Nesta peça, o autor trabalha um tema recorrente em sua
obra: o desencontro entre pai e filha, aquele à procura de um consorte rico
para esta, e esta apaixonada por um homem, que lhe responde à paixão, comum,
sem posses, de baixa extração social, digno e correto. A trama ocorre na casa
de Damião Teixeira e Raimunda; eles acolhem a nata da sociedade e parentes,
para uma festa. Lá estão, para o prazer de Damião Teixeira, o Comendador Pestana,
o Visconde, o Conselheiro Neves, o Chefe de Polícia da Corte, e outras
personalidades da nata da sociedade fluminense, e, para o seu desprazer, e desespero,
parentes de sua esposa, pessoas que ele, um homem que se tem na conta de pessoa
sofisticada, mas que se revela um toleirão presunçoso, e que pede o convívio
exclusivo da aristocracia, despreza. Basílio, irmão de Raimunda, e suas filhas,
Laurindinha, que está sempre a achar graças de tudo e a gargalhar, e Cocota,
moça ranzinza e grosseira, sempre a se queixar; e Cassiano Vilasboas, primo de
Raimunda, estouvado e atrapalhado; e Desidério José de Miranda, tio de
Raimunda, e sua filha, Hermenegilda Taquaruçu de Miranda, que, pernóstica,
passa por ridícula com sua linguagem artificialmente sofisticada, são alguns
dos parentes de Raimunda que comparecem à festa.
O dia em que se dá o evento festivo é chuvoso, e os
parentes de Raimunda, todos simplórios, encontrados nas camadas baixas da
sociedade, promovem cenas dignas de boas comédias, e contrastam com o ambiente
social que Damião Teixeira quer emprestar à festa. Tais personagens se movem,
desembaraçados, ingenuamente indiferentes à reação dos outros convidados.
Damião Teixeira deseja casar Marianinha, sua filha, com
Joaquim Guimarães, homem de posses, que, segundo Damião Teixeira, é um tolo e
ignorante, mas, por conveniência – ele é rico – quer dar-lhe a filha por
esposa; Marianinha, por sua vez, contrariando a vontade de seu pai, quer se
casar com Aurélio. Desidério José de Miranda apresenta Hermenegilda, sua filha,
ao rico Joaquim Guimarães. E dá-se uma disputa silenciosa entre Damião Teixeira
e Desidério José de Miranda, ambos a abordarem Joaquim Guimarães, para lançá-lo
aos braços de suas filhas, aquele, nos de Marianinha, este, nos de Hermenegilda.
Durante a festa, dão-se cenas engraçadas, umas
protagonizadas pelo desastrado Cassiano Vilasboas, outras por Joaquim
Guimarães, e outras por Laurindinha, sempre a gargalhar, sempre a achar graça
em tudo, até nos contratempos. E ao final da peça, de um ato, desembaraçado em
vinte e duas cenas, França Júnior reserva ao leitor uma surpresa.
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