quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Dois artigos

Medeiros e Albuquerque, Júlio Ribeiro, João Ribeiro e Valdomiro Silveira.

A literatura brasileira tem preciosidades que os brasileiros desconhecemos, e obras que, mesmo de pouco valor, merecem que a existência delas lhes seja do conhecimento.
Nestes dias, de duas semanas até hoje, li quatro livros, cada um de um escritor, que me agradaram. São os livros "Surpresas...", "Procelárias", "Fabordão" e "Leréias", cujos autores são, respecticamente, Medeiros e Albuquerque, Júlio Ribeiro, João Ribeiro e Valdomiro Silveira.
Os quatro livros acima citados, que me chegaram às mãos por vias acidentais, são edições antigas, de há décadas; têm suas folhas amareladas, estão em ortografia outra que não mais se usa - e o de Valdomiro Silveira, escangalhado, e sem a capa posterior, das folhas as bordas desfazendo-se em minúsculos fragmentos - seus antigos donos não lhe haviam zelado pela integridade. O de Medeiros e Albuquerque, uma reunião de contos, não é uma obra de monta; pouco valor literário tem; todavia, dos contos dois agradaram-me imensamente, "O Gatuno" e "Freudismo", o primeiro a cuidar do quão injusta pode ser uma pessoa que se precipita ao julgar e condenar os atos alheios, o segundo a trazer à tona o que hoje em dia se convencionou chamar mensagem subliminar, oculta nas peças publicitárias. O de Júlio Ribeiro apresenta uma reunião de artigos, que versam, uns, sobre política, outros, armas - e nos primeiros ele se revela um republicano intransigente e feroz em seu sonho de separar do Brasil o estado de São Paulo; e de brinde ao leitor uma ode, em prosa, a Camões. E Camões é, também, o tema de um dos artigos reunidos no livro de João Ribeiro, êmulo de Rui Barbosa; além deste artigo, o autor presenteia o leitor com percucientes comentários acerca de Nietzsche e, com a autoridade que lhe compete, dá-lhe proveitosas aulas de filologia. E é o livro de Valdomiro Silveira, dos quatro dos quais nesta obra breve dediquei atenção, o que mais me agradou; conta os narradores curiosidades do cotidiano de caipiras paulistas; são contos interessantes, recheados de cultura popular, vazados num linguajar típico dos rincões do Brasil, de pessoas que, de pés no chão, vivem com os pés no chão. É Valdomiro Silveira o pioneiro da literatura regionalista brasileira, e no crepúsculo do século XIX. Para mim é o autor uma novidade, uma extraordinária surpresa. Lê-se Leréias com encanto. E não se esquece o editor de oferecer ao leitor um glossário caipira.
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Assassinato de crianças.

Ontem, uma notícia de estarrecer toda pessoa decente e de alegrar toda pessoa que tem o mal no coração: Na Colômbia está autorizado o assassinato - que no jargão demoníaco politicamente correto recebe o eufemismo "aborto" - de crianças - "feto", segundo os que vivem sob domínio satânico - que, ainda no ventre de suas mães não passaram de vinte e quatro semanas de vida. Para os progressistas, tais crianças são apenas amontoado de células. Não há muitos meses, ouvimos notícia de que na Argentina e em um estado americano - não me lembro qual - permitiu-se o assassinato de criança que estejam saindo à luz - parece-me que, na Argentina, tal lei foi revogada. Mas que não pensem os ingênuos que os financiadores da política da morte irão desistir de seus objetivos assassinos.
E aqui no Brasil foi grande a repercussão do mal que se promoveu na Colômbia; e o presidente Jair Messias Bolsonaro e a ministra Damares Alves pronunciaram-se contrários ao aborto e defenderam a vida; e personalidades, que os esquerdistas entendem radicais e fanáticos e genocidas, vieram a público deplorar a decisão colombiana.
Um adendo: Há uns dois anos li, de Hélio Angotti Neto, A Morte da Medicina, livro de leitura indispensável para quem deseja compreender a estratégia que os financiadores da política de assassinatos de crianças usam para persuadir o público de que ela é benéfica para a humanidade.

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