Presidente Bolsonaro e o 7 de Setembro de 2.021.
As manifestações democráticas, e populares, de milhões de pessoas pedindo liberdade, justiça, paz, e as ações do presidente Jair Messias Bolsonaro surpreenderam gregos e troianos. Não há, em todo o universo, excetuados o presidente do Brasil e um seu reduzido círculo de aliados, quem saiba o que de fato se deu nos meses que antecederam o já histórico 7 de Setembro de 2.021 e nos dias que logo se lhe seguiram. São incontáveis as teorias que intelectuais, de direita e de esquerda, conservadores e revolucionários, bolsonaristas e anti-bolsonaristas, apresentaram, todos, ouso dizer, certos cada qual de que a que apresenta, sendo a correta, explica o que ocorreu antes, durante e depois da efeméride. Sabe-se que as manifestações do presidente e de seus apoiadores não corresponderam às narrativas que acerca delas aos quatro ventos os anti-bolsonaristas espalharam; não representaram um movimento de golpe às instituições democráticas capitaneado pelo presidente Jair Messias Bolsonaro, cuja personalidade é hostil ao autoritarismo de qualquer espécie, como ele deixou claro em não poucas declarações e em atos inúmeros - o que se viu foi, única e exclusivamente, a exibição de irrivalizado apoio popular ao presidente, que, conquanto a mídia diga o contrário, conserva a sua popularidade intacta e é o político mais influente do Brasil. Muitos formadores de opinião, que, pelo visto, de ninguém forma a opinião, insistiram, todavia, em emprestar-lhes - e insistem em tão reprovável postura, suas interpretações sob influência de idéias que dão o presidente brasileiro um personagem vilanesco, crudelíssimo - ingredientes que elas não possuem, a má-fé, que lhes recheia o espírito, a movê-los, pois eles, embora observem os fatos, e, pode-se supor, os compreendam, bostejam, desavergonhadamente, mal-intencionados, para explicá-los, narrativas mentirosas, que apontam o presidente como um ditador iníquo, um político inescrupuloso, sem jamais ilustrá-las com dados que as corroborem, e as repetem, durante trinta horas por dia, dez dias por semana. Não se vexam os detratores do presidente em mentir descaradamente, mesmo que, e principalmente se, flagrados em pecado. E não foram as manifestações impopulares, a contarem com a participação de, se muito, meia dúzia de gatos pingados - é esta a história que a imprensa insiste em, negando a realidade, e desejando impôr suas narrativas, propagar, o que, aliás, ela faz, despudoradamente, sempre que os bolsonaristas - bolsominions, para os íntimos - se manifestam, e em número imensurável, em apoio ao presidente, cobrindo avenidas inteiras, num espetáculo de espontaneidade inegável, trajados com os indefectíveis verde e amarelo, numa ordem admirável, que jamais desanda em grosserias, ataques aos policiais, quebradeira generalizada de patrimônio público e particular, ações gêmeas dos atos violentos dos anti-bolsonaristas sempre que estes saem à rua, aos punhados. E a imprensa insiste em rotular anti-democráticas e golpistas, de robôs fascistas e nazistas, as manifestações ordeiras e pacíficas dos bolsonaristas, e democráticas, espontâneas, de um povo que pede por liberdade, as barbaridades orquestradas pelos anti-bolsonaristas.
Do ano de 2.021, o ato político emblemático é o da Carta à Nação. Há quem jure, e de pés juntos, que redigiu-a o ex-presidente Michel Temer. É tal carta sua obra-prima. E há quem diga que a escreveram quatro mãos, as do presidente Jair Messias Bolsonaro e as do já mencionado ex-presidente. E chegou-me ao conhecimento que há quem pense que a redigiram as mãos do ex-presidente e as de Alexandre de Moraes, ministro do STF. E para alguns sagazes espécimes do espírito humano, redigiram-la os três protagonistas, acima citados, de nossa aventura, não após o 7 de Setembro, mas antes do primeiro ato deste capítulo da história brasileira ser executado. Não sei quem a redigiu. Conta-se acerca da confeção dela estas quatro versões - e talvez algumas outras, que a imaginação fértil de alguém tenha concebido e não me vieram ao conhecimento.
