sexta-feira, 13 de outubro de 2023

Zeca Quinha e piruás e resenha

 Descrições indescritíveis, comparações incomparáveis e explicações inexplicáveis - de autoria de José Carlos da Silva Quinha - publicadas no Zeca Quinha Nius.


Um amigo meu, daqueles antigos, bem antigos, mumificado, homem que eu conheci anteontem, perguntou-me, como quem nada quer, mas querendo de mim a resposta para a pergunta que me fazia: "A sua mulher 'tá grávida?" E eu lhe respondi, como quem nada quer, mas querendo responder-lhe à pergunta que ele me fizera: "Mais ou menos." E ele não me compreendendo a resposta, que lhe dei, e tampouco a entendendo, coçou a cabeça, a dele, e não a minha, e lhe pôs em cima um ponto de interrogação - que eu, ciente de que nenhum ponto de interrogação havia de concreto, mas um que em imaginação vi -, tratei, e logo, para que ele cessasse a coceira, de lhe explicar: "A minha mulher está grávida, mas não de todo. É a dela gravidez a de gênero mais ou menos porque a criança que lhe enche o útero enche-lho a metade, e não o todo; portanto, mesmo que não se saiba qual das duas metades do útero dela, da minha mulher, e não da criança, está cheio e qual vazio, diz-se, para todo efeito prático, que ela, a minha mulher, e não a criança, está mais ou menos grávida." Entendeu-me o meu interlocutor assim que encerrei a explicação, e não antes.

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Em Pindamonhangaba, cidade brasileira localizada, pelas pessoas que a localizam, em território brasileiro, há uma loja, desde a inauguração dela, em 1995, da Loja A, endereçada na rua Tal, número 888. Há uma semana, inaugurou-se uma segunda loja da Loja A, agora (agora, não; há uma semana), na avenida Qual, à altura do número 1234. As duas lojas da Loja A, ambas em terras pindamonhangabenses, são do mesmo tamanho, embora a mais nova seja um pouco maior do que a mais velha - que é, por consequência automática, um pouco menor do que a mais nova -, aquela compreendo o dobro do tamanho desta, e esta, por automatismo, entendendo a metade do tamanho daquela. Ambas as duas lojas vendem produtos sempre que alguém delas os compram. Os gerentes de ambas as lojas, que são a mesma pessoa, disseram-nos que as pessoas, quaisquer pessoas, se o desejarem (não queremos dar a entender que desejam o gerente), podem às lojas se encaminharem para conferir os preços dos produtos que em ambas estão à venda mas que ainda não foram vendidos. Fui, ontem, às duas lojas, mas não ao mesmo tempo e simultaneamente na mesma hora, e conferi os preços: estão todos certos.

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Hoje, às nove da manhã, antes da hora do café-da-manhã dos meus vizinhos, que não bebem café, e nem que a vaca tussa, e tampouco se o cavalo rapar a cabeça, um homem, à fila do cartório (a fila não é do cartório, que dela não é o proprietário - que fique bem entendido), após abordar-me, assim, sem mais nem menos, relatou-me uma história razoavelmente escalafobética, que é esta: "No dia do aniversário natalício do meu irmão caçula, que, mesmo sendo o menor dos quatro irmãos, sabendo-se que eu sou um deles, é o maior de todos os quatro, considerando-se que dos outros três, excluindo-se ele, eu sou um deles, falou-me de uma teoria científica, ainda não cientificamente comprovada, e é a teoria a seguinte: "Se a evolução tivesse transformado os pterodactilos em baleias, e estas em orangotangos, em vez de os haver transformado em orangotangos, sem antes os transformar em baleias, os humanos, que evoluímos dos orangotangos, herdaríamos, por meio destes, os dons maríticos das baleias, e seríamos seres aquáticos." "Interessante a teoria é.", eu disse ao meu irmão caçula, simultaneamente o maior e o menor dos quatro irmãos. E completei: "O aspecto preocupante, neste caso, é que não poderíamos nos banhar em rios e lagos, pois seríamos seres de água salgada, e nâo de água doce." Concordou comigo o menor, que é o maior, dos meus três irmãos; e ele se revelou interessadíssimo nas elucubrações teóricas que na sequência lhe apresentei." Registro esta história, para a posteridade, pois ela, a história, e não a posteridade, contempla uma idéia que é de inestimável interesse científico àqueles que se interessam pela ciência.

