sábado, 10 de fevereiro de 2024

Três em um


Três em um: 1) Esquerdistas, heróis da humanidade. 2) Os esquerdistas e os crimes contra o patrimônio. 3) Lula, o sábio.

Esquerdistas, heróis da humanidade. Sinopse de um filme em dois episódios. Com spoilers.

Movie noir de suspense policial trágico em dois episódios.

Sinopse.

Episódio One.

Confrontam-se, numa rua estreita, lâmpadas dos postes a bruxulearem fantasmagoricamente, em uma favela carioca, à noite sombria de uma sexta-feira de lua cheia, um policial e um bandido, que tiroteiam-se durante sete minutos até que o policial alveja com dois tiros no peito o seu oponente, que, no chão, estirado, sob espasmos grotescos, morre afogado no sangue que lhe escapa em profusão.

E os esquerdistas choram, choram, choram, debulham-se em lágrimas abundantes, que lhes encaichoeiram pelo rosto deformado pela pungente dor que a notícia lhes inspirou, a lamentarem a morte do bandido, inocente vítima da sociedade que o crudelíssimo policial, supremacista branco europeu, insensível, fascista e genocida, com muito ódio no coração matou.

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Episódio Two.

Numa favela belohorizontina, à noite de um sábado, chuva caindo a cântaros, confrontam-se, numa viela, um policial e um bandido, ambos os dois a tiroteiarem-se, até que, enfim, o bandido enfia uma bala na testa do policial, matando-o. Segundos depois, de uma viatura policial recém-chegada saem dois policiais, que avançam contra o bandido, saltam-lhe em cima, desarmam-lo, derrubam-lo no chão, ferindo-lhe o joelho esquerdo, e rendem-lo, algemam-lo, e o conduzem à delegacia.

E ao saberem da trágica morte do policial os esquerdistas choram, e choram, e jogam-se no chão, e descabelam-se, lágrimas copiosas a diluviarem-se-lhe dos olhos acraterados de tão fundamente escavados pela pungente dor que lhes apossou do espírito, a lamentarem do bandido o joelho esquerdo ferido e as algemas a lhe atalharem os movimentos.

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Os esquerdistas e os crimes contra o patrimônio.

Acredito eu que toda pessoa que viva em alguma região do Brasil tenha ouvido lideranças esquerdistas nacionais declararem de viva voz que crimes contra o patrimônio, se é o patrimônio roubado de pequeno valor, não deve ser visto como atos reprováveis, e que não cabe aos criminosos que roubam coisas de pouco valor punições rigorosas, e que não têm eles de penarem em cadeias, pois são as coisas do roubo coisas de pequeno valor, sendo o roubo, portanto, coisa de somenos importância, insignificante.

Estamos num país em que há intelectuais que entendem que há lógica no assalto e que os criminosos são vítimas da sociedade e que a meritocracia é um mal e que a propriedade é fruto do roubo. E neste país, que há décadas ouve a cantilena revolucionária que leva milhões de brasileiros no beiço, quanto tempo será necessário para a idéia de se relevar o pequeno roubo atualizar-se incorporando a idéia do grande roubo como algo insignificante e, na sequência, chegar ao epílogo do movimento revolucionário comunista, isto é, dar toda propriedade como roubo e assim justificar-se a desapropriação, pelo Estado - o gigantesco roubo - de toda propriedade particular, criando-se, assim, na Terra, o paraíso socialista, este ideal dos sonhos de muita gente? Chegaremos a este dia?! Assistiremos à assunção aos altos cargos da estrutura do Estado brasileiro de pessoas de mentalidade criminosa e revolucionária? É disparate conceber em imaginação o Brasil do futuro, o do futuro próximo, nas mãos de revolucionários, tenham eles os apelidos que tiverem, nomeiem-se eles com os nomes que se nomeiem, a criarem um Estado totalitário que concentra em suas mãos todas as propriedades arrancadas, com ternura, é claro, ao povo, que a partir de então resumirá sua refeição diária, caso tenha alguma, à ração (com, ou sem, pão, mortadela, picanha e abóbora, não vem ao caso) que o Estado, sem perder a ternura, lhe entregará? Não tenho bola de cristal, tampouco sou um necromante, e não sei ver o futuro em borras de café, no vôo dos pássaros, na calvície de quem quer que seja, na disposição dos chifres em cabeças de cavalos; enfim, não sou um profeta, um mago, um feiticeiro de poderes proféticos; mas tenho de dizer que não 'tá difícil, não, se edificar um Estado totalitário em terras cabralinas. Ora, se aqui se dá carta branca para quem ao povo promete picanha e que avalia cada cidadão em apenas dez merréis...

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Lula, o sábio.

