sábado, 25 de novembro de 2023

Piruás e Farelos


Piruás e Farelos - volume 17.

Bolsonaro e a baleia jubarte.

Depois de Jonas e a baleia, um épico bíblico, agora Bolsonaro e a baleia, um épico de ares bíblicos caricatos.

Não se pode negar a criatividade dos bípedes implumes, sempre às voltas com histórias do balacobaco.

As baleias estão presentes em histórias universais. Uma delas é a de Jonas, de todas a mais universalmente conhecida, que inspirou muitas metáforas, inúmeras alegorias; outra, a da famosíssima criatura de Herman Melville, Moby Dick, que Ahab caçava, por ela obcecado. E não nos esqueçamos da do Pinóquio. E há outras por aí e por aqui, muitas delas interessantes, todas, reunidas, a pedirem um estudo minucioso acerca dos seus símbolos culturais, religiosos, mitológicos, psicológicos, espirituais.

Deixemos tais histórias de lado, e nos concentremos na que ora envolve o presidente Jair Messias Bolsonaro.

Eu sei, saiba, leitor querido, amado e dedicado, e talvez tu também saibas, que estão a investigar um caso escabroso, do grotesco e do arabesco, de inspirar indignação em todo ser vivente, caso que envolve uma baleia, das da jubarte, e o presidente Jair Messias Bolsonaro, este a representar, para surpresa de ninguém, o vilão da história, que daria uma bela, extraordinária obra da sétima arte, um dos maiores clássicos cinematográficos de todos os tempos.

O caso é extraordinário, demasiadamente extraordinário: não sei há quantos dias, alguém - Quem?! Quem?! -, ao volante de uma possante moto-aquática, a executar manobras radicais nas ondas do litoral de alguma cidade brasileira - e cidade litorânea, vê -, aproximou-se, inadvertidamente, e perigosamente, semcerimoniosamente, assim, sem mais nem menos, sem dizer porque sim e porque não, de uma baleia jubarte, tirando-a do seu comportamento natural, o de uma baleia, que nadava tranquilamente, até que o insensato, irresponsável piloto da nave marítima inconsequentemente roubara-lhe a paz de espírito. A identidade do piloto da embarcação aquática, desconhecida; suspeita-se, no entanto, todavia, porém, entretanto, pois bem, que tenha ela a cara, o nariz e o focinho do presidente Jair Messias Bolsonaro. Nesta trama folhetinesca de ares rocambolescos, o presidente Jair Messias Bolsonaro tem a importância do mordomo nas histórias policiais: é, sempre, infalivelmente, o suspeito número um, e o culpado do crime que lhe atribuem mesmo que seja inocente.

Querem os investigadores respostas: Por que aproximou-se da jubarte o piloto do veículo aquático? Quis ele importuná-la? Cooptá-la a uma ação golpista? Assediá-la, para satisfazer seus desejos, dele, o piloto, lúbricos? Quais propósitos o moveram em direção à pacífica baleia? Quais?!

Incapazes de resolverem a questão a contento, os investigadores entenderam que apenas com o testemunho da baleia jubarte poderão colher, e reunir, informações que projetarão luz sobre o caso. Para empreenderem tal façanha, pois é o caso, de fato, uma façanha, e das épicas, acharam por bem divulgar o retrato falado da baleia jubarte que o piloto da moto-aquática desrespeitou, ofendeu, agrediu, seviciou ao assediá-la, requestá-la, tão inadvertidamente, tão luxuriosamente, tão desrespeitosamente: tem a baleia olhos de baleia, boca de baleia, orelhas de baleia, barriga de baleia, pescoço de baleia, nariz de baleia, escamas de baleia, cauda de baleia, guelras de baleia, dedos de baleia, mãos de baleia, pés de baleia, testa de baleia, enfim, corpo de baleia, pois é a baleia uma baleia.

Com a divulgação do retrato falado da baleia, esperam os investigadores, esperançosos, que alguém, reconhecendo-a, e conhecendo-lhe o paradeiro, dê-lhes informações imprescindíveis à ação que redundará numa acareação entre ela e o piloto da nave marítima. Querem os investigadores a solução do caso o mais rápido possível. Se demorarem para resolvê-lo talvez não consigam evitar que com as baleias jubarte se dê o mesmo destino das girafas da Amazônia: a extinção.

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Meu QI: 200.

Dizem que o mais inteligente dos homens tem QI 200.

Informo-te, querido leitor: o meu QI também é 200, mas eu só uso 60 porque ainda não entendi o que tenho de fazer para usar os outros 140.

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Uma prova de Língua Portuguesa. E uma teoria: a origem da língua portuguesa falada no Brasil.

Dia destes uma jovem - ou seria adolescente, ou pré-jovem?! - mostrou-me uma prova de Língua Portuguesa. Está a cursar a jovem a sétima séria. E é a prova deste ano; portanto, para que não haja maus entendidos, é prova de Língua Portuguesa que se ensina na sétima séria - e sendo da sétima séria revela o que nas salas-de-aulas se ensina, se em todas as escolas, se unicamente naquela que a jovem persongem desta aventura frequenta, não sei; mas, todavia, vejamos bem, em se tratando do Brasil... Eu estava para escrever "naquela em que a jovem estuda", e corrigi-me a tempo.

Com a leitura das próximas palavras, poucas, deste piruá, tu, leitor, entenderás esta minha reveladora observação.

Declarei que é a prova de Língua Portuguesa. Penitencio-me, leitor. Tenho de contigo ser sincero, absolutamente sincero, pois sei que tu confias em mim, daí tu dedicar-te à leitura de meu texto: é a tal prova de qualquer coisa; de Língua Portuguesa não tem que seja um pingo, tampouco uma casca. E por que cheguei à conclusão tão ostensivamente negativa?! Ora, espera-se que uma prova de Língua Portuguesa tenha questões relacionadas à Língua Portuguesa, à Gramática Normativa da Língua Portuguesa, à Literatura escrita em Língua Portuguesa, do Brasil e de outros planetas. O que tem, então, a prova - e da sétima série - que a jovem e bela princesa - posso chamar uma jovem de princesa, ou tão carinhoso epíteto é desprezivelmente medievalesco e está a revelar a masculinidade tóxica que me preenche o espírito de macho da espécie humana?! - apresentou-me? Direi, no próximo parágrafo, que, acredito, não será deste piruá o último.

Tem de tudo a prova; de Língua Portuguesa, nadica de nada. Em uma das questões, uma ilustração na qual se vê mesa sobre a qual está uma toalha e sobre esta um prato vazio, e um garoto famélico, negro, debruçado sobre a mesa, a fitar, entristecido, o prato. A mesa, a toalha e o prato a representarem a Bandeira do Brasil: mesa, retângulo; toalha, losango; prato, círculo. A ilustração, em preto e branco. Ninguém precisa ser um bidu para entender a referência. Até o Steve Rogers, que é meio devagar das idéias, a entenderia. E o que a questão pedia aos alunos? Um comentário acerca do que a ilustração representava. Em outra questão, uma ilustração com dezenas de tocos de árvores enraizadas numa floresta. O tema desta questão: o desmatamento. Em outra questão pede-se um comentário acerca de... Paro por aqui. É tanta asneira que não me estenderei a descrever, nem com um resumo bem resumidamente resumido, todas as questões propostas.

Entendi, e tu, leitor, já entendeste, que em tal prova de Língua Portuguesa há discurso político ideológico, seja isso o que for, ou coisa que o valha, e da pior espécie.

Nas aulas de Língua Portuguesa mandaram a última flor do Lácio à cucuia.

E quanto à origem da Língua Portuguesa falada no Brasil?! Querido leitor, há uma teoria, cujo berço desconheço, que conta a origem da Língua Portuguesa: ao contrário de sua mãe, a respeitável anciã lusitana, a Língua Portuguesa Brasileira, esbelta, bela, formosa, uma sílfide, nasceu do senhor Latim, respeitável e venerável ancião, e a trouxeram para o Brasil com um único fim, catequizar os índios, daí ser ela melhor do que a senhora sua mãe. Não sei de onde tiraram tal idéia, mas tem ela a sua graça, convenhamos.

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Inimigos dos cristãos querem determinar a conduta dos cristãos.

É este comentário um farelo esfarelado: um dos ensinamentos de Cristo consiste em o cristão, se agredido em uma face, oferecer ao agressor a outra face. Lição sapiencial, que, penso, quer dizer que cabe ao cristão, agredido, sem a animar-lhe o espírito furor vingativo, revidar à agressão, para defender-se, proteger-se de segunda agressão, ou, melhor, dissuadir o agressor de agredi-lo segunda vez, e nada mais. Mas inimigos dos cristãos assim entendem, malandramente, maliciosamente, tal ensinamento cristão: cabe aos cristãos, se autênticos cristãos, agredidos, curvarem-se, amedrontados, acovardados, diante dos agressores: agredidos, que abaixem a cabeça, deixem-se agredir vezes sem conta, e que depois reclamem para o bispo. Se reajem à agressão não são verdadeiros cristãos, afirmam os inimigos de Cristo. Tal chantagem surte efeito, infelizmente, em muitos cristãos. Querem os maléficos e diabólicos agressores dos cristãos, não me resta dúvida, vida fácil.

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Um erro, uma boa idéia.

