segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Ocupação de escolas III

É simulação de oposição entre PSDB e os partidos políticos da esquerda radical o movimento de ocupação, por alunos, de escolas - promovida para marcar diferenças, inexistentes, de políticas e de ideologia.
Dizem os alunos que ocupam as escolas que eles as ocupam para protestarem contra a PEC 241 e a mudança na grade curricular, ambas propostas pelo governo Temer. Ora, tais políticas do governo Temer atingem todo o Brasil, então por que os alunos só ocupam escolas de estados governados pelo PSDB? Por que os partidos que manipulam os alunos opõem-se ao PSDB e o PSDB a eles? Não. È apenas simulação de oposição com o objetivo de apresentar o PSDB como oposição ao PT e partidos similares, PSOL, PSTU e mais uma dúzia de outros.

Doutrinação

Os professores, mesmo que, sinceros, declarem que não doutrinam os seus alunos estão a fazê-lo no momento mesmo em que o negam, pois têm formação intelectual exclusivamente de esquerda - não lêem pensadores da direita, e o pouco que deles sabem chegou-lhes por meio de intelectuais da esquerda.

Comunismo II

Quem decretou a morte do comunismo? Os comunistas. As pessoas acreditando que o comunismo está morto, os comunistas as influenciam mais facilmente, nem sequer encontram resistência. Agem os comunistas como espiões de alguns filmes de espionagem: Simulam a própria morte, e depois atacam os seus inimigos, surpreendendo-os, e derrotando-os sempre.

Comunismo

O comunismo tem o poder de assumir configurações da cultura que deseja parasitar. E assumindo-as, faz com que muitas pessoas o defendam e o disseminem sem saber que o fazem.

Educação

O governo Temer apresentou propostas para reforma no sistema de ensino brasileiro. Considerando o pouco que sei a respeito, permito-me dizer que em uma delas, define-se como optativa, e não obrigatória, aulas de filosofia, sociologia, e outras disciplinas. Cabe aos alunos, portanto, decidirem se querem estudar as disciplinas agora opcionais. Que eu saiba, o governo Temer não propõe a proibição do ensino de filosofia, sociologia e outras disciplinas; apenas transfere aos alunos a decisão de estudá-las se o desejarem. E intelectuais, artistas e professores (e até apresentador de programa de televisão) – todos de esquerda – puseram em ação uma campanha estúpida, que manipula a opinião pública, contra tal proposta. A verdade verdadeira é que a reação – irracional? (Aparentemente, sim) – à proposta se deve a três motivos: 1) Professores de sociologia, filosofia e outras disciplinas opcionais temem perder o emprego, pois, se menos alunos decidirem freqüentar aulas, professores serão demitidos; 2) os sindicatos de professores temem perder receita com o imposto sindical, pois menos professores em atividade, menor será a receita dos sindicatos; e, o último e o mais importante, 3) intelectuais e políticos da esquerda temem perder influência sobre os brasileiros, pois, se menos brasileiros decidirem freqüentar aulas de, principalmente, filosofia e sociologia, menos serão os brasileiros bombardeados com discursos socialistas, seja o revolucionário, seja o moderado.

Ocupação de escolas II

Não há aulas em escolas – todas públicas – ocupadas, cada uma delas, por pequeno grupo de alunos, que não corresponde nem a dez por cento do corpo estudantil das escolas ocupadas (e o corpo estudantil das escolas públicas é composto de alunos de famílias pobres). E não havendo aulas, os alunos não estudam, e não estudando, nada aprendem, e nada aprendendo, encerrarão a vida – se é que se pode chamar de vida a frequência diária, durante uma década, no inferno – escolar sem os conhecimentos e o preparo indispensáveis para se conseguir um bom emprego, e viverão, na rua da amargura, em empregos mal remunerados. Enquanto isso, há aulas nas escolas particulares, cujo corpo estudantil é constituído de alunos de famílias ricas, e nelas havendo aulas, os alunos estudam, e estudando aprendem, e aprendendo encerrarão a vida escolar com os conhecimentos e o preparo necessários para, adultos, exercerem profissões bem remuneradas. Todos, então, que apóiam e incentivam a ocupação das escolas públicas, prejudicam os alunos, que são pobres, e beneficiam a elite, os burgueses (para usar uma terminologia cara aos esquerdistas), que estudam nas escolas particulares.
Precisa-se ser um Einstein para se concluir que o movimento de ocupação, por alunos, de escolas públicas, incentivado por políticos, intelectuais, artistas e professores (e até pais de alunos) beneficiará os mais ricos e prejudicará os mais pobres, aumentando entre eles o fosso que os separa? Os esquerdistas, que promovem a ocupação de escolas, declaram que no Brasil a desigualdade de renda prejudica os pobres e beneficia os ricos, e defendem políticas sociais para, se não eliminá-la, reduzi-la. É fato. E concordo. E o que tais gênios promovem? O movimento de ocupação das escolas, que aumentará a desigualdade de renda entre ricos e pobres.

Ocupação de escolas

Vinte alunos ocupam uma escola, cujo corpo discente é de quatrocentos alunos. Trinta alunos ocupam outra escola, cujo corpo discente é de oitocentos alunos. Os alunos que ocupam escolas não representam a vontade de todos os alunos. São insignificantes, manipulados por grupos de esquerda revolucionária, e a eles submissos. São sugestionáveis, e não têm vontade própria; e neles professores já fizeram lavagem cerebral. E são apresentados como exemplos de alunos independentes, que pensam com a própria cabeça.
A Educação, no Brasil, teve de descer a um nível muito baixo para que tal inversão de valores prevaleça.

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Cabeça de feminista

Juro por Deus: Não entendo a cabeça das feministas.
As feministas dizem:
“As mulheres, sendo mulheres, entendem o que é ser mulher e sabem qual tem de ser a sua conduta, e podem, portanto, falar de coisas de mulher. Os homens, não sendo mulheres, não podem, na sua condição de homens, entender o que as mulheres são, e, portanto, nada podem dizer acerca dos desejos das mulheres e de qual tem de ser a sua conduta”.
Até aqui, tudo bem. O raciocínio é impecável. Mas as feministas adicionam os seguintes argumentos:
“Os homens não podem agir do jeito que agem, não podem pensar o que pensam. Têm de mudar de atitudes”.
Diabos! Não entendi.
Estou pensando:
“As feministas, sendo mulheres, não podem entender os homens, não podem saber quais são os desejos dos homens, e tampouco podem julgar-lhes a conduta, afinal, sendo mulheres, e não homens, não têm cabeça de homens; então por que elas querem definir a conduta dos homens? Para se manter a coerência, elas não podem abrir a boca para dizer uma palavra sequer acerca dos homens. Se os homens não podem dizer qual tem de ser a conduta das mulheres, por que as mulheres (no caso, as feministas) podem dizer qual tem de ser a conduta dos homens? O que vale para o Francisco, vale também para o Chico.”
“As feministas são engraçadas. Negam aos homens a voz para falar o que são as mulheres, e a eles também negam a voz para falar o que eles são. E às mulheres concedem o direito de falar o que as mulheres são, e também o de falar o que os homens são. E dizem que os homens são os opressores...”