E acerca de qual foi o papel que cada um dos principais personagens da trama, que se começou a dedenhar meses antes, representou podemos aventar hipóteses. Envolvem-nos conjecturas: o presidente Jair Messias Bolsonaro, após intensificar, no dia 7 de Setembro, ao ministro Alexandre de Moraes as críticas, se viu numa arapuca, e, sem meios de cumprir as ameaças, recorreu ao ex-presidente Michel Temer, suplicando-lhe, humilde, e constrangedoramente, socorro, de cabeça baixa, prosternando-se diante dele, e com zumbais grotescas revelou-se-lhe submisso; o ministro Alexandre de Moraes, vendo-se em maus lençóis, e certo de que o presidente cumpriria as ameaças, que tinham destinatário certo, trêmulo, e apavorado, ao passar as noites anteriores em claro, solicitou ao ex-presidente cujo nome encontra-se, neste artigo, duas vezes, linhas acima, intervenção, um diálogo com o presidente, este, enfurecido, com a faca e o queijo na mão, pronto para cortar o queijo, e entregar a cabeça do ministro, numa bandeja, ao povo brasileiro, ou a este entregá-lo de corpo inteiro, e que o povo lhe concedesse o destino que entendesse lhe fosse merecido, que seria, provavelmente, o escalpelamento, seguido da imolação, em praça pública, numa exibição de selvageria e barbarismo inéditos nos anais da história da civilização; eram muitos os ministros do STF, e senadores e deputados federais, e governadores, e inúmeros outros personagens da política nacional, todos preocupados com o recrudescimento das tensões entre o presidente e, do STF, os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, principalmente agora que o presidente deu ao mundo uma demonstração de assustadora força popular, obrigando-os a reconhecê-lo o personagem mais poderoso da trama, e a brandirem a bandeira branca, ostensivamente, para que ninguém a ignorasse, e a pedirem por um diálogo com o presidente, e o ex-presidente Michel Temer eles o nomearam o interlocutor entre eles e o presidente; os políticos jogaram a toalha, derrotados, humilhados, ao reconhecerem, rendidos à verdade, que sagrou-se vitorioso do embate o presidente, que lhes exigiu a rendição unilateral, incondicional; todos os personagens envolvidos na trama se viram num ponto de inflexão: ou todos recuavam, cada qual de sua posição, ou o conflito será inevitável, e em tal momento estavam, todos, em pé de igualdade, e se fossem para o confronto este seria duradouro e sangrento, e seu fim apenas Deus conhecia, mas nenhum deles quis arcar com as consequências do recrudescimento das agressões mútuas, abrir a caixa de Pandora, e decidiram resolver o imbróglio confabulando amigavel, e diplomaticamente, até chegarem a um denominador comum; o presidente acovardou-se, recuou, de golpista, bruto, acanalhado, de espírito ditatorial, converteu-se em arregão, frouxo, covarde, afinal, tinha, em suas mãos, o poder de decidir sobre a vida e a morte de seus inimigos, mas, não querendo usá-lo, contemporizou; o ministro Alexandre de Moraes e o presidente, aliados, simularam hostilidade recíproca, o ministro a representar o papel de inimigo dos brasileiros, para estimular os bolsonaristas e outros brasileiros, todos indignados com a postura do ministro, a irem em favor do presidente, fortalecendo-o, para que ele simulasse a postura de quem pretendia romper de vez a corda, e assim obter concessões de seus inimigos sem que necessitasse ir às últimas consequências, o que faria, se o desejasse, agora com amplo e irrestrito apoio popular; o presidente pretendia, dentro das quatro linhas da constituição, destituir ministros do STF e punir senadores, deputados e governadores, mas recuou, no último instante, porque não contava com apoio dos militares; o presidente blefou, orquestrou seus movimentos desde o início, em acordo com uma ou duas pessoas. São muitas as hipóteses que dão as razões que levaram o presidente à publicação da Carta à Nação. Qual explica o que de fato se deu? Acredito que, além do presidente, apenas um (talvez dois) personagem conheça a história.
