sábado, 9 de dezembro de 2023

notas

Pernalonga - O Bebê. - desenho animado.

Um lindo, meigo bebê rosado, fofucho, amável, cai, acidentalmente, na cova do Pernalonga, personagem, esta, que, conquanto não tenha uma reputação respeitável, é de muita gente querida - e talvez por esta razão querem-lhe bem, e não por quaisquer outras que se conjecture. E o herói peludo, com desvelos materno e paterno que ninguém lhe suspeita dele cuida admiravelmente bem. Quão amável é a criatura escanifrada, melhor, esbelta e delgada, de pernas longas e igualmente longas orelhas, com o pequeno, mimoso bebê, que lhe viera, acidentalmente, ter às mãos, mãos de um personagem desapercebido de recursos para o exercício da grandiosa tarefa que o destino, este imprevisível e inconsequente ator, lhe exigia! O que digo?! O que digo?! Tu, leitor, confias em mim? Se confias, saibas que não é uma criança a criança que o Pernalonga tem aos seus cuidados. Não?! Não. É a criança, digo a verdade, e a verdadeira verdade, um homem feito, barbado, um marmanjo de má catadura, repulsiva, de má índole, Harry, de pouca, quase nenhuma, estatura, a de um anão-de-jardim, a de um pintor-de-rodapé, a de um pescador-de-aquário, Harry, um ladrão de banco, tipo indigno de figurar entre os homens de bem. E o Pernalonga sabe da real identidade de tão reles sujeito?! Vem a saber... E nele dá uma bela e bem feita lição.

*****

Piruás e Farelos - volume 19.

Elon Musk e a Disney.

"E o Elinho, hein?! Encarou a Disney, e de frente, olho no olho, cara a cara. Deu-lhe uma sapatada homérica."

"Conta-me a história tin-tim por tin-tim, sem tirar que seja um a, com todas as vírgulas a que se tem direito. Usa de tua liberdade literária, e conta-me o caso, que, percebo, é mutio lôco. Queres dizer-me, então, que o passarinho azul deu uma chapoletada no camundongo?!"

"Deu-lhe, e daquelas de fazer o chapoletado cuspir até as tripas. O caso foi o seguinte: desde há um ano, o Elinho... Ou há dois anos?! Sei lá. O tempo é relativo. Além do mais, há infinitas linhas temporais se interconectando numa rede infinita de... E vamos ao que nos interessa. Desde que o Mânsqui, amigo do Donaldo Trumpo, anunciou a sua vontade de comprar, e por um bom preço, acima do valor de mercado, o Twitter, os Senhores do Universo, a arreganharem a boca, faca afiada entre os dentes, a bufarem de raiva, contra ele voltaram todas as forças do universo e mais algumas que encontraram pelo caminho, com o único fim de impedi-lo de se apossar da empresa por ele desejada. E qual o porquê de tal esforço, hercúleo, direi?! Ora, porque o passarinho azul perseguia incansavelmente todo homem sapiens e toda mulher sapiens que não engolem a ladainha politicamente correta, uôque, e outras bugigangas e parafernálias intelectualóides que gente besta sabe inventar a três por dois. Ô gente criativa para pensar as maiores imbecilidades que se pode imaginar! E o Elon se comprometeu a deixar, se se apossasse do Twitter, a liberdade correr solta, livremente solta. Quem quiser dizer a, que o diga; quem quiser dizer be, que o diga; quem não quiser dizer porcaria nenhuma, que nenhuma porcaria lhe saia da boca. E assim foi. Elon comprou o passarinho azul, e rebatizou-o; desgostosos com o andar da carruagem do X, outrora Twitter, os Senhores do Universo decidiram aplicar um golpe mortal no Mânsqui: não comprar espaços de propaganda da empresa dele. Não sei que nome se dá ao troço. Sei que empresas propagandeiam os seus produtos no X; e para terem o seu espaço garantido, cada uma delas tem de desembolsar uma nota preta. Várias empresas, umas cem, eu acho, dentre elas a Disney, delas a mais conhecida, confrontaram o Elon, que os confrontou. E deu no que deu: sei eu lá quantos milhões de americanos, assinantes do canal pago da Disney, desassinaram a assinatura, assim dando um prejuízo do caramba para os proprietários do camundongo mais famoso do universo."

"O Elon comprou mais uma briga com gente poderosa."

"Na verdade, ele lutou mais um assalto de uma luta que ele escolheu lutar."

"O cara é demais."

"Tu tuitas?"

"Eu tuito. Tu tuitas. Ele tuita. Nós tuitamos. Vós tuitais. Eles tuitam. Tuitamos eu, tu, ele, nós, vós, eles, no X."