Há certos momentos da vida em que temos de dar o braço a torcer, pararmos de dar murro em ponta de faca, e deixarmos de querer que o mundo se curve às nossas veleidades e aceitarmos, sem que seja a contragosto, o que ele, o mundo, nos revela, reconhecendo a correção do que dele nos chega ao conhecimento, e ao entendimento, sem má-vontade, sem impormos quaisquer barreiras à assimilação, à absorção, à incorporação por nós do conhecimento novo,dispostos a revermos os nossos conceitos, as idéias que fazemos do mundo, independentemente se são-nos do nosso agrado, assim avançando na nossa longa, e exaustiva, e gratificante, e enriquecedora jornada rumo à sabedoria, jornada que encerraremos além da nossa morte.

Inspiram-me tais reflexões as palavras que o atual mandatário do Brasil, o excelentíssimo senhor, Luís Inácio Lula da Silva, presidente democraticamente eleito, no último pleito eleitoral, com a maioria dos votos válidos e apoio popular inédito no país, pronunciou, com o seu talento oratório raro, que só encontra rivais na Atenas do tempo de Péricles e de Alexandre, o Grande, e na Roma dos Césares, com a sua poderosa, tonituante voz de Zeus Tonante, de fazer tremer a Terra do chão ao céu e a mover os alicerces do universo, a todos que o ouvem a inspirar admiração, em três ocasiões distintas, em cada uma delas em um local único onde o povo compareceu em peso para saudar-lhe a egrégia figura heróica, ídolo nacional que em toda a história do Brasil não encontra rivais.

Apalermados ficamos ao sabermos que de tal personagem nenhuma hagiografia ainda se escreveu que venha a registrar, nos anais da história universal, a sua vida repleta de conquistas, que se igualam às dos maiores conquistadores que o mundo já viu, e de façanhas que se equivalem às dos heróis que aos aedos, aos poetas e aos bardos premiados pelas musas inspiraram cantos épicos de rara beleza, e de sentenças sapienciais que merecem dos estudiosos o recolhimento carinhoso e reverencial e o registro para que a posteridade venha a conhecê-las e com elas alimentando-se erigir uma civilização de ouro.

É certo que estamos na iminência da construção de um Brasil justo, harmonioso; e forja-o com metal nobre a sabedoria ingênita do excelentíssimo senhor Luís Inácio Lula da Silva, esta entidade telúrica, criatura sobrehumana de poder intelectual incomensurável, suprassumo da potência humana desenvolvida em sua inteireza.

E à palmatória damos as mãos, nós, os que até outro dia, antes de virmos a saber das palavras, que aqui reproduzimos com muito gosto, que ele, o excelentíssimo senhor Luís Inácio Lula da Silva, proferiu em três ocasiões.

Reconhecemos que estivemos em erro desde sempre. Agora, constrangidos, a fitarmos o chão, sem sabermos onde temos de pôr a cabeça, a ouvirmos as sapienciais palavras do excelentíssimo senhor Luís Inácio Lula da Silva, reproduzimos, aqui, nesta crônica despretensiosa, que se resume a um registro, pobre, que está a dever valor ao seu personagem ilustre e heróico, as palavras, que ele em três ocasiões proferiu,seguidas de comentários respeitosos que ilustram, delas, a real substância, que está ao alcance de toda e qualquer pessoa de boa-vontade.

São as primeiras palavras do excelentíssimo senhor Luís Inácio Lula da Silva:

"Eu falei: "Ela é cantora. Ela vai cantar. (...) Então, ela vai batucar alguma coisa. Uma afrodescendente assim gosta de um batuque, de um tambor." Também não é. Então eu falei: "Nossa! É namorada de alguém. Também não é." "

Com tais palavras, vê-se, ele expõe o alto conceito que faz das mulheres negras, inatas dançarinas, batuqueiras, apaixonadas por tambores. Com sua voz sedosa, argentina, sedutora, de timbre agradável, ele expressou uma idéia que prova ser ele dotado de talento antropológico tão supremo que nenhum outro antropólogo o desafia. É sublime. É magnífico.

E com as suas segundas palavras, que ele proferiu, poucos dias depois, provou ser o mestre de Rui Barbosa.

E estão neste trecho de sua magistral peça de oratória as palavras que ilustram a sua sabedoria exuberante:

" "Eu quero me lançar porque eu sou branco. Eu quero me lançar porque eu sou mulher. Eu quero me lançar porque eu sou negro. Eu quero me lançar porque eu sou indígena." Está errado! As pessoas têm de se lançar pelas qualidades delas, e disputar as eleições. Se a gente não fizer isso, a gente não vai crescer."

