sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

Piruás e Farelos 20

 Piruás e Farelos - volume 20.

Flavio Dino é comunista?! Comunistas existem?!

Ouvi não poucas vezes gente de esquerda afirmar que o comunismo acabou assim que puseram abaixo o muro de Berlim. Se é verdade que o comunismo acabou, então, naquela data longínqua, como pode o Brasil ter hoje um ministro comunista?! Ministro comunista?! Tem o Brasil um ministro comunista?! E não tem?! O Lula disse, com a sua voz inconfundível, a felicidade em pessoa, a transbordá-la sem-cerimoniosamente, e desavergonhadamente, que está felicíssimo ao ter um comunista no Supremo Tribunal Federal.

Cabe perguntar: Aquelas pessoas que zombavam e riam dos, e ridicularizavam os, que diziam, e depois da derrubada do muro de Berlim, que os comunistas estavam, agora que todos pensavam que o comunismo deixou de existir, esmagados sob os escombros do muro de Berlim, sabiam que os comunistas apenas hibernavam à espera de um momento propício para despertarem e agarrarem o poder que almejam enquanto iam, sem que deles, afinal eles não existiam, alguém desconfiasse? Se sabiam, e porque o sabiam, era o objetivo deles engabelar os desavisados facilmente manipuláveis? Ou de nada sabiam e de nada desconfiavam? É provável que um grupo deles sabia o que de fato se dava e outro resumia-se aos tolos militantes, massa de manobra, idiotas úteis cada qual orgulhoso da sua idiotice.

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... e ainda há comunistas, quem diria! Disse o Lula que é o Flavio Dino um comunista no STF. Se há comunistas - e recuso-me a acreditar que o Flavio Dino é o único sobrevivente da catastrófica colisão apocalíptica de um meteoro em terras hoje vizinhas do México - há comunismo. Quem poderia imaginar?

Até há pouco tempo esquerdistas afirmavam, e zombavam de quem lhes apresentava objeções, que o comunismo acabou assim que puseram o muro de Berlim abaixo. E agora estamos a ver comunistas nos altos escalões do governo brasileiro. O que há para se dizer, agora?! Ou tudo não passa de encenação?! Não sei o que pensar. Sequer sei se penso. Talvez o comunismo tenha morrido há décadas e o ao que hoje se dá o nome de comunismo seja uma coisa qualquer, uma colcha de retalhos que nenhuma associação tenha com a de todas as ideologias a mais mortífera, a mais desumana, a que deu ao mundo os tipos humanos mais cruéis e que pôs o mundo de pernas para o ar.

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Paulo Freire e o professor paulofreiriano.

Paulo Freire ensina que o professor oprime o aluno ao transmitir-lhe conhecimento e que não é o papel do professor ao aluno transmitir conhecimento.

O professor paulofreiriano ao dizer que Paulo Freire ensina que o professor oprime o aluno ao transmitir-lhe conhecimento ao aluno transmite um conhecimento; portanto, além de oprimi-lo, vai contra o ensinamento de Paulo Freire.

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Uma idéia de Paulo Freire, brilhante, e o professor paulofreiriano.

Li, não sei onde - se não me falha a memória, numa página feicebuquiana de um professor paulofreiriano dos mais retintos -, um texto, que, entendi, traduz um pensamento do Paulo Freire: "Não existem conhecimentos superiores e conhecimentos inferiores; apenas conhecimentos diferentes." Tão logo li tal enormidade, que me chacoalhou a cabeça, pensei com os meus botões, que são cinco, Joãozinho, Zezinho, Marquinho, Zequinha e Tónhão: "Se não há conhecimentos inferiores e conhecimentos superiores, se todos os conhecimentos, porque apenasmente diferentes entre si, mas não em escala de valores, equivalem-se, então os conhecimentos daqueles nóias craquentos e daqueles mendigos - todos há um século sem pingarem no corpo que seja uma gota de agádoisó e há um milênio sem sentirem na pele o contato de um sabonete - que juncam as praças daqui da cidade valem tanto quanto os dos professores paulofreirianos. Se é assim, que se dispense todos os professores que chancelam tal idéia e se envie os alunos às praças para colherem dos mendigos e dos nóias os conhecimentos deles."

