sábado, 7 de outubro de 2023

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Rascunbo

Piruás e Farelos - volume

Os Cachorros Bípedes de Berlim. O Uber arrumará as trouxas e "Baibai, Brasil! Hastalavista, beibe. Até o dia de São Nunca!"?! E outros piruás e farelos.

Os cachorros bípedes de Berlim.

O mundo está de pernas para o ar, de cabeça para baixo... 'tá todo mundo louco, doido-de-pedra. Ou o mundo sempre foi de gente doida, não sei. Ou a gente do mundo está a endoidar, ou endoidando, sei lá. Ou está o mundo a entrar, ou entrando, nos eixos, pela primeira vez na história, quem sabe. Não sei o que pensar acerca do que estou pensando - ou do que estou a pensar. Às vezes, e quase sempre, penso, ao sacar da caneta, em um gerúndio, escrevo-o, e o substituo pelo verbo em seu estado natural. Foi o que se deu a pouco: gerúndio, ou infinitivo?! Sou radical: fora aos gerúndios! que me servem maravilhosamente bem em muitas ocasiões. Então: vivas aos gerúndios!

- E os cachorros bípedes de Berlim?! - pergunta-me o leitor, impaciente.

Ah! Sim! É mesmo... Esquecia-me deles, tão entretido com os gerúndios....

- Que que têm os tais cachorros bípedes de Berlim, personagens deste teu artigo?! - insiste, ainda mais impaciente, o leitor.

- Os cachorros bípedes de Berlim, onde não sei se ainda há juízes, são caninos, presume-se. Ou não. Quem sabe?! E têm caninos. Ou são lupinos, sei lá eu. (Se os cachorros têm caninos, os lobos têm lupinos). Sei... Sei... Sei apenas que... Que sei eu?! Só sei que nada sei, ensinava um sábio, um daqueles que jamais recusava um convite para beber de um copo de cicuta...

- E os cachorros bípedes de Berlim?! - esgoela-se o leitor, deveras irritado, a perder, e perdendo, compreensivelmente, as estribeiras.

Os cachorros bípedes de Berlim se são de Berlim, ou de outra localidade germana, não sei; sei que eles têm cada um deles duas pernas e dois pés e pertencem à espécie, sabe-se lá se é verdade, humana, aquela espécie que, dizem por aí, e por aqui também, é a mais inteligente de todas as que na Terra engatinham, andam, correm, saltitam, pulam, arrastam-se, nadam, planam e voam. E eles deram - sei eu porque razão, e tampouco sei se é a razão racional ou irracional - de latir, dia destes - para a Lua, sei lá eu. Estavam, contou-me um passarinho, aquele de sempre, a reivindicarem não sei quais direitos e... E o quê?! Atenderam-lhes às reivindicações os homens sapiens e as mulheres sapiens que ainda conservam, e bem conservada, a massa cinzenta dentro da caixa craniana?! E eu sei! Acompanharam os cachorros bípedes de Berlim um intérpetre bílingue versado em cachorrês e humanês? Quem sabe?! Eu não sei. Não sei que fim levou tal história. Aliás, não sei se tal história encontrou um fim. Só sei que após inteirar-me do que ouviu não sei onde e tampouco de quem o passarinho bateu asas e voou - vuô, em dialeto castiço do Barnabé Varejeira, meu amigo, homem de sabedoria telúrica -, abandonando-me com os grilos que, além de me atanazarem, atazanaram-me. E eu, desapercebido de forças intelectuais para pensar a questão, não sei se acerca dela devo pensar alguma coisa.

O mundo está saindo, ou entrando, nos eixos? E eu sei?!

E quando os gatos bípedes de Berlim (se Berlim tem cachorros bípedes também há de ter gatos bípedes - e ratos bípedes também, ora bolas!) irão miar?!

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O Uber arrumará as trouxas e "Baibai, Brasil! Hastalavista, beibe. Até o dia de São Nunca!"?!

Vai-se embora do Brasil o Uber? Não sei. Penso ser improvável a ida do Uber para outras terras, terras mais acolhedoras, pois está em terras tupiniquins o seu berço, Uberlândia, encravada em algum lugar do território de Minas Gerais, que por sua vez está em terras nossas, as em que se plantando tudo dá, besteira principalmente. E jabuticaba. Não nos esqueçamos da querida jabuticaba, coisa nossa. A piada é grotesca, patética, ridícula, de dar engulhos, de fazer sentir dores de cabeça insuportáveis quem a ouve, sei. Eu poderia guardá-la comigo, mas decidi, um anjinho de rabo e chifre a sussurrar-me aos ouvidos, a atiçar-me à prática da maldade, sadicamente escrevê-la neste piruá, que não sei para onde, sem estourar, pulou.