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Anteontem, no tribunal, o advogado de defesa defendeu o réu, que, não sendo mudo, foi proibido de falar, pelo advogado de defesa, contratado para o defender, e pelo advogado de acusação, contratado para o acusar, e pelo juiz e pelo promotor público, ambos contratados para ouvirem os dois advogados, o de defesa e o de acusação, e impedirem o réu de falar em sua defesa, ele, o réu, de todos os presentes no tribunal o único presente onde supostamente ele perpetrara o crime que lhe imputavam. Acompanhei, atentamente, o caso, cujos detalhes, os que mais do que todos os outros me chamaram a atenção, imprescindíveis à sua compreensão pelas pessoas que ambicionam compreendê-lo, são estes: o juiz penteia os cabelos, quase inteiramente grisalhos, da direita para a esquerda; o réu, homem de menos de quarenta anos e mais de vinte, coça o nariz exibicionista com o fura-bolo direito; o advogado de defesa tem sobrancelhas finas e testa abaulada; o promotor público tem bochechas rechonchudas; a lâmpada do abajur do fundo do tribunal, próximo à porta, piscapiscava e luziluzia sem cessar, bruxuleantemente, durante o espetáculo circense que os homens-da-lei protagonizaram; um pardal entrou, no tribunal, por uma janela da direita, das três a mais próxima do juiz, e retirou-se por uma janela da esquerda, das três a mais longe do juiz; dois carros colidiram-se na rua, a vinte metros de distância do tribunal; a mulher sentada ao meu lado disse-me que o jornal, que ela trazia às mãos, anuncia tempestade, em toda Pindamonhangaba, nos próximos cinco dias (se o caso se deu anteontem, então as tempestades estão anunciadas para os próximos três, pois anteontem foi há dois dias - que fique bem claro); no banco à minha frente, um homem, de chapéu, e com cara de fuinha, fungava e coçava o nariz com o indicador e o polegar esquerdos; no banco à minha direita, havia uma senhora mais feia do que o capeta. Meu Deus! De que inferno emergiu aquela baranga, tribufu dos diabos?!

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O Carlos, vizinho da dona Cláudia, filha do seu Matheus, vizinho do Renato, mecânico da Mecânica Automática, localizada, por quem a localiza, na rua Dom Dom Domingos Sexta-Feira, à frente da padaria do João, marido da Fátima, filha da dona Luzia e do seu Vicente, ela, irmã da Marialva, esposa do João da Cantina, ele, irmão do Bartolomeu, sogro do Teófilo, irmão do Timtimtam, pai da Zuleica, condiscípula da Berenice, filha do Jesualdo do Capim e da Cristiane da Cocada, disse-me, hoje, antes de eu ir ao banco, que ele se encontrou com o irmão dele, o Mauro, e ao ver-lhe nos olhos banhas de remela e no nariz avantajado um tatu obeso de bom tamanho a escapulir-lhe, da fossa nasal direita, dependurando-se de um fio de pêlo, chamou-lhe a atenção para essas duas enormidades, consciente que é da relevância do asseio corporal para o bom andamento da vida, inclusive da do Mauro, que, porquê lhe amputaram, há dez anos, as pernas, que eram duas, não anda.


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Corrida Maluca - Grande Prêmio Vale Tudo (Wacky Race to Ripsaw) - desenho animado.


