domingo, 22 de outubro de 2023

Farelos

 

Ratos e percevejos em Paris.

Chegou-me uma notícia, antes de outra notícia, ambas de Paris, a segunda a encorpar a primeira, ambas a mancharem a reputação universal da Cidade Luz, cidade do romantismo e do Quasímodo. A primeira notícia deu-me a saber que está Paris infestada de ratos, de ratos e de ratazanas, é certo, e de camundongos igualmente, concluo, certo de que os parisienses não fazem distinção entre estas e aquelas espécies de criaturas roedoras que, dentre as criaturas que Noé pôs na arca, são as mais queridas dos humanos. Talvez sejam milhões as capivaras de Paris. Capivaras em Paris?! E por que não, se na Amazônia há girafas?!

A história não se encerra com a primeira notícia, sabe o leitor, pois falei de duas notícias, e não apenas de uma. Se infetasse Paris apenas e unicamente ratos e seus parentes mais próximos não tinham os franceses com o que se preocupar. E poderiam os cineastas contratar as roedoras criaturas, que figurariam nas animações Ratatouille 2, e Ratatouille 3, e 4, e 5... e ao infinito, e além. O sucesso de tais animações, garantido. E o lucro, líquido e certo. O primeiro Ratatouille foi um sucesso, e o seu sucesso permite-nos antever o das sequências - e que sejam estas inúmeras. E são tantos os ratos, que se pede um poema cujos versos mais famosos hão de ser "no meio do caminho há um rato, há um rato no meu do caminho". Mas Paris, dizia eu, e ia-me esquecendo, também está infestada de percevejos - é o que informa a segunda das duas notícias que recebi. Se criaram os produtores de animações franceses, a prepararem os parisienses para acolherem em seu seio os ratos, o Ratatouille, talvez eles criem o Percevejouille, e que o façam bem feito, emprestando-lhe o espírito o mais simpático e cativante e amável. Mas, cá entre nós: deviam ter produzido tal animação há uns dez, cinco anos; se fossem previdentes, hoje os parisienses conviveriam pacificamente com tais criaturazinhas.

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Por que o Brasil jamais ganhou um Nobel?

O Brasil jamais ganhou um prêmio Nobel porque a Academia Sueca jamais presenteou o Brasil com um prêmio Nobel. Simples assim. Se a Academia tivesse presenteado o Brasil com que seja um Nobel o Brasil teria um Nobel. O Brasil jamais ganhou um Nobel, mas vai ganhar um, e logo. Tenhamos fé. Não percamos as esperanças. Ouvi falar - à venda o peixe pelo preço que comprei de quem mo vendeu - que a Academia Sueca está para criar o prêmio Nobel de Pedagogia Deseducadora, e o primeiro país com este prêmio laureado, é líquido e certo, será o Brasil.

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Califado e paz.

Permitamos, para bancarmos os bonzinhos e tolerantes, que os da religião da paz criem o Califado Universal, e veremos o que é bom para a tosse.

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As virgens de além-túmulo.

Leitor, tu, que me lê, não gostarias de ter, após bater as botas, abotoar o paletó, deitar no colchão de madeira, comer capim pela raiz, dormir de pés juntos, partir desta para a melhor, na vida após a morte setenta e duas donzelas mais bonitas do que as belas Scarlet Johansson e Gal Gadot para o teu usufruto exclusivo?! Tu não sabes o que estás perdendo, amigão. Participes de uma aventura kamikaze, exploda-se, carregando contigo para a vida de além-túmulo uma dúzia de seres pensantes, que tu terás garantidas para ti setenta e duas Scarletes e Gadotes, e Salmas e Charlizes e Margotes e Megan e Natalies e Keiras e outras sílfides.

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Pleno emprego em terras socialistas.

Os socialistas - da perspectiva deles - concretizam, mesmo que não usem concreto, a economia de pleno emprego ao eliminar toda oferta de trabalho, pois, assim, não havendo trabalho, não há gente desempregada, afinal se não há emprego está a economia em situação de pleno emprego. Tal raciocínio não faz sentido algum. E pode, talvez, o leitor concluir que estou apenas e unicamente a fazer graça ao escrever este farelo; e se assim pensa pensa bem e corretamente: é só brincadeira minha a idéia acima - e tenho uma justificativa que a justifica: da cabeça dos socialistas saem cada idéia do cão que a que eu aqui escrevi, comparada às deles, às reais, é a coisa mais sensata que pode sair da cabeça de um ser humano.

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Já declararam filósofos e outras gentes que Deus está morto. Mas já provaram que Ele está morto?