Sem delongar o texto: está o Uber no centro de uma celeuma que põe de cabelos em pé trilhões de pessoas, e rouba ao sono elas todas, e enfia-lhes na cabeça pesadelos sem fim: quer porque quer o governo do tal L fazer das suas, e as das suas são dele, e são elas, as dele, rejeitadas por uns trilhões de motoristas ubereiros, pessoas, estas, que, diz-se por aí, quer o governo ajudar com as idéias que lhe brotam da cachola, idéias que, dizem os seus propugnadores, redundarão em benefícios aos ubereiros, mas dentre estes são mais de quatro trilhões os que delas não querem saber, não querem delas ouvir falar, e aqueles que delas ouviram falar uma palavrinha que seja, as rejeitaram terminantemente, a visualizarem, caso sejam elas implementadas em todo território tupiniquim, num horizonte próximo, um tempo de trevas. Mas quer porque quer o governo do tal L pô-las em prática, e a contragosto de trilhões de ubereiros, afinal estes seres, quadrúpedes ungulados ruminantes, segundo os seres iluminados, não sabem o que é bom para si mesmos; sabe o que lhes dará o que é bom o governo do tal L, e só ele.

A ajudar-me a pensar os meus cinco piolhos de estimação, sempre a me excitarem a razão, estou a cogitar: se o governo do tal L impõe-se, faz valer a sua vontade, concretiza o seu poder, obrigando as empresas de aplicativos envolvidas com transporte de pessoas a, servis, de cabeça baixa, a respeitarem-lhe todas as exigências, o que, declaram os entendidos, acabará, fatalmente, elevando os custos para se manter o serviço, por encarecê-lo, o Uber, sendo uma empresa do tamanho que é, monstuosamente gigantesca, a maior do seu ramo, irá diluir as despesas referentes aos custos trabalhistas e aos de outras origens no faturamento, que está, no Brasil, na casa das, contou-me um passarinho tagarela e fofoqueiro, três dezenas de bilhões de Reais. E as outras empresas, as concorrentes do Uber, muitas delas pequenas, muitas ainda a engatinharem, muitas no seu estágio embrionário, poderão repassar os custos oriundos das políticas governamentais ao preço do serviço, conservando-o competitivo, ou abaixarão as portas, tirarão, por escassez, ou falta, de meios, o plugue da tomada, assim deixando o caminho livre para o Uber dominar o mercado? Não sei se o Uber enviará para o Brasil um beijinho de despedida, de adeus, se o governo do tal L se impor na questão que a envolve diretamente. Não sei. Penso que tem o Uber, porque maior do que os seus concorrentes, a vantagem competitiva; e a conservará no novo cenário que talvez venha a se concretizar, afinal terá garantido, se não o monopólio, o oligopólio, que nascerá das exigências do pantagruélico Leviatã, tão esfomeado, tão voraz, tão insaciável, que mata os pequenos mas mantêm vivos os grandes, que parasita, sem jamais matá-los (é tal parasitismo favorável ao parasita e ao hospedeiro).

Sabemos como se fazem as coisas em terras de jabuticabas e pororocas... Vivem em simbiose os capitalistas, os grandes, e não os pequenos, e os socialistas.

A coçar a cabeça, penso: jamais veremos, aconteça o que acontecer, o Uber acenar, desdenhoso, para o Brasil, e dizer-lhe: "Baibai, Brasil! Hastalavista, beibe. Até o dia de São Nunca!"

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O filme Som da Liberdade (Sound of Freedom) e os espíritos-de-porco.

