sábado, 23 de março de 2024

Piruás 37

 Piruás e Farelos - volume 37.


Para que esta semana não a passe o leitor em branco, isto é, para que o leitor de Piruás e Farelos não fique sem ter o que ler nesta semana, aqui vai uma edição, a trigésima sétima, do jornal digital quase que inteiramente desconhecido de todos - e são poucos os felizardos que se dedicam à leitura de tão graciosa fonte de informações -, escrita às pressas, no calor da hora (e bota calor na brincadeira: hoje, e ontem, e anteontem, a temperatura, aqui em Pindamonhangaba, bateu na casa dos trinta e poucos graus célsius - e não falo em sensação términa, pois desta cada bípede tem a sua), tangenciando os mais diversos assuntos, sem que o seu editor se preocupe em saber se os assuntos são importantes, ou desimportantes, ou nem uma coisa, e nem outra.

Se é o leitor que lê esta edição leitor que se dedicou à leitura das edições anteriores, e não um leitor bissexto, então sabe ele que Piruás e Farelos vai ora num tom joco-sério, ora num tom qualquer, o que é indício de que é o seu humor instável, melhor, é instável o humor de seu editor, que é uma, e só uma, pessoa, um sujeito que não se leva a sério e não se importa se as pessoas o levem a sério, e que está sempre e infalivelmente a se desencaminhar com os seus pensamentos erráticos, que não raro o conduzem a lugares nos quais ele não se gosta de ver.

Às vezes num tom tatibitate, inseguro, se põe o autor destas palavras a discorrer acerca de assuntos dos quais nada sabe, e se pune por isso, e promete para si mesmo que jamais repetirá tal sandice, e respeita a promessa até o momento em que se põe a discorrer acerca de quaisquer assuntos que ignora por completo, o que se dá no dia seguinte, ou na semana seguinte, ou, o mais comum, e compreensível, no segundo seguinte ao que se fez tal promessa - promessa que (saliente-se este ponto, embora o que aqui se diz está implícito no que aqui já se disse) jamais cumpre.

Alguns dos pensamentos acima expostos, o homem que os escreveu (melhor: os digitou) os pensou ao evocar umas palavras atribuídas ao escritor Umberto Eco, autor de O Nome da Rosa, romance que, transposto para a película, contou com Sean Connery para fazer a vez de Sherlock Holmes da era medieval, e ler umas palavras de um escritor brasileiro cujos escritos jamais leu e dada a sua fama entende não ser ele merecedor de ter seu nome registrado nesta nobre publicação. E quais são as palavras de Umberto Eco que animaram a mente do autor destas palavras, que estão, é certo, a encantar o leitor? As palavras que lhe saíram da boca, ou da pena, ele as desconhece, mas elas, sabe, traduzem a seguinte idéia: a internet deu voz aos tolos. Ora bolas, sabemos que os tolos não precisam de internet para ter as suas vozes disseminadas em todo o orbe terrestre e em todos os outros orbes conhecidos e desconhecidos deste e de outros universos paralelos e perpendiculares, diria o nosso amigável colega José Carlos da Silva Quinha, editor do famosíssimo Zeca Quinha News: eles as espalham de viva voz, ao vivo, e em cores, por todo e qualquer meio imaginável. Pensa o autor destas palavras que hoje em dia a idiotice está democratizada: toda pessoa pode expôr as suas tolices, as suas bobices, as suas asneirices, para toda e qualquer pessoa que as deseja conhecer. Antigamente, só um punhado de pessoas, as que tinham acesso aos meios de transmissão do conhecimento, gozavam de tal direito. E foi assim, com a escassez de espaços para espalhar às multidões seus pensamentos, que um puhado de pessoas, muitas delas extraordinariamente tolas, usufruindo de um privilégio, o de poder escrever o que pensa para que trilhões de pessoas lhes lessem as palavras, conquistaram a reputação de criaturas geniais, dotadas de intelecto superior. Para o bem da humanidade, que se eternize o caos que a internet propicia.

Escrito o prefácio para esta edição, que é a trigésima sétima, se não perdi as contas, às notícias, em farelos - e talvez algum piruá.

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Donald Trump, o novo Hércules.