Artistas de outrora e artistas Rouanet.

Dos escritores brasileiros que captaram recursos via Lei Rouanet, qual ombreia-se com Machado de Assis, Graciliano Ramos e Monteiro Lobato?
Dos músicos brasileiros que captaram recursos via Lei Rouanet, qual rivaliza-se com Ernesto Nazaré e Vila-Lobos?
Dos cantores brasileiros populares que captaram recursos via Lei Rouanet, qual é êmulo de Francisco Alves, Sílvio Caldas e Dorival Caymmi?
Dentre todos os artistas brasileiros atuais que captaram recursos via Lei Rouanet, qual contribuiu com o seu trabalho para o enriquecimento da cultura brasileira? Além de a empobrecerem, enriqueceram-se, e emascularam a cultura brasileira, reduziram-lhe o valor, e viciaram os brasileiros, que, atualmente, consomem, unicamente, lixo cultural.
A lei Rouanet favoreceu artistas medíocres, produtores de lixo cultural. O dirigismo estatal na cultura enaltece mediocridades, e as enriquece, e despreza os artistas de valor.
Todas as personalidades linhas cima mencionadas enriqueceram a cultura brasileira; muitos deles foram desprezados pelos seus contemporâneos. Incompreendidos, persistiram. Se os livros de história registram-lhes os nomes é porque o tempo – o mais criterioso dos julgadores da história – reconheceu-lhes o mérito, o talento e o valor de suas obras. E não é sem-razão que aqueles que hoje querem destruir o Brasil empenham-se em suprimir-lhes da história do Brasil os nomes e dela apagar todos os vestígios da obra, e substituí-los pelas mediocridades faltos de conhecimentos e escassos de inteligência que grassam nestas terras em que se plantando tudo dá, principalmente erva daninha.
E posso citar escultores, pintores, escritores, poetas dos quais os brasileiros deveriam se orgulhar – e deles se orgulhariam, se os conhecessem, e conhecessem as suas obras. Cito alguns: Lima Barreto, Gonçalves Dias, Manuel Bandeira, Pedro Américo, Pixinguinha, Adoniran Barbosa, Cecília Meireles, Herberto Sales, Victor Brecheret, Carlos Drummond de Andrade, Gustavo Corção. E trato, aqui, de artistas. E não falo de prodígios da inteligência nacional na política, na filosofia, na história, os quais pulverizam, na comparação, as personalidades políticas e intelectuais atuais: José Bonifácio de Andrada e Silva, Joaquim Nabuco, Ruy Barbosa, João Francisco Lisboa, Barão do Rio Branco, Euclides da Cunha, Gilberto Freyre, Mário Ferreira dos Santos, Oliveira Lima.
É humilhante! No século XIX , no tempo do Império, e na primeira metade do século XX, o Brasil era mais inteligente e culto do que hoje. Não gosto de dizer isso, mas é a verdade. E a verdade tem de ser dita, mesmo que fira suscetibilidades. Eu gostaria de poder dizer que o Brasil, hoje em dia, está num nível superior ao que estava no século XIX, tão malfadado pelos intelectuais modernos, e na primeira metade do século XX, certo de que o que se faz hoje é um trabalho que se construiu sobre aquele, mas eu mentiria se o fizesse. Das universidades brasileiras não se formam nenhum estudioso, político, filósofo, sociólogo, escritor, poeta, do nível dos aqui mencionei. Só se formam mediocridades, e muitos de um nível muito abaixo da mediocridade.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Educação

De métodos de educação até os educadores ousam falar, e, presunçosos, apresentam-se como os conhecedores dos melhores. E os métodos de educação que eles implementam resultam em quê? Em pessoas bem instruídas?
Quem elabora os métodos de educação implementados no sistema de ensino? Por que há ministérios de educação e secretarias de educação? São os burocratas destas instituições que elaboram os métodos de educação? E qual é a formação intelectual deles? E por que impõe-se a todo um país o mesmo método de educação? Por que não se admite outros? Por que não se concede às pessoas a liberdade de conceberem, cada uma delas, o seu próprio método de educação? Por que os profissionais da educação não se limitam apenas à exortação aos estudos, sustentando-a com o exemplo da sua própria vida, valorizando-a com as suas realizações? Por que eles desejam controlar todos os processos de educação, e não admitem considerações de pessoas que deles divergem? Sabem eles que as idéias que defendem são insustentáveis, que basta um sopro para derrubar todo o edifício teórico que eles elaboraram, daí repelirem todo e qualquer argumento contrário, pintarem com as cores que mais firam os olhos as pessoas que defendem a liberdade de uso de métodos de educação. Querem concentrar nas mãos a exclusividade de impor os métodos de educação à população de todo um país. Com qual propósito? O de instruir? O de oferecer os instrumentos de aprendizado que favoreçam a habilidade para estudar, aprender, acumular conhecimentos e saber como usá-los, e pensar, com independência, sob influência e inspiração de conhecimentos adquiridos? Sabem os sensatos: é sob inspiração dos conhecimentos adquiridos que uma pessoa pensa, avaliando os seus conhecimentos, os conhecimentos alheios.
O que concede às pessoas a capacidade para adquirir conhecimentos, acumulá-los sem que elas se sintam sufocadas por eles? O que permite as pessoas saberem quais conhecimentos lhes são úteis? Qual é a capacidade de armazenamento de dados de um cérebro humano? É o cérebro humano como um chip de computador? Um chip de computador armazena dados, e só; não tem criatividade, e tampouco imaginação. O computador não tem o talento de associá-los, ou separá-los, para a solução de algum problema, ou para a execução de alguma tarefa complexa, ou para a concretização de uma idéia.
A inteligência humana não se limita ao poder de um órgão, o cérebro; transcende-o - trata-se da mente. O que é a mente? A mente não é um órgão, não é algo físico. É algo indefinível, etéreo. Como se mede as dimensões da mente? Como se mede a sua capacidade? É possível medi-la? Não se pode – ou apenas não se consegue, considerando o estágio de desenvolvimento tecnológico atual? – medir a capacidade do cérebro, do seu poder, dos seus talentos. E como se medir a da mente, que transcende o cérebro, e cuja existência é objeto de especulação filosófica e religiosa? Há quem lhe nega a existência, argumentando que há o cérebro, e apenas o cérebro, sendo a mente fruto de pensamentos erráticos engendrados pelo cérebro.
Se mal se sabe como o cérebro funciona, e tampouco se sabe o que a mente é, como pode-se admitir que alguns burocratas determinem um método de educação, e o imponham à milhões de pessoas? É muita pretensão a dos formuladores de políticas educacionais impor um método de educação a milhões de pessoas. Tal imposição é um meio de adestrar a população de todo um país, em vez de instruí-la? Retiro a interrogação, e a substituo por uma afirmação. E tratemos do Brasil. Qual é o resultado do método de educação implementado no sistema de ensino brasileiro? Conheça os frutos, e conhecereis a árvore. Quais são os frutos que brotam da árvore chamada Sistema Educacional Brasileiro? Conhecendo-os, pode-se saber de que árvore se trata. E ninguém ignora: a árvore da espécie chamada Sistema Educacional Brasileiro produz frutos desprovidos de nutrientes. É o caso, então, de derrubá-la e plantar uma semente de uma árvore cujos frutos sejam vistosos, repletos de energia, saudáveis.
É patente: As pessoas que se esquivaram ao Sistema Educacional Brasileiro a tempo de não se deixarem por ele se emburrecerem estão a conceber idéias superiores, muito superiores, às daquelas que dele não conseguiram escapar.