Antes de qualquer outra coisa, digo: Não assisti ao Som da Liberdade (Sound of Freedom); não irei, portanto, comentá-lo. Se ao filme não assisti, ora bolas! comentá-lo posso?! Não. É óbvio, por demais óbvio, que não. Mas posso dizer o que dele vim a saber, a trama, e nada mais: um ex-agente especial americano empreende uma heróica odisséia para resgatar, das gadanhas de seres diabólicos que o capeta defecou durante uma diarréria das brabas - daí haver, deles, uma horda infernal -, crianças que, arrancadas, à força, do seio de suas famílias, eram servidas de alimento a humanos saídos das profundezas do inferno, para satisfazer-lhes os apetites insaciáveis, animalescos, luciferinos; faz a vez do herói, um homem de carne e osso, Tim Ballard, o ator que representou, num filme do Mel Gibson, ninguém mais, ninguém menos, do que Jesus Cristo, Jim Caviezel. Há a se reprovar algo, qualquer coisa que seja, que possa, atendo-se, única e exclusivamente, à trama?! Qualquer pessoa - mesmo que ao filme não tenha assistido, e que dele nada mais saiba do que a síntese, dita acima - dotada que seja de apenas um pingo de decência, dirá ao dele ouvir: "Legal! Beleza! Tem que mostrar isso mesmo, para as pessoas saberem o que de mal muita gente suja faz!" É o que gente decente diz, cada qual a usar de palavras que lhe são íntimas, a exibir seus sentimentos, que são nobres. Ninguém ignora, no entanto, a existência, em nosso mundo, de espíritos-de-porco, gente de alma carcomida, putrefata, que se tem na conta de iluminada, autoridade moral, ser superior, a perfeição humana, entidade suprema dotada do poder de vida e morte sobre todos os reles humanos, e tal gente, nascida podre e apodrecida ainda mais durante a vida, condena o filme, o ator, o homem que empreendeu a heróica façanha, e quem ao filme assistiu, e quem pretende assisti-lo, rotulando-os com os epitetos de praxe, que infalivelmente tira da cloaca e dispara contra quem não se lhe genuflexiona à frente, reverente, servil, pusilânime. Há dias leio e escuto contra os realizadores do filme e das pessoas que encheram as salas de cinema para assisti-lo as diatribes virulentas mais sem-razão que a podridão dos homens pode conceber: que o filme é fascista, teoria da conspiração, obra de fundamentalistas cristãos fanáticos, de gente maluca, de crentes radicais, e, pasmem! de pessoas estúpidas que se ocupam de denunciar violência contra crianças. Tem o caso, que o protagonizam os que estão a, com veemência doentia, insana, cuspir perdigotos infernais na face de quem participou da realização do filme, ares absurdos, dir-se-ia surrealistas, de coisa miasmática, diabólica, mesmo. Jamais presenciei tamanha insanidade, tanta maldade. Estão os espíritos-de-porco a condenarem um filme, e milhões de pessoas que o viram, e muitos outros milhões de pessoas que, não o tendo visto, constituídas de bom espírito, louvam quem atua em defesa das crianças, e, por extensão, de todos os seres humanos.

Está o filme a ser exibido, no Brasil, em salas de cinema. E os brazucas que vivem, no pântano, a se alimentarem, apodrecendo-se, de sujidades, estão a defecarem, com o propósito de enodoarem a reputação de seus alvos, suas maldades, que lhes são naturais, e assim o fazendo expõem-se por inteiro, revelando-se-lhes os tipos podres que são. E as pessoas que deles são os alvos se engrandecem aos olhos de todos.

Que Som da Liberdade seja o primeiro de muitos filmes que exponham as vísceras do voraz monstro que está a flagelar milhões de seres humanos.

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Lula. Nordeste. Brasil. Fazoéle.

- Das cinco regiões do Brasil em qual o Lula, o PT e os políticos de esquerda têm mais influência?

- O Nordeste.

- Das cinco regiões do Brasil qual é a mais pobre?

- O Nordeste.

- Das cinco regiões do Brasil qual é a mais violenta?

- O Nordeste.

- Das cinco regiões do Brasil qual tem a pior infra-estrutura de saneamento básico?

- O Nordeste.

- Das cinco regiões do Brasil o Nordeste tem o pior índice de desenvolvimeto humano?

- Sim. Tem.

- Para que melhore os seus índices econômicos e sociais, e reduza a violência, se enriqueça, e progrida, enfim, e venha a ser, num futuro próximo, um país dos melhores para se viver, o que tem o Brasil de fazer?

- Implementar nas outras quatro regiões do Brasil as políticas comuns no Nordeste.

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Ao Estado a exclusividade do exercício da segurança pública.

