Medo.
Terror. O Horror. O Horror. O Horror. Covid. Histeria.
Encontraram-se,
naquela tarde, os amigos João e José, aquele calmo, este, esbaforido, exausto,
quase a perder a consciência. Diante de tal exibição de esgotamento nervoso de
José, João perguntou-lhe: “O que sucede, Zé? Por que está assim, tão
apavorado!? O que se deu contigo?!”, e dele ouviu: “Um leão, dos grandes,
ferocíssimo, no centro da cidade, atacou um garoto, matou-o, e está a avançar
contra outras pessoas. Ele correu em minha direção; sorte minha que escapei ao
cair num bueiro.” “ Quê!?!”, exclamou João, intrigado, incrédulo. “Leão, aqui
na cidade. Que absurdo!”. “É verdade, João. É verdade. E provo. Aqui está o
vídeo. Gravei tudo. Veja.” E José dá-lhe a ver o vídeo, que mostra um leão, no
centro da cidade, a atacar, e matar, um menino, e a avançar contra outras
pessoas, dentre elas João. “Meu Deus, Zé! Temos de nos proteger. É o que nos
resta fazer. Não sejamos loucos! Vamos para casa. Vai que o bicho passa por
aqui e nos vê! Vamos” E foram João e José para a casa de José.
Nesta
curta história, aparentemente absurda, os dois protagonistas, os amigos João e
José, depararam-se com um caso inusitado, que ambos, como toda e qualquer outra
pessoa, pode conhecer ao vivo e em cores: um leão a matar pessoas. Foi
identificada a criatura que pôs apavorada toda a cidade: O leão. E todos os
moradores da cidade ou recolheram-se, para se protegerem, cada um deles à sua
respectiva casa, ou, os mais destemidos, de sangue de herói – e não poucos
deles imprevidentes, e não seria exagero chamá-los de amalucados -, saem à caça,
munidos dos apetrechos apropriados, do felino que pôs a cidade em polvorosa.
Prepararam-se para enfrentar o que os ameaçava, e o que os ameaçava eles podiam
ver, conhecer com os seus próprios sentidos, medi-lo, mensurar-lhe o poder, e
agir de acordo, cientes do perigo que correria, com razoabilidade (nem todos, é
verdade – mas deixemos os tontos pra lá). A reação, digo, das pessoas, foi
racional, baseada no que conhecem do que os está a ameaçar a vida.
Deixemos
de lado, mas não a esqueçamos, tal historinha, que parece saída do
arco-da-velha, e nos detenhamos numa criaturazinha que nos ocupa os pensamentos
quase que durante todas as vinte e quatro horas do dia: o coronavírus, ou
Covid-19.
Aqui,
algumas perguntas, que causarão estranheza ao leitor, perguntas que têm sua
razão de ser: Quem viu o coronavírus? Quem viu o coronavírus no interior do
corpo de uma pessoa? Quem viu o coronavírus destruindo os órgãos de uma pessoa?
Quem viu o coronavírus matando uma pessoa?
Se
tais perguntas causam estranheza ao leitor, e é certo que causam, as palavras
que estão no próximo parágrafo irão “descausá-la”.
O
que sabemos do coronavírus é o que a mídia (eu quase afirmei “meio de
comunicação” – bem, há quem acredite que é a mídia meio de comunicação) dele
diz; o poder do coronavírus é a ele atribuído pela mídia – com a chancela, não
podemos nos esquecer, de médicos e cientistas renomados; a mortandade causada
pelo coronavírus é a anunciada pela mídia. O que sabemos do coronavírus por
experiência própria, por testemunho da ação direta dele? Nada. O que dele
sabemos é o que a ele a mídia lhe atribui. Tememos, portanto, não o
coronavírus, mas a imagem dele criada pela mídia. Não o tememos; tememos o que
a mídia diz que ele é, tememos uma criatura fictícia. Fictício não é o
coronavírus – não sou tolo para acreditar que ele não existe simplesmente porque
eu não o posso ver; fictício é o “ser”, minúsculo, invisível aos olhos humanos,
que a mídia dá-nos a conhecer. A imagem, que temos em nossa mente, do
coronavírus, é produto da tecnologia, de arte gráfica. Parece-se o coronavírus
com uma esfera coberta de espinhos sem ponta. Mas é o coronavírus assim? Dele temos
imagens gráficas, produtos de arte, e não imagens reais. Até mesmo a figura
dele não é dele, portanto, mas a que artistas dele criaram. Estamos, então,
enfrentando algo que não sabemos o que é e cujo poder ignoramos, poder que,
entendemos, é o que a mídia diz que o algo que enfrentamos tem. Tememos o que,
afinal? Algo real? Não. Mas algo que nos foi injetado na consciência, algo cuja
realidade ignoramos complemente e dele sabemos unicamente o que dele nos dizem.
E porque não podemos identificá-lo, não podemos vê-lo, não podemos conhecê-lo,
tememo-lo, e dele, influenciados pela mídia, concebemos uma imagem irreal,
fictícia; e muitas pessoas, a imaginação excitada pelo medo, fruto do
bombardeio midiático ao qual se submetem, acabam por acreditar, não em algo
real, mas em algo fictício, e a este algo fictício reagem, e reagem histericamente,
e, quanto mais a pessoa está sob influência da mídia, que descarrega toneladas
de palavras assustadoras a pintar o coronavírus como o pior flagelo que a humanidade
jamais enfrentou, mais aterrorizada se revela, e mais histérica, certa de que
estamos na véspera do fim do mundo.
O
leão o enfrentamos com certa razoabilidade porque o vemos; o coronavírus o não enfrentamos
porque não o vemos.
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