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Enfim, impichada… mas não temos o que comemorar

Escrito em 01/09/2016
Em primeira votação, o senado decidiu afastar, definitivamente, Dilma Roussef do poder. Em segunda votação, decidiu conservar da presidente impichada os seus direitos políticos. E quais serão os próximos capítulos desta novela tipicamente brasileira?
Os rascunhos já estão escritos, e, aos poucos, a depender das conjunturas política e econômica, serão reescritos, e definidos.
Pode-se prever o teor de alguns deles, pois a presidente afastada e o ex-presidente Lula já disseram o que farão, e os seus aliados não deixaram para amanhã as ameaças que puderam fazer ontem. O PT e os seus aliados atearão fogo ao Brasil - e as manifestações violentas que se viram, nestes dias, são apenas uma pequena amostra do que está para acontecer nos próximos anos. Combaterão o Temer a ferro e fogo. Não lhe darão nem um dia de descanso. Farão de tudo para destruí-lo - e contarão com aliados insuspeitos.
Dilma Roussef e os seus aliados insistirão na tese do golpe, espalharão aos quatro ventos que ela foi vítima de um golpe, e o farão não apenas no Brasil, mas também, e principalmente, no exterior. Como se diz, uma mentira repetida mil vezes torna-se uma verdade.
E em 2018, ou em 2022, Dilma Roussef se candidatará ou ao Congresso, ou ao Senador, e, por quem não, à Presidência da República, e o fará, então, como uma pessoa que foi vítima de um golpe, e será grande as chances de ela se candidatar ao cargo postulado, seja qual for.
Dilma Roussef é apenas uma cabeça, e não das mais importantes, da hidra chamada Comunismo -ela é apenas um poste do Lula. E quando uma cabeça da Hidra é cortada, no lugar dela crescem outras duas cabeças. E a Hidra continua viva, e mais forte. 
E em 2018, ou em 2022, Dilma Roussef se candidatará ou ao Congresso, ou ao Senador, e, por quem não, à Presidência da República, e o fará, então, como uma pessoa que foi vítima de um golpe, e será grande as chances de ela se candidatar ao cargo postulado, seja qual for.
Dilma Roussef é apenas uma cabeça, e não das mais importantes, da hidra chamada Comunismo -ela é apenas um poste do Lula. E quando uma cabeça da Hidra é cortada, no lugar dela crescem outras duas cabeças. E a Hidra continua viva, e mais forte. 


Cinco casos policiais

Caso policial nº 1.
Na praça São Sebastião, após um jogo de futebol, encontraram-se um sãopaulino, um corinthiano, um palmeirense e um santista. Meia hora depois, ouviu-se um tiro. Três dos quatro homens que se encontraram na praça São Sebastião correram, em fuga. Dois policiais, cinco minutos depois, à praça São Sebastião chegaram, e encontraram, estirado no chão, um cadáver, o do palmeirense, banhado em sangue.
Quem é o assassino?
Ninguém sabe. A polícia brasileira não solucionou este caso.
*
Caso policial nº 2
Às seis horas da manhã de um domingo, um homem, ao caminhar pela rua Dom Pedro II, encontrou, em um poste, pendurado pelo pescoço com uma corda vermelha, um jovem vestido com uma calça azul, sapatos azuis, meias azuis, camisa azul e boné azul.
Quem é o assassino?
Ninguém sabe. A polícia brasileira não solucionou este caso.
*
Caso policial nº 3
À noite de uma quarta-feira, em uma cidade pacata do Estado do Rio Grande do Sul, uma idosa octogenária foi, do alto de um viaduto, arremessada para a linha férrea, morrendo dilacerada pelas rodas do trem.
Quem é o assassino?
Ninguém sabe. A polícia brasileira não solucionou este caso.
*
Caso policial nº 4.
Uma multidão reuniu-se, a divertir-se, durante a noite, em uma festa regada a bebidas e drogas. Na tarde do dia seguinte, o faxineiro, enquanto removia as pilhas de sujeiras abandonadas pelos festeiros, encontrou, sob uma pilha de latinhas de alumínio, quatro cadáveres, todos de mulheres, todas morenas, todas vestidas com camisa com estampas de personagens de desenhos animados.
Quem é o assassino?
Ninguém sabe. A polícia brasileira não solucionou este caso.
*
Caso policial nº 5.
Pessoas alvoroçadas, em São Diego, Califórnia, berravam, esperneavam, assustadas. Espraiou-se o terror. Telefonaram para a delegacia de polícia. Os quatro policiais que rumaram para o local da turbamulta encontraram, na rua, quatro japoneses mortos, todos deitados de barriga para baixo com os pulsos amarrados com finas cordas de fibras.
Quem é o assassino?
Peter McFarlane Crawford, de 27anos, 1,82 de altura, 73,75 quilos, canhoto, de tipo sanguíneo O+, cobrador da Money & Cash, agência de investimentos. Nasceu, no Arizona, no dia 7 de fevereiro de 1989, no New Paradise Hospital, com 3,54 quilos. São genitores seus Harrison Crawford, engenheiro mecânico autônomo e professor de matemática, falecido, em um acidente de trânsito, no dia 16 de janeiro de 2002, e Scarlet Mitchell, médica oftalmologista. É diabético e sofre de transtorno possessivo obsessivo. Cursou o primário na Washington Irving’s School, e engenharia espacial na Universidade de Stanford. Após divorciar-se de Marilyn Foster, enfermeira, transferiu-se para a Pensylvânia, condado em que vive há quatro anos. 

