quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Três

 No velório, João Miolo Mole


João Miolo Molo era um sujeito irresistivelmente engraçado. Não batia bem dos pinos, o que lhe conferia singulares dons histriônicos e incomum graça ao falar. Certa feita, no velório do pai de um amigo seu, disse tantos despautérios, e ilustrou as suas narrativas amalucadas com mímica tão graciosamente hilária, que o defunto, esquecendo-se que estava morto, dobrou-se de tanto rir.

*

Barnabé e Juvenal. Ou: Dois Nomes e Seus Donos.


Sempre que penso no nome Barnabé, imagino um caipira. E sempre que penso num caipira, imagino-o com o nome de Barnabé. Para mim, não há caipira que não se chame Barnabé e nem Barnabé que não seja um caipira. E o único Barnabé que eu conheço é médico e mora em São Paulo, cidade, e de caipira não tem sequer um arranhão.

Sempre que penso no nome Juvenal, imagino um homem amalucado. E sempre que penso num homem amalucado, imagino-o com o nome de Juvenal. Para mim, não há homem amalucado que não se chame Juvenal e nem Juvenal que não seja um homem amalucado. E o único Juvenal que eu conheço é, sem tirar nem pôr, um homem amalucado.

*

- O Bozonazi vai acabar com o auxílio emergencial. Em Janeiro, milhões de brasileiros morrerão de fome, por culpa do Bozonaro. O Bozofasci não cuida da economia. O Brasil tá em crise econômica. O preço dos alimentos sobe. E aí, bozominion!? e aí!? o que você tem para me dizer?! O seu Mito e o Guedes não cuidam da economia; e os preços dos alimentos sobem; e o povo não terá mais o auxílio econômico emergencial. E agora?! E agora?!

- Ô, carinha, você, um bonitão Fique Em Casa, foi um daqueles que esgoelou "O importante é a vida; a economia a gente vê depois." E "depois", segundo você e os da sua laia, gente de baixa extração, quer dizer, "após o fim da pandemia." Ora, carinha, bonitão Fique Em Casa, ainda estamos na pandemia, bem no olho do furacão pandêmico, segundo você. Certo? Não é você que vive de cuspir, em alto e bom som "A pandemia ainda está longe de acabar."? Ora, se a pandemia ainda está longe de acabar, então ela ainda não acabou; e se a economia devemos ver depois do fim da epidemia, pois enquanto estivermos na pandemia, é nossa prioridade cuidar da vida, que é importante, e não da economia, então não temos que nos preocupar com a economia. Certo!? Não se preocupe, então. A economia a gente vê depois. Quando? Não sabemos, pois, disse-me a pulga à minha orelha, ela persistirá enquanto muita gente poderosa dela estiver retirando muitas vantagens, políticas e financeiras.

Nenhum comentário:

Postar um comentário