O terrorismo é
um assunto que entrou para a ordem do dia em 11 de setembro de 2001, com os
ataques terroristas desfechados contra o World Trade Center e o Pentágono
(Foram quatro os aviões empregados pelos terroristas: dois foram arremessados
contra o World Trade Center; um, contra o Pentágono; e um caiu em Pittsburgh).
As imagens, transmitidas para todo o mundo, dos aviões a atingirem os dois
maiores prédios dos Estados Unidos, preconizaram o terror que se sucederia nos
anos subsequentes. Tais imagens auguravam o apocalipse. E evocaram Nostradamus.
E previram o cataclismo global, que não ocorreu, contrariando, e frustrando, os
prognósticos dos pessimistas, dos desesperançados, desiludindo-os. Antes dos
eventos de 11 de setembro de 2001, atos terroristas haviam sido perpetrados; a
al-Qaeda e Osama Bin Laden não foram pioneiros em tal modalidade de ação
desumana, aniquiladora. O World Trade Center, em 1993, já havia sido alvo de um
ataque terrorista: Bombas explodiram no seu subsolo. A magnitude do evento (o
11 de setembro de 2001) - e apenas mentes malignas o planejariam e o
empreenderiam – sim, foi inédita. Planejar, com frieza, o ataque, durante
décadas presume-se, requer recursos imensuráveis. Muhammed Ata foi apenas um
dos que o executaram. Mas quantas pessoas se envolveram no planejamento do
ataque? E quem o financiou? Podemos conceber as dimensões da arquitetura das
organizações terroristas que o conceberam? Jamais se conhecerá as suas reais
dimensões, e tampouco quanto dinheiro foi dispendido no seu planejamento e na
sua execução.
Os atos
terroristas, tudo indica, recrudesceram no Ocidente – ocorrem ataques
esporádicos, de pequeno impacto, como o que se sucedeu, após o 11 de setembro,
em 2004, no metrô de Madri, Espanha – com influência nas eleições espanholas –
e, em 2005, no metrô de Londres, Inglaterra, e em Boston, no dia 15 de abril de
2013, durante maratona, pelos irmãos Tsarnaev, Dzhokhar e Tamerlan (este veio a
falecer em confronto com a polícia), e, na França, no início de 2015, contra a
sede do Charlie Hebdo e um restaurante judeu, e neste início de 2016, na
Bélgica. Nenhum desses ataques produziu tantas mortes quantas as que resultaram
do ataque desfechado, pela al-Qaeda, contra os Estados Unidos, no ano de 2001.
O
arrefecimento dos atos terroristas de impacto equivalente ao que se perpetrou
no dia 11 de setembro de 2001, no Ocidente, não pode ser entendido como
ausência de planos para a execução de um ataque ainda mais devastador. Inimigos
os Estados Unidos – e não apenas os Estados Unidos, mas todo o Ocidente –
possuem, e não são poucos, e não se contam nos dedos das mãos, e alguns deles
são muito poderosos, alguns dentre eles têm recursos para financiar rebeliões
em território americano e armas de destruição em massa (nucleares e
biológicas).
Se, no
Ocidente, aferrece-se o terrorismo, no oriente o terrorismo recrudesce. Os
eventos que se sucedem, diariamente, no Iraque, na Síria, no Iêmen,
principalmente nestes países, e, também, no Paquistão e em outras nações da
Ásia, no oriente Médio e na África – Nigéria, principalmente, com ações
terroristas do Boko Haram – corroboram essa declaração.
Os incautos e
os ingênuos concluirão que o Ocidente, portanto, estará livre de ataques
terroristas, e os brasileiros, que nunca se defrontaram com tal ameaça, crêem
que o Brasil está livre deste mal. Não o está, entretanto. E o livro de André
Luis Woloszyn ajuda-nos a entender o porquê.
Nas primeiras
páginas de Terrorismo Global, André Luis Woloszyn apresenta uma história
sucinta do terrorismo, desde o surgimento, que, segundo ele, talvez tenha se
dado, na república romana, no século III a.C.. E cita Sun Tzu. E cita da Bíblia
passagens do Gênesis e do Êxodo como exemplos de terrorismo religioso. E faz
referências aos sizarii, e aos ismailis-nizari, e aos hashshashin. E trata,
resumidamente, das Cruzadas, da Revolução Francesa, da Inquisição, dos
anarquistas, nos séculos XIX e XX, Mikhail Bakunin e Piotr Kropotkin, da
Organização Secreta Mão Negra (um de seus integrantes, nacionalista sérvio,
assassinou o herdeiro do trono austro-húngaro, o arquiduque Francisco
Ferdinando, no dia 28 de junho de 1914, assassinato este que foi o estopim da
1ª Guerra Mundial), do terrorismo de Estado de Stalin. E sobrevoa os eventos
que envolveram, no Irã, o xá Reza Pahlevi e o líder religioso aiatolá Khomeini,
e os Jogos Olímpicos de Munique, e ações do ETA (Eustaki Ta Askatasuna), das
Brigadas Vermelhas, do IRA, do Baaden-Meinhof, da Frente Popular para a
Libertação da Palestina, do Exército Vermelho Japonês, e de outras organizações
terroristas.
