Nosso Senhor me corte a língua se eu tô falano mentira. Não falto ca vredade, não. Pois bem, Cérjim, o que fez o Mané Sujão Cruz-Credo!? Ele tirô as rôpa, e pulô no córgo da fazenda do Tião Saca-Rôia. E nem bem caiu nas águas, o córgo cuspiu ele pa fora, espaventô ele, e mandô ele í embora: "Sai daqui, gambá fedorento! Vá levá sua catinga gambázenta pos quinto dos inferno, diabos do cão! Fedido! Fedorento! Pé de porco!" E o Mané, espavorido, pálido de medo, pegô as rôpa, passô sebo nas canela, e foi pa bem longe do córgo, contô-me o Jãnjão Umbigo de Pêra, que não é ómi de contá lorota. Esta é a mensage que eu quis contá po cê, Cérjim; já contei. Fique, amigo, com o Menino Jesus, fio de José e Maria. Inté.

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