"Quem não tuita se trumbica."

"Foi um passarinho que te contou tão maravilha novidade?"

"Um passarinho, não; um sapo."

"Um sapo?!"

"Sim. Um sapo, um sapo humanóide, que atende por Pepe. E não apenas ele. Foi ele e mais umas criaturas humanóides. Umas, americanas; outras, brasileiras. Das brasileiras, uma de Minas Gerais; Maurício é seu nome; Alves, o sobrenome. Um cara legal, acusado de ser um tipo que tem idéias mirabolantes. E ter idéias mirabolantes é pecado?! Pouco me importa se esta e aquela idéia são mirabolantes; quero saber se estão certas, ou erradas. Pode tal idéia ser a mais estapafúrdia que existe, mas se o mundo provar-me que ela explica o que com ela se pretende explicar, então ela está correta."

"Vida longa ao Elinho."

"Vida."

*****

Silvia Waiãpi e Marina Silva. E Venezuela x Guiana.

- Tu viste o sarrafo que a Silvia tacou na Marina?!

- Vi, ouvi, sorri. Frase de inspiração cesariana.

- Deste à luz uma frase de sabor clássico. A Silvia Waiãpi, de ascendência indígena, de qual tribo ignoro, disse umas e outras, muitas e boas, para a tal da Marina, que, parece-me, esqueceu-se da floresta amazônica.

- E não nos esqueçamos: a floresta amazônica é feminina.

- A floresta é feminina, a selva é feminina, o deserto é masculino, o cerrado é masculino.

- Além das verdades que disse para a Marina, a Silvia Waiãpi falou umas palavras bonitas, dia destes, numa oratória retumbante, em favor dos índios, dos brasileiros, enfim. Parecia, até, que ela declamava um poema do Gonçalves Dias

- Faz falta...

- Quem?!

- O Gonçalves Dias, que cantou os índios.

- Índios daqui das terras hoje chamadas Brasil. Há índios em todos os continentes.

- Deixemos de lado tal questão linguística.

- Perde-se a falar dela, mas esquece-se o mundo em que vivemos e os problemas que os índios pré-cabralinos enfrentam.

- Povos descendentes de cabras.

- Tu e teus comentários sem-noção. Em que pé estão, hoje, os índios brasileiros, tenham eles o nome que tiverem?! Vivem bem?! Mal?! Aprendem o que desejam aprender?! Querem conservá-los numa redoma, como se eles vivessem numa era anterior à construção das caravelas que singraram os setes mares, e em tal périplo enfrentaram seus tripulantes monstros marinhos e outras criaturas que nem os Argonautas ousariam enfrentar, e aportaram às nossas terras?! Por que os defensores dos índios jamais lhes perguntam o que eles desejam, o que eles querem?! Todo mundo quer ser cacique indígena. Há muitos homens brancos por aí querendo ser pajé tupinambá. Tipos branquelos, quase transparentes, vindos do norte do norte da Zoropa cobrem-se de urucum e se dizem índios. 'tá cheio de gente assim por aí. Absurdo, não?! Índios paraguaios. Os índios brasileiros são usados, e deles abusam quem os usam, por gente que deles se lembram com o propósito, o único, de lhes fazerem mal, numa guerra política e econômica que lhes redunda em prejuízo.

- Pior, até: só lhes causam dor, sofrimento, miséria.

- E estou, aqui, encasquetado com os meus botões...

- Quais botões?!

- Os que falam da Venezuela, da Guiana, da Amazônia, das nações indígenas.

- E o que tais botões te dizem?!

- Tu já ouviste falar de gente que almeja internacionalizar a Amazônia...

- E há um século eu ovo tal história.

- E eu a osso desde que me entendo por gente. 'tô, aqui, pensando, e pensando com a minha cabeça: vai que toda a história que conta uma aventura, e uma das mais bizarras, do Maduro, o amigo da mais honesta das almas brasileiras, nada mais seja do que um capítulo de uma trama das mais sórdidas.

- Aonde tu queres chegar?

- Em algum lugar. Penses comigo: há quem queira, por razões que não são nobres, arrancar ao Brasil um naco, e dos grandes, situado na fronteira norte, amazônica, e convertê-lo em uma nação independente; aí o Maduro diz que vai invadir a Guiana; alguns países apressam-se para defender a Guiana; e estoura uma guerra entre Guiana e Venezuela; e a guerra se alastra território brasileiro adentro; e Raposa Serra do Sol queima; e ou um dinamarquês, ou um sueco, ou um norueguês, coberto de barro e de urucum, e ataviado com um cocar de plástico biodegradável, diz-se índio, anuncia para o mundo a sua realeza índigena, denuncia às organizações internacionais o Brasil, que não tem recursos para proteger o norte do país; e leva-se o caso às cortes internacionais; e causa-se um reboliço dos infernos em todo o mundo mundial; e dá-se como certo que apenas uma organização supranacional tem meios de ir ao encontro dos anseios dos índios, que sofrem barbaridade, tchê; e o Brasil se ferra bonito, fica a ver navios ao ter de si arrancado um pedaço do território.