É dada a largada! E os competidores do mais biruta campeonato automobilístico disputam o título de piloto mais biruta do mundo. Quem será o doido-de-pedra da vez?! Se entendi o que vi ao final de corrida tão maluca, dentre os às do volante que dela participaram o primeiro que cruzou a linha de chegada foi Rufus Lenhador, secundado, e auxiliado, pelo gracioso Dentes-de-Serra, ao volante do Carro-Tronco, um carro que é um tronco - ou um tronco que é um carro, não sei ao certo (estou, ainda, sem entender a tecnologia de tal automóvel, eu, que nada entendo de mecânica de automóveis - e suspeito que, fosse um perito em tal matéria da tecnologia do Carro-Tronco e da de todos os outros carros da mais louca das corridas, eu delas nada entenderia, pois elas estão anos-luz à frente do conhecimento tecnológico moderno).

- Dê-nos uma narração da corrida, caro cronista - pede-me o leitor, gentil e amavelmente.

Atendendo ao pedido do meu amado leitor, um relato breve da tão maravilhosa, e doida, corrida, que foi assim:

Na dianteira, a liderar a corrida, está o garboso Peter Perfeito, ao volante do seu possante Carrão Aerodinâmico, um veículo de pôr de queixo caído os Piquetes e os Sennas da vida; e a usufruir da liderança, já a comemorar, antecipadamente, a vitória, o piloto da possante máquina se vê ultrapassado pela Carroça a Vapor, que tem ao volante o Tio Tomás, ou o urso Chorão, sei lá eu. Logo depois, após reviravoltas sem fim, assumiu a liderança da corrida, ao volante do Carro Mágico, o Professor Aéreo, parente próximo, ou distante, não sei, do Professor Pardal, do Inspetor Bugiganga e do Licurgo Orival Umbelino Cafiaspirino de Oliveira. E não demora muito tempo, Dick Vigarista, a auxiliá-lo Muttley, o cão da risada mais popular do universo, derruba uma ponte, que o derruba. E na sequência: Penélope Charmosa atola o Carrinho Pra Frente num lamaçal, e desatola-o Rufus Lenhador; e Dick Vigarista invade, ao volante do seu Máquina do Mal, uma placa de propaganda, e ultrapassa todos os seus concorrentes; e o Carro-à-Prova-de-Balas, da Quadrilha da Morte passa à frente do Carro de Pedra, dos Irmãos Rocha, que passa à frente do Carro Tanque - do Sargento Bombarda e do Soldado Meekley, o piloto, que atira, com o canhão, para trás, impelindo o jipe-canhão para a frente -, que ultrapassa a Máquina Voadora, do extraordinário Barão Vermelho, que passa adiante do Carrão Aerodinâmico, que faz o Carro Mágico comer poeira; e o Carro de Pedra ultrapassa a Máquina do Mal, que toma à frente do Carrinho Pra Frente, que deixa para trás o Cupê Mal-Assombrado, da Dupla Sinistra, o Medonho e o Medinho - e sendo este carro o único que ainda não havia se feito presente nesta crônica automobilística de corrida tão biruta (e dele eu me esquecia), e agora já mencionado, posso encerrá-la. E o Carro-Tronco, que não sei se ultrapassou algum outro carro, se foi por algum outro ultrapassado, por meios que não conheci, cruzou, surpreendentemente, antes de todos os outros às do volante, a linha de chegada.

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Nota de rodapé: leitor, a corrida, tão maluca, que, não sei se estou certo, e, se não estou, se estou errado, e se, estando errado, estou certo mesmo que esteja certo ao estar errado, enlouqueceu-me a ponto de me roubar um parafuso, que eu havia tomado emprestado, se me lembro bem, do Dom Quixote minutos depois de ele abrir a jaula do leão. Caso eu tenha, nesta obra-prima da resenha mundial, incorrido em alguma incorreção, que perdoe o parafuso que, não sei porquê cargas-d'água, vi por bem cravá-lo na minha têmpora direita emprestando-me a aparência do monstro de Frankenstein, o do cinema, e não o da Shelley.