Quem nunca ouviu falar, nestas terras, as nossas, e em outras, próximas e longínquas, que ao Estado, e ao Estado unicamente, cabe a obrigação, sustentada numa idéia que faz a cabeça dos seres iluminados, superiores, em todos os aspectos que se possa considerar, aos homens comuns, de fazer a segurança de todo ser bípede implume que circula pelas ruas e avenidas e praças e no interior de quaisquer propriedades particulares e residências igualmente particulares?! Quem nunca?! Quem atende ao chamado da canção dos seres iluminados, aqueles seres que em sua maioria lamberam com a testa a capa de alguns poucos livros, e dentre os piores que os seres humanos mais sórdidos que já pisaram na face da Terra escreveram, acredita, piamente, que está a ir em favor de uma idéia que irá erigir, em nosso mundo, o paraíso, e mal sabe que está a fincar em solo firme os alicerces de um edifício infernal.

Não me escapa à cabeça um pensamento que a orbita há um bom tempo: se é da responsabilidade exclusiva do Estado a segurança pública, do público, e consequentemente a proteção da vida de todo ser humano, então é o Estado o responsável, e o único, pelas tragédias que vitimizam as pessoas que estão sob a sua jurisdição.

A concentrar o meu texto nas coisas destas terras que os lusitanos cultivaram, digo: após uma tragédia que vitimou, no Rio de Janeiro, quatro pessoas, é dever de todo crente na omnissapiência e onipotência do Estado concluir que o Estado falhou, tem limites, e é seu campo de ação estreito, e não pode abranger todos os recantos do território do Brasil - que, de tão vasto, nenhum ser humano é capaz de vê-lo por inteiro (quem está no Chuí não sabe o que se passa no Oiapoque e quem está no Oiapoque não imagina o que se dá no Chuí) -, e tampouco é capaz de saber quais são as vontades, os pensamentos, os desejos, as ambições, enfim, tudo o que se passa na cabeça de cada um dos humanos que estão sob a sua proteção. Mas, quê! Os crédulos estatólatras pedem por mais concentração, nas mãos do Estado, do poder de exercer a força. Mal sabem tais pessoas, ingênuas, inocentes (estou a falar de pessoas de bom coração, é claro), que é o Estado uma abstração, uma idéia que ainda no tempo das cavernas brotou da cabeça oca de um neanderthal cujo nome de batismo a História não registra; que é o Estado uma quimera, uma fantasmagoria, que pode ser detestável, de pôr de cabelos em pé todo e qualquer bípede de trinta e dois dentes, descendente de Adão e Eva, ou camarada, gentil, amigável, amável. O Estado não faz nem fa nem fu, mas quem move as dele engrenagens, sim. O Estado não é nem bom, nem mal; nem moral, nem imoral, nem amoral. Quem está em suas entranhas, alimentando-o, animando-o, sim, tem valores, tem ambições, tem propósitos. Não se sustenta, por mais que insistam os que têm o Estado no altar, a tese que ensina que é o Estado o mantenedor da paz e da ordem. O Estado é um fenômeno social, da civilização, pode, a depender de quem lhe grava no cérebro as diretrizes, ir ao encontro das pessoas ou de encontro a elas. E quanto maior é a violência a que se assiste em um país, e maior a insegurança da população, e mais estão as pessoas sem arrimo, mais perdidas do que barata tonta após uma chinelada bem dada no lombo, e pior é o sistema educacional, e o de saúde, mais ineficiente e incompetente é o Estado, melhor, as pessoas que lhe movem as engrenagens - ou eficientes e competentes, se se entender que é o objetivo delas fazer o povo comer o pão que o Diabo amassou. A observar os homens que ocupam-se das coisas do Estado, parece que têm eles, em sua maioria, natural inclinação para o exercício do poder de vida e morte sobre as pessoas; que têm eles a predisposição de querer impôr suas veleidades, suas idiossincrasias, sejam estas quais forem, à população, independentemente se esta as quer, ou não.

Suspeito que fui um pouco além da minha intenção inicial.