- Que viagem!

- Tu achas que 'tô viajando na maionese?!

- Sei lá eu o que acho! O mundo 'tá tão doido, que a idéia mais sem pé nem cabeça, saída da cachola de um desmiolado, talvez seja a mais sensata.

- Tu me elogiaste?!

- Sei lá!

*****

Venezuela declara guerra à Guiana. E Lula e suas lulices.

- Caramba!

- Caramba?!

- Pensávamos que estávamos livres de desgraça, e agora o Maduro, aquele filhotinho-de-cruz-credo, dá de querer uma guerra aqui perto de nós.

- Livres de desgraças jamais estivemos; desde o tempo-do-onça enfrentamos desgraças das mais desgracentas que se pode imaginar. Quem algum dia acreditou que estávamos livres de problemas tem a cabeça na Lua.

- A cabeça de quem?!

- Tu, a tua, oca.

- O certo é "pobremas". Em português castiço do padre Vieira.

- Não tive o prazer de me ser apresentado para o dito cujo e tampouco o de tê-lo apresentado para mim.

- Ele é dos bão.

- Desconheço-lhe a figura.

- Quero te dizer que ao dizer que pensávamos que estávamos livres de desgraça eu quis dizer que nunca enfrentamos guerras por aqui.

- E a do Paraguai?! Tu nunca ouviste falar de Caxias e de Tamandaré e de Sabugosa e de Itararé, quatro heróis brasileiros?!

- Que mistureba! Sei da tal guerra. Mas estou a falar da política de hoje em dia, da de uns quarenta anos pra cá. Não enfrentamos conflitos em terras sulamericanas.

- Não?! E os entre corinthianos e palmeirenses, e os...

- Deixes de abobrinhas. Há guerras por aqui?! Ouvimos de guerra na América?! Não. Ouvimos falar de guerra na Cachemira, na Armênia, na Síria, na Ucrânia, em Israel. Por aqui, não. Tudo 'tava na santa paz. 'tava; não 'tá mais. O tal de Maduro quer porque quer arrancar um pedaço da Guiana, e dos grandes.

- Que coisa! Que turma de gente besta que está sempre à procura de sarna para se coçar.

- A mando de quem?!

- E eu sei?! Do Putin, talvez. Do Jiping, quem sabe?! Do sheik não sei das quantas lá das arábias, por que não?! Ou da própria cabeça cheia de caquinha, não é improvável.

- Ele convocou um referendo...

- Reverendo?! Puxa vida! É de morrer! Enfiou até a Igreja no meio da bagaça.

- Referendo! Referendo!

- E quem inventou tal porcaria?

- Os romanos, que também inventaram o plebiscito.

- Legal. Continues. Quero ouvir um pouco mais da história.

- O tal Maduro, amigo-do-peito da mais honesta alma brasileira, chamou por um referendo. Tinham os venezuelanos de decidir por uma de duas opções: arrebentar a Guiana; e, não estraçalhar a Guiana. Os venezulanos votaram. E ficou decido que tem o governo da Venezuela de cortar a Guiana ao meio, de alto a baixo.

- E por que cargas-d'água quer o governo venezuelano fazer o cão no país vizinho?!

- E precisa de motivo?! Não havendo-se um, inventa-se um. Tu nunca leste a fábula do lobo e do cordeiro, ambos a beberem da água de um rio?!

- Li, reli, tresli. E não foi da água de um rio que eles beberam; foi da de um riacho

- Que diferença faz?! A fábula é emblemática. Vale a lei do mais forte.

- Mas é a Venezuela a personagem mais forte nesta história, a que, além de envolvê-la, envolve a Guiana?!

- Se, ingênuos, acreditarmos que Venezuela e Guiana são as suas únicas personagens, sim.

- Não somos ingênuos a este ponto.

- Mas não é este ponto que eu quero apontar.

- Não?!

- Não. O ponto é outro.

- Aponta-o.