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Que os católicos deixem de, por questões políticas, fingir que não estão vendo o que se passa na Nicarágua.

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São professores os professores que escrevem "alunx" e "alunxs" em comunicados oficiais e em mensagens aos alunos?

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Adendo à resenha, que é curta, a um desenho do Homem-Pássaro.

Perguntou-me um leitor, após ler a resenha, que escrevi, de próprio punho, a lápis (Ou à caneta? Ou à lapiseira? Não me lembro) para um episódio de um desenho animado do Homem-Pássaro, se ao fim do embate estava o vilão vitorioso, e derrotado o herói. Esta informação eu não a inclui na resenha. Para sanar a dúvida, obrigo-me a adicionar esta explicação: O vilão perdeu o embate, danou-se, pois o Homem-Pássaro dele roubou os planos que, por exigência dele, caso desejasse livre o Vingador, roubara do Pentágono e ao Pentágono os restituiu. Entre um roubo e outro, o Homem-Pássaro quase tomou no lombo umas duas ou três bombas que o Pentágono, pensando que ele era, agora, um vilão, lhe disparou. É neste desenho tão insensata a ação do Homem-Pássaro que eu me havia esquecido do detalhe que aqui explico - se é que explico o que quer que seja. E não sei se ao me dedicar à redação desta explicação tenho um propósito, seja ele qual for. E suponho que todas as palavras que deixo neste farelo são irrelevantes. Por que eu as escrevi, meu Deus?!

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Foro de São Paulo, comunismo e os anti-teorias-da-conspiração.

Olavo de Carvalho, dentre outros, falava, sempre da que podia, e pôde muitas vezes, do Foro de São Paulo e de comunistas. E esgoelavam-se os espíritos-de-porco, a regorgitarem fedorências, que ele e outros iguais a ele eram radicais, teóricos da conspiração e coisas que tais, xingamentos sem fim.

Não raras vezes li, e ouvi, professores, de filosofia, de sociologia, de política, de antropologia, de outras disciplinas das chamadas humanas, e ignoro o que eles ensinam, e pergunto-me se o que eles ensinam corresponde ao que deles se pede, afirmarem que o Foro de São Paulo é um fantasminha, uma coisa que não existe, uma idéia estapafúrdia que se encontra na cabeça dos teóricos da conspiração, e em nenhum outro lugar - mas não o fizeram com a elegância que ponho neste texto -, e que o comunismo estava morto desde que puseram abaixo o famigerado muro de Berlim - que não é tão admirado quanto o da China, e tampouco de extensão concorrente - e que nenhuma relação há entre esquerda, comunismo e marximo. Preciso dizer que tais professores são eleitores do tal L?! E neste ano o tal L participou de uma reunião do inexistente Foro de São Paulo e disse, com todas as letras, e mais algumas de sua exclusiva invenção, que para ele é um elogio ser chamado de comunista. E o que dizem, agora, os professores que outrora afirmavam que o Foro de São Paulo não existe e que o comunismo morreu em 1.989? Que o Foro de São Paulo é, nada mais, nada menos - e com ele não temos que nos preocupar - um clube social, uma sociedade de amigos (e são os seus associados gente boa), e nada mais, e que o comunismo é bom, papa-fina, ideal humanitário que, se implementado em todo o universo, irá erigir a civilização perfeita.

O Foro de São Paulo, que não existia, brotou, para surpresa de todos, assim, de repente, mais que de repente, do chão, e anunciou-se, garboso, elegante, orgulhoso, altivo, para todo o universo, com a sem-cerimônia de quem sabe que é o suprassumo da evolução e que conta com a confiança de todos os seres pensantes deste orbe, o terrestre, e os de outros orbes, conhecidos e desconhecidos, diria o querido José Carlos da Silva Quinha. E o comunismo, morto há trinta longos anos, cadáver enterrado sob tonetadas de escombros do muro de Berlim, defunto a feder e a feder de tão podre, renasceu, tal qual fênix, das cinzas. Belo drama o melodrama, folhetim em fascículos de autoria de gente que não sei o que é e de quem não sei o que pensar e se dela devo pensar o que quer que seja, seja o que seja o que for.

Ou o comunismo, agora, está mais vivo do que nunca, agora renascido, reerguido dos escombros, sob os quais jamais esteve, ou fala-se em seu nome outra gente com outras déias, que se resumem, equivalendo-se às dos comunistas, às piores, às mais assassinas que jamais brotaram de cabeças humanas. Não sei o que pensar, confesso.

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