Se outros pensamentos que vêm em desabono do venerável ídolo dos paulofreireanos me afloraram à mente ao me deparar com as idéias ditas pedagógicas dele?! Claro que sim! E podia ser diferente?! Escreverei, no momento oportuno, certo de que com o que escreverei importunarei alguns seres pensantes, piruás e farelos a respeito.

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Sergio Moro. E Flavio Dino aprovado com louvor. E reservas indígenas e desoneração da folha de pagamento.

Estou, aqui, no aconchego do meu lar, doce lar, encasquetado, a coçar-me a cabeça com meus dez dedos, cinco de daqui uma de minhas mãos, que são duas, pois não sou uma anomalia da natureza, pensando acerca da aprovação, pelos patrióticos senadores nacionais, do Flavio Dino à vaga, que lhe era de direito, do STF - e pensou mal quem pensou que o resultado podia ser diferente: "No mesmo dia, ou um dia antes, ou um dia depois, sei lá eu, não cuidei consultar o calendário, o congresso votou contra duas políticas do governo do tal L: uma, a que acaba com a desoneração da folha de pagamento; a outra, a que dá fim ao marco temporal das reservas indígenas. Seriam estes dois contratempos que o tal L enfrentou o preço, nos bastidores acordado entre os governistas e a oposição, que o governo foi obrigado a pagar pela aprovação do Flavio Dino ao STF? Não sei. Não faço a mínima idéia do que se passa em Brasília. Mas, pensando, e pensando ou bem, ou mal, não sei ao certo, parece-me que houve uma troca de figurinhas entre os personagens que disputam a ferro e fogo o poder no Brasil. E para encerrar este farelo: não tenho a mínima idéia de quem está no time dos governistas e quem no time adversário. Talvez não exista time nenhum; talvez os personagens se arranjem a depender da conveniência: Fulano e Beltrano são aliados em certa questão é adversários em outra. E assim o mundo gira, e capota. Ah! Esquecia-me: na equação entra um fator, que não é desprezível: emendas parlamentares da ordem de uma dezenas de bilhões do rico, e suado, dinheirinho dos brasileiros."

- E o Sergio Moro, caro cronista?!

- Sergio Moro?! Puxa vida! Esqueci-me dele!

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Sergio Moro e Flavio Dino.

Aqui não me esquecerei do Sergio Moro, pois, afinal, além de pôr-lhe o nome no título deste piruá esfarelado, decidi tratar, e o mais logo que me for possível, dele, e antes de qualquer outra coisa seja a outra coisa o que quer que seja.

Muitas pessoas que viram as fotos dos dois amicíssimos juízes, o Moro e o Dino, ambos a sorrirem de orelha a orelha, gargalharem, sentiram, indignadas, ganas de esfolar vivo o Moro, mais ele do que seu ilustre amigo camarada. E dentre as que sentiram, e ainda sentem, o desejo de esganá-lo, de fatiá-lo, de esfolá-lo, de comprar-lhe uma passagem de ida para o inferno, estão gentes apoiadoras do presidente Jair Messias Bolsonaro. Algumas delas, surpresas com a postura do outrora herói brasileiro, bufam de raiva. E surpreenderam-se por quê?! Esqueceram-se do que ele fez em verões passados?! É urgente tais pessoas banquetearem-se com cérebro de elefante, animal de memória proverbial.

Este e aquele homem perspicaz, assim que viram o juiz de voz de marreco aos beijos e abraços com o então candidato à vaga do STF, entenderam que ele estava a apertar a corda ao próprio pescoço, e o fez porque, nada aprendendo de guerra política, estaria a querer, tal qual uma ovelhinha ingênua e inocente de uma fábula de La Fontaine, passar mel nos dentes afiados de um sedento, insaciável lobo. De onde tirei tão bela figura de linguagem?! Da minha cabeça, que, sendo minha, e só minha, premia-me vezes e outras com algumas peças de retórica de rara beleza literária.

Não sei o que o futuro reserva ao juiz de Curitiba; sei, no entanto, que, se procede aquela história que ensina que os comunistas devoram criancinhas...

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