- O ponto que aponto é este: um país, a Venezuela, ameaça invadir um país vizinho, a Guiana, para se apossar, dela, de uma região riquíssima em petróleo e gás, e para justificar a ação belicosa inventa umas histórias do arco-da-velha. Um país, o mais forte, é o agressor; o outro, mais fraco, o agredido. E o que diz a respeito o nosso querido e amado presidente?! Uma lulice: Que a Venezuela e a Guiana tenham bom-senso ao tratar da questão a envolver a região de Essequibo, a terra da Guiana que o Maduro quer para si. É de lascar! O que seria uma ação de bom-senso da Guiana?! Deixar-se violentar pela Venezuela?! E por que o de nove dedos não condena o governo da Venezuela?! Que lulice!

*****

Venezuela: desastre socialista.

"Fala, bróder!" "E aí, fera?! Jóinha?!" "Belê." "Tudo na santa paz? Só Deus na causa?" "Se melhorar, piora." "É impressão minha, ou tu 'tás encasquetado com alguma carambola?!" "Ó... Atormenta-me um grilo." "Qual?" " 'tava eu, aqui, 'gora pouco, num bate-papo não muito amigável com aquele tal de Emerson, e, conversa vai, conversa vem, falamos da Venezuela, que ora ameaça a Guiana, uma das duas que há ao norte do Brasil, mas não sei qual delas, se a francesa, se a inglesa, e eu então disse que a desgraça que aquele tal de Maduro 'tá causando por lá, na terra do Bolívar e dos bolivares, é resultado de política socialista, e mal eu tal havia dito, e o Emerson interrompeu-me, e disparou-me umas palavras sem pé, nem cabeça." "Quais?" "Ele me disse que a política econômica do Maduro nada tem de socialista e que a miséria venezuelana é resultado de políticas capitalistas, que perduraram durante décadas na Venezuela. E eu, então, lhe disse: "Emerson, nunca estudei socialismo, esse troço importado de outras terras, e nem capitalismo; mas eu te ouvi, e mais de uma vez, dizer que capitalismo é o mesmo que o movimento livre do capital e que o socialismo é um sistema econômico cujos meios de produção estão, todos eles, nas mãos do Estado. Lembro-me, também, que tu dizias que o Chaves, pai espiritual do Maduro, porque ele tinha acabado com a iniciativa privada venezuelana, e, portanto, com as atividades econômicas capitalistas, principiaria uma era de riqueza sem precedentes, pois, agora, toda a economia venezuelana estava sob comando do Estado venezuelano. E o que se viu?! Miséria, violência, emigração de milhões de venezuelanos, centenas de milhares deles vindo ter às terras brasileiras, aqui conhecendo acolhimento." Mal me ouviu o Emerson. Melhor: ouviu-me ele me ouviu, mas de má-vontade, torcendo o nariz, ansioso para me interromper. E assim que parei de falar, ele, ligeiramente irritado, percebi, disse-me que não é a Venezuela um país socialista por causa disto e daquilo e que a miséria do povo venezuelano é causada não sei pelo não sei que que sei lá, entende?! Usou um vocabulário que para mim soou como grego. E eu, então, insisti: "Emerson, o pai do Maduro deu fim aos capitalistas venezuelanos, não deu?! Ele acabou com o capitalismo, lá, na Venezuela, não acabou?! Ele pôs todas as atividades econômicas sob controle do Estado, não pôs?! Se na Venezuela não há mais atividades econômicas capitalistas e se todas elas estão sob governo estatal, então é a Venezuela um país socialista." E tu pensas que diante deste meu comentário, irreplicável, digo, e com muito orgulho, e sem falsa modéstia, ele deu o braço a torcer e mãos à palmatória?! Não sejas ingênuo. Sabes o que ele fez? Ele simplesmente, olhando de um lado para o outro, em nenhum momento me fitando, disse: "Olha, eu estudo o assunto há mais de vinte anos. Tenho graduação em Sociologia, e em Economia. Tenho pós em Filosofia. Estudo História e Antropologia e Psicologia. Sei o que digo. E digo-te que a Venezuela não é um país de economia socialista. E sustento o que eu digo com a minha formação universitária, que é respeitável." "Caramba! Ele te enfiou os diplomas dele na tua cara!" "Pode?! Eu, insistindo, perguntei-lhe: "Se a política chavesmaduriana produziu miséria, e das grandes, na Venezuela, por que os fazoelistas querem coisa igual no Brasil?!" "E ele, o que ele te disse?" "Disse-me que tinha um compromisso, e daqueles inadiáveis, do qual naquele momento ele providencialmente se lembrou, despediu-se de mim, e enquanto de mim se afastava, aconselhou-me a me matricular numa faculdade de humanas." "Ele é um grande amigo seu, vê-se. Só quer o melhor para ti." "Ele quer o meu bem, eu sei. É um amigão."

Nenhum comentário:

Postar um comentário