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

A crise, de Jeffrey Nyquist

Ótimo texto de Jeffrey Nyquist, corajoso estudioso americano, sobre o sistema de ensino dos Estados Unidos, A Crise, publicado, em dois artigos, no site Mídia Sem Máscara, o primeiro, no dia 20/08/2015, e o segundo no dia 22/12/2015. Conquanto dê destaque, no primeiro artigo, A Crise, parte I, A Politização da Educação, a algumas práticas educacionais implementadas nos Estados Unidos, ele amplia o seu foco, para abranger as ideologias que subjazem à política de ensino, e apresenta, sem meias palavras, e com clareza na exposição das suas idéias, o real propósito da educação pública, não confessado pelos seus proponentes, que é o de deformar as mentes, impedir o florescimento da inteligência, não educar pessoas para enfrentarem o mundo, pensarem-no, e, principalmente, questionarem o sistema de poder que a todos oprime.
Se os Estados Unidos da América, a nação mais rica e mais poderosa da história tem, em seu sistema de ensino público, deficiências gritantes, o que temos de pensar do sistema de ensino do Brasil? Considerando-se que nos Estados Unidos há muito mais pessoas preparadas para entender os Estados Unidos do que no Brasil há pessoas preparadas para entender o Brasil; considerando-se que os Estados Unidos têm um sistema de ensino muito superior ao brasileiro; considerando-se que os Estados Unidos têm 77 das duzentas melhores universidades do mundo, e a melhor universidade brasileira, a USP, não figura entre as duzentas melhores; considerando-se que nos Estados Unidos muitos americanos estudam em casa (homescholling), portanto não pautam elas o ensino pelas diretrizes de secretarias e ministérios de educação, e no Brasil todo o sistema de ensino, tanto o público quanto o particular (com exceções, claro) está pautado por uma pedagogia que está a devastar o ensino; considerando-se, portanto, que os americanos conseguiram, ao longo da história, erigir e fortalecer uma cultura de independência do indivíduo, que fez a pujança dos Estados Unidos, e, no Brasil, os brasileiros mal conseguiram produzir riqueza e erigir uma cultura poderosa e resistente, o sistema de ensino do Brasil está, é certo, em um nível muito baixo, e, em comparação com o americano, em uma posição extremamente humilhante, vergonhosa.
Havendo tanta preocupação, nos Estados Unidos, com o seu sistema de ensino, porque no Brasil, cujo sistema de ensino está em uma situação muito pior do que a do seu poderoso irmão do norte, não há, da parte dos brasileiros, tanta preocupação com ele? São os brasileiros tão sonsos? Ou são os norte-americanos tão espertos? Há motivo para se deplorar a conduta dos brasileiros na sua indiferença para com a péssima qualidade do sistema de ensino do país? Não. Claro que não. Os brasileiros somos vítimas de pessoas sórdidas, cruéis, que estão a destruir o Brasil. E há quem condena os brasileiros... Os brasileiros somos vítimas, e não os agentes causadores de nossa destruição. Aqueles que desejam destruir o Brasil conduzem as políticas educacionais para impedirem os brasileiros de desenvolverem as aptidões para entender o mundo ao seu redor.
A parte I de A Crise, de Jeffrey Nyquist, sempre ótimo, percuciente e corajoso, dá aos seus leitores os ingredientes para encorparem a consciência que têm do mundo.
E na sequência de A Crise, na parte II – Bons e Maus Líderes, Jeffrey Nyquist adiciona exemplo da corrosão do pensamento, incutido na mente, pelo sistema educacional, cuja formulação se dá na ignorância dos seus alvos: aqueles que do sistema educacional fazem uso, e, sem o saberem, são manipulados, destratados, desprezados, e deles é suprimida a vontade de aprender, de aprimorar os talentos, de se interessar por idéias mais elevadas; e eles são reduzidos à condição de macaquinhos estúpidos, maleáveis por qualquer discurso de político demagogo, e sugestionáveis por qualquer idéia de qualquer intelectual, e incapazes de separar o joio do trigo, e de fazerem distinções entre aquilo que os favorece e aquilo que os prejudica. A segunda parte de A Crise, como a primeira, inspira aos seus leitores uma pergunta: Qual é a razão de existir dos sistemas educacionais? Educar? Instruir? Ou o de destruir tudo o que faz humanos os humanos? É uma arquitetura da destruição a do sistema educacional público, e não da ereção de uma sociedade rica de pessoas inteligentes repletas de idéias grandiosas, sabedoria ingente, bom-senso humilde.
Partindo da idéia, que lhe inspira o texto, o do sistema educacional como arma de destruição da inteligência humana, Jeffrey Nyquist passa a tratar da política americana, e considera personagens como Donald Trump e Hillary Clinton, dentre outros. Apresenta-os em suas idéias; e aponta, no caso de Donald Trump, as opiniões distorcidas e criminosas a respeito dele apresentadas por algumas pessoas, e por outras opiniões involuntárias e viciadas infectadas pela peçonha das idéias politicamente corretas.
O sistema de ensino, dá-nos a entender Jeffrey Nyquist, reduziu, tudo indica, a inteligência humana, e suprimiu, ou está em vias de fazê-lo, o bom e velho instinto de sobrevivência, o bom-senso, que sempre alerta os humanos para os perigos que se lhes avizinham.
Os dois artigos inspiram aos seus leitores uma reflexão: Por que as camadas mais ilustradas (supostamente) da população americana (e o mesmo pode se dizer da brasileira) são mais afeitas às idéias politicamente corretas, às idéias que corroem a inteligência humana, às idéias que estão a destruir a civilização, às idéias de políticos demagogos, às idéias de intelectuais charlatães, às idéias de artistas medíocres? Por que as camadas mais baixas e menos escolarizadas são as que mais preservam os valores que dão coesão à sociedade e sustentação à civilização? Estas interrogações, que podem ser lidas como afirmações, não constituem um discurso favorável à ignorância, ao analfabetismo; são ponderações a exigir mudanças radicais no sistema de ensino, que deveria educar, e não deseducar; lapidar talentos, e não destruí-los; excitar a inteligência, e não desestimulá-la.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