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Piruás e Farelos - volume 9


Israel x Hamas. Eruditos de pacotilha: anti-semitas enrustidos. E A constituição étnica do povo brasileiro. E outros piruás e farelos.



Israel x Hamas. Eruditos de pacotilha: anti-semitas enrustidos.


Li diversos textos, desde a eclosão da mais recente guerra entre Israel e Hamas, e entendo reprovável quem, indigno, está, a querer simular autoridade moral, esforçando-se para exibir-se como gente equilibrada, que não converte num flaflu a hostilidade entre Israel e Hamas. Entendo que tal gente, erudita de pacotilha, anti-semita até a medula, para inibir quaisquer admoestações justas que porventura lhe possam apresentar em rosto, a simular preocupação com o destino dos palestinos, além de não considerarem as cenas de horror que os terroristas do Hamas protagonizaram, embrulha seus argumentos com uma lista de fatos históricos que, não é difícil compreender, reduz os israelistas - ou dir-se-ia melhor "judeus" (palavra que alguns compreensivelmente evitam, para não passarem por anti-semitas e anti-sionistas)? - a invasores crudelíssimos, ignaros, selváticos, brutos, assassinos.

Da história do povo judeu os historiadores bissextos - gente que jamais abriu um livro de História -, agora, para, além de exibirem, sem que lhes reprovem a postura, o anti-semitismo, até então latente, e que agora se lhes aflora, ambicionam ir em favor de seus heróis políticos e intelectuais, que já se manifestaram, desavergonhadamente, em apoio ao Hamas, os terroristas que ora trazem para a superfície da Terra as labaredas das profundeza do inferno.

Além da falsa equivalência moral que muitos manifestam, há a condenação, eloquente, veemente, de Israel, dos judeus, os de Israel e os de todo o mundo, a eles imputando crimes inexistentes, imaginários.

Não estou, não exclusivamente, a falar de personalidades públicas, políticos, intelectais, artistas; estou a considerar, também, de pessoas com as quais convivemos no dia-a-dia, familiares, parentes, amigos, colegas de trabalho, pessoas a relativizarem as acões dos terroristas, que sequestraram, seviciaram, estupraram, mataram mulheres, crianças, velhos, a justificarem-las, a coonestarem-las, adicionando, o que a ninguém surpreende, libelos difamatórios virulentos na testa de todos os que lhes apresentam objeções, lhes mostram a sem-razão de suas opiniões desarrazoadas, criminosas, mesmo, moralmente indefensáveis.

Uns, ouvi, não li, disseram, com ar de autoridade, que a guerra que ora consome nossa alma se resume a um conflito a envolver, unicamente, poços de petróleo submarinos, no Mediterrâneo, que Israel está a explorar. E há quem diga que o conflito se resume à ação de desestabilização das relações pacíficas que Israel e alguns países árabes mussulmanos, dentre eles, e principalmente, a Arábia Saudita, a muito custo esforçam-se para manter vivas. Estas questões talvez participem do episódio, que estamos a ler, da história universal, mas são de pouca, ou nenhuma, importância, se se reconhecer o objetivo (o dos inimigos dos humanos) maior envolvido: o extermínio do povo judeu - e, por consequência, o fim da civilização como a conhecemos e a sua substituição por uma de matriz totalitária, coletivista, desumana.

Antes de escrever as poucas palavras que me restam, digo: não sou um estudioso da história dos judeus, e da dos árabes, e da cultura deles tampouco; o pouco que delas sei é... pouco, bem pouco, ou, assim se diz, muito pouco. Todavia, não me recuso a ver, e a comprender, o que do mundo meus olhos me mostram: atos terroristas da parte do Hamas, um grupo terrorista; muita gente, e gente que se diz justa, humana, respeitável, a destilar ódio pelos judeus - mas esforçando-se, em vão, para não dar muito na vista.