Após a publicação da Carta à Nação, testemunhou-se atos inusitados de agentes públicos, jornalistas, opositores do presidente, apoiadores dele, e supostos apoiadores dele, dentre estes os conservadores revolucionários (que são, na opinião deles mesmos, os mais esclarecidos e ilustrados e intelectualizados homens do universo - e que ninguém ouse emulá-los!), intelectuais que lhe descarregam, sem critério algum, críticas construtivas, pessoas que ambicionam governar o Brasil, mas sem o ônus da responsabilidade que o cargo de presidente cobra, e têm o desplante de sugerirem ao presidente a nomeação deste e daquele personagem para este e aquele cargo da burocracia federal, e atrabiliários, esbravejam, exibindo caras e bocas grotescas, e rodam a baiana, sempre que ele não lhes atende as sugestões, que soam como mandamentos divinos, e tampouco as demandas deles, muitas delas pessoais. Li, de um dos conservadores revolucionários - e não vejo razão para citar-lhe, aqui, o nome, pois entendo que é importante o tipo, e não o indíviduo -, um texto, curto, e risível, que dele exibe orgulhoso desdém pelos bolsonaristas e pelo presidente. Declara o distinto intelectual que são otárias as pessoas que foram às manifestações do dia 7 de Setembro; e em outro texto seu, recria a cena da Independência ou Morte, às margens do Ipiranga, imortalizada na famosa pintura de Pedro Américo, o presidente Jair Messias Bolsonaro fazendo a vez de Dom Pedro I e encerrando sua participação em tal episódio curvando-se, desavergonhada e covardemente, aos lusitanos. Além destes dois textos, li um terceiro, de outro conservador revolucionário - cujo nome dispenso-me de registrar, pelas razões expostas acima - que, aludindo a Winston Churchill, apequena o presidente brasileiro, que, tal qual Nevil Chamberlain, de constrangedora biografia, preferindo à guerra a vergonha, teria a guerra e a vergonha. O que se percebe em tais textos é o uso, por seus autores, de um verniz de erudição; comparam personagens de momentos históricos distintos, mirando um objetivo: difamar o presidente Jair Messias Bolsonaro. Desconsideraram os contextos, caso os conheçam, para emprestar um ar de seriedade às críticas que teceram ao presidente brasileiro, e de autoridade, autoridade de pessoas cultas, superiores porque capazes de evocar personagens e eventos históricos - críticas que, desataviadas de seus paramentos retóricos, revelam-se tão rasas e boçais quanto as que fazem ao presidente os inimigos dele -, e deles transparecem, não frustração e desilução, que pretendem exibir, porque suas sábias exortações não foram contempladas com a atenção presidencial, mas a raiva, que não conseguem conter sempre que contrariados em seus desejos. Entendo que tais conservadores revolucionários - e os conservadores revolucionários são uma legião - querem que o presidente realize o sonho deles, o de pôr abaixo o estamento burocrático, e que ele assuma - só, nu, e com a mão no bolso - as consequências de seu ato intemerato, supostamente heróico, e, ansioso, tenso, amedrontado, viva à espera da reação dos oponentes dele - não são intelectuais abnegados, que se limitam a observar e analisar os eventos; fosse assim, eles não esbravejariam tanto, com tanta raiva, que se esforçam, em vão, para conter, sempre que o presidente assume uma postura que não corresponde à que eles consideram a correta e toma uma decisão que não está em acordo com as diretrizes do manual deles. A postura deles, cômica. Eles se fazem de aliados e apoiadores do presidente, mas estão sempre constrangendo-o com críticas construtivas, que não têm efeito prático, e teorias que a realidade da política brasileira do dia-a-dia rejeita.
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