O sustentável peso do ser


- Márcia, tenho uma novidade para você. Decidi abandonar a minha vida sedentária - disse Fábio, ao chegar na sua casa após um exaustivo dia de trabalho. Márcia, sua esposa, enquanto ensaboava um copo, após usá-lo para beber leite com achocolatado, voltou o rosto para Fábio, ofereceu-lhe os lábios, os quais ele beijou, e esperou pelo complemento da notícia. - O meu estilo de vida está me matando.
- Enfim você reconheceu que precisa de reformas. - comentou Márcia, sorrindo em tom de leve censura.
- Por favor, Márcia... Poupe-me das piadas e dos sermões. Você me alertou para o meu estilo de vida, sedentário, que me prejudica. Vou de carro daqui até o escritório; de carro, do escritório volto para casa; de carro, vou à padaria, que fica no outro lado da rua; de carro, vou à banca de revistas do Manoel, que fica lá na esquina; daqui até lá, um pulo, com a perna esquerda, para ir, e um pulo, com a perna direita, para voltar. E eu, de carro... Quer saber, Márcia, o que me aconteceu, hoje, e me fez mudar de atitude? Tive de andar uns setecentos metros, mais ou menos, do escritório até o cartório... Mal me aguentei em pé ao chegar ao cartório. Cansado, mal consegui respirar. Ofegante, diante da mocinha do cartório, não me recordo se a Fátima, se a Evelyn, que me fitava, esperando que eu lhe dissesse o que eu desejava, fitei-a, sinalizei que atendesse uma mulher que chegou logo após eu, e sorri, constrangido. Ela sorriu, e atendeu à mulher. Pouco depois, ou Evelyn, ou Fátima, eu já recomposto, atendeu-me. Márcia, mal consegui andar setecentos metros! Como cheguei a este ponto!? Escreva o que digo: Perderei estes pneuzinhos...
- Pneuzinhos?
- Não zombe. Tire esse sorrisinho da cara. São pneuzões de caminhão, os que perderei, e os perderei antes do Natal. É uma promessa. Se eu ficar como estou, confundir-me-ão com um leitão, ou com um peru. Você se surpreenderá. Ficarei esbelto como um galã de novela.
No dia seguinte, no café-da-manhã, Fábio, para surpresa de Márcia, fez uma refeição frugal: duas fatias de torrada com geléia de cereja, uma pêra, seis uvas e um copo de laranjada.
- Pelo visto, Fábio, ontem você falou sério - comentou Márcia, surpresa e contente.
- Bote fé, Márcia, o regime é pra valer.
Fábio foi até o escritório, a pé, distante mil e duzentos metros da sua casa. Exausto, sentou na cadeira, e permaneceu sentado durante cinco minutos, para renovar as energias consumidas durante a caminhada. Colegas de trabalho não perderam a oportunidade de convertê-lo no alvo de piadas preferencial durante a manhã. Fábio, de bom humor, embora constrangido, ouviu-as, e divertiu-se com as contadas por Josué, dotado de senso de humor irresistível.
No almoço, no restaurante em frente ao escritório, Fábio sentou-se à mesa. Carlos, o garçom, atendeu-o:
- O de sempre, Fabião?
- Não, Carlos. Traga-me cinco grãos de arroz, três grãos de feijão, duas folhas de alface, quatro fatias de pepino, seis fatias de tomate, e, para beber, meio copo de vinho.
- E os oito bifes de alcatra, Fábião?
- Não quero bife.
- Não quer bife? - perguntou-lhe Carlos, surpreso. - E as quinze coxinhas de frango?
- Esqueça-as, Carlos. Esqueça-as. Não quero ver cheiro de carne.
- O que você comerá de sobremesa?
- Gelatina de limão.
- Gelatina de limão, Fabião!?
- Eu disse gelatina de limão, então é gelatina de limão.
- Você está doente?
- Não.
- Você está bêbado?
- Não.
- Você fumou maconha? Cheirou cocaína? Entupiu-se de crack?
- Não! Não! E não!
- E o pudim, e o doce de coco, e o bolo de chocolate, e o rocambole, e o brigadeiro, e o doce de leite, e a marmelada, e a goiabada com queijo, e a maria-mole, e a teta-de-nega...
- Gelatina de limão, Carlos. Gelatina de limão. Entendeu? De limão. Gelatina de limão.
- E essa agora! Se eu contar para o gerente, ele vai me demitir.
- Deixe de conversa fiada, e traga-me a comida.
- Comida!? Que comida, Fabião? Continue assim, e você aprofundará a crise econômica internacional. Espero que ninguém siga o seu exemplo. Você está de regime?
- Estou - a voz áspera de Fábio fez com que Carlos o olhasse com estranheza.
- O mundo está de cabeça pra baixo - sentenciou Carlos, que ficou de costas para Fábio, e afastou-se, abismado.
Nos dias seguintes, Fábio repetiu essa refeição, para surpresa e espanto de todos.
- Você emagrecerá mais rápido, Fábio - disse-lhe Márcia, uma semana depois -, se praticar um esporte. Que tal ir à academia? A na qual a irmã da Jéssica faz ginástica é ótima, disse-me minha irmã.
- Emagreci?
- Um pouco. Se você se mexer mais, emagrecerá mais, e mais rapidamente. Você pesava cento e vinte e oito quilos; agora, pesa cento e vinte e sete quilos e oitocentos e noventa gramas.
- Virou piadista, mala-sem-alça?
No dia seguinte, Fábio, na academia de ginástica, na sala de musculação, exercitou-se até encharcar a camisa de suor e exaurir as energias.
Encerrados os exercícios, satisfeito com o seu desempenho e com o seu esforço, Fábio mirou-se ao espelho. Irreconhecível, a sua figura. Era o Fábio, o Fábio de sempre. A camisa banhada em suor, ele pensou, era uma recompensa pelo esforço aplicado durante uma hora de exercícios físicos. Sorriu, exultante. Sentia-se outro homem. Saudou a professora, despediu-se dela e dos outros sete alunos, pegou da toalha, enxugou os cabelos ensopados de suor e removeu o suor que lhe porejava o rosto e o pescoço. Retirou-se da academia. Deu não mais do que vinte passos, olhou para o outro lado da rua, e exclamou:
- Ninguém é de ferro! Sou filho de Deus!
Ato contínuo, atravessou a rua, e entrou na lanchonete, e devorou, em dez minutos, com voracidade animalesca, três x-tudo, dois pastéis de carne, duas coxinhas de frango, um quarto de uma torta, e sorveu, sedento, de uma garrafa, dois litros de refrigerante de laranja.

sábado, 8 de outubro de 2016

Michel Temer e os movimentos sociais

Li, em sites, que o governo federal estende as mãos aos movimentos sociais (que, sabemos, independentes como um táxi, lutam por justiça - ou alguém pensa que organizações políticas esquerdistas os financiam? Quem seria tão malicioso para aventar tal suspeita?), o governo federal, prossigo, estende as mãos aos movimentos sociais que estão a vandalizar algumas cidades, em especial São Paulo, chamando-os para um diálogo de camaradas.
Por que o governo federal faz tal oferta de diálogo, se tais movimentos não o desejam, pois, se o desejassem, teriam procurado o governo federal, e não partiriam para o quebra-quebra? Além disso, quais são as reivindicações de tais movimentos sociais?
Penso eu que tudo não passa de uma armação, para fortalecer a esquerda. E por que digo isso? Ora, se a esquerda não impõe a sua política no muque o faz por meio de "diálogos", "negociações".
Todo o roteiro já está escrito: Os movimentos sociais partem, como se diz vulgarmente, para a ignorância, causando muitos transtornos à população; a polícia não os contêm; e o governo federal, então, para amansar os civilizados vândalos, godos e ostrogodos, apela para o bom-mocismo deles, chamando-os para "negociações".
Ora, se tais movimentos são de esquerda radical, que deseja, na marra, impor suas políticas esquerdistas, e o governo também é de esquerda, e tem em mente a implementação da mesma política esquerdista, mas o faz com, vamos dizer, prudência, sem dar na vista, então, posso concluir, estão de comum acordo os movimentos sociais e o governo, e ambos simulam ocupar posições distintas, opostas uma à outra, na política, como se um (os movimentos sociais) fosse hostil à democracia, e o outro (o governo) fosse seu denodado defensor.
Assim, após alguns dias, semanas, de "negociações", de "diálogos em busca de um consenso", o governo "atenderá" algumas das "reivindicações" dos movimentos sociais. E de quais "reivindicações" se trata? Não sei, especificamente, quais são, mas uma certeza eu tenho: Todas as "reivindicações" dos movimentos sociais "atendidas" pelo governo federal fortalecerão o esquema de poder da esquerda.
É tudo jogo de cena. Simulação de diálogo, de negociação. Para robustecer a esquerda, que fortalece-se, e espreme ainda mais a tão débil direita.