Então, para encerrar: estamos a ver a multiplicação de assassinatos, no Brasil, neste 2.023: a Bahia está em pé de guerra; em São Paulo, o Estado, com suas forças de segurança, atuou para conter, em cidades litorâneas, poderosos grupos criminosos; no Rio de Janeiro, uma ação criminosa redundou na morte de quatro médicos (ou três, as informações que me chegaram são desencontradas); há poucos dias, noticiou-se o assassinato de dentistas não me recordo em qual estado da federação; e o Rio Grande do Norte enfrentou uma onda de violência de assustar todo cidadão. E quem nunca ouviu falar do novo cangaço, que há décadas está a aterrorizar os brasileiros de cidades do interior, do sertão?! E quem não sabe que é a criminalidade que no Brasil cresce como erva-daninha produto da cultura bandidólatra, de culto aos criminosos, que na literatura, na música, na televisão, no cinema, nas obras de intelectuais são enaltecidos como heróis?! E quem não sabe da ação de homens do Estado que têm uma visão-de-mundo compatível com a cultura que tem no bandido agente da construção de um mundo perfeito, o melhor?! E os criminosos avançam. Até quando?! Creio que apenas homens do Estado, se dotados de valores que se identifiquem com os valores mais caros aos homens bons, e atuando em favor deles, podem melhorar o atual estado de coisas no Brasil, que vai de mal a pior. Porém, por enquanto, e sabe-se lá por quanto tempo ainda, seremos obrigados os brasileiros a convivermos com homens-da-lei que morrem de amores pelos bandidos, e com políticos iníquos, que encontram nos bandidos aliados, e com intelectuais que ensinam que há lógica no assalto e que são os bandidos criaturas angelicais que, não contando com a compreensão da sociedade, voltam-se compreensivelmente e justificadamente contra ela... Em ambiente tão favorável aos bandidos há quem acredite que são as armas que matam, principalmente as cujos proprietários são homens honestos, e que os policiais são os vilões da história e, portanto, devem agir sempre de mãos atadas, e que as leis devam ser mais amigáveis com os criminosos, e que... A coisa não irá melhorar tão cedo, vê-se.

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O capitalismo destruiu a Venezuela.

- O Hugo Chavez e, depois dele, o Nicolás Maduro, acabaram com o que havia de, vamos dizer, para simplificar a história, capitalismo, pouco que fosse, na Venezuela, que, agora, não tem empresas particulares, e não conta com a iniciativa privada, e comércio livre tampouco tem.

- Fizeram bem o Chavez e o Maduro. Fizeram bem. O capitalismo estava destruindo a Venezuela, que agora 'tá livre dos malditos capitalistas fascistas genocidas da extrema-direita ultra-radical neoliberal.

- Está a Venezuela uma desgraça, os venezuelanos a comerem o pão-que-o-diabo-amassou. Pão?! Que pão, o quê?! Rato. Ratão de esgoto.

- Culpa do capitalismo, que desgraçou a Venezuela.

- Quê?! Do capitalismo?! Mas capitalismo na Venezuela não há, você, mesmo, disse.

- Veja bem, fascista neoliberal da burguesia capitalista: antes, havendo, na Venezuela, capitalismo, o capitalimo a empobreceu; agora, na Venezuela não havendo capitalismo, o capitalismo a empobrece. Antes, entenda, genocida ultraliberal supremacista branco de sangue europeu, na Venezuela, a presença de capitalismo prejudicava os venezuelanos; agora, prejudica os venezuelanos a ausência, na Venezuela, de capitalismo; nas duas ocasiões, portanto, o capitalismo está na origem do mal que aflige os venezuelanos.

- O que tu dizes não tem razão de...

- Não tem razão de quê, bolsominion trumpista da branquitude tóxica burguesa neoliberal da extrema-direita genocida e machista?! Para derrotar o capitalimo, que só faz maltratar as pessoas humanas onde é dominante, o Hugo Chavez, antes, e agora o Nicolás Maduro, mantiveram os venezuelanos, e o Maduro ainda os mantêm, na miséria, tirando-lhes a liberdade, para impedir o capitalismo de, retornando à Venezuela, seduzir os venezuelanos, que se lhe entregarão de braços abertos, e é certo que tal se dê, afinal os venezuelanos, idiotas que são, tais quais os povos de todo o mundo, não sabem dos males que o capitalismo causa e, ao contrário dos intelectuais, desconhecem os bens que a nossa ideologia lhes oferece.

- Ora, então o Chavez e o Maduro estão a fazer o mal aos...