Deploro as atitudes dos anti-semitas que ora se converteram em  historiadores - e historiadores são, mas dos de pacotilha. E desprezo-os. E não me deixo ludibriar pelas palavras adocicadas que alguns dentre eles usam em seus discursos mefíticos.

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A constituição étnica do povo brasileiro.


Numa era antiga, muito antiga, pés lusitanos aqui a desbravarem as florestas ainda livres, em sua maior parte, da presença humana, gente por aqui já andava: os guarani, os jenipapo-kanindé, os enawenê-nawê, os mebengôkre kayapó e muitas outras gentes, todas a irem daqui para lá e de lá para acolá às vezes, ao infortunadamente encontrarem-se em algum canto deste vasto território, estranhando-se, matavam-se.

Ainda no século XVI, dois portugueses casaram-se com mulheres nativas: Diogo Álvares Correia, o Caramuru, com Catarina (ou Guaibimpara) Álvares Paraguaçu, a Matriarca do Brasil, e Jerônimo de Albuquerque, com Muira Ubi, que veio a receber o nome cristão Maria do Espírito Santo Arcoverde.

O tempo passou.

E para o Brasil, terra mal e mal povoada, vieram, além de de Portugal portugueses (que descendem de mouros, celtas, visigodos), da França franceses (descendentes de ligures, burgúndios, francos, viquingues normandos), e da Inglaterra ingleses, e da Holanda holandeses, e da Espanha espanhóis, e da Latvéria latverianos, e da África, de onde hoje é o Sudão, a Nigéria, a Guiné e Wakanda, os iorubas, os fanti-ashanti, o haussas, os fula-mandinga, e gentes das Arábias, da Ásia, de Lilipute e da Atlântida.

Da associação carnal entre homens brancos europeus e mulheres dos povos que aqui viviam antes da chegada de Pedro Álvares Cabral e da entre mulheres européias e homens destas terras os primeiros nasceram os mamelucos, os curibocas, e da conjunção de corpos entre homens que vieram da África e mulheres que chegaram da Europa e da entre mulheres vindas da África e homens provenientes da Europa, os mulatos, os pardos, e do intercurso amoroso entre homens de origem africana e mulheres nativas destas terras e do entre mulheres oriundas da África e homens que aqui viviam desde o tempos das cavernas, os cafuzos.

E chegaram nestas terras, as nossas, levas e mais levas de gente que, saída dos quatro cantos das Terra, atravessaram os sete mares: japoneses, ucranianos, poloneses, chineses, mongóis, russos, egípcios, israelenses, iranianos. E aqui se misturaram. E é o povo brasileiro, da fusão de povos tão distintos, de tal diversidade étnica que a todos espanta. E agora, mais do que de repente, como que num passe de mágica, como se tivessem bebido chá-de-sumiço, ou cheirado pó de pirlimpimpim, desapareceram os tipos os mais diversos que compõem a sociedade brasileira, e só restaram o negro e o branco. Que fenômeno estranho aconteceu no Brasil?!

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Anticapitalistas de todo o mundo, uni-vos! Abaixo o capitalismo! Viva a revolução!


"Abaixo os capitalistas!" "Abaixo!" "Os capitalistas nos exploram!" "Eles vivem do lucro!" "Queremos a redução do nosso salário!" "Quê?!" "Com salário menor, teremos menos dinheiro para comprar coisas que os capitalistas vendem!" "Quê?!" "Se deles comprarmos menos coisas, eles têm lucro menor, ou nenhum!" "Quê?!" "Fim ao capitalismo!" "Fim ao capitalismo!" "Que eles robotizem as fábricas e nos demitam!" "Quê?!" "Se nos demitirem, não mais nos explorarão!" "Quê?!" "Abaixo o capitalismo!" "Anticapitalistas de todo o mundo, uni-vos!" "Abaixo os capitalistas!" "Viva a revolução!"