Tais segundas palavras revelam o poder intelectual supremo e a perspicácia irrivalizada de homem tão nobre, estadista de rara beleza e de raro talento oratório e de rara percepção das coisas do mundo. Com elas ele expõe, com a crueza magnífica de sua ingente sabedoria, que lhe é inata, que lhe é imaculada, que a natureza lhe injetou dele fazendo uma personalidade única, verdades que os homens comuns não querem ver e enaltece valores universais os mais caros aos seres humanos.

E são estas as terceiras palavras do excelentíssimo senhor Luís Inácio Lula da Silva:

"Se a gente não tiver uma profissão a gente é ajudante geral. E ajudante geral não ganha nada. Nenhuma mulher quer namorar com um cara que mostra a carteira profissional. "Qual é a sua profissão?" E tem a profissão ajudante geral. A mulher fala: "Pô, cara! nem uma profissão você tem para levar o feijão e o arroz no final do mês?! E as crianças que vão nascer?! Como é que a gente vai cuidar?!" Então tem que estudar."

Aqui estão palavras de autêntico apreço pelas mulheres, que valorizam o homem estudioso, e pelo homem que se dedica aos estudos. São estas suas palavras provas bem acabadas do alto valor que ele dedica às pessoas dedicadas ao conhecimento cada qual de si mesma e ao aprimoramento intelectual e profissional. São palavras de um ser único: do excelentíssimo senhor Luís Inácio Lula da Silva, homem de sabedoria atemporal, de sabedoria universal, de sabedoria que a natureza lhe deu ao escolhê-lo, dentre todos os homens, em tempos imemoriais, na origem dos tempos, na eclosão do ovo cósmico que deu origem ao universo e à vida, o único digno de a carregar consigo.

O excelentíssimo senhor Luís Inácio Lula da Silva revela-se, com as suas primeiras palavras, as suas segundas palavras, as suas terceiras palavras,o sábio que é desde sua concepção. A sua sabedoria, tão gritante! tão explícita! tão à vista de todos que os homens desprovidos de sensibilidade, e era este o nosso caso, o nosso, de pessoas que o hostilizavam, não lha reconhecíamos, tolos que éramos. Agora, a iluminar-nos a consciência a luz universal admiramos a sabedoria do mais sábio dos homens que já nasceram em terras brasileiras e, não erramos em declarar, mais sábio do que os homens que nestas terras estão para nascer. As más-línguas, no entanto, não lhe reconhecendo a superioridade intelectual irrivalizada, declaram, amargas, desdenhosas, casquinando, debochadas, que dos três discursos seus que aqui cuidamos reproduzir um trecho, no primeiro ele desdenha da mulher negra, dela faz baixo conceito, e reforça um estereótipo: o que ensina que pessoas negras são dadas aos tambores, ao samba, à música, à dança, às atividades musicais aos negros associados, e a nada mais, nenhuma outra atividade. E no segundo discurso, dizem os que hostilizam o, hoje sabemos, mais sábio dos homens, ele vai de encontro a uma das políticas mais caras, mais estimadas pelos seus admiradores, a identitária, a da diversidade, aquela política que, reconhecendo a insignificante representação política das minorias historicamente desprezadas pela sociedade, pede por maior espaço a elas na política nacional. E no trecho, que aqui reproduzimos, do terceiro discurso que o mais sábio dos homens proferiu, dizem as pessoas de má-fé, ele, num tom histriônico, com gesticulações patéticas, a caretear estupidamente,claramente despreza o trabalhador em inicio de carreira e vê nas mulheres criaturas interesseiras.

Já superamos o nosso figadal ódio injustificado ao excelentíssimo senhor Luís Inácio Lula da Silva. Entendemos que os que o hostilizam são pessoas de má-fé, pessoas que se esforçam para não lhe reconhecerem a superior sabedoria, a incomparável superioridade moral, a pureza dos seus nobres sentimentos. Já demos mãos à palmatória, o braço a torcer. Reconhecemos o verdadeiro valor do excelentíssimo senhor Luís Inácio Lula da Silva, herói brasileiro, o maior de todos os heróis brasileiros; melhor, o único herói brasileiro, pois as personalidades históricas que entendíamos heróicas assim as entendíamos porque ao avaliá-las não tínhamos referência maior, de homens sublimes, supremos, mas apenas de homens medíocres, pequenos, mesquinhos, minúsculos, que,comparados com o excelentíssimo senhor Luís Inácio Lula da Silva, são tais quais carrapatos comparados com um leão.

É o excelentíssimo senhor Luís Inácio Lula da Silva, o sábio, o único herói brasileiro.

Oxalá viveremos até o dia, e tal dia está próximo, acreditamos,em que todos os brasileiros aprenderemos a admirar a suprema sabedoria do excelentíssimo senhor Luís Inácio Lula da Silva, o sábio dos sábios.

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