Não
é difícil encontrar um brasileiro que declare, de viva voz, e de peito cheio, arrotando
superioridade moral, e de inteligência, que os brasileiros temos os governantes
que merecemos - e o faz como se brasileiro não fosse. Os brasileiros não
merecemos os governantes que temos. Há um precipício a separar os governantes
dos mais comuns dos homens brasileiros – estes trabalham, estudam, têm as suas
responsabilidades, os seus compromissos, e, como ninguém há de negar, os seus
pecados, os seus defeitos, e se esforçam para viverem em paz consigo mesmos e
com outras pessoas (Não preciso dizer que aqui não incluo os criminosos, e por
criminosos entendo toda pessoa que comete crimes, mesmo que não tenha sido
condenada segundo a Lei); aqueles, ladinos, escalam os degraus do poder mentindo,
manipulando os brasileiros, induzindo-os aos erros, chantageando-os,
explorando-os, ludibriando-os, maltratando-os, destruindo-lhes o vigor moral, e
o intelectual, e, em suma, desprezando-os.
Digo
que os brasileiros não merecemos os governantes que temos. Os brasileiros somos
de boa índole (e não preciso, aqui também, dizer que estou excluindo os
criminosos), somos de espírito cristão, e movem-nos bons sentimentos, que, não
raras vezes, são manipulados, por políticos principalmente, em favor deles,
políticos, e contra os nossos desejos, que se resumem em viver a vida livremente.
Os políticos não querem que os brasileiros vivamos as nossas vidas, com
liberdade; eles não apreciam a liberdade de que gozamos; eles querem canalizar
toda a nossa energia no trabalho de ereção de projetos de poder, que tem um propósito:
oprimir-nos. Todos os investimentos públicos em educação têm um propósito:
emburrecer e idiotizar os brasileiros. Todos os programas sociais, mantidos com
dinheiro de impostos, que são extorquidos aos brasileiros, têm um propósito:
fazer com que todos os brasileiros beneficiados em tais programas vendam a própria
alma àqueles que os criaram.
Durante
décadas, por meios da imprensa, da literatura, da música, do cinema, de
discursos políticos, injetaram, no coração dos brasileiros, valores que atentam
contra a verdade, contra a moral, contra a decência, modificando o senso comum dos
brasileiros de tal modo que muitos brasileiros passaram a ver nos crimes atos
de revolta contra a opressão promovida pela sociedade burguesa, capitalista,
ocidental, e nos criminosos coitadinhos oprimidos; na religião cristã muitos
viram superstição, idolatria e a opressão que subjuga muitos brasileiros, e nos
cristãos hipocrisia, maldade intrínseca, egoísmo; na família viram uma instituição
opressora, inerentemente má, símbolo do patriarcalismo mais rombudo,
insensível, opressor, preconceituoso, discriminador. Enfim, muitos passaram e
ver o diabo onde havia Deus, e Deus onde havia o diabo. E assim, neste Brasil
de senso comum modificado, em que o mal é o bem e o bem é o mal, os brasileiros
elegemos para os cargos mais altos da burocracia do Estado políticos desprezíveis.
Ora, os brasileiros somos vítimas de uma política sórdida, que nos fez introjetar
valores, que nos levaram a defender idéias que nos prejudicam, idéias que
jamais defenderíamos se possuíssemos íntegra a nossa consciência moral.
E
chegamos aos dias que estamos vivendo. E nestes dias, reconstituída a nossa
consciência moral com muito sofrimento, muita dor, rejeitamos os políticos que
hoje nos governam, políticos que pusemos nos cargos que eles ocupam, e repudiamos
todos os valores, podres valores, que eles representam. Posso declarar que os
brasileiros nos livramos daquele senso comum modificado, que faz do bem mal e
do mal bem, mas ainda não conseguimos os meios para dos políticos sórdidos nos
livrarmos definitivamente.
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