- Não, fascista, não; eles estão, ao tirar-lhes a liberdade, a fazer-lhes o bem, afinal estão a impedi-los de serem seduzidos pelo capital, o imoral capital, o inescrupuloso capital. Se os venezuelanos soubessem pensar, entenderiam que a miséria deles é produto do capitalismo, independentemente do que acontece. E dou por encerrada a nossa conversa, pois você não tem argumentos a apresentar, e só sabe usar de discurso de ódio, e não diz coisa com coisa, e não associa lé com cré, e insiste em me ofender, atacando-me com as suas ironias e comentários sarcásticos, ferindo-me a honra de ativista militante que está a, sacrificando-se, lutar por um mundo melhor, sem desigualdade de renda, sem injustiça social, sem preconceitos de classe, sem racismo. Vá procurar a sua turma, nazisfascista! Só me procure no dia em que você se livrar de todo pensamento ideologizado de extrema-direita ultra-radical que recheia a sua cabeça. Beleza?! Fui.

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Os Frankenstones - O aniversário de Múmio (The Frankestones in: Birthday Boy) - desenho animado.

Na idade da pedra, mais precisamente na Idade dos Flintstones, família epônima das primeiras civilizações, viviam os ancestrais daquelas criaturas cujos mais popularmente conhecidos descendentes tiveram as suas respectivas biografias gravadas com a caligrafia de Mary Shelley e Bram Stoker - não sei dizer, todavia, no entanto, porém, entretanto, por outro lado, se eram as letras saídas das penas deles esmeradas, ou não (e não estou a insinuar que eram eles galináceos, ou de outros gêneros de aves e pássaros).

E naquelas eras longínquas, uma era da qual quase nada se sabe, anterior ao erguimento dos jardins suspensos da Babilônia e da jornada marítima de Atra-Hasis, eram vizinhos do Fred, da Vilma e da Pedrita, a família mais carismática de então, os Frankenstones, cujo patriarca era o seu Frank, a matriarca a dona Oblívia, o filho Múmio e a filha Caveirosa, e, não podemos nos esquecer, o bichinho-de-estimação, uma fofura de criatura, Mimoso.

Neste capítulo da história de tão longínqua família, vive-se um drama inspirado numa tragédia que o famosíssimo marido de uma atriz de Hollywood, o bardo de Stratford-upon-Avon (ou o Edward De Vere, ou o William Stanley, ou o Francis Bacon - inventor do toucinho defumado -, ou Marlowe - o Christopher, e não o Philip) copiou de uma obra obscura de Matteo Bandello: não se entendem o patriarca dos Frankenstones e o dos Flintstones, vizinhos: vivem em pé-de-guerra seu Frank e seu Fred.

E para piorar a situação à sua festa de aniversário natalício Múmio convida Pedrita. E deu no que deu! E danou-se o Bartolomeu! Foi o fim trágico dos Capuletos e dos Montecchios, quero dizer, dos Frankenstones e dos Flintstones? Sabe quem ao episódio assistiu e quem ao episódio assistirá.

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Homem-Pássaro - Uma luta desigual (Birdman in: Avenger for Ransom) - desenho animado.

Um super-vilão super-vilanesco sequestra Vingador, o pássaro de estimação do Homem-Pássaro, que, assim que o viu em apuros e ouviu do super-vilão vilanesco as exigências, que ele, Homem-Pássaro, teria de cumprir para ter a si restituído seu amado e querido bichinho-de-estimação, preocupado, e ansioso, sem saber o que fazer daí em diante, perguntou-se para si mesmo, quase a soltar um berreiro que poderia ser ouvido atrás da grande muralha da China, muralha que é grande pra dedéu: "E agora, quem irá me defender?" E lembrou-se, num átimo, a iluminar-lhe o espírito de super-herói, que é ele, Homem-Pássaro, um super-herói. E assim, lembrando-se de quem é, decidiu cumprir as exigências que o super-vilão vilanesco lhe fizera: roubar planos militares do Pentágono. E o super-herói arregaça as mangas e põe as mãos na massa: rouba os planos militares que o super-vilão lhe exigira em troca do Vingador. Não entendi, e compreendi tampouco, a sem-razão do super-herói alado, que empreendeu uma aventura das mais sem pé nem cabeça que já vi, mas, tudo bem, o objetivo foi atingido, sem maiores consequências: Vingador, o pássaro de estimação do super-herói alado, foi tirado às mão do super-vilão vilanesco. E o super-vilão vilanesco... Qual é o nome dele?! Zardo, ou Zorba, ou Sardo, ou Zorbo, ou Sarbo, ou... Sei lá! O áudio da animação não é lá essas coisas! Só sei de uma coisa: a ação super-heróica do super-herói alado foi de uma bestice sem tamanho - se ele tivesse recebido no lombo um dos mísseis que os militares lhe dispararam eu lhe diria, e com todas as letras: "Bem-feito!"

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Polícia Desmontada - João Calamidade (Posse Impossible in: Calamity John) - desenho animado.

Um homem esmilinguido, de sombra escassa, de carnes nenhumas, de músculos desprovido, montado num pangaré ossudo, mais firme do que prego em areia, aterroriza o Velho Oeste. E pode tal figura, tão risível, pôr medo nos bravos homens, feios, sujos e malvados, todos de bravura indômita, das terras outrora flageladas pelo homérico Billy the Kid?! Sim. Pode. João Calamidade é tão azarado, mas tão azarado, que consigo carrega, para onde vai e de onde vem, o azar; e, pior! o azar, que o acompanhada para onde, e de onde, ele chega, o azar, que jamais o abandona, o azar, que lhe põe uma nuvem negra, tempestuosa, sobre a cabeça, o azar, enfim, que jamais lhe solta o pé, espalha-se por uma vasta área cujo epicentro é ele, o dito, e infortunado, João Calamidade. Souberam o xerife (sheriff, no idioma de Clint Eastwood) Tiro Certo e o seu dinâmico trio de valentes caubóis (cowboys, na língua da pátria de John Wayne), Valentino, Vareta e Chorão, que aproximava-se da pacata cidade João Calamidade ao sentirem a terra tremer. Sim, querido leitor: um terremoto anunciou a chegada de João Calamidade à cidade que o garboso xerife e seus três heróicos e inestimáveis e aguerridos companheiros de toda hora e para toda obra protegem. E é tanto desastre, é tanta a desgraça, é demasiada a tragédia que o vilanesco personagem que a todos aterroriza, homem que, tal qual o mais mundialmente conhecido personagem de Sófocles, não pode fugir ao seu destino, que o dono do queixo mais sensual do Velho Oeste, o charmoso xerife Tiro Certo, não sabe que fim lhe dar, não sabe se, ao capturá-lo, deva prendê-lo na cadeia, se o afugenta obrigando-o a ir-se para bem longe da pacata cidade.

É esta uma aventura que ilustra, à perfeição, a cultura, a história, a sociedade do Velho Oeste. Dela Pat Garret se orgulharia.

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Peter Potamus e Tico Mico - A Reforma de Plankenstein (Peter Potamus and So-So in: The Reform of Plankenstein) - desenho animado.

A criatura de Mary Shelley inspirou às mentes mais criativas do universo criaturas frankensteinianas das mais amadas e queridas. Neste episódio das aventuras dos dois mais divertidos tripulantes de um barco-balão, que é uma extravagante e singular máquina do tempo, inadvertidamente descem eles - animais humanóides que bem se sairiam em fábulas de Esopo e numa e noutra de La Fontaine - numa região onde conflagram-se duas famílias que desde sempre vivem em pé-de-guerra - suspeita-se que sejam os Hatfield e os McCoy -, e para escaparem-se aos tiros, movem as engrenagens da nave aérea que os carrega para todo canto e para toda era, e, à viagem através do tempo, vão ter a um povoado pacato... Não tão pacato como dá a entender a primeira impressão que dele se tem. Aterroriza os pacatos moradores um monstro, terrível monstro metálico, o temido Plankenstein, criatura de um cientista biruta, que, além de biruta, é malvado, e, além de biruta e malvado, vive num castelo encravado no alto de um morro. E todos sabemos que cientistas loucos e malvados e homens vampirescos vivem em castelos erguidos no alto de morros - na Europa, pelo menos.

E para livrar o povo daquele povoado do terrível monstro e de seu insano inventor têm Peter Potamus e Tico Mico, mais aquele do que este, de se desdobrarem para sobrepujarem a poderosa criatura metálica. Conseguiram?

Se tu és, querido leitor, um apaixonado por literatura gótica e interessado pelas coisas que participam da vida dos cientistas birutas e malvados, não perca este episódio das aventuras dos viajantes do tempo Peter Potamus e Tico Mico, cuja história o tal de Herbert George Wells, que, disseram-me, sabia contar história de aventuras de viagens através do tempo, poderia ter escrito.

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