O Donald Trump, o nosso querido e amado Laranjão, passa por cada apuro que só vendo! Não sei se é exagero dizer, mas direi, mesmo que exagero seja: ele está a superar trabalhos mais difíceis do que os doze que Héracles realizou. Héracles, ou Hércules, limpou os estábulos de Áugias; Trump, se eleito presidente, terá de limpar os Estados Unidos de leste a oeste: a sujeira que o Brandon e sua trupe estão deixando é de lascar! Héracles enfrentou um leão, a hidra, um javali, todos monstros escatológicos, e outras criaturas igualmente teratológicas; Trump está a enfrentar Biden, Obama, Clinton, Fauci, Adhanom, e outros seres horripilantemente horrendos. Quem enfrenta os mais terríveis monstros: Héracles ou Trump?

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Brasil: imprensa bate no Bolsonaro, sem dó nem piedade. Por que motivo, razão e circunstância?


Enquanto isso, no Brasil, o presidente Jair Messias Bolsonaro segue a ser o alvo predileto da imprensa. Que a imprensa lhe bata no lombo dia e noite, dia sim, e outro também, faça chuva, faça sol, e até nos feriados, entendo; mas não entendo a postura das pessoas que até outro dia diziam ser o certo a imprensa criticar duramente o presidente e que agora não estranham a imprensa bater no presidente que já saiu de Brasília e alisar, carinhosamente, os cabelos do que ocupa a cadeira presidencial. Quê?! O presidente do Brasil ocupa a cadeira presidencial?! Que besteira! Ele mal pisa em solo brasileiro, após regressar de uma viagem, e já parte em viagem para outras terras.

Estou a ponto de acreditar que tem a imprensa um objetivo inconfessado. O confessado sabemos qual é: informar. Mas informa o que a imprensa?!

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Canadá: seja assaltado e seja feliz.


Não sei se é verdade, se é mentira. Se é verdade, que seja verdadeira, para não me deixar nenhuma dúvida, que, porventura vindo a persistir, me roube a paz de espírito. Mas se se confirmar que é a notícia verdade verdadeira, em paz de espírito não viverei, pois terei certeza de que vivemos num mundo de loucos, de doidos-varridos, de lelés, de dodóis-da-cabeça, de despirulitados, e, pior: os loucos, os insanos, estão a governar - melhor: desgovernar - países, e países ricos, pasmem!

O tal de Trudô, aquele cara cuja cara semelhanças indisfarçáveis tem com a cara daquele outro cara, cara, este, que até outro dia dava as cartas numa certa ilha, ilha, esta, um paraíso que está às voltas com revoltas populares... O Trudô... Na terra do Trudô pede-se aos seus civilizados habitantes que, para se evitar o arrombamento de veículos, deixem a chave à porta deles, de preferência no lado de fora. Para que dificultar a vida dos profissionais do crime, não é mesmo?! Ainda não lhes garantiram o auxílio periculosidade, o adicional noturno, e outros direitos de que gozam todo trabalhador honesto.

Vendi o peixe pelo preço que mo venderam.

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Com o Lula na presidência, o Brasil vai bem, obrigado!


Vai bem o Brasil?! Vai. É claro que vai. Há quem duvida dos alvissareiros sinais da economia! Quem pode imaginar que há quem não acredita que são verdadeiras as notícias que dão boas notícias do Brasil?! Quem?! Vai a economia de vento em popa?! Claro que vai. Reduziram-se os investimentos no Brasil?! Claro que não! O governo brasileiro tem sob seu controle as queimadas na Amazônia?! Claro que tem. Os yanomamis estão a viver o melhor momento da história deles?! É claro que sim. Há setecentos milhões de brasileiras famélicos perambulando a esmo pelas ruas do Brasil?! É claro que não. Tal número foi aventado com um único propósito, nobre e humanitário: sensibilizar a população mundial para o que ocorre no Brasil: miséria provocada por um governo de fascistas golpistas e genocidas que maltratou o Brasil durante quatro ano, de 2.019 a 2.022. Na verdade, no Brasil há apenas cento e vinte milhões de pessoas a sofrerem de insegurança alimentar. Esta é a verdade, a verdade verdadeira.

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