Ensinam os professores aos seus alunos o que aprenderam de seus professores e o que estudaram durante os anos, inclusive durante os que exercem o magistério. Mas o que aprenderam, afinal, os professores? Que livros leram? Que livros seus professores lhes indicaram? De quais livros deles exigiram a leitura? Sabe-se que, nas escolas, boicota-se escritores, de ficção e de não-ficção, que não subscrevem a cultura política, ideológica, vigente, dominante, que é de inspiração marxista, politicamente correta. Aprende-se Paulo Freire, mas não Pierluigi Piazzi; aprende-se Sartre, mas não Zubiri; aprende-se Jorge Amado, Antonio Callado e Gianfrancesco Guarnieri, mas não Octávio de Faria, Lúcio Cardoso, Marques Rebelo, Herberto Sales, Guilherme de Almeida; aprende-se Antônio Cândido, mas não Álvaro Lins; aprende-se Karl Marx e Rosa Luxemburgo, mas não Carl Menger, Ludwig von Mises e Eugen von Böhm-Bawerk; aprende-se Florestan Fernandes, mas não José Osvaldo de Meira Penna e João Camilo de Oliveira Torres; aprende-se os Iluministas, mas não os Padres da Igreja; aprende-se, enfim, autores que reverenciam marxistas e comunistas, mas ignora-se os que se lhes opõem. Durante os anos de tirocínio, os alunos aprendem o que querem que eles aprendam, e o que eles aprendem nem sempre é – corrijo-me: não é - o que há de melhor já concebido pela inteligência humana, e não raro é de uma mendacidade constrangedora.
Os
alunos mais aplicados, que apreendem tudo o que os professores lhes ensinam,
sabem, ao fim da vida escolar, apenas os conhecimentos que os professores lhes
transmitiram. E que valor têm tais conhecimentos? O diploma, ao contrário do
que muita gente pensa, não é prova de bom nível cultural, intelectual,
literário, artístico. Prova o diploma que aquele que o ostenta assimilou, se
tal se pode dizer, apenas o que lhe foi transmitido, nas salas-de-aula, pelos
professores – e tendo professores despreparados, de má-formação, deve-se dizer
que nada de útil aprenderam.
Cada
professor pode transmitir aos seus alunos apenas o que ele sabe, e nada mais.
Sendo o professor de pouca, ou nenhuma inteligência, e de má formação, pode ele
pouco, ou nada, transmitir àqueles que tem ele como seus alunos.
E
o Paulo Freire? Antes de falar do que se diz por aí acerca dele digo que li,
dele, apenas um livro, A Pedagogia do Oprimido, e há mais de vinte anos, e
nunca mais me interessei em ler a obra de tal personagem, divinizado e
idolatrado por onze de cada dez professores. O que acerca dele, melhor, da obra
dele, escreverei resume-se ao que dele ouvi, e li, adicionando alguns
comentários, meus, acerca das idéias que, dizem seus adoradores, são dele. Uma
das idéias que os paulofreireanos atribuem ao seu insigne e divino mestre é:
Não se deve aplicar aos alunos a “pedagogia de gavetas”, isto é, a prática de
ensino que faz do aluno apenas um receptáculo de conhecimentos, que não são dele,
mas nele injetados pelo professor; em outras palavras, não cabe ao professor transmitir
ao aluno conhecimentos, pois o aluno é agente ativo do processo de ensino, e
não passivo. Outra idéia ao maior pedagogo que já pisou na face da Terra – segundo
seus admiradores – atribuída pelos que o reverenciam ensina: O professor é uma
autoridade; sendo, portanto, uma autoridade, oprime os alunos, o que não é
aceitável, pois não é papel do professor oprimi-los, mas libertá-los.
Pensando
no que vai escrito no parágrafo anterior, sou obrigado a dizer que os
professores paulofreireanos que eu conheço não são paulofreireanos, pois eles transmitem
conhecimentos aos seus alunos, praticando, portanto, a “pedagogia das gavetas”
tão demonizada por Paulo Freire, e os avaliam por meios de provas - e ou os
aprovam, ou os reprovam -, aqui exercendo autoridade, e, portanto, oprimindo-os.
E adiciono uma pergunta, para encerrar este parágrafo: A pedagogia – se se pode
chamar de pedagogia a obra de Paulo Freire – paulofreireana se levada à prática
não redunda na extinção da escola e do ato de ensinar, e para ela existir não se
deve excluir os professores da prática do ensino? Baseado no que escuto de
professores que idolatram Paulo Freire – e que ninguém ouse criticá-lo -, eles
não são paulofreireanos, pois, repito, transmitem conhecimentos aos alunos e os
avaliam.
Esquecia-me:
Dizem, também, os paulofreireanos, que não há conhecimentos superiores e
conhecimentos inferiores, mas conhecimentos diferentes. Qual é o impacto de tal
idéia, atribuída, por inúmeros professores, ao deus da pedagogia, na formação
intelectual dos alunos? E se não há conhecimentos superiores e conhecimentos
inferiores, mas conhecimentos diferentes, unicamente, por que os alunos têm de
ver nos professores pessoas dotadas de superioridade intelectual?
As
três idéias – paulofreireanas, segundo os paulofreireanos - apontadas nos
parágrafos anteriores não são desserviços ao ato de ensinar?
E
para encerrar este artigo, repito: considerei, unicamente, para redigir os
comentários acerca de Paulo Freire o que dele ouvi de professores
paulofreireanos. E que ninguém use de falácias para defender o supremo sábio pedagogia
universal, da da autoridade principalmente: “Paulo Freire ganhou centenas de
prêmios mundiais. A obra dele é lida em todo o mundo. Ele é respeitado em todas
as universidades.” E coisa e tal.
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