quarta-feira, 6 de julho de 2022

Quatro filmes

 Quatro Filmes


Má Sorte (Hard Luck - 1921) - de Buster Keaton.


É este filme um curta-metragem que traz um desventurado Buster Keaton a, para livrar-se da vida, que não o agrada, tentar o suicídio,e das maneiras mais inusitadas, sempre que as oportunidades para a execução de tal ato se lhe oferece, mas acaba, infalivelmente, por fracassar em seu dramático, que assume ares cômicos, propósito. Joga-se na frente de um trem; enforca-se; bebe de todo o líquido de uma garrafa, que, ele acredita, contêm veneno; enfim, o destino lhe reserva uma aventura rocambolesca pra lá do balacobaco. Depois de ir à pesca, e de participar de uma caça à raposa, e de enfrentar o facínora Lizard Lip Luke (Joe Roberts) e seu bando de criminosos, decide pular, de um trampolin, numa piscina, o que lhe dá um rumo, inusitado, à sua vida de homem desafortunado.

É tal curta-metragem diversão garantida. As estripulias do herói, hilárias. O interessante, chamo a atenção para este detalhe, é que, nos primeiros episódios da aventura do protagonista todo o humor é construído em cima de seu drama, de sua condição existencial, desesperançada, drama tão intenso que fá-lo buscar o suicídio para dar-lhe fim.

A cena derradeira, surpreendente.


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Sherlock Jr. (1924) - de Buster Keaton.


É possível imaginar uma ventura policial protagonizada por um filho do mais famoso morador de Baker Street? E é possível imaginar uma aventura cômica com ele? Sim. É possível. E Buster Keaton a imaginou. E a sua imaginação resultou neste filme, uma comédia divertidíssima, que dá uma história, esta um sonho do protagonista, dentro de outra história, que conta as peripécias de Buster Keaton, que trabalha, numa sala-de-cinema, de faxineiro e projetista. Num momento em que ele, durante a transmissão de um filme, cai em sono pesado, conta-se as façanhas do detetive, o Sherlock Jr., o nosso herói a sonhar consigo mesmo no papel de um detetive. A sequência de cenas engraçadas é de tirar o fôlego; são as cenas antológicas, icônes da sétima arte.

Tem o filme um pouco mais de uma hora de duração, tempo este que passa sem que quem está a assistir ao filme perceba.

Participam do filme, além de Buster Keaton, Kathryn McGuire, que faz a vez da garota pela qual o herói apaixona-se, e Ward Crane, o rival dele, e Joe Keaton, o pai da garota.

Para quem deseja momentos de pura diversão, inocente, e saudável, Sherlock Jr. é a escolha perfeita.


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Hércules, Sansão e Ulisses (Ercole sfida Sansone - 1963) - com Kirk Morris e Iloosh Khoshabe.


Eu jamais tinha ouvido falar da existência de tal filme. E jamais pensei que houvesse um que trazia em seu panteão de heróis, os nomes de Hércules e Sansão, heróis, aquele, grego, este, hebreu, aquele, de poemas helênicos, este, do Velho Testamento, heróis que, até onde se sabe, jamais cruzaram-se os caminhos em suas andanças pelas terras inóspitas da nossa querida esfera celeste.

À procura de um filme, acessei o Youtube, e digitei Hércules, a evocar os filmes, que eu, há mais de trinta anos, então um garoto imaginoso, assisti, estrelados por Lou Ferrigno, fisioculturista cuja chama se rivaliza com a de Schwarzenegger. E apareceram-me filmes e desenhos, e, dentre eles, o que dá título a esta resenha. Curioso ao ver os nomes Hércules e Sansão, e mais o de Ulisses, no título de um filme, decidi à obra do cinema italiano (do gênero - vim a saber depois, após uma rápida pesquisa em site de busca - que se popularizou como filme de espadas e sandálias) assistir. Não é o filme uma obra-prima; nem memorável é; tem, no entanto, os seus atrativos: os dois heróis, que se batem em certo capítulo da épica aventura; as paisagens, deslumbrantes; o esmero das cenas e das vestes das personagens.

De início, são naves maritímas gregas atacadas por um monstro marinho, que vem a causar o naufrágio delas. Um dia, decidem Hércules (Kirk Morris) e Ulisses (Enzo Cerusico) singrarem os setes mares à caça do monstro que tanto mal causava aos gregos. E é o destino dos heróis gregos, após o confronto com a criatura marinha, o naufrágio e a chegada deles à terra dos judeus, onde deparam-se com os danitas; na sequência, vêm a ter com Seren (Aldo Giuffrè), o rei filisteu, no palácio deste, e com Dalila (Liana Orfei), mulher diabolicamente astuta, que é bem-sucedida em urdir uma trama que põe em rota de colisão o herói grego e Sansão (Iloosh Khoshabe). Antes desta cena, Hércules mata, com as mãos, um leão, o que faz com que pensem que é ele Sansão, herói em cujo encalço estava o rei filisteu. A cena mais aguardada, a da luta entre os dois heróis, se dá um pouco antes do encerramento do filme. E batem-se o herói grego e o danita, ambos a se emularem em força física, e nenhum deles a se sobressair frente ao seu oponente.

É o filme uma agradável aventura.


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O Valente Treme-Treme (The Paleface - 1948) - com Bob Hope e Jane Russell.


Libertam Calamity Jane (Jane Russell), bandoleira temida, da prisão, e negociam-lhe o perdão pelos crimes se ela investigasse um caso escabroso, que envolvia venda de armas para os índios. Após a persuadirem da vantagem que ela obteria com a proposta, ela decide cumprir a incumbência da qual a haviam encarregado. No meio do caminho, conhece Peter Potter (Bob Hope), o dentista alcunhado Indolor, homem falastrão, medroso e trambiqueiro, que troca os pés pelas mãos com a sem-cerimônia de um sujeito alienado, um rematado tolo. A inusitada união entre a temida bandoleira e o pusilânime dentista oferece cenas de humor cativante, engraçadíssimas, disparatadas, de fazer dobrar de rir quem se dedica a assistir a esta comédia irresistível.


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