Acabou-se o PT?

Li que o Lula declarou que o PT não acabou, e que não acabará. Muitas pessoas tomaram tal declaração como um atestado de sandice, ou de alienação da realidade. Mas, cá entre nós: Ele disse a verdade. O PT não acabou, e não acabará tão cedo - talvez nunca. Além do mais, PT é apenas uma sigla de um partido político brasileiro, e nada mais. É apenas um símbolo composto de duas letras, e pode ser alterado, ou substituído por outro, ou simplesmente abandonado por aqueles que hoje vivem sob ele.
E a estrela vermelha perdeu o brilho. E os petistas não a exibem, na campanha eleitoral deste ano. Atitude inteligente, convenhamos. Por que a exibiram os petistas se ela traz más lembranças aos brasileiros, e é, hoje, o símbolo de tudo o que há de ruim no Brasil? Escondem-na, e não o fazem por covardia, tampouco por vergonha, mas, sim, por um instinto de sobrevivência política, que, convenhamos, é superior ao dos seus adversários políticos (ou supostos adversários?).
Os petistas transferirão o trabalho de pôr fogo no Brasil aos seus aliados (e as ações vandálicas que se presenciaram, nestes dias, são apenas o prólogo de um movimento violento, que se intensificará nos próximos dias, meses, anos, décadas), e misturar-se-ão com outros partidos, e muitos dentre eles se bandearão - e alguns já se bandearam - para outros partidos de esquerda - isto é, para qualquer partido brasileiro, pois todos são de esquerda. Enfim, mudarão os petistas de nome, de etiqueta, de símbolos, de recipientes, e continuarão com as mesmas idéias, com a mesma ideologia, com a mesma prática política, fazendo mudanças num ponto ou outro, isto é, continuarão petistas, mas com outros nomes.
O Lula tem o hábito de falar certas verdades, que as pessoas tomam como mentiras, e o de falar muitas mentiras, que as pessoas tomam como verdade.