Nem sempre um erro de digitação me dá dores de cabeça, me põe em maus lençóis, me tira do sério, me põe em parafuso. Às vezes acontece de me dar o erro uma boa idéia. Há poucos minutos digitei, assim pensei, "acovardado", e ao ler o que digitei, vi, digitado, "acorvadado", e logo pensei no que segue: há, em um certo país do orbe terrestre - dentre todos os orbes existentes e inexistentes o único terrestre, diria o meu amigo José Carlos da Silva Quinha -, seres supremos, que, acorvadados, aterrorizam todo um povo. Ficou legal! Edgar Allan Poe que o diga! E que o diga também Machado de Assis!

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Brasil pega fogo.

Quer dizer, então, que o que sabíamos há décadas, e o que sabíamos diziam-nos os sábios que era teoria da conspiração, idéia saída da cabeça de bolsonaristas fanáticos, desmiolados e idólatras, é real, é fato, procede, é verdade, e nada mais do que a verdade, e nada demais em terras de Simão Bacamarte, Jeca Tatu e Macunaíma?! Ministros do ésseteéfe e parlamentares das duas casas legislativas, aqueles e estes patriotas e amantes da Liberdade e da Democracia, todos a lutarem pelo bem do povo brasileiro, que tanto amam, e bravos, muito bravos, protetores da Constituição Cidadã - Ave, Ulisses! -, estão em pé de guerra por causa de uma questiúncula qualquer, atritam-se porque estão a puxar estes o tapete daqueles e aqueles o tapete destes, e o governo molusquiano entra na briga, sem ser convidado, como quem não quer nada, e dando uma de joão-sem-braço, pondo a perder uma proveitosa aliança com os togados, e que toda a história das maracutaias urdidas no escurinho do cinema veio à tona, pondo a descoberto o que a descoberto já estava - e os personagens envolvidos em tão sórdida trama são tais quais ratos escondidos com o rabo de fora -, por uma nobre e elegante jornalista de uma emissora de televisão platinada, escancarando, diante dos olhos de todos os descendentes de Catarina Paraguaçu e Caramuru, o que diante de todos já estava de há muito escancarado, e o que estava escancarado só não viu quem não quis?! Muita água ainda há de passar pelo rio, que, transbordando, engolfará, profetiza-se, um sem número de heróicos e aguerridos heróis brasileiros.

Parece, até, eu ousaria dizer, que o amor entre os patriotas ora em conflito desfez-se, assim, no ar, como se nunca tivesse existido. Que coisa, não?! Era tanto o amor entre eles! Estamos a assistir à novela, infindável novela política brasileira, cujos protagonistas habitam um reino - encantado, não sei se é certo assim dizer - localizado além do alcance das pernas do comum dos homens - e engana-se quem pensa que o que eles decidem em tal universo em nada influencia a vida do homem comum. Merece atenção de todos a novela. Os mais perspicazes dos homens não estão a se surpreenderem com os episódios, que se sucedem, e simultaneamente, da trama ao mesmo tempo sutil e grosseira, pois a anteviram há meses. Mas os mais aparlemados embasbacam-se, atoleimados, caídos seus queixos, escancaradas suas bocas, esgazeados seus olhos, diante de cenário político tão horrendo, tão explicitamente desavergonhado. E é o caso todo por um punhado de gente tratado como se fosse uma coisinha qualquer, insignificante. Em se tratando do Brasil, é, de fato é, para nenhuma surpresa de quem tem dois olhos que olham. E mais não digo porque neca de pitibiriba, nadica de nada, nem um pingo estou entendendo do que se passa diante de meu nariz - e não me atrevo a projetar num futuro próximo o desenlace de tal imbróglio. Limito-me a fazer o que toda e qualquer pessoa sensata está a fazer: torcer pela briga entre os acorvadados ministros, os parlamentares e os governistas - no fim, a vida dos brasileiros talvez até piore, mas é regozijante ver, à exposição pública da imunda política nacional, os sabidinhos e os sabidões, outrora encantados com as belas jaculatórias das entidades celestiais em prol da Democracia, do Estado Democrático de Direito, da Liberdade, agora a fingirem-se de cegos, surdos e mudos. É lindo de se ver.

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Bolsonaro e a baleia jubarte: uma cogitação extemporânea.

Estou, aqui, neste dia abafadiço, no aconchego do meu lar, doce lar, à escrivaninha, ventos frescos a deslizarem-me pelo desgracioso talhe, pensando pensamentos que remetem ao episódio aventuresco e façanhudo e desafortunado que o presidente Jair Messias Bolsonaro não sei há quantos dias protagonizou numa não sei qual praia de uma cidade litorânea deste país belo por natureza e de terras que dá tudo o que nela se planta. Estava o dito presidente, um capitão, a pilotar um veículo aquático, tranquilamente, e despreocupadamente, até que lhe apareceu ao horizonte uma criatura aparentada com o Moby Dick, e ele, então, um supremacista branco dotado de masculinidade tóxica, não se contendo em sua libido, abordou-a, requestou-a, importunou-a, molestou-a, constrangeu-a, obrigando-a a abandonar as suas atividades corriqueiras e, para escapulir ao assédio que ele insistia em lhe promover, rumar para outros mares numa antes navegados. Foi este o conto que o passarinho que me conta contos me contou, passarinho que, eu não ignoro, tem o mal hábito, e é-lhe tal hábito inocente, de acrescentar um ponto a todo conto que me conta.

E ao evocar tal história, pergunto para os meus botões: O que será da vida do presidente Jair Messias Bolsonaro no dia em que descobrirem que ele aproximou-se ameaçadoramente, e inconsequentemente, e imoderadamente, e irresponsavelmente, e perigosamente, de um pato, e de um sapo, e de um cachorro, e de um gato, e de um pombo, e de um pardal, e de um bem-te-vi, e de um mosquito, e de uma abelha, e de uma formiga?! Não quero nem pensar o que será da vida dele. E na pele dele não quererei estar. E eu só tenho uma certeza: a vida dele será um inferno.

sábado, 18 de novembro de 2023

várias notas

 


Bolsonaro, a crise econômica, e os antibolsonaristas.


Impressiona-me a desfaçatez de certos anti-bolsonaristas fazoeles, e anti-bolsonaristas isentões, que são, digamos a verdade, fazoeles que, mesmo que já tenham saído do armário, esforçam-se, em vão, para se apresentarem como pessoas que não se inclinam nem a favor do Bolsonaro, nem do Lula. Tais antibolsonaristas, lá pelos idos de 2.020, no primeiro ano do triênio da histeria coletiva, fenômeno que consumiu o cérebro de centenas de milhões de pessoas, sentenciavam "Fique em casa; a economia a gente vê depois.", certos de que uma crise econômica - "a economia a gente vê depois" - adviria da política insana, que muitos políticos implementaram, de paralisação das atividades comerciais - "fique em casa". E naquele primeiro ano, gente sensata entendeu ser correta, apropriada, outra política para se combater o vírus  que quase todos os espécimes da espécie de vida mais inteligente da Terra temeram sem que ao menos soubessem o perigo que ele representava - a imagem que dele construíram em imaginação é uma obra de ficção sem qualquer contato com a realidade: é o resultado do bombardeio midiático e internético cujos artefatos bélicos, detonados, liberam gases que provocam o medo-pânico em todas as pessoas que, atingidas, não têm força mental, psicológica e espirtual para resistir-lhes aos efeitos. Ora, sabiam tais fazoeles e isentões que redundaria da política irresponsável e inconsequente, a do Fique em Casa, para eles a mais responsável, correta, sensata, que se poderia conceber e implementar, uma crise econômica, e dispuseram-se a pagar o preço, pelo bem da humanidade, claro. E assim foi. Tal política foi implementada em todo o território brasileiro. E a crise econômica veio, mas não com o poder destrutivo previsto: a economia brasileira caiu uns 4% em 2.020 e no decorrer do ano de 2.021 enfrentou alguns dissabores. E não demorou muito tempo muitos antibolsonaristas Fique em Casa, heróis do que se convencionou chamar de epidemia, misteriosamente, e inexplicavelmente, esqueceram-se da política intitulada "do lockdown" e trataram de culpar o então presidente do Brasil, o senhor Jair Messias Bolsonaro, pelos percalços econômicos que o Brasil enfrentava. Fenômeno curioso este. Que o Brasil tenha enfrentado apuros econômicos, é fato. Mas a culpa recair no presidente da República quando se sabe que a crise econômica foi uma consequência de uma política insana, que ele não apoiou, é algo inexplicável. Além do mais, não se pode deixar de dizer, apesar da queda do Produto Interno Bruto em 2.020 o Brasil não se deparou, nos três anos subsequentes, com nenhuma crise econômica, e entregou o presidente Jair Messias Bolsonaro para o seu sucessor um país melhor do que havia recebido de seu antecessor: o índice de desemprego menor uns três pontos percentuais, o PIB recompondo-se do tropeço de 2.020, a inflação controlada. E não há antibolsonarista que possa dizer o contrário.


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O governo dos pobres, dos justos, dos bons.