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Os índios são os donos do Brasil.


"Antes de os portugueses chegarem, estas terras, que hoje são do Brasil, pertenciam aos índios. Os portugueses lhas roubaram. Que lhas sejam restituídas." "Onde você mora?" "Na rua Tal." "De qual cidade?" "Pindamonhangaba." "Que está em qual país?" "Brasil." "Cujas terras, antes de os portugueses aqui porem os pés, pertenciam aos índios; então..."

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O Agro é fascista.


"O Agro fascista está destruindo a floresta amazônica." "Abaixo o Agro fascista!" "Abaixo o Agro fascista!" "Não comeremos mais produtos alimentícios que o Agro fascista planta, cultiva, colhe, produz!" "Quê?!" "Abaixo o Agro fascista!" "Abaixo o Agro fascista!" "Se compramos o que o Agro fascista produz o favorecemos, o fortalecemos! O Agro é fascista! Fascista! Nunca mais comprarei o que o Agro fascista produz! Nunca mais! Abaixo o Agro fascista!" "Quê?! Doideira, bróder! Você mora num apartamento!" "E daí?!" ""E daí?!"?! Onde você vai plantar arroz, feijão, beterraba, e abóbora, e picanha, e pão com mortadela, e leite, e ovo de galinha, e ovo de vaca, e de frango bovino asa com sobrecoxa?!" "Ignorante! Não preciso comprar essas coisas todas, que nascem nas gôndolas dos supermercados. Vá estudar antropologia paleontológica da fenomenologia existencialista, animal!"


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O nome do aparelho de que preciso para consertar a máquina de lavar roupas.


Esforço-me para me lembrar do nome do aparelho que terei de usar para consertar a máquina de lavar roupas. Não tenho em casa tal aparelho, mas necessito, com urgência urgentíssima, de um. Não conseguindo, por mais que eu me esforce, lembrar-lhe o nome, dele forneço a quem me lê uma descrição detalhada. Se quem me lê identificar, com o auxílio da descrição que aqui eu deixo, o aparelho e souber-lhe o nome, que me diga qual é. Sabendo-lhe o nome, irei comprar um. Desde já, agradeço a quem de boa-vontade me prestar este inestimável auxílio.

Eis abaixo a descrição do aparelho em questão:

Na lateral esquerda do aparelho há uma coisa, que eu não sei o que é, que parece aquele  negócio que tem dentro de si uma coisa meio assim, esquisita, em cuja parte superior há uma coisa que se assemelha àquele negócio que os eletricistas usam para coisar aquele troço que há em cima daquele negócio coisado da coisa que acende a luz do aparelho que se usa para torcer aquela coisa do carro. Em baixo, há um treco que se parece com uma peça acessória daquela bugiganga que se usa para conectar um instrumento composto de ferro no utensílio doméstico que tem um botão redondo, que o liga e o desliga. Dentro, há uma tralha dos diabos, que não sei para que serve, cheia de fios entrelaçados, que é uma confusão dos diabos, um bagulho que, acho, não presta para coisa nenhuma. Em cima, há uma peça, que é uma porcaria, quebra à toa, é uma joça, um traste, que se arrebenta em pedaços sempre que cai seja de qual altura for. Na lateral dianteira, há uma portinhola, que só se abre se para abri-la se usa aquele troço fino de extremidade afiada comum aos instrumentos que são meio coisados que algumas pessoas usam para limpar as orelhas e as unhas. Dentro  do compartimento oculto pela portinhola, um treco espiralado preso à parede deste mesmo compartimento com um instrumento que coisa a peça da coisa daquele negócio coisado que aquela bugiganga, uma joça usada para coisar no negócio do carro a coisa do motor, conecta no negócio da peça do utensílio daquela porcaria que se usa para girar aquele treco esquisito que se vê em cima da torre de telefonia móvel. É o aparelho de plástico e de metal.

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