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

O escritor que era original

Amarildo Vasquez W. G. N. Vasconcelos buscou a originalidade durante quase toda a sua vida, que se estendeu por setenta e dois anos. Certo dia, reconheceu, após muitas horas de reflexão, que todas as narrativas que havia escrito os gregos, os romanos, os espanhóis, os italianos, os franceses, os russos, etc., etc., já as haviam contado séculos antes, e, então, certo de que se consumiu em trabalho infrutífero, reconheceu que havia desperdiçado, inutilmente, décadas da sua vida, mas estava feliz, pois entendia, agora, qual era a atitude apropriada para o labor literário, iluminado pela sabedoria universal. Decidiu queimar todos os seus textos. Arremessou resmas e resmas de papel à fogueira, e sentiu-se livre da opressão de todos os sentimentos angustiantes que o sufocaram durante as décadas que antecederam o seu ato de alforria, ciente de que conhecia, agora, a fórmula da excelência literária. A fogueira ardeu durante quatro horas. E a partir desse dia, Amarildo Vasquez W. G. N. Vasconcelos não leu sequer um livro, pois não queria que o influenciassem em sua obra que estava por escrever Homero, Boccaccio, Cervantes, Victor Hugo, Machado de Assis, Proust, Dostoiévski, Tolstoi, Turgueniev, e outros escritores influentes. Que eles influenciassem outros escritores; ele, Amarildo Vasquez W. G. N. Vasconcelos, não. Amarildo Vasquez W. G. N. Vasconcelos sabia, agora, inspirado pela sabedoria universal, que a excelência literária encontra-se na simplicidade das coisas do mundo, e, atendendo aos seus anseios, sublimados pelas forças inspiradoras do universo – que estão além do alcance da mente debilitada das pessoas contaminadas pela civilização tecnológica na qual estão imersas -, poderia haurir da sabedoria da natureza, pois estava preparado para, sem açodamento, fruir do aroma natural das coisas do mundo, e escrever a sua obra perene. Não mais leu livros dos grandes mestres da literatura. Eles não eram imprescindíveis, como declaram inúmeros estudiosos, todos eles presunçosos, pernósticos, soberbos eruditos encastelados em torres de marfim. Desfez-se Amarildo Vasquez W. G. N. Vasconcelos dos seus livros. Não os cedeu para bibliotecas públicas, e nem para as universitárias; não os vendeu para livreiros, nem para bibliófilos, tampouco os doou para alguma instituição. Queimou-os. Sim. Queimou-os. Eram todos os livros, e os clássicos dentre todos, perniciosos para a inteligência humana, acreditava Amarildo Vasquez W. G. N. Vasconcelos. Debilitavam-na os livros. Impediam o florescimento da sabedoria, da criatividade, da originalidade, que, para ele era, até então, inalcançável. As suas reflexões conduziram-lo para a elevação da sua mente sob a inspiração benéfica da sabedoria universal, e soube, então, o que tinha de fazer, e o que tinha de fazer era inadiável. Já havia desperdiçado muitos anos da sua vida com leituras, que o oprimiram, o impediram de pensar, de criar, de conceber tramas e personagens originais. Os escritores e os estudiosos aos quais atribuem sabedoria e genialidade sufocam os espíritos dos homens, são nocivos ao desenvolvimento da originalidade, estava convencido Amarildo Vasquez W. G. N. Vasconcelos. E não os condenam à fogueira. Enaltecem-los. Entoam loas para eles. Até hoje, Júlio César é difamado por ter ateado fogo à Biblioteca de Alexandria. Júlio César, segundo Amarildo Vasquez W. G. N. Vasconcelos, merecia o reconhecimento da humanidade por haver tê-la livrado de obras que lhe roubariam a liberdade de espírito, que lhe propiciaria a originalidade de pensamento e de criação literária, científica, filosófica e política.
Recluso, em busca da originalidade, Amarildo Vasquez W. G. N. Vasconcelos evitava contato com as pessoas, principalmente com os escritores. Viveu em busca da originalidade perdida, da originalidade que a humanidade perdeu, esta humanidade industrial, tecnológica, que se nega ao direito inalienável de usar de todo o seu poder mental, ao desconectar-se da natureza e de sua simplicidade inerente.
E Amarildo Vasquez W. G. N. Vasconcelos reconheceu que todo o legado cultural da civilização é desprezível e emasculador.
Nas raras vezes que abandonava a sua reclusão, e dignava-se a olhar para um indivíduo da sua espécie, Amarildo Vasquez W. G. N. Vasconcelos falava, e falava apenas o que considerava dever falar, não se interessando se os seus interlocutores, melhor, os seus ouvintes, estavam interessados no que ele lhes dizia; e os comensais, no almoço, no jantar, eram obrigados a ouvi-lo, em silêncio. E quando um deles esboçava um movimento a indicar-lhe o desejo de falar, ele o silenciava com um gesto, o cenho franzido, o olhar fixo, a cabeça ligeiramente inclinada para a frente, o que lhe emprestava um aspecto inquisitorial. Amarildo Vasquez W. G. N. Vasconcelos não se dispunha a ouvir o que as pessoas desejavam lhe dizer, as histórias que elas desejavam-lhe relatar, os casos que elas desejavam-lhe narrar, as idéias a respeito dos mais diversos assuntos dos quais elas desejam-lhe inteirar e com ele debater; pois, acreditava, o espírito iluminado pela sabedoria universal e pela simplicidade da natureza, que lhe inspiravam pensamentos profundos e iluminadores, que as idéias que lhe queriam apresentar impedi-lo-iam de alcançar a tão almejada originalidade, e, alcançando-a, escrever a sua obra-prima, a sua obra suprema, celestial, porque sorvia da simplicidade da natureza, ainda não corroída pela civilização tecnológica, decantada esta em prosa e verso pelos industriais, pelos capitalistas ocidentais, pelos materialistas insensíveis. E a originalidade ele a alcançaria se não tivesse contato com idéias estranhas ao seu espírito, à sua alma, à sua condição primeva em contato com a natureza, condição que herdara dos seus mais antigos ancestrais, que jornadeavam pela Terra antes do advento da civilização, que desumanizou os humanos, deles eliminando o vínculo com a natureza. As pessoas que o ouviam, ouviam-no atentamente, fascinadas, embevecidas com tão excelsa sabedoria, com palavras de tão ardente vigor sapiencial, pronunciadas com a veemência encantadora de um venerável profeta antediluviano, e curvavam-se, reverentes, diante de tão extraordinária exibição de inteligência superior. Não o contestavam. Silenciavam-se. E admiravam-lo, alumbrados. Raros os que o criticaram. E estes os admiradores de Amarildo Vasquez W. G. N. Vasconcelos repudiaram, e cortaram com eles as relações; excluíram-los do círculo de amizade e camaradagem. Amarildo Vasquez W. G. N. Vasconcelos era um gênio da literatura moderna, diziam dele os seus admiradores. As idéias dele iam de boca em boca; disseminavam-las, e rapidamente, nos círculos intelectuais, universitários, literários, em todos os quadrantes do Brasil. As suas palestras, sempre repletas de ouvintes embevecidos. Nas universidades, ouviam-lo, maravilhados. Nas academias, reverenciavam-lo, curvados, joelhos no chão, a cabeça sobre o peito. Consagraram-lo o maior gênio das letras nacionais. E não atentaram para um detalhe: De Amarildo Vasquez W. G. N. Vasconcelos não havia nem um livro publicado, e ninguém jamais leu um texto de sua autoria. E Amarildo Vasquez W. G. N. Vasconcelos, após haver lançado ao fogo todos os seus textos, os quais escreveu, segundo ele, durante as décadas em que se desencaminhou, influenciado por idéias equivocadas, que o angustiavam, e ele vivia, macambúzio, nos recantos sombrios da sua biblioteca e do seu espírito, em busca da arte literária que os livros não poderiam lhe ensinar, nenhum outro texto escreveu. Pensava as suas idéias, com esforço intelectual incomum, rara na história da espécie humana, e mentalmente as reelaborava, diuturnamente, exaustivamente, e incansavelmente, e as escreveria quando, e se, atingisse o ápice da expressão literária, perfeita, irretocável. Os seus admiradores desejavam que tal dia não tardasse a chegar. Laurearam as academias Amarildo Vasquez W. G. N. Vasconcelos com títulos de prestigio. Durante as palestras, Amarildo Vasquez W. G. N. Vasconcelos era infatigável – aludia à sua obra-prima, que daria à luz assim que atingisse a perfeição, fruto da originalidade almejada, dizia, e traria luz à medíocre literatura brasileira moderna, e, também, à literatura mundial, conquanto acreditasse que ela, principalmente a européia e a norte-americana, fosse infensa à simplicidade, à originalidade, corroída que estavam por técnicas narrativas modernas, dessensibilizadoras, hostis à verdadeira arte literária, que nasce da natureza humana em comunhão com a natureza, num vínculo imarcescível, diferindo, portanto, da literatura brasileira, da literatura latino-americana, da literatura africana, da literatura árabe e da literatura do sul da Ásia, as quais, embora tenham absorvido alguns vícios da literatura moderna, conservam, latentes, a beleza intrínseca do seu contato com a natureza. E arrancava Amarildo Vasquez W. G. N. Vasconcelos ovações grandiloquentes e aplausos ensurdecedores do público, que, em estado letárgico, ouvia-o, mesmerizado.
Amarildo Vasquez W. G. N. Vasconcelos granjeou reputação de beletrista provido de intelecto prodigioso.
Em vida, nada publicou. Morto, os admiradores da sua obra inexistente difundiram o seu nome, envolvendo-o com a aura de gênio original, universal.
Homenagearam-lo as academias.

No túmulo de Amarildo Vasquez W. G. N. Vasconcelos, o epitáfio: “Aqui jaz o autêntico gênio da literatura brasileira, ignorado pelo público iletrado, admirado por homens superiores que souberam reconhecer-lhe a excelência literária e apreciar-lhe a obra, que, de tão original, ele nunca a escreveu, e ninguém a conheceu”.