Em um certo país, cujo nome eu me recuso a escrever - e sei que tu, leitor, ao ler este comentário, que é curto, não saberás identificá-lo -, os eleitores, que são dezenas de milhões, do atual presidente, homem de sabedoria socrática, beleza apolínea, inteligência salomônica, astúcia ulisseia, charme donjuanesco, voz argentina - embora não seja ele um argentino -, sabem o que ele está a aprontar, e entendem que o que ele está a aprontar compete para o mal do povo que, supõem os inocentes ingênuos, ele beneficia com as suas políticas erráticas, e muitos dentre eles fazem que nada sabem, que de nada tomam conhecimento, que nada entendem, dão, em outras palavras, uma de joão-sem-braço, e outros, dotados de cara-de-pau indisfarçavelmente desavergonhado, tergiversam e emprestam às políticas dele valores outros que não aqueles que lhes pertencem. Não são inocentes. Nenhum deles. Sabem o que se passa em tal país, entendem o mal que se está a disseminar pelo atual governo. E por que penso tal?! Ora, os eleitores do presidente do país em questão são pessoas muito bem informadas, e de tal se orgulham; sabem o que em tal país se passa: assistem, diariamente, aos telejornais das mais importantes emissoras de televisão do país e lêem os títulos das matérias de capa dos principais jornais impressos e dos mais populares portais de internet, atividades intelectuais que fazem de tal gente pessoas muito bem informadas. Além do mais, não se pode negar, os eleitores do atual presidente da nação à qual estou a aludir, curiosos, e é a deles curiosidade irresistível, contra ela nada podem, vira e mexe acessam, nas redes sociais, páginas dos eleitores do político derrotado no mais recente pleito eleitoral, para saber o que eles estão a falar do atual presidente, de suas políticas, e de seus ministros, e nisso vêm a saber de coisas que a imprensa, a tradicional, que é confiável, que faz bom uso, porque não tem rabo preso com ninguém e não vive de verbas governamentais, da liberdade de imprensa e da de opinião, inexplicavelmente não publica, das quais não trata, e se delas trata esforça-se, inexplicavelmente, em vão, digamos a verdade, para emprestar um verniz favorável ao governo. Não há inocentes na história, que se está a escrever, de tal país. Os eleitores do atual presidente do país de que estou a tratar sabem o que se passa, e muitos deles estão constrangidos, daí o deles silêncio tumular acerca das políticas dele, mas um punhado deles, não sei se digo corretamente, corajosamente estão a subscrever-lhe publicamente as políticas malsãs, corruptas, criminosas, no que se revelam tão moralmente podres quanto o socrático, apolíneo, salomônico, odisseu e donjuanesco líder de voz argentina. Estou a me repetir. E repito: não há inocentes entre os eleitores do atual presidente do país que, estou certo, leitor, tu não és capaz, ao ler este meu comentário, de identificar.


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Floresta em chamas e inundações.


Era uma vez, um reino encantado, de povo bondoso e carinhoso. E era seu rei e sua rainha seres elegantes e charmosos sempre a ataviá-los indumentária magnifica a abrilhantar-lhes os belos, esbeltos talhes. E dentre os ministros de Estado de tal reino, uma sapiencial criatura da natureza, híbrida de quelônio e um habitante de outro planeta, diante de dois fenômenos naturais que devastavam o reino, no norte o fogo, que pulverizava a sua exuberante floresta, no sul a água, que punha submersas as suas cidades, ao povo com sua voz cativante explicou-os e discorreu acerca das medidas reais que o reino executaria para auxiliar as pessoas pelos devastadores fenômenos flagelados. E foram estas as suas palavras, que tranquilizaram todo o povo do reino encantado: "O fogo queima; a água molha. O fogo queima o que pode ser queimado; a água molha o que pode ser molhado. No norte, o fogo; no sul, a água. O fogo põe em chamas cidades e seca os rios; a água dos rios transborda e põem submersas cidades. Os dois fenômenos convergem para um, e o mesmo, ponto, que é único, e sendo único, e porque único, é indivisível, e reunidos em sua unicidade solitária transfiguram-se na ordem caleidoscópica da estrutura do cosmos, que ainda não principiou seu estado de entropia universal, vindo a perfazer um emaranhado quântico quadridimensional de sutileza equivalente à inteligência espectral de um tubo tetradimensional que abre uma fissura na tecitura enxadrezada do tecido, tricotado pela força cósmica do ovo primevo e primacial, do espaço-tempo temporal e espacialmente unificado num todo imarcescível a solidificar a constituição ígnea e aquática, quente e fria, do edifício sempiterno cujos alicerces sustentam a magnífica alma espiritual do universo e cuja arquitetura reproduz o esplendoroso intelecto da entidade celestial cujas unhas agadanhadas estão firmemente agarradas às franjas das bordas limítrofes do infinito território holográfico dos corpúsculos infinitesimais atomizados numa gigantesca construção etérea que a mente humana é incapaz de em imaginação conceber e em cognição apreender mental e psicologicamente. Estamos os ministros deste reino encantado e o rei e a rainha atentos para os males que o fogo e a água estão a realizar, e temos ciência de que temos de ao povo, que muito amamos, deste reino encantado dizer: acostume-se com o fogo e a água, o fogo a queimar, a água a molhar, pois, afinal, além de o fogo e a água serem fenômenos naturais, estamos a enfrentar mudanças climáticas irreversíveis. Habitue-se com as desgraças que a natureza está a empreender. E fortaleça-se. E para auxiliar o povo, que tanto amamos, o rei e a rainha sua consorte instituem um imposto sobre as desgraças que o fogo e a água estão ao povo a provocar; assim, com os cofres repletos de moedas de ouro, de prata e de bronze, o rei e a rainha, a secundá-los todos os seus ministros, correrão mundo a exibirem para reis e rainhas de todos os outros reinos imagens dos flagelos que atingem o nosso reino. E assim todos saberão o que em nosso reino se passa com o povo, e o povo, ciente de que o mundo sabe o que aqui se passa, encontrará a paz de espírito que com tanto ardor e fervor procura."


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A imprensa, e Bolsonaro, e Lula.


Que a imprensa brasileira tenha batido no presidente Jair Messias Bolsonaro durante os quatro anos de seu mandato, entendo. Que a imprensa brasileira não esteja batendo no presidente Luis Inácio Lula da Silva neste primeiro ano de seu mandato, não entendo. E tampouco entendo porque a imprensa, neste ano, bateu no antecessor do atual presidente. E entendo menos ainda porque a imprensa sai, açodadamente, em socorro do atual governo sempre que este se vê em maus lençóis: foi assim no caso a envolver certa ministra apontada como amiga íntima de milicianos cariocas; foi assim no caso da ação irrefletida e da realidade desconectada da vice-presidenta ao desembarcar na terra dos hindus enquanto o Rio Grandre do Sul estava submerso; foi assim no caso escabroso da respeitável senhora, cujo cônjuge é um respeitável senhor do Comando Vermelho, em visitas oficiais a representantes do governo; e é assim em relação às queimadas na Amazônica, à seca no norte do país, às enchentes no sul do país, à violência no Rio de Janeiro, na Bahia, no Rio Grande do Norte, e outras coisinhas insignificantes.

Não entendo, juro que não entendo, e juro de pés juntos (ou seria de mãos juntas?!) as posturas da imprensa, a de ontem e a de hoje. Não entendo porque a imprensa bateu no Bolsonaro, e bateu tanto, a ponto de culpá-lo por fenômenos naturais devastadores que ele não causou - e é o melhor, o mais emblemático, e o mais historicamente relevante, a extinção das girafas da Amazônia -, e porque está a agir sempre em favor do governo Lula. Não entendo. Talvez um dia eu entenda tal fenômeno, tão singular! tão inusitado!

E para encerrar este farelo: percebi que de um mês até a presente data portais da internet e sites de vídeos, que até outro dia dedicavam-se apenas a um tema, Bolsonaro, do Bolsonaro, o Jair, e da família dele, quase nada mais falam; os temas, agora, são outros: guerra entre Israel e Hamas; fissura, provocada por tremores de terra causadas pela erupção de um vulcão, no chão de uma pequena cidade da Islândia; briga, e briga feia, entre uma bela, esguia, de talhe escultural, porte helênio, modelo brasileira de nome, penso, germânico, e seu marido; acidente de avião que vitimou não sei quem; colisão entre duas espaçonaves alienígenas nos arredores da constelação de Órion; o buraco negro racista; a tempestade solar que atingirá a Terra em 2.024; e outras coisinhas mais. Parece-me que a imprensa não tem mais histórias do grotesco e do arabesco a envolverem o presidente Jair Messias Bolsonaro, e tampouco está disposta, sabe-se lá porquê, a repetir, como o vinha fazendo, aquelas histórias que explorava à exaustão e que reeditava de tempos em tempos: a das jóias; a do ráquer; a do golpismo; e sei lá eu quantas outras. Diante do que se vê, pode-se prever que daqui em diante a imprensa tenderá a bater no Lula Paz e Amor, o homem que ao povo prometeu picanha e não cumpriu a promessa?! Oxalá tal se dê! Alvíssaras!


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A mais poderosa variante covid veio, foi-se, escafedeu-se, e ninguém viu.


Há mais o que contar da extensa novela covidiana: a mais poderosa das variantes, que vareiam randomicamente, incessantemente, do covid, bicho natural, ou artificial, os estudiosos ainda não chegaram a um consenso, veio, disseram que veio, foi, e tomou chá de sumiço. Eu se esqueci de dizer que antes de vir a tal variante, a Eris G5, ou 5G, sei lá eu, talvez eu esteja a confundir alhos com bugalhos - não sei o que é bugalho, aproveito a oportunidade para dizer -, os cientistas renomados, aqueles que dizem o que as pesquisas indicam, anunciaram, para Setembro deste ano de 2.023, a chegada - de onde?! meu Deus! de onde?! - da tal Eris, aquela que viria, a pior, ou a melhor, a depender do ponto de vista - Mardito sejas, Albert! - dos filhotinhos do Covid, este, até agora os sabidos não chegaram ao entendimento, um ser natural, ou dotado de inteligente artificial, de quaisquer formas escapado, ou deixado escapar, de uma sucursal do inferno. E quando foi que lhe anunciaram a chegada as agourentas fúrias de cara de fuinha?! Antes de Setembro, obviamente. Estariam abertos, escancarados, os portões do inferno assim que a Eris principiasse a carnificina. E vaticinaram os quiromantes o Apocalipse. Mas alguma coisa deu errado, e a coisa que deu errado deu bem errado: a tal Eris, parece-me, morreu antes de nascer. Não foi uma quimera demoníaca natimorta, não. Nem nascer nasceu a maldita criatura. Estou a ponto de acreditar que toda a história não passou, diria a Emília, de uma peta, e peta mal e mal urdida. Menos mal! Azar o nosso que no ano de 2.020 aquela história cujo protagonista é o tal Covid, um conto do arco-da-velha, da carochinha, do Pedro Malazartes, pegou, colou. Engoliram-la trilhões de seres humanos. E deu no que deu. Ainda bem que, parece, o mundo despertou, acordou para a realidade, e não caiu na conversa fiada dos anunciadores do Ragnarok. Balder vive! A Serpente de Midgard dorme!

A Eris, se veio, veio, não fedeu, cheirou tampouco, foi-se, e foi-se sabe-se lá para onde, e, profetizo, jamais dará o ar de sua graça.


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Do que os humanos precisamos?


Os humanos precisamos de Robinson Crusoé e Sexta-Feira, de Odisseu, Gulliver, Mogli, de Dartagnan, Athos, Porthos e Aramis, de Quasímodo, de Sherlock Holmes e Watson, de Romeu e Julieta, de Aladin, Simbad, Pequena Sereia, Branca de Neve, Maigret, Frankenstein, Drácula, James Bond, Alice, de Dom Quixote e Sancho Pança, de Robin Hood, Pinóquio, Emília, Hari Seldon, Peter Pan, de Jekyll e Hyde, e de tantos outros personagens da literatura universal. Os humanos precisamos de mais fantasias, de mais maravilhas, de histórias que nos encantam, de aventuras que nos fazem viajar para outros tempos, outros países, outros planetas, outras galáxias, outros universos, outras dimensões, de coisas que expandem a nossa imaginação, nos façam mais receptivos às maravilhas do mundo. Não precisamos de mais teorias sociológicas, psicológicas, antropológicas, históricas, filosóficas, que nos confundem e embaralham a nossa percepção das coisas do mundo. Sequer sabemos a origem das teorias das ciências sociais - e temos de nos perguntar o que há de científico em tais ciências. Estão a nos embaciar a vista, a eclipsar o nosso entendimento, as teorias sociológicas, antropológicas e outras monstruosidades assemelhadas. Estudiosos, após décadas a se dedicarem ao estudo das coisas sociais, da história da civilzação, do comportamento humano, ao discorrerem acerca dos eventos políticos e sociais que se desenrolam diante de nossos olhos nada mais dizem do que asneiras, e daquelas bem grossas, rematadas tolices - e muita gente se deixa engabelar pelas palavras de tais sábios, e não pelos pensamentos deles, que não apreende, porque inexistentes, de tão mesmerizada pelos títulos que eles orgulhosamente ostentam. As palavras deles assumem aos olhos dos facilmente sugestionáveis ares de chaves que abrem as portas para mistérios insondáveis que só os iniciados são capazes de acessar. Muito do se lê de autoria de intelectuais e do que se ouve do que sai da boca deles nada mais é do que o canto das sereias, o som harmonioso da flauta de Hammelin - e quem não cobre os ouvidos, seduzido pelos cativantes, irresistíveis cantos e música cai em desgraça. Há exceções que confirmam a regra, é claro. Mas quem é capaz de destacar as exceções?!

As aventuras fictícias, saídas da cabeça de gente privilegiada pela imaginação, fazem-nos a nós humanos muito mais bem do que as pessoas desprovidas de imaginação podem imaginar. Que venham outros nomes a criarem outros Crusoés, Sherlocks, Dráculas, Pinóquios, Romeus, Aladins...

quinta-feira, 16 de novembro de 2023

Uma nota

 

A mais poderosa variante covid veio, foi-se, escafedeu-se, e ninguém viu.

Há mais o que contar da extensa novela covidiana: a mais poderosa das variantes, que vareiam randomicamente, incessantemente, do covid, bicho natural, ou artificial, os estudiosos ainda não chegaram a um consenso, veio, disseram que veio, foi, e tomou chá de sumiço. Eu se esqueci de dizer que antes de vir a tal variante, a Eris G5, ou 5G, sei lá eu, talvez eu esteja a confundir alhos com bugalhos - não sei o que é bugalho, aproveito a oportunidade para dizer -, os cientistas renomados, aqueles que dizem o que as pesquisas indicam, anunciaram, para Setembro deste ano de 2.023, a chegada - de onde?! meu Deus! de onde?! - da tal Eris, aquela que viria, a pior, ou a melhor, a depender do ponto de vista - Mardito sejas, Albert! - dos filhotinhos do Covid, este, até agora os sabidos não chegaram ao entendimento, um ser natural, ou dotado de inteligente artificial, de quaisquer formas escapado, ou deixado escapar, de uma sucursal do inferno. E quando foi que lhe anunciaram a chegada as agourentas fúrias de cara de fuinha?! Antes de Setembro, obviamente. Estariam abertas, escancaradas, os portões do inferno assim que a Eris principiasse a carnificina. E vaticinaram os quiromantes o Apocalipse. Mas alguma coisa deu errado, e a coisa que deu errado deu bem errado: a tal Eris, parece-me, morreu antes de nascer. Não foi uma quimera demoníaca natimorta, não. Nem nascer nasceu a maldita criatura. Estou a ponto de acreditar que toda a história não passou, diria a Emília, de uma peta, e peta mal e mal urdida. Menos mal! Azar o nosso que no ano de 2.020 aquela história cujo protagonista é o tal Covid, um conto do arco-da-velha, da carochinha, do Pedro Malazartes, pegou, colou. Engoliram-la trilhões de seres humanos. E deu no que deu. Ainda bem que, parece, o mundo despertou, acordou para a realidade, e não caiu na conversa fiada dos anunciadores do Ragnarok. Balder vive! A Serpente de Midgard dorme!

A Eris, se veio, veio, não fedeu, cheirou tampouco, foi-se, e foi-se sabe-se lá para onde, e, profetizo, jamais dará o ar de sua graça.

quarta-feira, 15 de novembro de 2023

Notas

 



A Pantera Cor de Rosa - Diamantes da Pantera (Pink Panther - Pink Ice) - desenho animado.


Neste desenho animado animadamente desenhado, a heróica pantera, a única pantera cor de rosa que existe em toda a galáxia, presumo, bate-se com dois tipos extravagantes da Minas de Diamantes De Boor Limitada. E é a famosíssima pantera a proprietária da Minas de Diamantes da Pantera.

Em pé-de-guerra, num jogo de gato-e-rato recheado de disparates, os antagonistas digladiam-se, tiroteiam-se, até que, enfim, o fim se faz presente.

Não conto o fim deste conto animado, uma aventura, ouso dizer, amalucada, que segue a lei natural - ou artificial, não sei - que os bons contadores de histórias jamais desrespeitam: conta com personagens em eterno conflito.

Não conta este desenho animado uma insossa história de um cão e seu tapete; conta uma animada, intrigante, aventurosa trama que envolve um cão, e seu tapete, e um gato, que se apossou, inadvertidamente, do tapete do cão - aqui, uma paráfrase de umas palavras atribuídas a John Le Carré, o pai do George Smiley, rival do James Bond.


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Tarzan - Tarzan e os Vikings (Tarzan, Lord of the Jungle) - desenho animado.


Tarzan, o Rei das Selvas, das selvas africanas, e não  das asiáticas, e tampouco das americanas, enfrenta crudelíssimos viquingues, que desafortunadamente cruzam-lhe o caminho numa exuberante selva do coração da África, e bem no coração dela, mesmo, fazendo do mais civilizadamente selvagem súdito da rainha escravo, sem saberem que é ele, o homem dos macacos, o amado da belíssima e fiel Jane, Penélope rediviva, o homem de voz tonitruante, que, com um vigoroso hausto, enche de  energia incomum seus poderosos pulmões protegidos por um tórax avantajado, hercúleo, pétreo, dir-se-ia invulnerável, e emite um sonoro grito de guerra, que ecoa por todo o continente de ébano, um exemplar espécime humano que tem na liberdade o seu bem maior. É Tarzan um escravo, um escravo altivo, nobre, da realeza, e sábio, um aristocrata, que aceita representar, por razões que a sua consciência lhe determinou, o papel que lhe atribuíram.

O chefe da vila viquingue dá à sua filha, Karina, Tarzan de presente, Karina, cuja mão está prometida a Törval - que ambiciona a liderança da vila - e cujo coração pertence ao jovem Tiór, que, sendo filho do conselheiro de Eric, dela não merecia a mão. Envolve-se a mais famosa criatura de Edgar Rice Burroughs, este, rival de Rudyard Kipling, aquela, do Mogli, numa trama traiçoeira, romanticamente amorosa,  vindo a quase perder a vida.

Sucedem-se os eventos, de cuja sequência Tarzan não tem o controle, até a cena derradeira, que, tu já sabes, leitor, é do agrado dos heróis da aventura e contrária aos vilões.

Que tu me perdoes, leitor, se registrei com a ortografia incorreta os nomes dos personagens que coadjuvam o Rei das Selvas e o que o antagoniza - o áudio da versão que assisti é uma lástima.


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Seguindo o caminho do meio?


Se a pessoa diz estar a ver os eventos com isenção, mantendo-se equidistante dos dois personagens em conflito, mas sempre se inclina em favor de um deles, então não é isenta, não está seguindo o tão propalado caminho do meio, do equilíbrio, que ela tão orgulhosamente divulga, e mesmo que se esforce para se exibir como uma observadora desapaixonada dos eventos as pessoas agraciadas com astúcia, e que seja a astúcia a do Chapolin Colorado, percebem que desapaixonada ela não é e, pior, ou melhor, que ela está a se esconder sua verdadeira face atrás de uma translúcida máscara.


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O anticapitalista.


- Temos de acabar com o capitalismo, que destrói todas as sociedades, todos os países.

- Os Estados Unidos, capitalistas...

- Os estadunidenses são injustos, inescrupulosos. Nos Estados Unidos há injustiça, desigualdade de renda, poucos têm muito e muitos têm pouco.

- Pessoas de todo o mundo, muitas de países governados pela esquerda, emigram para a terra do Tio Sam, muitas delas nos Estâites entram, arriscando-se, ilegalmente, mas os americanos...

- Nos Estados Unidos há muita injustiça.

- O capitalismo tem, lá, as suas deficiências, que ninguém ignora. Os Estados Unidos que o digam. Mas nos países onde capitalismo não há, onde o capitalismo ou nem chegou, ou neles chegando deles foi expulso, o povo vive mal, de mal a pior, come o pão-que-o-diabo-amassou e ratos de esgoto. Um bom exemplo, talvez o melhor que eu poderia mencionar, é a Venezuela. Lá não há capitalismo, e a...

- Você é um supremacista branco genocida nazifascista.

- Ora, vá para Cuba!

- Deixe de ser ignorante, racista! Você não tem argumentos para apresentar, e na falta de argumentos, estupida e imbecilmente me ofende, me xinga, deseja-me o mal, a minha perdição. E por quê?! Porque você é um genocida.

- Quê?! Quero-te eu mal?! A tua perdição?! 'migão. Quero-te bem, o teu bem. Se estou te mandando para Cuba, e se Cuba é um paraíso... Por que te irritaste?! Quero-te bem! Quero que tu vivas no paraíso socialista castrista, no universo o melhor lugar onde os seres humanos podem viver. Não há outro igual. E para dar fim à nossa conversa infrutífera: não te entendo: tu, que és um anticapitalista, sabes que a Venezuela, país de cujo território o capitalismo, o pouco de capitalismo que lá havia, foi extraído, e sem dificuldades significativas, diga-se a verdade, quer extrair do Brasil o pouco de capitalismo que aqui há na certeza de que aqui, se aqui não houver capitalismo, não mais haverá injustiça, desigualdade de renda, e coisa e tal. 'tá bom, então, 'migão! Tu acreditas que, uma política anticapitalista em terras brasileiras produzirá uma realidade diferente da que a política anticapitalista de Hugo Chávez e Nicolás Maduro produziu na Venezuela. O que tu fumas?!


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A popularidade do Lula e a economia brasileira e os feriados.


Declara certa imprensa, confiável que só ela, de viva voz, e com todas as letras, e mais algumas de sua invenção, que o presidente Lula é popular, conta com o apoio de 60% da população brasileira. Mas onde está toda essa gente que o apóia?! Lula concede entrevistas, e os trilhões de adoradores dele não se dispõem a ouvir-lhe a voz, voz sapiencial, divina; o 7 de Setembro deste ano, um fiasco: os fazoeles não resgataram os símbolos nacionais que o Bolsonaro e seu soldados haviam sequestrado; e o Lula não aparece em locais públicos abertos - só dá o ar de sua graça e exibe a sua beleza apolínea, no interior de prédios protegidos por um batalhão de seguranças, para os seus companheiros e companheiras de jornada, dentre estes, a principal, a vice-presidenta. Pergunto-me porque trilhões de brasileiros depositaram voto no Lula. E a resposta que me aflora a massa cinzenta é esclarecedora: foram várias as razões, nenhuma delas boa: inveja pelos mais bem aquinhoados pela fortuna e pela natureza, ódio pela civilização, presunção doentia de superioridade moral, paladinos que são, exclusivos, da Justiça, da Liberdade, da Democracia, amor doentio pelos bandidos, e etecétera e tal.

E a economia brasileira vai bem?! Vai. Na opinião de quem?! Até há poucos dias ouvi fazoeles declararem que vai a economia brasileira de vento em popa; que está o Real valorizado, e o Dólar desvalorizado; que a taxa de desemprego caiu, e caiu absurdamente; que isso e aquilo; e que, o mais importante, o PIB brasileiro crescerá, neste ano de 2.023, uns 3%, talvez mais. Fantástico. A economia brasileira 'tá que 'tá. Eu estava a ponto de acreditar, é verdade, sou sincero, em toda essa ladainha, mas... mas... ouvi o Lula dizer, com as palavras dele, sapienciais, divinas, de um homem sem pecados, que o desempenho da economia brasileira, neste ano, não é lá essas coisas porque neste ano foram muitos os feriados prolongados. Ah! Sim! Se é assim, então 'tá, então. Quem sou eu para divergir do mais sábio dos homens, o salvador do Brasil?! E ele, o Lula, ancião venerável da estirpe de Salomão, profetizou: em 2.024, ano em que poucos serão os feriados em dias úteis (e sábado e domingo são inúteis?!), a economia brasileira bai bombar. Vai?! Vai. Lula disse que vai; se disse que vai, 'tá dito: vai. E que ninguém ouse contestar o, e rir tampouco do, homem sem pecados. E se a economia brasileira não crescer, e crescer maravilhosamente bem, em 2.024?! Ora, uma coisa é certa: Lula acertou, pois é infalível, ao profetizar, para 2.024, crescimento robusto da economia brasileira, ninguém há de negar; o mundo é que, não lhe comprendendo as palavras, contrariou a profecia. Além do mais, os capitalistas e a classe média, seres corruptos, inescrupulosos, supremacistas brancos loiros, de olhos azuis...

sexta-feira, 10 de novembro de 2023

Farelos


Piruás e Farelos - volume 15.

Críticos de cinema?

É difícil encontrar, nas publicações culturais, uma crítica de cinema que fale de cinema. Difícil, ou impossível? Lê-se comentários enviesados acerca de filmes, e nenhuma observação percuciente do teor deles. Melhor: lê-se palavras acerca de quaisquer coisas que nenhuma relação têm com filmes. Pior: lê-se palavras saídas das cabeças dos redatores dos textos que são supostamente resenhas dos filmes supostamente analisados e comentados. Dias destes, li uma reportagem acerca de um filme que o autor da reportagem não havia assistido. De qual filme o autor da reportagem tratou em seu texto? De nenhum, afinal ele não havia assistido ao filme. Afinal, do que ele falou então?! Sei lá; mas do filme não foi, tenho certeza. E ele falou bem do filme que não assistiu? Não, pois, segundo o distinto autor, o filme é repleto de masculinidade tóxica, branquitude supremacista, xenofobia, religiosidade fundamentalista e fanática - cristã, obviamente -, teoria da conspiração da ultradireita evangélica, e etecétera, e tal. E o que tem o filme? Respeito à família, atos heróicos de um homem que se arrisca para salvar crianças, policiais honestos, pais decentes, bandidos retratados como bandidos, e etecétera, e tal.

Muitos críticos de cinema não se interessam por cinema, não falam de cinema, de cinema nada sabem. Não falam da produção, do enredo, e dos atores, da cenografia, do diretor, da computação gráfica... Enfim, não falam de filmes. Descarregam um jato abundante de palavras que refletem o ódio que lhes corrói o espírito, em alguns casos revestidos com um palavreado insano - que para muita gente reserva superior acuidade intelectual -, revelando-se seres de cabeça entupida de estupidez (eu estava para escrever "de ideologia", mas corrigi-me a tempo).

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Planta carnívora.

Existe planta carnívora vegana?

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Prova do Éh-Nem.

Questão de Gramática.

1) Na frase "João engoliu um prego." João é:

a - Burro.

b - Idiota.

c - Filho bastardo do Magneto.

d - Objeto indireto do verbo defectivo do pretérito mais-que-perfeito do gerúndio do sujeito transitivo composto do complemento adnominal da interjeição adversativa condicional.

e - um reptiliano.

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Questão de biologia.

1) Indique a alternativa com uma lista de um animal.

a - fósforo.

b - telefone celular.

c - pneu.

d - míssil balístico intercontinental.

e - pasta de dentes.

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Questão de matemática.

1) Qual é a metade da terça parte do quádruplo da raiz cúbica do quadrado da distância entre dois pontos da reta da hipotenusa de um triângulo escaleno cujo cosseno é menor do que o seno e cujo ângulo é agudo?

a - o triplo do quadrado da distância entre dois pontos.

b - a metade da raiz cúbica do dobro da distância.

c - o triplo do diâmetro de um círculo inserido num quadrado cujo perímetro é o dobro da raiz quadrada do quociente.

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Revistas em quadrinhos da Disney e a minha infância.

Foi no tempo da minha infância, da minha infância querida, já passadas as minhas dez primaveras, eu a divertir-me com as estripulias do Pato Donald, do Mickey, do Pateta, do Peninha, e de tantos outros personagens do amado panteão do universo Disney. Estripulias relatadas em quadrinhos e em animações, aqueles e estas divertidamente, e graciosamente, animadas. Bons tempos. Tempos tão bons! em que li milhares de histórias em quadrinhos da Disney, de uma época em que ela fazia boas histórias. E nesta época, ou depois, falha-me a memória, eu já um moço a exibir meu incipiente buço, li quadrinhos Disney protagonizados, dentre outros personagens, pelo Super Pato, que desde sempre chamou-me a atenção pela seriedade das aventuras, que contrastavam com as de outros heróis Disney, o Superpateta, o Morcego Vermelho e o Morcego Verde. São ótimas tais histórias - e não há muito li algumas delas, e diverti-me. Ora, porque estou na casa dos "enta" não tenho o direito de me entreter com a leitura de gibis?!

E digo-te, querido leitor: os super-heróis da Disney são os melhores que há, superam os da D.C. e os da Marvel, e até os da Hanna-Barbera.

Aproveito a ocasião para anotar uma curiosidade: o Morcego Vermelho e o Morcego Verde são criações do brasileiro Ivan Saidenberg - e as histórias de tais personagens são pra lá de hilárias.

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Agnaldo Rayol

Agnalo Rayol tem um vozeirão de encantar multidões. Minha mãe e minhas tias são fãs de carteirinha dele. É triste saber que a imprensa o relegou ao ostracismo, o preteriu por nulidades.

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Inflação faz bem. Explicação científica.

Pensemos: se a inflação sobe, a moeda perde valor; se a moeda perde valor, e a pessoa vai às compras sempre com a mesma quantidade de moedas, comprando, portanto, menos coisas, então ela gasta a mesma quantidade de moedas que gastava anteriormente, e não mais, afinal a moeda tem menos valor, o que no final das contas é bom. Conclusão: inflação beneficia todo mundo.

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Bandidolatria explícita.

A bandidolatria cresce como erva daninha, em nosso querido Brasil - e em outros países também, presumo -, a três por dois. Sinto que o sentimento bandidólatra está incrustado no espírito de milhões de brasileiros. Impressiona-me a sem-razão do amor, doentio, eu digo, de muita gente pelos bandidos. E pergunto-me, intrigado, e preocupado, a que se deve tal fenômeno. Seria a consequência da inserção de idéias revolucionárias favoráveis aos bandidos na mente das pessoas via novelas televisivas, filmes, bancos escolares, revistas em quadrinhos, videogames, músicas e outros meios? Se é esta a resposta correta, cabe adicionar: então as idéias pró-bandidos encontram um ambiente receptivo no espírito de milhões de brasileiros - se assim não fosse, elas não se disseminariam sem se deparar com obstáculos intransponíveis.

Se está, hoje, a sociedade brasileira corroída, não houve, ontem, resistência, não com a força apropriada, ao avanço da bandidolatria. Além do mais, os bandidos contam com muitos cúmplices nas altas esferas do poder. Os poderosos, se inescrupulosos, só têm a ganhar com a bandidolatria, que põe medo nas pessoas. E pessoas amedrontadas aceitam, em nome da segurança, toda e qualquer arbitrariedade das autoridades constituídas, sendo que muitas destas, criminosos, irão, assim que o desejarem, seviciá-las.

É lamentável, mas é o que se vê em terras de Cacambo e Lindóia: milhões de pessoas que vivem de pequenos golpes, de traições, de jeitinhos oportunistas, de furar os olhos dos amigos, de puxar o tapete de colegas, adoram, amam de paixão os bandidos.

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Sistema escolar que vale a pena.

Seria bom, e um bem para toda pessoa, se o sistema escolar não tivesse amarras ideológicas e se fosse o objetivo primordial, o único, daqueles que o elaboraram, o engrandecimento espiritual, moral, psicológico, intelectual, cultural dos alunos - e, também, dos professores.

No sistema escolar que vale a pena os professores têm exemplar formação, estão cientes das suas responsabilidades, e das suas formação intelectual e cultural - sabem o ue sabem e o que não sabem, sabem o que aprenderam e o que não aprenderam, e sabem se estão, ou não, conscientes do seu papel e da sua postura em sala-de-sala, sabem ponderar acerca de si mesmos, de sua formação, e não se deixam usarem, sem que de tal se conscientizem, como instrumentos de manipulação do espírito dos alunos e de subversão social.

Para encerrar este piruá esfarelado: nas escolas brasileiras, com as exceções que confirmam a regra, não há ambiente que ofereça meios para os alunos desenvolverem todo o seu potencial; o ambiente escolar, ficamos eu e tu, leitor, com este segredo de polichinelo, não é favorável aos alunos estudiosos e inteligentes, que são discriminados, inclusive por professores, os que, acreditando que todos são iguais, e não podendo elevar os alunos que não foram agraciados com a inteligência ao nível dos alunos inteligentes, abaixam estes ao nível daqueles, e assim, igualando-os todos num nível baixo, promovem, acreditam, a justiça social que apreenderam dos livros dos bem-pensantes revolucionários que estão a erguer o outro mundo, o melhor, o sem fronteiras, o em que há pontes ligando todos os povos.

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Prova do Éh-Nem - quatro novas questões.

Questão de Gramática.

2) Na frase "João disse para José que a Maria comeu a bolacha que a mãe do Carlos dera para a Renata." a bolacha é:

a - salgada.

b - doce.

c - amanteigada com recheio de limão.

d - cream cracker.

e - de laranja com gotas de chocolate.

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Questão de Astronomia.

1) Dos nove planetas do sistema solar qual é o décimo?

a) Zodíaco.

b) Aretusa.

c) Gorgonzola.

d) Arquimedes.

e) Chinfrim.

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Questão de Geografia.

1) Qual país está ao norte do país que está ao leste do país que está ao sul do país de cujo principal rio a foz desemboca no oceano de águas salgadas?

a) Lilipute.

b) Atlântida.

c) Saturno.

d) Andrômeda.

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Questão de lógica.

1) Leia com atenção o texto: "Além de filósofo, e filósofo grego, Sócrates foi jogador de futebol de um time brasileiro."

Considerando o texto acima, responda: Em que período de sua vida Sócrates filosofou?

a) antes de iniciar sua carreira de futebolista.

b) antes de iniciar, e depois de encerrar, sua carreira de futebolista.

c) antes de iniciar, e de encerrar, sua carreira de futebolista.

d) antes de iniciar, e de encerrar, e depois de encerrar, sua carreira de futebolista.

d) antes, e depois, de iniciar, e antes de encerrar, sua carreira de futebolista.

e) antes, e depois, de iniciar, e de encerrar, sua carreira de futebolista.

f) depois de iniciar sua carreira de futebolista.

g) depois de iniciar, e antes de encerrar, sua carreira de futebolista.

h) depois de iniciar, e de encerrar, sua carreira de futebolista.

i) depois de iniciar, e antes, e depois, de encerrar, sua carreira de futebolista.

j) antes de encerrar sua carreira de futebolista.

k) antes, e depois, de encerrar sua carreira de futebolista.

l) depois de encerrar sua carreira de futebolista.

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Melhorando os índices educacionais.

Toda pessoa que almeja melhorar o sistema educacional sabe o que tem de fazer para melhorá-lo: melhorá-lo. E para melhorá-lo, melhora-o, com a responsabilidade que a questão pede, com as seguintes medidas - e sem titubear, e sem tatibitate, e mandando às favas o bom-senso, esta quimera escatológica medievalista do homem conservador:

1) Se o índice de matrícula escolar é baixo, matricula-se nas escolas todo mundo, inclusive os cachorros e os gatos de estimação dos humanos matriculados - e se os bípedes implumes têm de estimação sapos, lagartixas, porcos, patos, galinhas, jacarés e outros seres terrestres, aéreos e aquáticos, matricula-se todos eles também;

2) Se o índice de repetência escolar é alto, passa-se todo aluno de ano letivo - e sem se esquecer dos patos, das galinhas, de outros bípedes e de outras criaturas matriculadas, todas animais de estimação dos seres humanos matriculados;

3) Se o índice de abandono escolar é alto, rasga-se as matrículas dos alunos que abandonaram a escola (sem se esquecer que dentre os alunos há animais de estimação matriculados) - assim, ignorando-se a existência deles, dá-se como se eles jamais tivessem existido;

4) Se poucos alunos conseguem acesso às universidades devido às exigências, que estão além da capacidade intelectual da maioria dos candidatos, reduz-se as exigências a um nível tão baixo que até os animais de estimação, e muitos seres humanos, possam cumpri-las;

5) Se poucos alunos universitários completam o curso, aprova-se toda e qualquer tese que os alunos apresentam à banca examinadora; e,

6) Se os alunos nada estudam, e porque nada estudam nada aprendem, altera-se o significado de "estudar" e "aprender", comprendendo que tais palavras significam quaisquer coisas, a depender da vontade de quem as define.

Piruás


Piruás e Farelos - volume 13

É o governo do amor. Ou: Uma explicação para o aumento da violência.

É o amooooorrrrr... Desconheço as outras linhas da letra da música - cantada em prosa e verso por uma dupla sertaneja cujo paradeiro ignoro, e tampouco sei por onde andam os dois cantores que a compõem - que, até outro dia, era uma das mais ouvidas do Oiapoque ao Chui.

A conversa, agora, que se ouve nos círculos sociais das pessoas que estão, acima do bem e do mal, a defenderem o governo do amor, vai nesta toada: "Hoje mata-se mais pessoas do que se matava antes, mas nasce-se mais pessoas do que antes se nascia; portanto, está o Brasil do bom indo para o melhor. Entenda: o índice de assassinatos, embora tenha aumentado, proporcionalmente à população, e absolutamente, diminuiu porque estão a nascer brasileiros que jamais tinham nascido, o que é um sinal da melhora dos índices sociais relativos à democratização popular da supressão à vida de pessoas humanas brasileiras e da à de outras espécimes de seres bípedes que porventura se encontrem, afortunadamente, em território brasileiro.". Eis outro exemplo da explicação que se dá ao que se deseja explicar: "Mata-se mais pessoas, hoje, no Brasil, porque há mais pessoas para ser matadas, e há mais pessoas porque o governo está melhorando os índices de nascimento, o que indica que o índice de assassinatos, mesmo que tenha aumentado, diminuiu porque o aumento dos assassinatos está diretamente associado às mudanças climáticas, que interferem nas políticas civilizacionárias cujo objetivo é escurecer a problemática socioambiental psicoantropológica dos preconceitos raciais da cultura binária do buraco negro cuja origem é a masculinidade tóxica da branquitude eurocêntrica."

... e assim caminha a humanidade.

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Israel e os militantes ativistas.

Os militantes esquerdistas, que militam, ativamente, pois são ativistas, e os ativistas, sabe quem tem, se pouco, dois neurônios, ambos os dois funcionais, militam, já se manifestaram, para surpresa de ninguém, contra Israel, país contra o qual sempre, indefectivelmente, infalivelmente, aconteça o que acontecer, e também quando nada acontece, se atiram, a esgoelarem-se, a tripudiarem, a ejacularem sandices sem fim, e sem começo, diga-se de passagem, embrulhadas com, ou a embrulhar, não sei, uma dose cavalar elefantina de ódio pelos judeus, e não apenas por eles: por toda a civilização alicerçada na cultura judaica e cristã e grega e romana condimentadas com pitadas, que não são desprezíveis, de tempero cultural sumério, babilônio, egipcio, hindu, árabe, atlântida, kriptoniano, troiano, hitita, asteca e liliputiano.

Militam ativamente os ativistas militantes, sempre estupidamente e idiotamente, em favor dos personagens os mais vis da história, certos de que estão indo ao encontro da civilização suprema, a perfeita, aquela que em imaginação concebem e a qual, acreditam, crédulos, talvez ingênuos e inocentes, não sei, pode vir a ser - quando? num futuro que sempre está por vir - um elemento da realidade tangível. Pusessem a mão na cabeça, ponderassem que fosse a respeito do que quer que seja durante, no mínimo, um milésimo de segundo, saberiam que estão a serem guiados por gente que delas usam e abusam, fazendo-as meros bonecos descartáveis. Mas pensar não é o forte dos militantes ativistas que ativamente militam.

E o governo brasileiro?! Qual é o seu papel na história que ora se desenrola diante de nossos olhos e cuja narração chega-nos aos ouvidos?! Não sei, mas posso cogitar: seja qual for o seu papel, e o seu papel não é imaculado, está o governo - e que ninguém o apelido de "anão diplomático", pois apodando-o com tal alcunha está a se desrespeitar os anões - em maus lençóis, a equilibrar-se, e mal, e desajeitadamente, na corda bamba. O Biden - Baiden, para os da terra do Policarpo Quaresma - não morre de amores por Israel, mas para ele estende a mão amiga (se o faz ou por cálculo político, ou por sinceridade, não sei - talvez seja o seu fim o fim do mundo, ou, assim entendem algumas pessoas dedicadas ao estudo do assunto, arrebatar aos americanos uns trocados para si e seus aliados), indo, portanto, pelo menos é o que dá a entender para o grande, distinto, adorável público, contra o Hamas. E o governo do Brasil faz o quê?! Quem o governo brasileiro bajula?! Quem?! O governo brasileiro diz o que diz e o que diz vai em favor do Hamas e diz que não disse o que disse e que Israel isso e aquilo e a paz e a fome aquilo e isso e que há esperança se os povos se respeitarem e desce uma cacetada na cabeça de Israel e diz que não sei o que e que o que disse... Que os diplomatas brasileiros tenham o bom-senso de agir em harmonia com os valores do Barão do Rio Branco.

E antes do ponto final: o Hezzbolah (ou Hezbolah, ou Hezbollah, ou Hezzbollah, ou Ebola?!) que, disse-me um passarinho, é mais poderoso do que o Hamas, pode atacar Israel, a qualquer momento, pelo norte. "Pelo norte da onde?", pergunta-o leitor distraído. "Pelo norte de Israel, ora bolas!", respondo-lhe distraidamente. E já entraram em cena o Jihad Islâmica, um grupo de seres amáveis, que disparou uns mísseis não sei para onde, e, direto do Iêmen, um tal de Hutti (ou Hottis, ou Houttis - por Tutatis!).

Diante da encenação teatral, que pode vir a se converter numa guerra que pedirá um Homero para contá-la em hexâmetros dactílicos, nada podemos fazer além de assistir às cenas, e rezar para que não haja um dilúvio universal de bombas.

Eu estava para encerrar este farelo quando me lembrei que tenho de dizer que tudo indica que os militantes ativistas e os ativistas militantes, aqueles e estes a militarem ativamente, escaparam à camisa-de-força que os conservavam trancafiados, para a segurança cada qual de si mesmo e, principalmente, a dos outros cidadãos, em celas do Asilo Arkham.

Agora, sim, encerro este farelo.

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Violência no Brasil: a culpa não é do governo.

A violência aumenta no Rio de Janeiro, que continua lindo, diz-se por aí, e por aqui também. Bandidos ateiam fogo em dezenas de ônibus, aterrotizando as pessoas. E o governo... Governo?! Que que tem o governo?! O governo culpa não tem. Deixemos de mentiras! Que obsessão da gente de má-fé pelo governo! Sempre que coisa ruim acontece no Brasil, culpa-se o governo. Os governos anteriores, sim, tinham culpa no cartório; o atual, não. Estamos sob o governo do amor, da pátria amada, e não da pátria armada. Estamos sob a égide da harmonia, de um tempo sem polarização, num tempo de paz e tolerância e respeito entre os homens. Que as pessoas deixem de má-fé! O aumento da violência, que se vê, além do Rio de Janeiro, que continua lindo, sim! na Bahia e no Rio Grande do Norte é consequência da política colonialista do Pedro Álvares Cabral, e das missões do Padre José de Anchieta, e do imperialismo cultural eurocêntrico do Dom Pedro II. E digo mais: as políticas, as do governo atual, inspiradas nos livros de autores socialistas e comunistas, políticas que os políticos estabeleceram no Brasil, nenhuma influência negativa têm na sociedade brasileira. Os problemas que o Brasil enfrenta vêm de séculos; são de responsabilidade exclusiva dos portugueses, que há trocentos anos... Ninguém de boa formação universitária desconhece a história. Não vejo razão para repetir, aqui, o que todos sabemos. Com as minhas elegância e decência de homem de formação universitária, emblema do meu elevado intelecto, e da minha elevada cultura, e da minha suprema autoridade moral, e a minha humildade, que me permite dizer, humildemente, que sou a pessoa mais humilde do mundo, digo, certo da minha certeza: todos os males que flagelam os brasileiros têm a sua origem na cultura supremacista branca européia de matriz religiosa cristã e filosófica grega e jurídica romana. E para encerrar: as políticas do atual governo nenhum impacto negativo têm na sociedade brasileira.

E tenho dito! Eu, que sou um homem da paz e do amor, eu, que sou um homem que se sacrifica para construir o outro mundo possível, eu, que sou um paladino da Democracia, e da Liberdade, e da Justiça, sei o que se tem de fazer para se concretizar o sonho de todos os humanos, pois sou humilde, sou um herói, sou um guerreiro da humanidade, sou um homem honrado que bravamente se bate contra os fascitas e os nazistas, que querem escravizar o povo brasileiro. Eu, que sei o que é do interesse dos brasileiros, defendo as pautas democráticas, sendo a principal delas, a sua pedra angular, a que consiste na eliminação das pessoas que disseminam inverdades acerca das consequências das justas e humanitárias políticas do atual governo, que, do amor e da paz, está a construir um Brasil justo e harmonioso.

E que fique bem claro aos desavisados: todos os males que enfrentamos são da inteira responsabilidade do Pedro Álvares Cabral, do Padre Anchieta e do Dom Pedro II. Que ninguém ouse me dizer que o atual governo está a ir em prejuízo dos brasileiros! Ora, sabemos que está o atual governo, cujo chefe é o mais digno dos homens, um ser de nobreza singular, de sabedoria infalível, a lutar contra os da branquitude européia racista e genocida, os da classe média, que eu odeio! odeio! odeio! as pessoas que não vêem lógica no assalto e os agropecuaristas fascistas. Logo chegará o dia em que não mais cruzaremos o caminho de tais seres, indignos de viverem entre as pessoas humanas, e neste dia, que está próximo, viveremos na sociedade justa e democrática com que sonhamos e que estamos, corajosamente, a construir.

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O Estado e a violência.

Ao Estado não atribuo a exclusividade pela violência que nos assola - pois é o Estado uma abstração, e nada mais, e tal qual qualquer outra abstração não faz nem fu nem fa - ou se diz nem fa nem fu?! Atribuo a homens de má índole a violência; muitos deles, usando das engrenagens do Estado, promovem o que há de pior no ser humano, dão cartaz aos bandidos, facilitam-lhes a vida, e até os enaltecem ao pô-los na conta de criaturas imaculadas vítimas da sociedade corrupta e corruptora - nasceram bonzinhos os coitadinhos rousseanos, mas a civilização fez-lhes tanto mal que decidiram roubar, estuprar, matar para externarem o desespero e a desesperança que lhes adoecem o espírito de criaturas genuinamente bondosas em seu estado natural. Tadinhos! Os homens que movem as engrenagens do Estado, se moralmente corruptos, indignos de figurarem na galeria de seres humanos, avalizam crimes, inclusive os mais horrendos; se dotados de nobreza de caráter, punem, com o rigor de leis sancionadas sob a égide da Justiça, os criminosos.

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Esclarecer é esclarecer e escurecer é esclarecer, então... Que doideira!

- Com a voz de uma entidade celestial, uma digníssima senhora, do alto de sua elevada estatura sapiencial, emitiu uma das suas sentenças professorais, que se inscreveu no livro universal em cujas páginas estarão para sempre registrada, e consiste tal sentença numa simples mensagem, que, porque simples, transparece a sabedoria, que é ingente, irrivalizada, comum às deidades sempiternas que ordenam as estruturas do cosmos, mensagem a repreender, imbuída da razão universal, os homens estupidificados pelos vícios modernos, de cuja multiplicidade é uma de suas contituintes o racismo, que se reveste de inabarcáveis invólucros para se passar despercebido dos humanos desapercebidos de sabedoria, seres humanos que, em sua quintessência, desvigorados pelos males modernos, incontinentes, incontinentis arrastam-se maliciosa e despudoradamente com o fim de empreenderem o propósito, que é-lhes o escopo, o de fazerem-se dignos de, e sem que os admoestem os sábios, e revelando-se almas carcomidas, reverência no momento mesmo em que emitem palavras putrefatas que trazem em seu bojo o ódio intrínseco à alma, ódio que é-lhes inato, e eles o estimam, e um dos elementos que lhe emprestam, num tom de inocência farseca, é a naturalidade da sua postura, caricatura de uma alma pura, conduta a ocultar, de olhos destreinados de espíritos desatentos, a maldade que é-lhes a coisa mais natural.

- Por que tu falas, ô, amigão, assim, de um jeito todo jeitoso, como se falasse de uma coisa, assim, coisada?! Tu não sabes usar a linguagem de gente, não?! De que planeta tu vieste, pouca-sombra esmilinguido?!

- Uso um estilo literário apuradamente encomiástico porque estou a falar de uma personalidade superior, e não de reles seres humanos. Fosse outra a personagem, eu usaria de linguagem rasteira, chã, a apropriada para tratar de criaturas insignificantes. Não é este, no entanto, o caso, aqui: estou a falar de uma entidade suprema.

- Eita! Onde amarrei a minha égua?! Que diabos! Fala linguagem de gente, homem! Por que tanto enfeite?!

- Destaca-se: a digna senhora, entidade celestial, expôs uma das incontáveis artimanhas que os energúmenos sevandijas, aviltados pela cultura racista que preenche todos os interstícios da estrutura do edifício da civilização moderna, empregam em suas expressões diárias o verbo "esclarecer" quando estão a declarar que tem de se eliminar confusão acerca de determinada questão, iluminá-la, associando luz com a raça branca, e, por conseguintemente, a escuridão com a falta de luz, entendendo ser, então, confusão apanágio da raça negra.

- Não entendi nadinha de nada, doutor. Esclareças o que queres dizer, porque não entendi uma virgula do que tu disseste.

- "Esclareças..." Ora, tu estás viciado...

- ... em cerveja e em pinga, sim, confesso. E em churrasco, também.

- Uma pessoa diz para o seu interlocutor: "Vou esclarecer a questão que te atormenta." "Esclarecer", na frase, é sinônimo de "clarear", e "clarear" tem o sentido de "ficar branco", e "ficar branco" de "adquirir beleza, harmonia, limpeza". Seria o mesmo que dizer "Vou deixar branca a questão.", isto é, limpá-la, dar-lhe luz. Aqui, vê-se, a cor branca indica limpeza. E é o oposto de "limpeza" "sujeira"; se "limpeza" é sinônimo de "branco", e se "branco" remete à raça branca, então o antônimo de "branco", "preto", que remete à raça negra, é sinônimo de "sujeira", o antônimo de "limpeza". Então, ao se falar "Vou esclarecer a questão." está-se a expôr a mentalidade racista que todos os que não estão imbuídos do conhecimento superior assimilaram no momento cada qual de sua concepção, e a querer dizer, automaticamente, que se se substituir na frase "esclarecer" por "escurecer" está-se a afirmar que é o verbo "escurecer" algo repulsivo, pois não elimina a confusão, e se está "escurecer" naturalmente atrelado à raça negra, então, conclui-se, é a raça negra visceralmente inferior à branca. É este o pensamento racista subjacente à frase que estudamos.

- Que trem doido! Coitada da maria-fumaça! Aonde iremos parar se seguirmos nesta toada?

- Temos de suprimir à linguagem as palavras e as frases inegavelmente racistas. Infelizmente, muitas pessoas as repetem, todo dia, sem sabererem que estão a emitir uma herança cultural racista. E para acabar com o racismo natural temos de alterar o significado das palavras. A palavra "escurecer", que tem o sentido oposto ao de "esclarecer", que é racista, tem de adquirir um sentido anti-racista, e assim, assumindo o sentido de limpar, iluminar, na frase, substituindo-se "esclarececer" por "escurecer", "Escurecer a questão.", "escurecer" adquire o sentido de iluminar, limpar.

- Não entendi uma coisa desse trem que tu disseste. Não sou mineiro; sou paulista, mas digo "trem" porque acho legal, engraçado. Ora, se na frase "Esclarecer a questão." a palavra "esclarecer", que é racista, segundo tu disseste, é sinônimo de limpeza, de limpar, iluminar, então "escurecer", agora a significar limpar, iluminar, tem o mesmo significado de "esclarecer", e se "esclarecer" é racista, então "escurecer" também é, afinal, agora, "escurecer", que é sinônimo de limpar, de iluminar...

- Tu tens de entender que ao se substituir, para acabar com o racismo, "esclarecer" por "escurecer", está a se excluir da linguagem a palavra "esclarecer", que é racista, e assim eliminando-se o racismo da natureza humana.

- Que coisa! Neste caso, "escurecer" é sinônimo de limpar, de iluminar, e se "escurecer" está associado à raça negra, e sendo que a raça negra é oposta à branca a branca está associada a "sujar", a "escurecer", esta palavra no seu significado antigo, e se o fim é a extinção de "esclarecer", então estamos a falar de genocídio da raça branca.

- Nada disso. Tu estás a ir, porque desprovido de boa formação intelectual, de encontro a um idéia, a minha e a de outras pessoas esclarecidas, que vai ao encontro da paz universal, de um mundo sem fronteiras. Ora, se tu te dedicasses a estudar autores dignos, justos e democráticos em vez de dares atenção para a herança cultural patriarcal embebida de masculinidade tóxica da branquitude européia e de racismo estrutural fascista e nazista dos supremacistas brancos, entenderias que estás a incorrer em injustiças desumanas históricas as quais, sabemos os que estudamos bons autores, te impedem de conheceres a verdade, que é a que a nossa ideologia determina, cientificamente válida.

- Não entendo patavina do que tu dizes, cabeça-de-cuia, pois tu falas grego misturado com egípcio e sumério. Além disso, o mais importante que tenho a te dizer é: Vai para o raio que te parta! Cansei-me desse teu galimatias, cabeça-de-bagre! Tchau, pardal! Fui!

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Machado de Assis, Stevenson e Kafka. Um piruá.

Dos contos do Bruxo do Cosme Velho, o nosso querido mestre Joaquim Maria Machado de Assis, que para honrados estudiosos brasileiros da literatura nossa no Brasil não emcontra rivais, o mais famosamente conhecido, creio, é o O Alienista, que conta as hilárias aventuras do presunçoso e patético Simão Bacamarte, que, sendo um estudioso da alma humana, não sabe, conquanto vasta a sua erudição científica, se são loucos os bípedes implumes que ele pensa afetados pela insanidade, ou se é ele um doido-de-pedra.

Não sei se digo bem: entendo ser O Alienista obra literária gêmea de O Médico e o Monstro, de Robert Louis Stevenson, e de A Metamorfose, do estranhíssimo Kafka. Ambos os... "Ambos os três."?! Era o que eu estava para escrever?! Não. Nada disso. "Ambos os dois" era o que estava escrito antes de eu adicionar a pequena obra-prima do monstruoso Kafka, dando-a como gêmea da do Machado e da do Stevenson. As três histórias, assim penso, e não sei, penso, se penso bem, tratam do mesmo tema, mas o fazem de perspectivas distintas, fabulosas, ambas... ambas, não: as três.

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Permitamos, para bancarmos os bonzinhos e tolerantes, que os da religião da paz criem o Califado Universal, e veremos o que é bom para a tosse.