terça-feira, 24 de outubro de 2023

Piruás e Farelos 12

 

Rascunho - Piruás e Farelos - volume 12

Os sovietes tupiniquins.

A coisa vai de mal a pior. O Brasil a se bandear, com o atual governo, para a turma dos sovietes vermelhos, não oferecerá aos brasileiros a terra prometida, a menos que seja a terra prometida o inferno socialista, o que é bem provável que seja e a que dezenas de milhões de brasileiros desejam - se assim não fosse, políticos socialistas jamais implementariam, e com apoio popular, as suas políticas destrutivas.

Os brasileiros estão a brincar de socialismo, de sovietismo, há muito tempo. O que presenciamos durante o governo Sarney?! E durante o Collor?! E no decorrer do FHC?! Enfim, no governo brasileiro ou os bolcheviques, ou os mencheviques. Ou nos esfolam os leninistas-stalinistas, ou os da sociedade fabiana. E os governos acima mencionados contaram com apoio irrestrito, apaixonado, mesmo, doentio, não erro ao afirmar, de dezenas de milhões de brasileiros, que, à cada política que redundou em injustiça e em miséria, pediram bis.

Acredito eu que muitos brasileiros sonham com um governo comunista porque, além de nunca terem vivido sob a foice e o martelo, acreditam, ingênuos, ou nem tanto, ser verdade, e verdade verdadeira, o que lêem nos livros que enaltecem os heróis comunistas e pintam com canetinhas cor-de-rosas os países comunistas, e Cuba é o melhor exemplo - os que se dedicam à leitura, que se resume, exclusivamente, a de obras de autores de esquerda, marxistas, socialistas, comunistas. Dentre os do povo que apóia incondicionalmente os políticos socialistas, há quem nada lê, a maioria dos que subscrevem, sem saber porquê, as políticas de esquerda; limita-se a ouvir discursos de políticos socialistas - e a concordar com tudo o que deles ouve -, todos a defecarem o ódio, que lhes anima o espírito, pelos homens talentosos, pelos homens bem-sucedidos, pelos tipos humanos superiores em intelecto.

Cabe perguntar, para encerrar este piruá: Os apoiadores incondicionais, apaixonados, das políticas socialistas estão a atenderem aos seus baixos instintos, ao desejo de assistirem ao sofrimento dos que têm o que eles não têm? A inveja os move? E o rancor, e o ressentimento? O que neles há de pior está embalado em belas palavras, que, mal e mal, deles disfarçam os maus propósitos?

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Israel usa de força desproporcional?!

Antes de qualquer outra coisa e de coisa nenhuma, digo-te, querido e paciente e compreensível leitor: neca de pitibiriba, nadinha de nada, nem uma vírgula sequer entendo do que se passa em terras de Davi e Salomão. E digo, também: neste piruá estão as minhas impressões, que não são impressionantes, acerca, não da guerra, que em terras que jamais conheceu a paz eclodiu há duas semanas, mas de uma idéia saída da cabeça de gente besta, a que ensina que tem Israel de usar força proporcional, seja isso o que for, contra o Hamas - e não tem outro, além deste, propósito, o meu despretensioso comentário, uma obra-prima da literatura da arte dos comentários, tenham, ou não, eles pé e cabeça.

Encerrado o alerta, que é deveras importante, reconheço, comento o que desde antes de me pôr a redigir este piruá decidi comentar, nas linhas que se seguem a esta.

Há quem pede, melhor, exige, de Israel, o uso de força proporcional no seu embate com o Hamas. Força proporcional?! Querem força proporcional?! É possível?! Querem que Israel dedique ao Hamas tratamento equivalente ao que o Hamas lhe dedica?! Equivalência de tratamento, de uso de força bélica entre duas forças militares em conflito?! O que querem dizer os que condenam Israel pelo uso de força desproporcional, se é que têm em mente dizer alguma coisa, o que quer que seja?! Será que estão a pedir que Israel limite-se a genuflexionar-se diante dos seus algozes e a beijar-lhes os pés e agradecer-los por os decapitar, enforcar, matar das maneiras as mais horrendas, animalescas, desumanas?! Parece-me que se está, ao se pedir, melhor, exigir, de Israel, pelo Hamas tratamento proporcional ao que este lhe dedica, a submissão pusilânime, suicida. Ora, se o Hamas sequestrou, estuprou, seviciou, matou mulheres e crianças israelenses, então Israel tem de sequestrar, estuprar, seviciar, matar crianças e mulheres palestinas?! Se Hamas estuprou dez israelenses, tem Israel de estuprar dez palestinas?! Se o Hamas desviscerou vinte israelenses, tem Israel de desviscerar dez palestinos?! Se o Hamas mata dez israelenses, todos de olhos vendados, alvejando-os na nuca, tem Israel de matar dez palestinos usando de meios similares?! É este o uso proporcional das forças que se exige de Israel?! Estou a ver muitos, e muitos, e muitos anti-semitas retirando-se do armário, em vão a disfarçarem o fedor da podridão de seus espíritos.

Ou querem os que ora se opõem a Israel que este use de poder bélico que se iguale ao de seu inimigo?! Ora, se ambos os dois protagonistas da guerra a que ora se assiste a se desenrolar em terras longínquas do Brasil têm equivalente poder bélico a guerra há de se estender indefinidamente, e nenhum deles disparará o tiro derradeiro, que lhe dará fim, e nem depois do Juízo Final.

Estou a, escarvando-me a cabeça, e furiosamente, a ponto de me rasgar uma fresta na caixa craniana, imaginando os Aliados a usar de força proporcional ao do Eixo: na segunda-feira, o Eixo mata mil soldados Aliados, e em resposta os Aliados matam mil soldados do Eixo; na terça-feira, o Eixo mata dez mil soldados Aliados, e o Aliados do Eixo matam o mesmo tanto; e na quarta-feira, o Eixo... Penso, e penso mal, que estaríamos, até hoje, a viver as agruras da Segunda Guerra Mundial?!

Ora, numa guerra um dos dois exércitos em conflito tem de superar o outro; do contrário, a guerra se perpetua. E que sobrepuje o seu oponente o exército que defende a liberdade, a justiça, a paz.

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Democráticos?!

Democracia, quem te viu, quem te vê.

O que ouço de gente diplomada, com formação universitária, falando, de peito cheio, e com cara de poucos amigos, a favor de todo e qualquer personagem autoritário, uns vivos, outros mortos, não 'tá no gibi. Não sei se é o caso de servidão voluntária, de propensão ao autoritarismo. Parece-me que tal gente é de uma espécie singular híbrida de dois ancestrais: um servil; um autoritário. No deneá de tal gente há genes da estupidez, da idiotice, da má-fé, e de sei lá eu mais o quê, em quantidade imensurável. É impressionante! Tal gente idolatra os tipos humanos os mais sórdidos, os mais inescrupulosos, os mais iníquos, os mais desumanos, os mais doentios, insanos, animalescos. Parece-me que tem atração pelos tipos os mais reles, os mais vis. Não sei a que atribuir tal postura, tal mentalidade. E tal gente se diz livre, justa, democrática, defensora dos fracos e oprimidos... Ah! Mas se os heróis de tal gente massacram, em nome de um bem maior, de um ideal humanitário, populações inteiras, louva-os, idolatra-os, beija-lhes os pés, reverentes. Democráticos!

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É fácil, no Brasil, o acesso dos bandidos às armas. E em outros países, inclusive nos ricos e prósperos, que não enfrentam criminalidade tão elevada quanto à que se vê no Brasil, e com a qual muitos brasileiros estão, dir-se-ia, habituados, e a entendem uma força da natureza contra a qual nada se pode fazer, e lutar contra ela nada mais é do que dar murro em ponta de faca, é a situação diferente? A bandidolatria, no Brasil, sabe toda pessoa que pensa com a cabeça, rola solta, é chique, é coisa fina entre os bem-pensantes, entre doutores da área de humanas que morrem de amores pelos criminosos de todos os estilos e naipes. Têm os criminosos acesso fácil às armas porque não há policiamento ostensivo em todo o território nacional. Bandidos estão, em todas as esferas da sociedade brasileira, fazendo e acontecendo, contando com a aliança de sabe-se lá quantos milhões de brasileiros. Há, em nossa sociedade, corrompida, certa, direi, complacência com os criminosos. Não é de hoje que os criminosos têm acesso fácil às armas; é a história de décadas. E tampouco é de hoje a idolatria que muitos artistas e jornalistas e intelectuais devotam aos bandidos. Pede-se pela desmilitarização dos policiais - em outras palavras: que os policiais não façam uso de armas letais, isto é, de armas-de-fogo: que usem estilingues e zarabatanas (e tem de ser a munição dos estilingues bolhas de sabão e a das zarabatanas palitos de espuma de sabonete); mas não se pede pelo desarmamento dos bandidos. Enquanto predominar, nos altos escalões do poder e da intelectualidade e da arte, e dos meios de comunicação, que nada comunicam, a mentalidade favorável aos bandidos - coitadinhos todos eles! todos eles vítimas da sociedade malvada, que sem pena nem dó os oprimem, os maltratam, infligem-lhes sofrimentos sem fim - o Brasil será um moedor de carne humana. De uma coisa é certa: as pessoas que compram, no mercado legal, armas-de-fogo, não as alugam aos criminosos para que eles participem da atividade lúdica de assalto a bancos, e a carros-forte, e a lotéricas, e de outras brincadeiras inofensivas.

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Ocidente Traído, de Jorge Boaventura. Nota breve.

Não sei se tu, leitor, já leste Ocidente Traído, de Jorge Boaventura; se já o leste, ótimo; se não, leia-o: o autor faz picadinho do pensamento marxista.

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Esquerdismo é doença?

Se esquerdismo é doença, não sei, mas que é doideira é.

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De qual Israel os inimigos dos judeus estão a falar? Do real, ou do espantalho? E de quais judeus eles falam? Dos de carne e osso?

domingo, 22 de outubro de 2023

Farelos

 

Ratos e percevejos em Paris.

Chegou-me uma notícia, antes de outra notícia, ambas de Paris, a segunda a encorpar a primeira, ambas a mancharem a reputação universal da Cidade Luz, cidade do romantismo e do Quasímodo. A primeira notícia deu-me a saber que está Paris infestada de ratos, de ratos e de ratazanas, é certo, e de camundongos igualmente, concluo, certo de que os parisienses não fazem distinção entre estas e aquelas espécies de criaturas roedoras que, dentre as criaturas que Noé pôs na arca, são as mais queridas dos humanos. Talvez sejam milhões as capivaras de Paris. Capivaras em Paris?! E por que não, se na Amazônia há girafas?!

A história não se encerra com a primeira notícia, sabe o leitor, pois falei de duas notícias, e não apenas de uma. Se infetasse Paris apenas e unicamente ratos e seus parentes mais próximos não tinham os franceses com o que se preocupar. E poderiam os cineastas contratar as roedoras criaturas, que figurariam nas animações Ratatouille 2, e Ratatouille 3, e 4, e 5... e ao infinito, e além. O sucesso de tais animações, garantido. E o lucro, líquido e certo. O primeiro Ratatouille foi um sucesso, e o seu sucesso permite-nos antever o das sequências - e que sejam estas inúmeras. E são tantos os ratos, que se pede um poema cujos versos mais famosos hão de ser "no meio do caminho há um rato, há um rato no meu do caminho". Mas Paris, dizia eu, e ia-me esquecendo, também está infestada de percevejos - é o que informa a segunda das duas notícias que recebi. Se criaram os produtores de animações franceses, a prepararem os parisienses para acolherem em seu seio os ratos, o Ratatouille, talvez eles criem o Percevejouille, e que o façam bem feito, emprestando-lhe o espírito o mais simpático e cativante e amável. Mas, cá entre nós: deviam ter produzido tal animação há uns dez, cinco anos; se fossem previdentes, hoje os parisienses conviveriam pacificamente com tais criaturazinhas.

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Por que o Brasil jamais ganhou um Nobel?

O Brasil jamais ganhou um prêmio Nobel porque a Academia Sueca jamais presenteou o Brasil com um prêmio Nobel. Simples assim. Se a Academia tivesse presenteado o Brasil com que seja um Nobel o Brasil teria um Nobel. O Brasil jamais ganhou um Nobel, mas vai ganhar um, e logo. Tenhamos fé. Não percamos as esperanças. Ouvi falar - à venda o peixe pelo preço que comprei de quem mo vendeu - que a Academia Sueca está para criar o prêmio Nobel de Pedagogia Deseducadora, e o primeiro país com este prêmio laureado, é líquido e certo, será o Brasil.

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Califado e paz.

Permitamos, para bancarmos os bonzinhos e tolerantes, que os da religião da paz criem o Califado Universal, e veremos o que é bom para a tosse.

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As virgens de além-túmulo.

Leitor, tu, que me lê, não gostarias de ter, após bater as botas, abotoar o paletó, deitar no colchão de madeira, comer capim pela raiz, dormir de pés juntos, partir desta para a melhor, na vida após a morte setenta e duas donzelas mais bonitas do que as belas Scarlet Johansson e Gal Gadot para o teu usufruto exclusivo?! Tu não sabes o que estás perdendo, amigão. Participes de uma aventura kamikaze, exploda-se, carregando contigo para a vida de além-túmulo uma dúzia de seres pensantes, que tu terás garantidas para ti setenta e duas Scarletes e Gadotes, e Salmas e Charlizes e Margotes e Megan e Natalies e Keiras e outras sílfides.

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Pleno emprego em terras socialistas.

Os socialistas - da perspectiva deles - concretizam, mesmo que não usem concreto, a economia de pleno emprego ao eliminar toda oferta de trabalho, pois, assim, não havendo trabalho, não há gente desempregada, afinal se não há emprego está a economia em situação de pleno emprego. Tal raciocínio não faz sentido algum. E pode, talvez, o leitor concluir que estou apenas e unicamente a fazer graça ao escrever este farelo; e se assim pensa pensa bem e corretamente: é só brincadeira minha a idéia acima - e tenho uma justificativa que a justifica: da cabeça dos socialistas saem cada idéia do cão que a que eu aqui escrevi, comparada às deles, às reais, é a coisa mais sensata que pode sair da cabeça de um ser humano.

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Já declararam filósofos e outras gentes que Deus está morto. Mas já provaram que Ele está morto?

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Que os católicos deixem de, por questões políticas, fingir que não estão vendo o que se passa na Nicarágua.

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São professores os professores que escrevem "alunx" e "alunxs" em comunicados oficiais e em mensagens aos alunos?

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Adendo à resenha, que é curta, a um desenho do Homem-Pássaro.

Perguntou-me um leitor, após ler a resenha, que escrevi, de próprio punho, a lápis (Ou à caneta? Ou à lapiseira? Não me lembro) para um episódio de um desenho animado do Homem-Pássaro, se ao fim do embate estava o vilão vitorioso, e derrotado o herói. Esta informação eu não a inclui na resenha. Para sanar a dúvida, obrigo-me a adicionar esta explicação: O vilão perdeu o embate, danou-se, pois o Homem-Pássaro dele roubou os planos que, por exigência dele, caso desejasse livre o Vingador, roubara do Pentágono e ao Pentágono os restituiu. Entre um roubo e outro, o Homem-Pássaro quase tomou no lombo umas duas ou três bombas que o Pentágono, pensando que ele era, agora, um vilão, lhe disparou. É neste desenho tão insensata a ação do Homem-Pássaro que eu me havia esquecido do detalhe que aqui explico - se é que explico o que quer que seja. E não sei se ao me dedicar à redação desta explicação tenho um propósito, seja ele qual for. E suponho que todas as palavras que deixo neste farelo são irrelevantes. Por que eu as escrevi, meu Deus?!

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Foro de São Paulo, comunismo e os anti-teorias-da-conspiração.

Olavo de Carvalho, dentre outros, falava, sempre da que podia, e pôde muitas vezes, do Foro de São Paulo e de comunistas. E esgoelavam-se os espíritos-de-porco, a regorgitarem fedorências, que ele e outros iguais a ele eram radicais, teóricos da conspiração e coisas que tais, xingamentos sem fim.

Não raras vezes li, e ouvi, professores, de filosofia, de sociologia, de política, de antropologia, de outras disciplinas das chamadas humanas, e ignoro o que eles ensinam, e pergunto-me se o que eles ensinam corresponde ao que deles se pede, afirmarem que o Foro de São Paulo é um fantasminha, uma coisa que não existe, uma idéia estapafúrdia que se encontra na cabeça dos teóricos da conspiração, e em nenhum outro lugar - mas não o fizeram com a elegância que ponho neste texto -, e que o comunismo estava morto desde que puseram abaixo o famigerado muro de Berlim - que não é tão admirado quanto o da China, e tampouco de extensão concorrente - e que nenhuma relação há entre esquerda, comunismo e marximo. Preciso dizer que tais professores são eleitores do tal L?! E neste ano o tal L participou de uma reunião do inexistente Foro de São Paulo e disse, com todas as letras, e mais algumas de sua exclusiva invenção, que para ele é um elogio ser chamado de comunista. E o que dizem, agora, os professores que outrora afirmavam que o Foro de São Paulo não existe e que o comunismo morreu em 1.989? Que o Foro de São Paulo é, nada mais, nada menos - e com ele não temos que nos preocupar - um clube social, uma sociedade de amigos (e são os seus associados gente boa), e nada mais, e que o comunismo é bom, papa-fina, ideal humanitário que, se implementado em todo o universo, irá erigir a civilização perfeita.

O Foro de São Paulo, que não existia, brotou, para surpresa de todos, assim, de repente, mais que de repente, do chão, e anunciou-se, garboso, elegante, orgulhoso, altivo, para todo o universo, com a sem-cerimônia de quem sabe que é o suprassumo da evolução e que conta com a confiança de todos os seres pensantes deste orbe, o terrestre, e os de outros orbes, conhecidos e desconhecidos, diria o querido José Carlos da Silva Quinha. E o comunismo, morto há trinta longos anos, cadáver enterrado sob tonetadas de escombros do muro de Berlim, defunto a feder e a feder de tão podre, renasceu, tal qual fênix, das cinzas. Belo drama o melodrama, folhetim em fascículos de autoria de gente que não sei o que é e de quem não sei o que pensar e se dela devo pensar o que quer que seja, seja o que seja o que for.

Ou o comunismo, agora, está mais vivo do que nunca, agora renascido, reerguido dos escombros, sob os quais jamais esteve, ou fala-se em seu nome outra gente com outras déias, que se resumem, equivalendo-se às dos comunistas, às piores, às mais assassinas que jamais brotaram de cabeças humanas. Não sei o que pensar, confesso.

Piruás


Piruás e Farelos - volume 10

Israel x Hamas. Apologistas do terrorismo. Anti-semitismo. Prólogo da Terceira Guerra Mundial?

Neste artigo, tratarei, desapaixonadamente, na medida que me for possível, com a seriedade que o assunto exige, sem as minhas jocosidades costumeiras, da conflagração que ora se vê em terras árabes e israelenses, considerando o muito do que li a respeito, sem me deter em detalhes, que, sendo incontáveis, contemplam, sei, uma ínfima parcela do que há para se dizer, ciente de que muitos talvez sejam frutos de equívocos de quem, honestamente, os registrou, e não poucos mentiras propositais, deslavadas, disseminadas para confundir os inocentes, os ingênuos.

Há artigos para todos os gostos: para os teóricos da conspiração, para os apologistas do terrorismo, para os profetas do Apocalipse, para os pragmáticos, para os, enfim, grupos os mais diversos.

Tenho por bem dizer de antemão, e por princípio, que deploro todo ato cruel, toda violência, todo terrorismo, e a guerra; todavia, não posso, por temperamento, e dada a minha consciência, que é falha, sei, das coisas do mundo, o real, concentrar a minha atenção no ideal, num mundo imaginário que seja do meu agrado, que atenda às minhas idiossincrasias, que me dão o ideal que faço da civilização, a perfeita, e do ser humano, o imaculado; obrigo-me a ver o ser do ser humano sem me pôr aos olhos vendas: é o ser humano falho, bom e mal, capaz de empreender façanhas heróicas dignas e louváveis e perpetrar atrocidades pelas razões as mais mesquinhas. E neste mundo, o real, o ser humano, o real, envolve-se em guerras fratricidas, muitas delas a chegarem a ponto de pôr a espécie humana à beira da extinção. No mundo em que vivo há guerras. E é sobre as páginas do livro do mundo real que me debruço.

No mundo real há guerras, e nas guerras as pessoas se matam. Nas guerras os combatentes, hostilizando-se, para se matarem, usam armas, e dentre os mortos há gente inocente, pessoas que não estão, de armas em punho, no campo de batalha, para não morrerem, matando. E em tempos de guerra - e quais são os que não estão em guerra? -, a primeira vítima é a verdade, ensina um grego que pela Terra passou há milênios. E é aqui que nos deparamos com a primeira dificuldade ao tratarmos de guerra: Do que nos chega ao conhecimento o que é verdade e o que é mentira?

Dos eventos que já nos chegaram ao conhecimento, sabe-se que, sim! mesmo que digam o contrário, o Hamas perpetrou crimes hediondos contra população civil israelense desarmada, mulheres, e crianças e velhos - a violência a que se assistiu, de doer no coração de qualquer ser humano que tenha uma alma. Infelizmente, vê-se, há quem se regozija com o sofrimento alheio, de judeus, de palestinos, de quaisquer povos. E vê-se, e não há como não ver, muitas pessoas a pedirem pelo extermínio, umas, dos palestinos, outras, dos judeus, e mal conseguindo disfarçar a ânsia assassina, genocida, mesmo, que lhes anima o espírito. Presumo que toda pessoa que está a acompanhar os eventos já tenha se deparado com artigos supostamente fundamentados na História a justificar o extermínio do povo que não conta com a simpatia do autor.

Ao me pôr a escrever este artigo, não foi minha intenção, reunindo informações colhidas de artigos que li e de vídeos aos quais assisti (ao final do artigo, uma lista pequena com algumas das fontes de informações que acessei), dar uma síntese da história dos personagens em conflito, tampouco falar das razões de cada um deles. Tenho, no entanto, por obrigação, de dizer, e com todas as letras, que não compactuo com a relativização, que se vê, entre os atos desumanos, assassinos, sádicos, de terroristas do Hamas, e os de defesa dos israelenses, e tampouco com a condenação dos povos flagelados (principalmente os judeus) pela imprensa, e por políticos, e artistas, e formadores de opinião: o Hamas cometeu crimes - e ponto final, não há o que discutir.

Mas, o que se pode discutir?

Pode-se falar da jihad islâmica, e do papel do governo israelense, e dos governos árabes muçulmanos, os xiitas e os sunitas, e do do americano, e do do Deep State americano, e do dos senhores da guerra, questões, estas, que muitos estudiosos estão observando.

Há quem entenda incompreensível, surreal, a invasão de Israel, por terra e pelo ar (por água, não, pois a marinha israelense bloqueou o avanço dos terroristas), por uma horda de bárbaros, que lhe enveredou o território pela fronteira com a Faixa de Gaza, região que, ninguém ignora, é o ninho do Hamas, e dele o quartel-general (e é nos túneis subterrâneos dela que vivem os terroristas). Surpreendentemente, o governo de Israel, e o seu serviço de inteligência, o Mossad, falharam. Falharam?! perguntam-se algumas pessoas, que, a atazanar-lhes o espírito, passaram em claro as noites a pensar numa resposta apropriada para tal pergunta. Se o governo de Israel sabe que é pela fronteira de Israel com a Faixa de Gaza que os terroristas, os do Hamas, atacam os israelenses, por que ela estava desguarnecida? Por que não havia soldados israelenses na região, para escudar os israelenses que então estavam, nos kibutz, tranquilos? E por que os israelenses estavam desarmados, se vivem em local tão próximo dos terroristas? Negligência do estado israelense, um estado secular moderno cujas engrenagens as movem muitos políticos de esquerda e progressistas seculares? É para se pensar: Com todo o seu aparato de inteligência, um dos melhores, se não o melhor, do mundo, e ciente de que pode ser atacado, a qualquer dia e a qualquer hora, a partir da Faixa de Gaza, o estado de Israel não mantem guarda permanente na região às portas do Hamas?

Cogita-se a negligência proposital, consciente, de Benjamin Netanyahu, que, atendendo aos interesses dos democratas (políticos do partido Democrata americano), deles um aliado de carteirinha, tenha deixado acontecer o que aconteceu, para dar fim ao Hamas, assumir controle sobre a Faixa de Gaza, e atacar o Irã, este o financiador (o único?) de primeira mão do Hamas - e também do Hezbollah (e de quantos outros?). Se procede tal suspeita, não sei. E noticia-se: os israelenses culpam Benjamin Netanyahu pela tragédia que já vitimou mais de mil judeus.

Uma outra cogitação: o governo americano, do Joe Biden, chafurdado no pântano mais fétido que se possa imaginar, financiou, indiretamente, o Hamas, ao enviar seis bilhões de Dólares ao Irã -e não é inocente em tal história: o serviço de inteligência americano urdiu a trama em comum acordo com Washington e Teerã. Se procede tal suspeita, obrigamo-nos a nos perguntar quem são os verdadeiros financiadores dos terroristas.

E prossigo: são inúmeras, incontáveis as especulações; impossível reuni-las todas em um artigo, por mais extenso que seja; que se escreva um trilhão de palavras a registrá-las todas, que não se registrará uma fração de todas as que se dissemina pelos quatro cantos da Terra. Podemos, todavia, nos dedicar a listar, delas, algumas com o único, e despretensioso, propósito, de se dar um vislumbre da confusão, que ora nos acossa, que tem o poder de nos roubar a sanidade. Pensando assim, escrevo mais algumas palavras, que, espero, não sejam muitas.

A Rússia - é esta outra especulação - treinou o Hamas; usou o Grupo Wagner para empreender a tarefa. O governo americano, diz-se, tem o interesse em uma conflagração bélica de alcance global para quebrar os holofotes que estão a projetar luz sobre histórias nebulosas protagonizadas pelos Bidens, Clintos e Obamas, e pelos globalistas financistas ocidentais, e para conquistar eleitores para o fantoche destas três famílias, o Joe Biden - no momento, Donald Trump está, na corrida eleitoral, fazendo Joe Biden comer poeira (uma guerra mundial, ou uma com potência, mas controlada pelos senhores da guerra, para vir a se tornar mundial, vem bem a calhar para o chefe-de-estado americano, o atual ocupante da Casa Branca, e presenteia-o com alguns milhões de votos, ou não?!).

São estas as palavras que por ora tenho a escrever. É certo que deixei, do que li o que achei interessante, de registrar muito do que me chegou ao conhecimento - se ao entendimento também, não sei dizer. Abaixo, deixo a lista, pequena, que prometi, com os títulos dos artigos, que li, e dos vídeos, aos quais assisti, desde 7 de Outubro deste ano de 2.023. São os textos e os vídeos aqueles que entendo os que me deram o material que me permitiram esculpir o esqueleto e a carne deste artigo, que é curto.

E quero deixar claro: não sou um estudioso na matéria que é o tema deste artigo: sou apenas um homem curioso que reserva alguns minutos de cada dia de sua vida a ocupar-se com os temas do momento, os importantes, os relevantes.

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No Facebook:

Jairo José da Silva: "Os Judeus e o Antissemitismo."

Marco Frenette: "O Judeu de Esquerda e o Hamas."; "A Esquerda e Seu Mundo Animal."; "O Grande Erro de Israel."

Além dos acima listados, textos de Maurício Mühlmann Erthal, Neto Curvina, Jairo José da Silva, João Luiz Mauad, Silas Feitosa, Marco Frenette, Felipe Fiamenghi, Maurício Alves, Leandro Ruschel.

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No Youtube:

Leandro Ruschel: "A Defesa do Terrorismo e o Striptease Moral da Esquerda."; "As Mentiras que a Esquerda Conta Sobre o Conflito Israel-Palestina."; "Você realmente sabe algo sobre o Islã?"; "Apologista do Hamas foi recebido por ministro de Lula no Palácio do Planalto, na semana passada."

Paulo Kogos: "O 11 de Setembro de Israel é um alerta pra humanidade."

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Comunistas, unidos! De onde saíram tantos comunistas, assim, de repente?! Das catacumbas?!

Que diabos! De onde saíram, de uns dias para cá, tantos comunistas, se o comunismo, assim que puseram o muro de Berlim abaixo, havia partido desta para a melhor?! Era o que diziam os estudiosos, que se esgoelavam: "O comunismo acabou! Só teóricos da conspiração e loucos vêem comunistas em todo lugar! Caiu o muro de Berlim. Não há mais comunismo." E agora estou a ouvir pessoas que até outro dia afirmavam, com ares sapienciais, que não havia mais comunismo, declararem-se comunistas e fazerem, pasmém! a apologia do comunismo, declararem que é o comunismo ideologia humanitária que há de acabar com a desigualdade, com a injustiça, com a miséria; e tais pessoas jamais, é claro, evocam os crimes de Stálin, Mao, Fidel, Che, Pol Pot, e tantos outros. Dos crimes perpetrados pelos comunistas jamais ouviram falar; digo que jamais ouviram falar dos crimes comunistas apenas para fazer graça: eles são comunistas e louvam o comunismo porque os comunistas perpetraram crimes tão horrendos quantos os dos nazistas e em maior escala. Ou eles jamais ouviram falar do Holodomor, e dos fuzilamentos, por Che, dos dissidentes cubanos, e da Revolução Chinesa e da Revolução Cultural, e do Kmer Vermelho? Não há inocente em tal história. Sempre que alguém põe na mesa os crimes dos comunistas, os comunistas tratam, é infalível, de justificá-los, de tirar da cartola dados que tratam de crimes que a Igreja cometeu, que o capitalismo cometeu, e na conta da Igreja e na do capitalismo debitam mortes de humanos provocadas, na era paleozóica, por terremotos, tempestades, enchentes e erupções vulcânicas. São mortes imaginárias, claro. Mas, e daí?! para os comunistas, que não podem varrer para baixo do tapete os crimes dos comunistas, servem para desviar o foco, o que fazem com a elegância e a serenidade que os identificam.

Algumas, poucas, palavras, para encerrar este piruá: conheço um professor de filosofia que, de esquerda, até há pouco tempo constrangido sempre que alguém associava marxismo, esquerdismo e socialismo e comunismo, usava de argumentação das mais disparatadas para, reconhecendo-se de esquerda e marxista e socialista, dissociar-se do comunismo, que, entendia, nenhuma relação possuía com o marxismo, o socialismo e o esquerdismo, e era coisa asquerosa, repulsiva; a atitude de tal professor, compreensível, afinal o comunismo estava em maré baixa, aliás, morrera em 1.989 - era o que os intelectuais diziam (e o professor em questão, que tem senso critico e pensa por si mesmo, jamais questiona os intelectuais de esquerda); e agora está o digno e respeitável professor, todo pimpão, sorridente, com seu majestoso ar professoral, orgulhosamente declarando-se comunista. Pergunto-me: Onde está a filosofia de tal professor? E digo: Há muita gente igual a ele.

Os comunistas são mortos-vivos, nada me arranca tal idéia da cabeça; emergiram das catacumbas, no interior das quais hibernavam desde 1.989.

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Há educação no Brasil?

No Brasil não há, não que eu saiba, um sistema educacional que privilegie a memorização, o raciocínio, o estudo sério, a disciplina, e tampouco um que dê ao aluno brasileiro a liberdade de escolher o que deseja estudar, o que lhe atende às vocações, aos talentos inatos, aos dons anímicos. No Brasil há uma esculhambação total. E não sei se se diz bem haver no Brasil um sistema educacional.

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Há um sistema educacional perfeito?

O mal está em não se abrir os olhos para a questão educacional, complexa; desde que o mundo é mundo pensa-se num sistema educacional que, na impossibilidade de se criar um que seja perfeito, possa beneficiar o máximo possível de pessoas.

Estou para completar 50 anos de vida daqui poucos meses. O que penso acerca do sistema educacional de hoje em dia tem seus alicerces fincados no que me contam jovens e crianças, todos frequentadores assíduos de salas-de-aulas - se estudam o que quer que seja, não sei - e nos livros didáticos que vim ter às mãos, e até em provas que professores ministraram aos seus alunos. Uma jovem, mocinha de treze anos, a cursar a sétima séria, mostrou-me, dias destes, uma prova de Geografia. E do que trata a prova?! De Geografia, presume-se. De Geografia, todavia, não tem a prova um pingo. Todas as questões, referindo-se, direta ou indiretamente, ao Vidas Negras Importam, cuidam, exclusivamente, do que se deu, nos EUA, em 2.020, na esteira de um caso que envolveu um policial e um homem negro - caso, este, de todos conhecido, e cujos detalhes ignoro. Notei: foram consideradas corretas as respostas que ecoam o discurso militante. Acredito eu que tal fenômeno não é exclusividade do Brasil. A escola virou uma instituição política militante, estejam ou não conscientes os professores de promoverem uma visão enviesada do mundo.

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As inteligências.

Não estou na minha praia, mas dou os meus pitacos: penso existir muitas formas de inteligência: há as mais racionais, as mais intuitivas, e as matemáticas, e as literárias, e as filosóficas.

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Teorias científicas.

Toda teoria científica é, nada mais, nada menos, o que quem a concebeu da realidade apreciou, apreendeu. O que hoje é dado como cientificamente provado e aprovado amanhã é reprovado e desaprovado, visto como uma tolice à luz de novas teorias científicas, que, à luz de novas teorias... até o infinito e além.

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A inteligência dos povos inteligentes.

Talvez o povo japonês, o sulcoreano e o finlandês tenham uma singularidade cultural que faz com que eles tenham desempenho, em Matemática, Engenharia, Física e outras áreas das intituladas exatas superior ao de outros povos, uma singularidade cultural que lhes dá formas distintas de captar as coisas do mundo, de apreendê-las, de ensiná-las. A coisa talvez se resuma ao apreço que eles têm pelo conhecimento. Ou é o caso de superioridade genética?! Tal hipótese é absurda, afinal japoneses, sulcoreanos e finlandeses, até prova em contrário, são humanos.

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O que pensar de Israel x Hamas?

Ocupo-me, ao pensar na guerra entre Israel e Hamas, com as perguntas abaixo, e a partir delas, respondendo-as, dou sequência ao meu raciocínio:

1) Hamas é um grupo terrorista?

2) Hamas representa o povo palestino?

3) Os judeus querem o extermínio dos palestinos?

4) Os palestinos querem o extermínio dos judeus?

5) Judeus e palestinos são vítimas, aqueles do estado moderno israelense, e estes do Hamas e de seus patrocinadores?

6) Os mussulmanos querem o extermínio dos judeus?

7) Se o Hamas é um grupo terrorista, é possível, no mundo real, combatê-lo sem se sacrificar vidas de inocentes?

8) Estamos a assistir à aceleração da jihad, agora num estágio de extrema-violência?

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Não são estas as únicas perguntas, suspeito, que eu poderia me fazer, mas são as que, acredito, me apontam o norte. Se eu, vindo a reunir outras informações imprescindíveis para se pensar a questão, vier a pensar outras perguntas, à lista eu as adicionarei.

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A violência é culpa dos videogames?!

Em não poucas músicas, e em muitos filmes, agáques e games faz-se a apologia da violência; e é inegável que o teor de tais peças lúdicas influenciam as pessoas, participando-lhes da mentalidade e, consequentemente, do comportamento.

Sempre que arruaceiros promovem um quebra-quebra, em qualquer canto do planeta, faz-se de produtos lúdicos de mau gosto os bodes expiatórios.

Explica-se revoltas de muçulmanos em terras francesas e em outras terras unicamente impingindo aos videogames, aos filmes, enfim, à indústria lúdica, a ação violenta, e nenhuma associação se faz ao espírito do movimento jihadista, milenar, e aos movimentos políticos revolucionários seculares, que dos escombros de uma civilização morta, por eles destruída, querem erigir nova civilização, a que lhes tem a imagem e a semelhança. A arruaça que se viu nos EUA, em 2020, e na França, há poucas semanas, as orquestraram organizações políticas que ambicionam, por meio do caos social, o fortalecimento do Estado, e uma nova ordem mundial totalitáris, seja ela de qual matriz supostamente ideológica seja.

Não são ações espontâneas que nascem da indignação popular as quebradeiras às quais se assiste de tempos em tempos.

O Brasil assistiu, há uma década quase, à arruaça que aquele grupo que não admitia o aumento do valor da passagem de ônibus - a turma do "não é pelos vinte centavos". Movimento espontâneo, que nasce da indignação popular?! Os arruaceiros estavam sob influência de games, de filmes e de músicas que enaltecem a violência?! Em parte, talvez. A resposta, a correta, entendo, está na grana que se injetou em tal movimento.

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Democracia brasileira: peça de ficção. Mentalidade autoritária brasileira.

No Brasil os donos do poder têm a mentalidade do tempo das capitanias hereditárias: consideram-se detentores de direitos inalienáveis, suas famílias proprietárias dos cidadãos, que lhes devem subserviência.

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A democracia brasileira é um arranjo mal acabado de um simulacro de nação onde cada ente federativo é propriedade, cuja posse está garantida desde tempos imemoriais, de certa gente que acredita que o povo deve, servil, sem resmungar, atender-lhe aos caprichos.

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No socialismo igualitarista, o cardápio dos escravos e o dos escravocratas.

Menu: para o povão: opções, duas (pasmem! as más-línguas dizem que em países sob governo socialista o povo não tem opções): 1) prato: coxinha de vira-lata, crua, capim seco, e terra com sal; sobremesa: casca de coco; bebida: xixi de galinha; 2) prato: cabeça de ratão de esgoto, mal-passada, percevejo ao espetinho, e unhas; sobremesa: vômito de porco; bebida: água de esgoto; para os donos-do-poder, homens e mulheres abnegados que se sacrificam numa luta cujo escopo é o fim das desigualdades, das injustiças, da miséria: prato: picanha, filemignon, lagosta, caviar, peru assado, e vinho do Porto - e infinitos outros comes e bebes para o regalo dos heróis da humanidade.

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Cultura tóxica.

Segundo os entendidos são tóxicos a filosofia escolástica, e Cint Eastwood, e Shakespeare, e a geometria de Euclides, e outras pessoas e coisas assemelhadas, e não são tóxicos o fiofó laico daquela fiofósofa que disse fiosósamente que há lógica no asfalto, quero dizer, no assalto, e outras coisinhas equivalentes.

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Comunistas, orgulhosos de seus feitos heróicos.

O tal "L", que disse que se orgulha de ser comunista, conta com a ignorância - é uma constatação, e não juízo de valor - de seus eleitores que acreditam que é o comunismo coisa fina que criou em Cuba um paraíso. Cá entre nós, ele, o tal, está pouco se lixando para a repercussão de sua sábia declaração entre as pessoas que o criticam. Está apenas a fortalecer a mitologia política que ensina que é o comunismo bom.

sexta-feira, 13 de outubro de 2023

Zeca Quinha e piruás e resenha

 Descrições indescritíveis, comparações incomparáveis e explicações inexplicáveis - de autoria de José Carlos da Silva Quinha - publicadas no Zeca Quinha Nius.


Um amigo meu, daqueles antigos, bem antigos, mumificado, homem que eu conheci anteontem, perguntou-me, como quem nada quer, mas querendo de mim a resposta para a pergunta que me fazia: "A sua mulher 'tá grávida?" E eu lhe respondi, como quem nada quer, mas querendo responder-lhe à pergunta que ele me fizera: "Mais ou menos." E ele não me compreendendo a resposta, que lhe dei, e tampouco a entendendo, coçou a cabeça, a dele, e não a minha, e lhe pôs em cima um ponto de interrogação - que eu, ciente de que nenhum ponto de interrogação havia de concreto, mas um que em imaginação vi -, tratei, e logo, para que ele cessasse a coceira, de lhe explicar: "A minha mulher está grávida, mas não de todo. É a dela gravidez a de gênero mais ou menos porque a criança que lhe enche o útero enche-lho a metade, e não o todo; portanto, mesmo que não se saiba qual das duas metades do útero dela, da minha mulher, e não da criança, está cheio e qual vazio, diz-se, para todo efeito prático, que ela, a minha mulher, e não a criança, está mais ou menos grávida." Entendeu-me o meu interlocutor assim que encerrei a explicação, e não antes.

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Em Pindamonhangaba, cidade brasileira localizada, pelas pessoas que a localizam, em território brasileiro, há uma loja, desde a inauguração dela, em 1995, da Loja A, endereçada na rua Tal, número 888. Há uma semana, inaugurou-se uma segunda loja da Loja A, agora (agora, não; há uma semana), na avenida Qual, à altura do número 1234. As duas lojas da Loja A, ambas em terras pindamonhangabenses, são do mesmo tamanho, embora a mais nova seja um pouco maior do que a mais velha - que é, por consequência automática, um pouco menor do que a mais nova -, aquela compreendo o dobro do tamanho desta, e esta, por automatismo, entendendo a metade do tamanho daquela. Ambas as duas lojas vendem produtos sempre que alguém delas os compram. Os gerentes de ambas as lojas, que são a mesma pessoa, disseram-nos que as pessoas, quaisquer pessoas, se o desejarem (não queremos dar a entender que desejam o gerente), podem às lojas se encaminharem para conferir os preços dos produtos que em ambas estão à venda mas que ainda não foram vendidos. Fui, ontem, às duas lojas, mas não ao mesmo tempo e simultaneamente na mesma hora, e conferi os preços: estão todos certos.

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Hoje, às nove da manhã, antes da hora do café-da-manhã dos meus vizinhos, que não bebem café, e nem que a vaca tussa, e tampouco se o cavalo rapar a cabeça, um homem, à fila do cartório (a fila não é do cartório, que dela não é o proprietário - que fique bem entendido), após abordar-me, assim, sem mais nem menos, relatou-me uma história razoavelmente escalafobética, que é esta: "No dia do aniversário natalício do meu irmão caçula, que, mesmo sendo o menor dos quatro irmãos, sabendo-se que eu sou um deles, é o maior de todos os quatro, considerando-se que dos outros três, excluindo-se ele, eu sou um deles, falou-me de uma teoria científica, ainda não cientificamente comprovada, e é a teoria a seguinte: "Se a evolução tivesse transformado os pterodactilos em baleias, e estas em orangotangos, em vez de os haver transformado em orangotangos, sem antes os transformar em baleias, os humanos, que evoluímos dos orangotangos, herdaríamos, por meio destes, os dons maríticos das baleias, e seríamos seres aquáticos." "Interessante a teoria é.", eu disse ao meu irmão caçula, simultaneamente o maior e o menor dos quatro irmãos. E completei: "O aspecto preocupante, neste caso, é que não poderíamos nos banhar em rios e lagos, pois seríamos seres de água salgada, e nâo de água doce." Concordou comigo o menor, que é o maior, dos meus três irmãos; e ele se revelou interessadíssimo nas elucubrações teóricas que na sequência lhe apresentei." Registro esta história, para a posteridade, pois ela, a história, e não a posteridade, contempla uma idéia que é de inestimável interesse científico àqueles que se interessam pela ciência.

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Anteontem, no tribunal, o advogado de defesa defendeu o réu, que, não sendo mudo, foi proibido de falar, pelo advogado de defesa, contratado para o defender, e pelo advogado de acusação, contratado para o acusar, e pelo juiz e pelo promotor público, ambos contratados para ouvirem os dois advogados, o de defesa e o de acusação, e impedirem o réu de falar em sua defesa, ele, o réu, de todos os presentes no tribunal o único presente onde supostamente ele perpetrara o crime que lhe imputavam. Acompanhei, atentamente, o caso, cujos detalhes, os que mais do que todos os outros me chamaram a atenção, imprescindíveis à sua compreensão pelas pessoas que ambicionam compreendê-lo, são estes: o juiz penteia os cabelos, quase inteiramente grisalhos, da direita para a esquerda; o réu, homem de menos de quarenta anos e mais de vinte, coça o nariz exibicionista com o fura-bolo direito; o advogado de defesa tem sobrancelhas finas e testa abaulada; o promotor público tem bochechas rechonchudas; a lâmpada do abajur do fundo do tribunal, próximo à porta, piscapiscava e luziluzia sem cessar, bruxuleantemente, durante o espetáculo circense que os homens-da-lei protagonizaram; um pardal entrou, no tribunal, por uma janela da direita, das três a mais próxima do juiz, e retirou-se por uma janela da esquerda, das três a mais longe do juiz; dois carros colidiram-se na rua, a vinte metros de distância do tribunal; a mulher sentada ao meu lado disse-me que o jornal, que ela trazia às mãos, anuncia tempestade, em toda Pindamonhangaba, nos próximos cinco dias (se o caso se deu anteontem, então as tempestades estão anunciadas para os próximos três, pois anteontem foi há dois dias - que fique bem claro); no banco à minha frente, um homem, de chapéu, e com cara de fuinha, fungava e coçava o nariz com o indicador e o polegar esquerdos; no banco à minha direita, havia uma senhora mais feia do que o capeta. Meu Deus! De que inferno emergiu aquela baranga, tribufu dos diabos?!

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O Carlos, vizinho da dona Cláudia, filha do seu Matheus, vizinho do Renato, mecânico da Mecânica Automática, localizada, por quem a localiza, na rua Dom Dom Domingos Sexta-Feira, à frente da padaria do João, marido da Fátima, filha da dona Luzia e do seu Vicente, ela, irmã da Marialva, esposa do João da Cantina, ele, irmão do Bartolomeu, sogro do Teófilo, irmão do Timtimtam, pai da Zuleica, condiscípula da Berenice, filha do Jesualdo do Capim e da Cristiane da Cocada, disse-me, hoje, antes de eu ir ao banco, que ele se encontrou com o irmão dele, o Mauro, e ao ver-lhe nos olhos banhas de remela e no nariz avantajado um tatu obeso de bom tamanho a escapulir-lhe, da fossa nasal direita, dependurando-se de um fio de pêlo, chamou-lhe a atenção para essas duas enormidades, consciente que é da relevância do asseio corporal para o bom andamento da vida, inclusive da do Mauro, que, porquê lhe amputaram, há dez anos, as pernas, que eram duas, não anda.


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Corrida Maluca - Grande Prêmio Vale Tudo (Wacky Race to Ripsaw) - desenho animado.


É dada a largada! E os competidores do mais biruta campeonato automobilístico disputam o título de piloto mais biruta do mundo. Quem será o doido-de-pedra da vez?! Se entendi o que vi ao final de corrida tão maluca, dentre os às do volante que dela participaram o primeiro que cruzou a linha de chegada foi Rufus Lenhador, secundado, e auxiliado, pelo gracioso Dentes-de-Serra, ao volante do Carro-Tronco, um carro que é um tronco - ou um tronco que é um carro, não sei ao certo (estou, ainda, sem entender a tecnologia de tal automóvel, eu, que nada entendo de mecânica de automóveis - e suspeito que, fosse um perito em tal matéria da tecnologia do Carro-Tronco e da de todos os outros carros da mais louca das corridas, eu delas nada entenderia, pois elas estão anos-luz à frente do conhecimento tecnológico moderno).

- Dê-nos uma narração da corrida, caro cronista - pede-me o leitor, gentil e amavelmente.

Atendendo ao pedido do meu amado leitor, um relato breve da tão maravilhosa, e doida, corrida, que foi assim:

Na dianteira, a liderar a corrida, está o garboso Peter Perfeito, ao volante do seu possante Carrão Aerodinâmico, um veículo de pôr de queixo caído os Piquetes e os Sennas da vida; e a usufruir da liderança, já a comemorar, antecipadamente, a vitória, o piloto da possante máquina se vê ultrapassado pela Carroça a Vapor, que tem ao volante o Tio Tomás, ou o urso Chorão, sei lá eu. Logo depois, após reviravoltas sem fim, assumiu a liderança da corrida, ao volante do Carro Mágico, o Professor Aéreo, parente próximo, ou distante, não sei, do Professor Pardal, do Inspetor Bugiganga e do Licurgo Orival Umbelino Cafiaspirino de Oliveira. E não demora muito tempo, Dick Vigarista, a auxiliá-lo Muttley, o cão da risada mais popular do universo, derruba uma ponte, que o derruba. E na sequência: Penélope Charmosa atola o Carrinho Pra Frente num lamaçal, e desatola-o Rufus Lenhador; e Dick Vigarista invade, ao volante do seu Máquina do Mal, uma placa de propaganda, e ultrapassa todos os seus concorrentes; e o Carro-à-Prova-de-Balas, da Quadrilha da Morte passa à frente do Carro de Pedra, dos Irmãos Rocha, que passa à frente do Carro Tanque - do Sargento Bombarda e do Soldado Meekley, o piloto, que atira, com o canhão, para trás, impelindo o jipe-canhão para a frente -, que ultrapassa a Máquina Voadora, do extraordinário Barão Vermelho, que passa adiante do Carrão Aerodinâmico, que faz o Carro Mágico comer poeira; e o Carro de Pedra ultrapassa a Máquina do Mal, que toma à frente do Carrinho Pra Frente, que deixa para trás o Cupê Mal-Assombrado, da Dupla Sinistra, o Medonho e o Medinho - e sendo este carro o único que ainda não havia se feito presente nesta crônica automobilística de corrida tão biruta (e dele eu me esquecia), e agora já mencionado, posso encerrá-la. E o Carro-Tronco, que não sei se ultrapassou algum outro carro, se foi por algum outro ultrapassado, por meios que não conheci, cruzou, surpreendentemente, antes de todos os outros às do volante, a linha de chegada.

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Nota de rodapé: leitor, a corrida, tão maluca, que, não sei se estou certo, e, se não estou, se estou errado, e se, estando errado, estou certo mesmo que esteja certo ao estar errado, enlouqueceu-me a ponto de me roubar um parafuso, que eu havia tomado emprestado, se me lembro bem, do Dom Quixote minutos depois de ele abrir a jaula do leão. Caso eu tenha, nesta obra-prima da resenha mundial, incorrido em alguma incorreção, que perdoe o parafuso que, não sei porquê cargas-d'água, vi por bem cravá-lo na minha têmpora direita emprestando-me a aparência do monstro de Frankenstein, o do cinema, e não o da Shelley.


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Piruás e Farelos - volume 9


Israel x Hamas. Eruditos de pacotilha: anti-semitas enrustidos. E A constituição étnica do povo brasileiro. E outros piruás e farelos.



Israel x Hamas. Eruditos de pacotilha: anti-semitas enrustidos.


Li diversos textos, desde a eclosão da mais recente guerra entre Israel e Hamas, e entendo reprovável quem, indigno, está, a querer simular autoridade moral, esforçando-se para exibir-se como gente equilibrada, que não converte num flaflu a hostilidade entre Israel e Hamas. Entendo que tal gente, erudita de pacotilha, anti-semita até a medula, para inibir quaisquer admoestações justas que porventura lhe possam apresentar em rosto, a simular preocupação com o destino dos palestinos, além de não considerarem as cenas de horror que os terroristas do Hamas protagonizaram, embrulha seus argumentos com uma lista de fatos históricos que, não é difícil compreender, reduz os israelistas - ou dir-se-ia melhor "judeus" (palavra que alguns compreensivelmente evitam, para não passarem por anti-semitas e anti-sionistas)? - a invasores crudelíssimos, ignaros, selváticos, brutos, assassinos.

Da história do povo judeu os historiadores bissextos - gente que jamais abriu um livro de História -, agora, para, além de exibirem, sem que lhes reprovem a postura, o anti-semitismo, até então latente, e que agora se lhes aflora, ambicionam ir em favor de seus heróis políticos e intelectuais, que já se manifestaram, desavergonhadamente, em apoio ao Hamas, os terroristas que ora trazem para a superfície da Terra as labaredas das profundeza do inferno.

Além da falsa equivalência moral que muitos manifestam, há a condenação, eloquente, veemente, de Israel, dos judeus, os de Israel e os de todo o mundo, a eles imputando crimes inexistentes, imaginários.

Não estou, não exclusivamente, a falar de personalidades públicas, políticos, intelectais, artistas; estou a considerar, também, de pessoas com as quais convivemos no dia-a-dia, familiares, parentes, amigos, colegas de trabalho, pessoas a relativizarem as acões dos terroristas, que sequestraram, seviciaram, estupraram, mataram mulheres, crianças, velhos, a justificarem-las, a coonestarem-las, adicionando, o que a ninguém surpreende, libelos difamatórios virulentos na testa de todos os que lhes apresentam objeções, lhes mostram a sem-razão de suas opiniões desarrazoadas, criminosas, mesmo, moralmente indefensáveis.

Uns, ouvi, não li, disseram, com ar de autoridade, que a guerra que ora consome nossa alma se resume a um conflito a envolver, unicamente, poços de petróleo submarinos, no Mediterrâneo, que Israel está a explorar. E há quem diga que o conflito se resume à ação de desestabilização das relações pacíficas que Israel e alguns países árabes mussulmanos, dentre eles, e principalmente, a Arábia Saudita, a muito custo esforçam-se para manter vivas. Estas questões talvez participem do episódio, que estamos a ler, da história universal, mas são de pouca, ou nenhuma, importância, se se reconhecer o objetivo (o dos inimigos dos humanos) maior envolvido: o extermínio do povo judeu - e, por consequência, o fim da civilização como a conhecemos e a sua substituição por uma de matriz totalitária, coletivista, desumana.

Antes de escrever as poucas palavras que me restam, digo: não sou um estudioso da história dos judeus, e da dos árabes, e da cultura deles tampouco; o pouco que delas sei é... pouco, bem pouco, ou, assim se diz, muito pouco. Todavia, não me recuso a ver, e a comprender, o que do mundo meus olhos me mostram: atos terroristas da parte do Hamas, um grupo terrorista; muita gente, e gente que se diz justa, humana, respeitável, a destilar ódio pelos judeus - mas esforçando-se, em vão, para não dar muito na vista.

Deploro as atitudes dos anti-semitas que ora se converteram em  historiadores - e historiadores são, mas dos de pacotilha. E desprezo-os. E não me deixo ludibriar pelas palavras adocicadas que alguns dentre eles usam em seus discursos mefíticos.

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A constituição étnica do povo brasileiro.


Numa era antiga, muito antiga, pés lusitanos aqui a desbravarem as florestas ainda livres, em sua maior parte, da presença humana, gente por aqui já andava: os guarani, os jenipapo-kanindé, os enawenê-nawê, os mebengôkre kayapó e muitas outras gentes, todas a irem daqui para lá e de lá para acolá às vezes, ao infortunadamente encontrarem-se em algum canto deste vasto território, estranhando-se, matavam-se.

Ainda no século XVI, dois portugueses casaram-se com mulheres nativas: Diogo Álvares Correia, o Caramuru, com Catarina (ou Guaibimpara) Álvares Paraguaçu, a Matriarca do Brasil, e Jerônimo de Albuquerque, com Muira Ubi, que veio a receber o nome cristão Maria do Espírito Santo Arcoverde.

O tempo passou.

E para o Brasil, terra mal e mal povoada, vieram, além de de Portugal portugueses (que descendem de mouros, celtas, visigodos), da França franceses (descendentes de ligures, burgúndios, francos, viquingues normandos), e da Inglaterra ingleses, e da Holanda holandeses, e da Espanha espanhóis, e da Latvéria latverianos, e da África, de onde hoje é o Sudão, a Nigéria, a Guiné e Wakanda, os iorubas, os fanti-ashanti, o haussas, os fula-mandinga, e gentes das Arábias, da Ásia, de Lilipute e da Atlântida.

Da associação carnal entre homens brancos europeus e mulheres dos povos que aqui viviam antes da chegada de Pedro Álvares Cabral e da entre mulheres européias e homens destas terras os primeiros nasceram os mamelucos, os curibocas, e da conjunção de corpos entre homens que vieram da África e mulheres que chegaram da Europa e da entre mulheres vindas da África e homens provenientes da Europa, os mulatos, os pardos, e do intercurso amoroso entre homens de origem africana e mulheres nativas destas terras e do entre mulheres oriundas da África e homens que aqui viviam desde o tempos das cavernas, os cafuzos.

E chegaram nestas terras, as nossas, levas e mais levas de gente que, saída dos quatro cantos das Terra, atravessaram os sete mares: japoneses, ucranianos, poloneses, chineses, mongóis, russos, egípcios, israelenses, iranianos. E aqui se misturaram. E é o povo brasileiro, da fusão de povos tão distintos, de tal diversidade étnica que a todos espanta. E agora, mais do que de repente, como que num passe de mágica, como se tivessem bebido chá-de-sumiço, ou cheirado pó de pirlimpimpim, desapareceram os tipos os mais diversos que compõem a sociedade brasileira, e só restaram o negro e o branco. Que fenômeno estranho aconteceu no Brasil?!

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Anticapitalistas de todo o mundo, uni-vos! Abaixo o capitalismo! Viva a revolução!


"Abaixo os capitalistas!" "Abaixo!" "Os capitalistas nos exploram!" "Eles vivem do lucro!" "Queremos a redução do nosso salário!" "Quê?!" "Com salário menor, teremos menos dinheiro para comprar coisas que os capitalistas vendem!" "Quê?!" "Se deles comprarmos menos coisas, eles têm lucro menor, ou nenhum!" "Quê?!" "Fim ao capitalismo!" "Fim ao capitalismo!" "Que eles robotizem as fábricas e nos demitam!" "Quê?!" "Se nos demitirem, não mais nos explorarão!" "Quê?!" "Abaixo o capitalismo!" "Anticapitalistas de todo o mundo, uni-vos!" "Abaixo os capitalistas!" "Viva a revolução!"

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Os índios são os donos do Brasil.


"Antes de os portugueses chegarem, estas terras, que hoje são do Brasil, pertenciam aos índios. Os portugueses lhas roubaram. Que lhas sejam restituídas." "Onde você mora?" "Na rua Tal." "De qual cidade?" "Pindamonhangaba." "Que está em qual país?" "Brasil." "Cujas terras, antes de os portugueses aqui porem os pés, pertenciam aos índios; então..."

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O Agro é fascista.


"O Agro fascista está destruindo a floresta amazônica." "Abaixo o Agro fascista!" "Abaixo o Agro fascista!" "Não comeremos mais produtos alimentícios que o Agro fascista planta, cultiva, colhe, produz!" "Quê?!" "Abaixo o Agro fascista!" "Abaixo o Agro fascista!" "Se compramos o que o Agro fascista produz o favorecemos, o fortalecemos! O Agro é fascista! Fascista! Nunca mais comprarei o que o Agro fascista produz! Nunca mais! Abaixo o Agro fascista!" "Quê?! Doideira, bróder! Você mora num apartamento!" "E daí?!" ""E daí?!"?! Onde você vai plantar arroz, feijão, beterraba, e abóbora, e picanha, e pão com mortadela, e leite, e ovo de galinha, e ovo de vaca, e de frango bovino asa com sobrecoxa?!" "Ignorante! Não preciso comprar essas coisas todas, que nascem nas gôndolas dos supermercados. Vá estudar antropologia paleontológica da fenomenologia existencialista, animal!"


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O nome do aparelho de que preciso para consertar a máquina de lavar roupas.


Esforço-me para me lembrar do nome do aparelho que terei de usar para consertar a máquina de lavar roupas. Não tenho em casa tal aparelho, mas necessito, com urgência urgentíssima, de um. Não conseguindo, por mais que eu me esforce, lembrar-lhe o nome, dele forneço a quem me lê uma descrição detalhada. Se quem me lê identificar, com o auxílio da descrição que aqui eu deixo, o aparelho e souber-lhe o nome, que me diga qual é. Sabendo-lhe o nome, irei comprar um. Desde já, agradeço a quem de boa-vontade me prestar este inestimável auxílio.

Eis abaixo a descrição do aparelho em questão:

Na lateral esquerda do aparelho há uma coisa, que eu não sei o que é, que parece aquele  negócio que tem dentro de si uma coisa meio assim, esquisita, em cuja parte superior há uma coisa que se assemelha àquele negócio que os eletricistas usam para coisar aquele troço que há em cima daquele negócio coisado da coisa que acende a luz do aparelho que se usa para torcer aquela coisa do carro. Em baixo, há um treco que se parece com uma peça acessória daquela bugiganga que se usa para conectar um instrumento composto de ferro no utensílio doméstico que tem um botão redondo, que o liga e o desliga. Dentro, há uma tralha dos diabos, que não sei para que serve, cheia de fios entrelaçados, que é uma confusão dos diabos, um bagulho que, acho, não presta para coisa nenhuma. Em cima, há uma peça, que é uma porcaria, quebra à toa, é uma joça, um traste, que se arrebenta em pedaços sempre que cai seja de qual altura for. Na lateral dianteira, há uma portinhola, que só se abre se para abri-la se usa aquele troço fino de extremidade afiada comum aos instrumentos que são meio coisados que algumas pessoas usam para limpar as orelhas e as unhas. Dentro  do compartimento oculto pela portinhola, um treco espiralado preso à parede deste mesmo compartimento com um instrumento que coisa a peça da coisa daquele negócio coisado que aquela bugiganga, uma joça usada para coisar no negócio do carro a coisa do motor, conecta no negócio da peça do utensílio daquela porcaria que se usa para girar aquele treco esquisito que se vê em cima da torre de telefonia móvel. É o aparelho de plástico e de metal.

sábado, 7 de outubro de 2023

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Rascunbo

Piruás e Farelos - volume

Os Cachorros Bípedes de Berlim. O Uber arrumará as trouxas e "Baibai, Brasil! Hastalavista, beibe. Até o dia de São Nunca!"?! E outros piruás e farelos.

Os cachorros bípedes de Berlim.

O mundo está de pernas para o ar, de cabeça para baixo... 'tá todo mundo louco, doido-de-pedra. Ou o mundo sempre foi de gente doida, não sei. Ou a gente do mundo está a endoidar, ou endoidando, sei lá. Ou está o mundo a entrar, ou entrando, nos eixos, pela primeira vez na história, quem sabe. Não sei o que pensar acerca do que estou pensando - ou do que estou a pensar. Às vezes, e quase sempre, penso, ao sacar da caneta, em um gerúndio, escrevo-o, e o substituo pelo verbo em seu estado natural. Foi o que se deu a pouco: gerúndio, ou infinitivo?! Sou radical: fora aos gerúndios! que me servem maravilhosamente bem em muitas ocasiões. Então: vivas aos gerúndios!

- E os cachorros bípedes de Berlim?! - pergunta-me o leitor, impaciente.

Ah! Sim! É mesmo... Esquecia-me deles, tão entretido com os gerúndios....

- Que que têm os tais cachorros bípedes de Berlim, personagens deste teu artigo?! - insiste, ainda mais impaciente, o leitor.

- Os cachorros bípedes de Berlim, onde não sei se ainda há juízes, são caninos, presume-se. Ou não. Quem sabe?! E têm caninos. Ou são lupinos, sei lá eu. (Se os cachorros têm caninos, os lobos têm lupinos). Sei... Sei... Sei apenas que... Que sei eu?! Só sei que nada sei, ensinava um sábio, um daqueles que jamais recusava um convite para beber de um copo de cicuta...

- E os cachorros bípedes de Berlim?! - esgoela-se o leitor, deveras irritado, a perder, e perdendo, compreensivelmente, as estribeiras.

Os cachorros bípedes de Berlim se são de Berlim, ou de outra localidade germana, não sei; sei que eles têm cada um deles duas pernas e dois pés e pertencem à espécie, sabe-se lá se é verdade, humana, aquela espécie que, dizem por aí, e por aqui também, é a mais inteligente de todas as que na Terra engatinham, andam, correm, saltitam, pulam, arrastam-se, nadam, planam e voam. E eles deram - sei eu porque razão, e tampouco sei se é a razão racional ou irracional - de latir, dia destes - para a Lua, sei lá eu. Estavam, contou-me um passarinho, aquele de sempre, a reivindicarem não sei quais direitos e... E o quê?! Atenderam-lhes às reivindicações os homens sapiens e as mulheres sapiens que ainda conservam, e bem conservada, a massa cinzenta dentro da caixa craniana?! E eu sei! Acompanharam os cachorros bípedes de Berlim um intérpetre bílingue versado em cachorrês e humanês? Quem sabe?! Eu não sei. Não sei que fim levou tal história. Aliás, não sei se tal história encontrou um fim. Só sei que após inteirar-me do que ouviu não sei onde e tampouco de quem o passarinho bateu asas e voou - vuô, em dialeto castiço do Barnabé Varejeira, meu amigo, homem de sabedoria telúrica -, abandonando-me com os grilos que, além de me atanazarem, atazanaram-me. E eu, desapercebido de forças intelectuais para pensar a questão, não sei se acerca dela devo pensar alguma coisa.

O mundo está saindo, ou entrando, nos eixos? E eu sei?!

E quando os gatos bípedes de Berlim (se Berlim tem cachorros bípedes também há de ter gatos bípedes - e ratos bípedes também, ora bolas!) irão miar?!

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O Uber arrumará as trouxas e "Baibai, Brasil! Hastalavista, beibe. Até o dia de São Nunca!"?!

Vai-se embora do Brasil o Uber? Não sei. Penso ser improvável a ida do Uber para outras terras, terras mais acolhedoras, pois está em terras tupiniquins o seu berço, Uberlândia, encravada em algum lugar do território de Minas Gerais, que por sua vez está em terras nossas, as em que se plantando tudo dá, besteira principalmente. E jabuticaba. Não nos esqueçamos da querida jabuticaba, coisa nossa. A piada é grotesca, patética, ridícula, de dar engulhos, de fazer sentir dores de cabeça insuportáveis quem a ouve, sei. Eu poderia guardá-la comigo, mas decidi, um anjinho de rabo e chifre a sussurrar-me aos ouvidos, a atiçar-me à prática da maldade, sadicamente escrevê-la neste piruá, que não sei para onde, sem estourar, pulou.

Sem delongar o texto: está o Uber no centro de uma celeuma que põe de cabelos em pé trilhões de pessoas, e rouba ao sono elas todas, e enfia-lhes na cabeça pesadelos sem fim: quer porque quer o governo do tal L fazer das suas, e as das suas são dele, e são elas, as dele, rejeitadas por uns trilhões de motoristas ubereiros, pessoas, estas, que, diz-se por aí, quer o governo ajudar com as idéias que lhe brotam da cachola, idéias que, dizem os seus propugnadores, redundarão em benefícios aos ubereiros, mas dentre estes são mais de quatro trilhões os que delas não querem saber, não querem delas ouvir falar, e aqueles que delas ouviram falar uma palavrinha que seja, as rejeitaram terminantemente, a visualizarem, caso sejam elas implementadas em todo território tupiniquim, num horizonte próximo, um tempo de trevas. Mas quer porque quer o governo do tal L pô-las em prática, e a contragosto de trilhões de ubereiros, afinal estes seres, quadrúpedes ungulados ruminantes, segundo os seres iluminados, não sabem o que é bom para si mesmos; sabe o que lhes dará o que é bom o governo do tal L, e só ele.

A ajudar-me a pensar os meus cinco piolhos de estimação, sempre a me excitarem a razão, estou a cogitar: se o governo do tal L impõe-se, faz valer a sua vontade, concretiza o seu poder, obrigando as empresas de aplicativos envolvidas com transporte de pessoas a, servis, de cabeça baixa, a respeitarem-lhe todas as exigências, o que, declaram os entendidos, acabará, fatalmente, elevando os custos para se manter o serviço, por encarecê-lo, o Uber, sendo uma empresa do tamanho que é, monstuosamente gigantesca, a maior do seu ramo, irá diluir as despesas referentes aos custos trabalhistas e aos de outras origens no faturamento, que está, no Brasil, na casa das, contou-me um passarinho tagarela e fofoqueiro, três dezenas de bilhões de Reais. E as outras empresas, as concorrentes do Uber, muitas delas pequenas, muitas ainda a engatinharem, muitas no seu estágio embrionário, poderão repassar os custos oriundos das políticas governamentais ao preço do serviço, conservando-o competitivo, ou abaixarão as portas, tirarão, por escassez, ou falta, de meios, o plugue da tomada, assim deixando o caminho livre para o Uber dominar o mercado? Não sei se o Uber enviará para o Brasil um beijinho de despedida, de adeus, se o governo do tal L se impor na questão que a envolve diretamente. Não sei. Penso que tem o Uber, porque maior do que os seus concorrentes, a vantagem competitiva; e a conservará no novo cenário que talvez venha a se concretizar, afinal terá garantido, se não o monopólio, o oligopólio, que nascerá das exigências do pantagruélico Leviatã, tão esfomeado, tão voraz, tão insaciável, que mata os pequenos mas mantêm vivos os grandes, que parasita, sem jamais matá-los (é tal parasitismo favorável ao parasita e ao hospedeiro).

Sabemos como se fazem as coisas em terras de jabuticabas e pororocas... Vivem em simbiose os capitalistas, os grandes, e não os pequenos, e os socialistas.

A coçar a cabeça, penso: jamais veremos, aconteça o que acontecer, o Uber acenar, desdenhoso, para o Brasil, e dizer-lhe: "Baibai, Brasil! Hastalavista, beibe. Até o dia de São Nunca!"

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O filme Som da Liberdade (Sound of Freedom) e os espíritos-de-porco.

Antes de qualquer outra coisa, digo: Não assisti ao Som da Liberdade (Sound of Freedom); não irei, portanto, comentá-lo. Se ao filme não assisti, ora bolas! comentá-lo posso?! Não. É óbvio, por demais óbvio, que não. Mas posso dizer o que dele vim a saber, a trama, e nada mais: um ex-agente especial americano empreende uma heróica odisséia para resgatar, das gadanhas de seres diabólicos que o capeta defecou durante uma diarréria das brabas - daí haver, deles, uma horda infernal -, crianças que, arrancadas, à força, do seio de suas famílias, eram servidas de alimento a humanos saídos das profundezas do inferno, para satisfazer-lhes os apetites insaciáveis, animalescos, luciferinos; faz a vez do herói, um homem de carne e osso, Tim Ballard, o ator que representou, num filme do Mel Gibson, ninguém mais, ninguém menos, do que Jesus Cristo, Jim Caviezel. Há a se reprovar algo, qualquer coisa que seja, que possa, atendo-se, única e exclusivamente, à trama?! Qualquer pessoa - mesmo que ao filme não tenha assistido, e que dele nada mais saiba do que a síntese, dita acima - dotada que seja de apenas um pingo de decência, dirá ao dele ouvir: "Legal! Beleza! Tem que mostrar isso mesmo, para as pessoas saberem o que de mal muita gente suja faz!" É o que gente decente diz, cada qual a usar de palavras que lhe são íntimas, a exibir seus sentimentos, que são nobres. Ninguém ignora, no entanto, a existência, em nosso mundo, de espíritos-de-porco, gente de alma carcomida, putrefata, que se tem na conta de iluminada, autoridade moral, ser superior, a perfeição humana, entidade suprema dotada do poder de vida e morte sobre todos os reles humanos, e tal gente, nascida podre e apodrecida ainda mais durante a vida, condena o filme, o ator, o homem que empreendeu a heróica façanha, e quem ao filme assistiu, e quem pretende assisti-lo, rotulando-os com os epitetos de praxe, que infalivelmente tira da cloaca e dispara contra quem não se lhe genuflexiona à frente, reverente, servil, pusilânime. Há dias leio e escuto contra os realizadores do filme e das pessoas que encheram as salas de cinema para assisti-lo as diatribes virulentas mais sem-razão que a podridão dos homens pode conceber: que o filme é fascista, teoria da conspiração, obra de fundamentalistas cristãos fanáticos, de gente maluca, de crentes radicais, e, pasmem! de pessoas estúpidas que se ocupam de denunciar violência contra crianças. Tem o caso, que o protagonizam os que estão a, com veemência doentia, insana, cuspir perdigotos infernais na face de quem participou da realização do filme, ares absurdos, dir-se-ia surrealistas, de coisa miasmática, diabólica, mesmo. Jamais presenciei tamanha insanidade, tanta maldade. Estão os espíritos-de-porco a condenarem um filme, e milhões de pessoas que o viram, e muitos outros milhões de pessoas que, não o tendo visto, constituídas de bom espírito, louvam quem atua em defesa das crianças, e, por extensão, de todos os seres humanos.

Está o filme a ser exibido, no Brasil, em salas de cinema. E os brazucas que vivem, no pântano, a se alimentarem, apodrecendo-se, de sujidades, estão a defecarem, com o propósito de enodoarem a reputação de seus alvos, suas maldades, que lhes são naturais, e assim o fazendo expõem-se por inteiro, revelando-se-lhes os tipos podres que são. E as pessoas que deles são os alvos se engrandecem aos olhos de todos.

Que Som da Liberdade seja o primeiro de muitos filmes que exponham as vísceras do voraz monstro que está a flagelar milhões de seres humanos.

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Lula. Nordeste. Brasil. Fazoéle.

- Das cinco regiões do Brasil em qual o Lula, o PT e os políticos de esquerda têm mais influência?

- O Nordeste.

- Das cinco regiões do Brasil qual é a mais pobre?

- O Nordeste.

- Das cinco regiões do Brasil qual é a mais violenta?

- O Nordeste.

- Das cinco regiões do Brasil qual tem a pior infra-estrutura de saneamento básico?

- O Nordeste.

- Das cinco regiões do Brasil o Nordeste tem o pior índice de desenvolvimeto humano?

- Sim. Tem.

- Para que melhore os seus índices econômicos e sociais, e reduza a violência, se enriqueça, e progrida, enfim, e venha a ser, num futuro próximo, um país dos melhores para se viver, o que tem o Brasil de fazer?

- Implementar nas outras quatro regiões do Brasil as políticas comuns no Nordeste.

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Ao Estado a exclusividade do exercício da segurança pública.

Quem nunca ouviu falar, nestas terras, as nossas, e em outras, próximas e longínquas, que ao Estado, e ao Estado unicamente, cabe a obrigação, sustentada numa idéia que faz a cabeça dos seres iluminados, superiores, em todos os aspectos que se possa considerar, aos homens comuns, de fazer a segurança de todo ser bípede implume que circula pelas ruas e avenidas e praças e no interior de quaisquer propriedades particulares e residências igualmente particulares?! Quem nunca?! Quem atende ao chamado da canção dos seres iluminados, aqueles seres que em sua maioria lamberam com a testa a capa de alguns poucos livros, e dentre os piores que os seres humanos mais sórdidos que já pisaram na face da Terra escreveram, acredita, piamente, que está a ir em favor de uma idéia que irá erigir, em nosso mundo, o paraíso, e mal sabe que está a fincar em solo firme os alicerces de um edifício infernal.

Não me escapa à cabeça um pensamento que a orbita há um bom tempo: se é da responsabilidade exclusiva do Estado a segurança pública, do público, e consequentemente a proteção da vida de todo ser humano, então é o Estado o responsável, e o único, pelas tragédias que vitimizam as pessoas que estão sob a sua jurisdição.

A concentrar o meu texto nas coisas destas terras que os lusitanos cultivaram, digo: após uma tragédia que vitimou, no Rio de Janeiro, quatro pessoas, é dever de todo crente na omnissapiência e onipotência do Estado concluir que o Estado falhou, tem limites, e é seu campo de ação estreito, e não pode abranger todos os recantos do território do Brasil - que, de tão vasto, nenhum ser humano é capaz de vê-lo por inteiro (quem está no Chuí não sabe o que se passa no Oiapoque e quem está no Oiapoque não imagina o que se dá no Chuí) -, e tampouco é capaz de saber quais são as vontades, os pensamentos, os desejos, as ambições, enfim, tudo o que se passa na cabeça de cada um dos humanos que estão sob a sua proteção. Mas, quê! Os crédulos estatólatras pedem por mais concentração, nas mãos do Estado, do poder de exercer a força. Mal sabem tais pessoas, ingênuas, inocentes (estou a falar de pessoas de bom coração, é claro), que é o Estado uma abstração, uma idéia que ainda no tempo das cavernas brotou da cabeça oca de um neanderthal cujo nome de batismo a História não registra; que é o Estado uma quimera, uma fantasmagoria, que pode ser detestável, de pôr de cabelos em pé todo e qualquer bípede de trinta e dois dentes, descendente de Adão e Eva, ou camarada, gentil, amigável, amável. O Estado não faz nem fa nem fu, mas quem move as dele engrenagens, sim. O Estado não é nem bom, nem mal; nem moral, nem imoral, nem amoral. Quem está em suas entranhas, alimentando-o, animando-o, sim, tem valores, tem ambições, tem propósitos. Não se sustenta, por mais que insistam os que têm o Estado no altar, a tese que ensina que é o Estado o mantenedor da paz e da ordem. O Estado é um fenômeno social, da civilização, pode, a depender de quem lhe grava no cérebro as diretrizes, ir ao encontro das pessoas ou de encontro a elas. E quanto maior é a violência a que se assiste em um país, e maior a insegurança da população, e mais estão as pessoas sem arrimo, mais perdidas do que barata tonta após uma chinelada bem dada no lombo, e pior é o sistema educacional, e o de saúde, mais ineficiente e incompetente é o Estado, melhor, as pessoas que lhe movem as engrenagens - ou eficientes e competentes, se se entender que é o objetivo delas fazer o povo comer o pão que o Diabo amassou. A observar os homens que ocupam-se das coisas do Estado, parece que têm eles, em sua maioria, natural inclinação para o exercício do poder de vida e morte sobre as pessoas; que têm eles a predisposição de querer impôr suas veleidades, suas idiossincrasias, sejam estas quais forem, à população, independentemente se esta as quer, ou não.

Suspeito que fui um pouco além da minha intenção inicial.

Então, para encerrar: estamos a ver a multiplicação de assassinatos, no Brasil, neste 2.023: a Bahia está em pé de guerra; em São Paulo, o Estado, com suas forças de segurança, atuou para conter, em cidades litorâneas, poderosos grupos criminosos; no Rio de Janeiro, uma ação criminosa redundou na morte de quatro médicos (ou três, as informações que me chegaram são desencontradas); há poucos dias, noticiou-se o assassinato de dentistas não me recordo em qual estado da federação; e o Rio Grande do Norte enfrentou uma onda de violência de assustar todo cidadão. E quem nunca ouviu falar do novo cangaço, que há décadas está a aterrorizar os brasileiros de cidades do interior, do sertão?! E quem não sabe que é a criminalidade que no Brasil cresce como erva-daninha produto da cultura bandidólatra, de culto aos criminosos, que na literatura, na música, na televisão, no cinema, nas obras de intelectuais são enaltecidos como heróis?! E quem não sabe da ação de homens do Estado que têm uma visão-de-mundo compatível com a cultura que tem no bandido agente da construção de um mundo perfeito, o melhor?! E os criminosos avançam. Até quando?! Creio que apenas homens do Estado, se dotados de valores que se identifiquem com os valores mais caros aos homens bons, e atuando em favor deles, podem melhorar o atual estado de coisas no Brasil, que vai de mal a pior. Porém, por enquanto, e sabe-se lá por quanto tempo ainda, seremos obrigados os brasileiros a convivermos com homens-da-lei que morrem de amores pelos bandidos, e com políticos iníquos, que encontram nos bandidos aliados, e com intelectuais que ensinam que há lógica no assalto e que são os bandidos criaturas angelicais que, não contando com a compreensão da sociedade, voltam-se compreensivelmente e justificadamente contra ela... Em ambiente tão favorável aos bandidos há quem acredite que são as armas que matam, principalmente as cujos proprietários são homens honestos, e que os policiais são os vilões da história e, portanto, devem agir sempre de mãos atadas, e que as leis devam ser mais amigáveis com os criminosos, e que... A coisa não irá melhorar tão cedo, vê-se.

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O capitalismo destruiu a Venezuela.

- O Hugo Chavez e, depois dele, o Nicolás Maduro, acabaram com o que havia de, vamos dizer, para simplificar a história, capitalismo, pouco que fosse, na Venezuela, que, agora, não tem empresas particulares, e não conta com a iniciativa privada, e comércio livre tampouco tem.

- Fizeram bem o Chavez e o Maduro. Fizeram bem. O capitalismo estava destruindo a Venezuela, que agora 'tá livre dos malditos capitalistas fascistas genocidas da extrema-direita ultra-radical neoliberal.

- Está a Venezuela uma desgraça, os venezuelanos a comerem o pão-que-o-diabo-amassou. Pão?! Que pão, o quê?! Rato. Ratão de esgoto.

- Culpa do capitalismo, que desgraçou a Venezuela.

- Quê?! Do capitalismo?! Mas capitalismo na Venezuela não há, você, mesmo, disse.

- Veja bem, fascista neoliberal da burguesia capitalista: antes, havendo, na Venezuela, capitalismo, o capitalimo a empobreceu; agora, na Venezuela não havendo capitalismo, o capitalismo a empobrece. Antes, entenda, genocida ultraliberal supremacista branco de sangue europeu, na Venezuela, a presença de capitalismo prejudicava os venezuelanos; agora, prejudica os venezuelanos a ausência, na Venezuela, de capitalismo; nas duas ocasiões, portanto, o capitalismo está na origem do mal que aflige os venezuelanos.

- O que tu dizes não tem razão de...

- Não tem razão de quê, bolsominion trumpista da branquitude tóxica burguesa neoliberal da extrema-direita genocida e machista?! Para derrotar o capitalimo, que só faz maltratar as pessoas humanas onde é dominante, o Hugo Chavez, antes, e agora o Nicolás Maduro, mantiveram os venezuelanos, e o Maduro ainda os mantêm, na miséria, tirando-lhes a liberdade, para impedir o capitalismo de, retornando à Venezuela, seduzir os venezuelanos, que se lhe entregarão de braços abertos, e é certo que tal se dê, afinal os venezuelanos, idiotas que são, tais quais os povos de todo o mundo, não sabem dos males que o capitalismo causa e, ao contrário dos intelectuais, desconhecem os bens que a nossa ideologia lhes oferece.

- Ora, então o Chavez e o Maduro estão a fazer o mal aos...

- Não, fascista, não; eles estão, ao tirar-lhes a liberdade, a fazer-lhes o bem, afinal estão a impedi-los de serem seduzidos pelo capital, o imoral capital, o inescrupuloso capital. Se os venezuelanos soubessem pensar, entenderiam que a miséria deles é produto do capitalismo, independentemente do que acontece. E dou por encerrada a nossa conversa, pois você não tem argumentos a apresentar, e só sabe usar de discurso de ódio, e não diz coisa com coisa, e não associa lé com cré, e insiste em me ofender, atacando-me com as suas ironias e comentários sarcásticos, ferindo-me a honra de ativista militante que está a, sacrificando-se, lutar por um mundo melhor, sem desigualdade de renda, sem injustiça social, sem preconceitos de classe, sem racismo. Vá procurar a sua turma, nazisfascista! Só me procure no dia em que você se livrar de todo pensamento ideologizado de extrema-direita ultra-radical que recheia a sua cabeça. Beleza?! Fui.

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Os Frankenstones - O aniversário de Múmio (The Frankestones in: Birthday Boy) - desenho animado.

Na idade da pedra, mais precisamente na Idade dos Flintstones, família epônima das primeiras civilizações, viviam os ancestrais daquelas criaturas cujos mais popularmente conhecidos descendentes tiveram as suas respectivas biografias gravadas com a caligrafia de Mary Shelley e Bram Stoker - não sei dizer, todavia, no entanto, porém, entretanto, por outro lado, se eram as letras saídas das penas deles esmeradas, ou não (e não estou a insinuar que eram eles galináceos, ou de outros gêneros de aves e pássaros).

E naquelas eras longínquas, uma era da qual quase nada se sabe, anterior ao erguimento dos jardins suspensos da Babilônia e da jornada marítima de Atra-Hasis, eram vizinhos do Fred, da Vilma e da Pedrita, a família mais carismática de então, os Frankenstones, cujo patriarca era o seu Frank, a matriarca a dona Oblívia, o filho Múmio e a filha Caveirosa, e, não podemos nos esquecer, o bichinho-de-estimação, uma fofura de criatura, Mimoso.

Neste capítulo da história de tão longínqua família, vive-se um drama inspirado numa tragédia que o famosíssimo marido de uma atriz de Hollywood, o bardo de Stratford-upon-Avon (ou o Edward De Vere, ou o William Stanley, ou o Francis Bacon - inventor do toucinho defumado -, ou Marlowe - o Christopher, e não o Philip) copiou de uma obra obscura de Matteo Bandello: não se entendem o patriarca dos Frankenstones e o dos Flintstones, vizinhos: vivem em pé-de-guerra seu Frank e seu Fred.

E para piorar a situação à sua festa de aniversário natalício Múmio convida Pedrita. E deu no que deu! E danou-se o Bartolomeu! Foi o fim trágico dos Capuletos e dos Montecchios, quero dizer, dos Frankenstones e dos Flintstones? Sabe quem ao episódio assistiu e quem ao episódio assistirá.

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Homem-Pássaro - Uma luta desigual (Birdman in: Avenger for Ransom) - desenho animado.

Um super-vilão super-vilanesco sequestra Vingador, o pássaro de estimação do Homem-Pássaro, que, assim que o viu em apuros e ouviu do super-vilão vilanesco as exigências, que ele, Homem-Pássaro, teria de cumprir para ter a si restituído seu amado e querido bichinho-de-estimação, preocupado, e ansioso, sem saber o que fazer daí em diante, perguntou-se para si mesmo, quase a soltar um berreiro que poderia ser ouvido atrás da grande muralha da China, muralha que é grande pra dedéu: "E agora, quem irá me defender?" E lembrou-se, num átimo, a iluminar-lhe o espírito de super-herói, que é ele, Homem-Pássaro, um super-herói. E assim, lembrando-se de quem é, decidiu cumprir as exigências que o super-vilão vilanesco lhe fizera: roubar planos militares do Pentágono. E o super-herói arregaça as mangas e põe as mãos na massa: rouba os planos militares que o super-vilão lhe exigira em troca do Vingador. Não entendi, e compreendi tampouco, a sem-razão do super-herói alado, que empreendeu uma aventura das mais sem pé nem cabeça que já vi, mas, tudo bem, o objetivo foi atingido, sem maiores consequências: Vingador, o pássaro de estimação do super-herói alado, foi tirado às mão do super-vilão vilanesco. E o super-vilão vilanesco... Qual é o nome dele?! Zardo, ou Zorba, ou Sardo, ou Zorbo, ou Sarbo, ou... Sei lá! O áudio da animação não é lá essas coisas! Só sei de uma coisa: a ação super-heróica do super-herói alado foi de uma bestice sem tamanho - se ele tivesse recebido no lombo um dos mísseis que os militares lhe dispararam eu lhe diria, e com todas as letras: "Bem-feito!"

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Polícia Desmontada - João Calamidade (Posse Impossible in: Calamity John) - desenho animado.

Um homem esmilinguido, de sombra escassa, de carnes nenhumas, de músculos desprovido, montado num pangaré ossudo, mais firme do que prego em areia, aterroriza o Velho Oeste. E pode tal figura, tão risível, pôr medo nos bravos homens, feios, sujos e malvados, todos de bravura indômita, das terras outrora flageladas pelo homérico Billy the Kid?! Sim. Pode. João Calamidade é tão azarado, mas tão azarado, que consigo carrega, para onde vai e de onde vem, o azar; e, pior! o azar, que o acompanhada para onde, e de onde, ele chega, o azar, que jamais o abandona, o azar, que lhe põe uma nuvem negra, tempestuosa, sobre a cabeça, o azar, enfim, que jamais lhe solta o pé, espalha-se por uma vasta área cujo epicentro é ele, o dito, e infortunado, João Calamidade. Souberam o xerife (sheriff, no idioma de Clint Eastwood) Tiro Certo e o seu dinâmico trio de valentes caubóis (cowboys, na língua da pátria de John Wayne), Valentino, Vareta e Chorão, que aproximava-se da pacata cidade João Calamidade ao sentirem a terra tremer. Sim, querido leitor: um terremoto anunciou a chegada de João Calamidade à cidade que o garboso xerife e seus três heróicos e inestimáveis e aguerridos companheiros de toda hora e para toda obra protegem. E é tanto desastre, é tanta a desgraça, é demasiada a tragédia que o vilanesco personagem que a todos aterroriza, homem que, tal qual o mais mundialmente conhecido personagem de Sófocles, não pode fugir ao seu destino, que o dono do queixo mais sensual do Velho Oeste, o charmoso xerife Tiro Certo, não sabe que fim lhe dar, não sabe se, ao capturá-lo, deva prendê-lo na cadeia, se o afugenta obrigando-o a ir-se para bem longe da pacata cidade.

É esta uma aventura que ilustra, à perfeição, a cultura, a história, a sociedade do Velho Oeste. Dela Pat Garret se orgulharia.

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Peter Potamus e Tico Mico - A Reforma de Plankenstein (Peter Potamus and So-So in: The Reform of Plankenstein) - desenho animado.

A criatura de Mary Shelley inspirou às mentes mais criativas do universo criaturas frankensteinianas das mais amadas e queridas. Neste episódio das aventuras dos dois mais divertidos tripulantes de um barco-balão, que é uma extravagante e singular máquina do tempo, inadvertidamente descem eles - animais humanóides que bem se sairiam em fábulas de Esopo e numa e noutra de La Fontaine - numa região onde conflagram-se duas famílias que desde sempre vivem em pé-de-guerra - suspeita-se que sejam os Hatfield e os McCoy -, e para escaparem-se aos tiros, movem as engrenagens da nave aérea que os carrega para todo canto e para toda era, e, à viagem através do tempo, vão ter a um povoado pacato... Não tão pacato como dá a entender a primeira impressão que dele se tem. Aterroriza os pacatos moradores um monstro, terrível monstro metálico, o temido Plankenstein, criatura de um cientista biruta, que, além de biruta, é malvado, e, além de biruta e malvado, vive num castelo encravado no alto de um morro. E todos sabemos que cientistas loucos e malvados e homens vampirescos vivem em castelos erguidos no alto de morros - na Europa, pelo menos.

E para livrar o povo daquele povoado do terrível monstro e de seu insano inventor têm Peter Potamus e Tico Mico, mais aquele do que este, de se desdobrarem para sobrepujarem a poderosa criatura metálica. Conseguiram?

Se tu és, querido leitor, um apaixonado por literatura gótica e interessado pelas coisas que participam da vida dos cientistas birutas e malvados, não perca este episódio das aventuras dos viajantes do tempo Peter Potamus e Tico Mico, cuja história o tal de Herbert George Wells, que, disseram-me, sabia contar história de aventuras de viagens através do tempo, poderia ter escrito.