sábado, 1 de outubro de 2016

Monólogo de um doido varrido

Debilitou-me uma doença psicológica bacteriana de origem vegetal pelos psicólogos denominada patologia, isto é - traduzindo para a linguagem de gente que pensa com o próprio cérebro, manuseia os objetos com as mãos, corre com os pés, olha com os olhos, ou com um olho só, caso se trate de um ciclope, e ao se ajoelhar dobra os joelhos -, patologia, dizia eu, doença da qual estou acometido, é a doença das pessoas obcecadas em estudar patos e congêneres. Congêneres, explico, para as pessoas que não sabem o que tal palavra significa, e também para as pessoas que desconhecem dela o significado, é o plural de congênere. Dadas estas explicações, esclarecedoras, que eliminam toda e qualquer dúvida quanto à acepção da palavra da qual estou a tratar, e, ao tratar dela, trato dela, não com a negligência que muitas pessoas das palavras tratam, seja a da qual tratei, seja de qualquer outra palavra, mas com a seriedade que compete aos gênios nos quais a vida infligiu dores provenientes da patologia, em decorrência da ingestão de penas, bicos, cascas de ovos, pés de patos, e, também, de marrecos, gansos, paturis, donaldes, patinhas e gastões, espécies, estas, de bípedes dotados de indumentária que, embora apropriada, é inapropriada para os indivíduos de sua espécie, mesmo que pertençam à espécie alheia, prossigo: A patologia, dizia eu, doença psicológica bacteriana de origem vegetal, derivada das poções mágicas da Maga Patológica, que, com o auxílio da Madame Mim, concebeu receitas compostas dos mais inusitados ingredientes, pertence à família das doenças da classe das categorias aparentadas com a síndrome de Estocolmo - detectada, pela primeira vez, em Helsinque, num laboratório situado em Berlim e localizado em Tóquio -  e com os processos jurídicos do corredor polonês. E quem é o corredor polonês? Desconheço-lhe o nome. Sei, no entanto, e todavia, que é ele natural da Polônia, embora tenha nascido na Hungria, numa noite de lua cheia no Japão; e assistiu ao seu nascimento um homem, o parteiro, grego da ilha de Creta, que lutou, na companhia de Aquiles e Odisseu, na guerra de Tróia, e foi um dos construtores do cavalo de madeira, o famosíssimo Cavalo de Tróia, que era, na verdade, um burro de eucalipto sintético; além disso, ele concebeu um sistema filosófico racionalista, teleológico, mecanicista, heliocêntrico, holístico, que seu aprendiz, o Eleutério, que não é um elemento da tabela periódica, disseminou em todo o mundo, reservando-o para si, sem que o tenha transmitido para outra pessoa qualquer. Mas a sua filosofia, é certo, e quanto a isso não restam dúvidas, foi disseminada em todo o mundo, pois, afinal, ele, isto é, o Eleutério, a aventou aos furacões, ciclones, tufões, que de tempos em tempos varrem a costa leste do litoral e o litoral da costa leste do continente americano banhado pelo Oceano Atlântico, cujas águas são salgadas, e nelas vivem baleias; e Eleutério não limitou-se a apenas, e tampouco unicamente, aventá-la aos furacões, tufões, ciclones; ele também a externou para as águas dos oceanos, que a espalharam por todo o planeta. E quem é o Eleutério? Não sei. Eu nunca o vi mais gordo, e nem mais magro, e nem mais alto, e nem mais baixo. E eu nunca ouvi falar dele, e acerca dele nenhuma palavra eu li. Mas o Eleutério não é importante; importante é a distância entre a Terra e a Lua. A Lua, explico, para eu mesmo, para que eu possa entender a minha idéia que me apresento, quando se aproxima da Terra dela fica mais próxima, e quando dela distancia-se dela fica mais distante, e a Terra, ao distanciar-se da Lua quando a Lua dela distancia-se, dela afasta-se, e quando dela aproxima-se ao mesmo tempo em que ela de si aproxima-se encurta-se a distância que há entre elas. Tal fenômeno ainda não foi inteiramente, e tampouco parcialmente, compreendido pelos seres humanos que o estudaram, e muito menos pelos seres desumanos que nunca se dedicaram ao seu estudo. É inexplicável, e inexplicável será até o dia em que alguém o compreenda, e, compreendendo-o, o entenda, e, entendendo-o, formule as explicações que o explique, e explique, também, a relação de causa e efeito entre a extinção dos tiranossauros rex e o milésimo gol do Pelé. Por que o seu milésimo gol Pelé o marcou numa cobrança de pênalti, e não numa cobrança de escanteio? Há uma relação de causa e efeito, e de princípio, meio e fim, entre os dois eventos, afinal, pois, os tiranossauros rex tinham dentes, e o Pelé tem dentes também; e a existência de dentes na boca do Pelé e nas bocas dos tiranossauros rex indica similaridades fenomenológicas existencialistas entre o ludopédio, isto é, o futebol, ou soccer, como dizem os norte-americanos, e os filmes de Steven Spielberg. Além disso, um tiranossauro rex, dias atrás, invadiu-me a televisão, e surrupiou-me das mãos o controle remoto, e, antecipando-se a mim, premiu do controle remoto um botão, e teletransportou-se para outra galáxia, onde encontrou, num planeta piramidal, no sopé de uma montanha, um ovo cósmico, que explodiu no mesmo instante em que Moisés rachou-o com um machado, matando o tiranossauro rex, mas não se matando no processo, pois, afinal, ele, o Moisés, em decorrência do deslocamento de ar da explosão explosiva, foi arremessado à Terra, e caiu, no topo do cume da ponta do Everest onde encontrou o Homem das Neves Abomináveis e o Abominável Homem das Neves a confabularem acerca da relatividade do tempo absoluto, a tempo de ouvir o Homem das Neves Abomináveis comentar, dando por encerrada a sua entrevista com o Abominável Homem das Neves: “O tempo, sendo relativo, não pode ser compreendido como tempo relativo, afinal, pois, sendo relativo, o tempo é, portanto, absoluto, pois, afinal, a sua condição temporal não é atemporal, afinal, pois, ele existe como fenômeno cósmico, portanto, real, dotado de propriedades absolutas, conquanto elas não eliminem as suas propriedades relativas, afinal, pois, a relatividade do tempo, ao mesmo tempo que define o tempo da relatividade, perpetua a noção absoluta do tempo relativo conjugada à noção relativa do tempo absoluto conquanto a sincronia dos eventos simultâneos coordenados pelas cordas que compõem a infinitude do tecido cósmico do universo observado de dentro de um prisma desmaterialize as partículas de nêutrons, que estão a singrar o oceano sideral há bilhões de anos e cujo destino é desconhecido de todos. Sabe-se, apenas, até o presente momento, que, em decorrência da eclosão do Big Bang, os italianos inventaram o spaghetti, os franceses a guilhotina, os alemães o salsichão, os gaúchos o churrasco, e o Bethoveen a surdez”. E aqui, uma avalanche arrastou Moisés até uma aldeia ameríndia txucarramãe onde um índio tupinambá indagou-lhe: “A Capitu capitulou?”, e de Moisés não obtendo resposta, o índio tupinambá entregou-lhe duas placas rochosas com inscrições que Moisés não soube decifrar, e cujo significado o silvícola desconhecia, e o silvícola exortou Moisés a ir até o Egito procurar por Champollion, que poderia lhe prestar consultoria, e ajudá-lo a traduzir as inscrições. Moisés entendeu que o destino o chamava a empreender uma tarefa que ele, e apenas ele, e ninguém mais, poderia empreender, e principiou a jornada; no entanto, todavia, porém, devido a sérios problemas no intestino, teve ele de adiá-la. Não sei se ele foi, ou não, bem sucedido em sua empreitada; só sei que eu, exausto de tanto pensar, tenho, e já, de encerrar as minhas reflexões para eu não vir a enlouquecer, pois, afinal, eu enlouquecerei caso eu não cesse, e já, de pensar, para não vir a carecer de forças que conservem a minha sanidade mental. E agora vou dormir, para poder acordar amanhã cedo, preservadas todas as minhas faculdades mentais, e dar seqüência aos meus pensamentos. Desejo-me bons sonhos. E boa noite.