Linhas acima
declarei que o Brasil não está livre do terrorismo; direi o porquê mais
adiante, agora, para dar uma idéia de quantas organizações terroristas estão em
atividade, menciono algumas delas, as mais conhecidas (todas estão mencionadas
em Terrorismo Global): Grupo Abu Sayyaf; Verdade Suprema; al-Qaeda; ETA; Hamas;
Hezbolah; Exército Vermelho Japonês; Al-Jihad; Exército de Libertação Nacional;
Frente Popular para Libertação da Palestina; Farc; Sendero Luminoso; e,
Movimento Revolucionário Tupac Amaru.
E são os
principais terroristas, dentre outros, vivos, Illich Ramirez Sanchez (“O
Chacal”); Ramzi Ahmed Yousef; Theodore Kaczynski (Unabomber); Abimail Guzman,
todos presos; e, mortos: Osama Bin Laden; Shamil Basayev (O Carrasco de
Beslan); e, Muhammed Ata.
Os grupos
terroristas têm, como armas, além de bombas e gases, armas biológicas (antraz,
ricina, varíola), e são imprevisíveis, amorais, desapegados da vida, e
perpetram a versão tecnológica do terrorismo: o ciberterrorismo.
Em Terrorismo
Global são mencionados alguns atos terroristas de maior impacto no mundo, todos
de ressonância mundial, e alguns que alteraram o curso da história.
Segundo André
Luiz Woloszyn, são inúmeras as causas do terrorismo: falta de perspectiva;
radicalismo político; extremismo religioso; governos corruptos e ilegítimos;
Estados débeis; ideólogos extremistas; repressão; força estrangeira; choque de
culturas; discriminação étnica e religiosa; ausência de democracia, liberdades
civis e de respeito às leis; além de outras razões, considerando-se a
Conferência de Oslo. Algumas das assim consideradas causas mencionadas,
tecnologia da mídia, técnicas pela internet, não são causas, são meios de ação,
instrumentos que os terroristas empregam para a execução de suas atividades, e
recursos financeiros também não os entendo como causas, mas como meio de
sustentação de organizações dispendiosas; e a disseminação indiscriminada de
conhecimento não o vejo como causa de terrorismo, mas como um acelerador,
organizador, planejador de atos terroristas, propiciando a ação; e a existência
de líderes ideológicos carismáticos também não é uma causa de terrorismo, mas
uma fonte que alimenta, um combustível, que “põe lenha na fogueira”, é um
estímulo ao exercício de atividades terroristas, pois eles exercem influência,
nutrindo sentimentos latentes nocivos à sociedade. Parece-me que, na
Conferência de Oslo, mencionada por Woloszyn, confundiram-se causas com
instrumentos de ação, fontes de financiamento, meios de obtenção de
conhecimento e elementos de estímulo à ação.
Agora,
aproximando-me do encerramento deste artigo, dedico algumas linhas ao Brasil.
Os capítulos
que tratam do Brasil são interessantes, principalmente o que se refere ao Terrorismo
Criminal, que apresenta estatísticas acerca das ações, em 2006, do PCC,
Primeiro Comando da Capital, em São Paulo, e das do CV, Comando Vermelho, no
Rio de Janeiro.
O Brasil, país
cuja fronteira terrestre corresponde a 17.500 quilômetros de extensão com 9
tríplices fronteiras e 8.000 quilômetros de fronteiras marítimas, e que possui
imensas áreas despovoadas, grande concentração populacional nos estados do Sul
e do Sudeste, em regiões litorâneas do Nordeste e em capitais dos estados do
Norte e Centro-Oeste, possui uma proverbial ausência de planos emergenciais
contra o terrorismo, e são débeis as suas Forças Armadas, carentes de recursos,
sem investimentos, e a sua legislação não tipifica o crime de terrorismo.
Com uma
fronteira porosa, mal fiscalizada, pela qual pessoas entram e saem, sem
controle, medidas de segurança precárias, legislação omissa, e intercâmbio
entre Farc, PCC e MST, CNBB, Pastoral da Terra, não está o Brasil preparado
para defender-se de organizações terroristas.
Terrorismo
Global é uma ótima introdução à questão terrorista da qual não podemos nos
esquivar, e tampouco contorná-la podemos.
Com leitura
auxiliar de:
Livro:
David Fromkin, em O Último Verão
Europeu;
Artigos:
Jeffrey
Nyquist, Circundando a sarjeta em Baltimore, 15/5/2015, site Mídia Sem Máscara;
Martim Vasques
da Cunha, O Mal Lógico (sd), site Olavo de Carvalho;
Olavo de
Carvalho, Salvando triunvirato global, 25/11/12. site Olavo de Carvalho; e,
Reinaldo
Azevedo, A condenação à morte do terrorista de Boston. Ou: Dos delitos e das
penas, 15/05/2015, blog Reinaldo Azevedo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário