sexta-feira, 16 de junho de 2023

Reescritos

 

Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge

No filme "Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge", após Bane invadir a bolsa de valores, há um diálogo entre um policial e um outro personagem. O policial, desdenhoso, diz que não tem dinheiro na bolsa porque é pobre, e o outro personagem sentencia, em outras palavras: se roubado dinheiro dos ricos aplicado na bolsa de valores o do policial não valerá um tostão. Em tal cena se critica duramente uma ideia cara aos socialistas: a da luta de classes.

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"Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge" não é apenas um filme de super-herói; é um tratado de política. Bane, o vilão, para realizar a sua revolução, solta os criminosos presos no presídio de Gotham City, e diz representarem eles o povo, o povo que, restituído a Gotham City, a reconstruirá. É a atitude de Bane reprodução da mentalidade socialista: os bandidos são vítimas da injustiça das classes abastadas. Tal cena é, também, uma alusão à Revolução Francesa: uma das principais ações, das mais significativas, emblemáticas, dos revolucionários franceses foi a soltura dos bandidos presos na Bastilha.

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Bane, o vilão de "Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge", é um revolucionário socialista: para realizar o seu ideal, destrói a cidade e oprime o povo. Entrega a cidade ao povo (e quem são o "povo"? o lumpenproletariado) e o que tal povo faz? Ataca os membros das classes mais bem aquinhoadas. Após Bane dominar Gotham City, há várias cenas em que pessoas da classe baixa agridem pessoas da classe alta: é a luta de classes, é a revolução socialista. E o que se vê é o caos.

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Como se dá a justiça, no filme "Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge", após Bane, um revolucionário socialista, entregar Gotham City ao povo (povo, aqui, resume-se aos revolucionários)? Dá-se como uma farsa: os revolucionários são o advogado de acusação, o advogado de defesa, o júri, o promotor, o procurador e o juiz, a sentença a anteceder o julgamento: todos os réus são culpados, e têm o direito de escolher entre a morte, e o exílio, que leva à morte.


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Arrow - Arqueiro

Na série de televisão Arqueiro, da DC (inspirada na personagem Arqueiro Verde), num dos episódio que assisti, sábado, à noite, Thea Queen, corroída pelo ódio, entrega seu pai, Malcom Merlyn, um criminoso, para Ra's al Ghul, o filho do demônio, cujos servos o levam até Nanda Parbat. E o meio-irmão de Thea Queen, Oliver Queen, o Arqueiro, decide ir até Nanda Parbat resgatar Malcom Merlyn. E os amigos de Oliver Queen, Laurel Lance, John Diggle (o mais fiel deles, que, mesmo lhe compreendendo as razões, contesta-o), Roy Harper, Felicity Smoak, e sua meia-irmã, Thea Queen, o questionam acerca das razões que o levam a empreender tão arriscada aventura: Por que ele, Oliver Queen, iria resgatar, das mãos de Ra's al Ghul, que meses antes, num duelo, quase o matara a ele Oliver Queen, um criminoso, o Malcom Merlyn? E Oliver Queen justifica o seu propósito: Não iria resgatar Malcom Merlyn; iria resgatar a alma, então sendo corroída pelo ódio, de sua meia-irmã, Thea Queen, que, num ato impensado, irrefletido, inspirando-lho o ódio que nutria pelo seu pai, entregara-o à morte. Não queria Oliver Queen que sua meia-irmã, assim que, recuperando a razão, e entendendo a essência de seu ato irrefletido, se atormentasse com a culpa por haver entregado seu pai à morte. Excelente episódio. E a série, na primeira temporada fraca, surpreendeu-me nos episódios, que já assisti, da terceira temporada.

Escrito em 18 de setembro de 2017.

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