Nota: Os trechos entre colchetes
estão rasurados no manuscrito.
Antes de
tratar da China, um prefácio, no qual comento as perniciosas transformações
pela quais passam o mundo capitalista sórdido, crudelíssimo, [o enriquecimento]
de eliminação de pessoas [elevadas] reduzidas à miséria mais abjeta. O
progresso tecnológico redunda, com a mecanização e robotização, não apenas das
indústrias, mas, e principalmente, das famílias burguesas [livrando-as de
tarefas árduas, rotineiras, estafantes, concedendo-lhes tempo para se dedicarem
á tarefas mais criativas] e, consequentemente, expande o lucro, produto da
exploração da mão-de-obra operária, enriquecendo os capitalistas, e empobrecendo
o trabalhador, demitidos, estes, porque dispensáveis, como peças substituíveis.
A mecanização
e a robotização, dizem os sórdidos capitalistas, melhoram o ambiente de
trabalho e elevam o padrão de vida do trabalhador. Tal discurso, peça de
propaganda para ludibriar os trabalhadores, que eles exploram desde a Revolução
Industrial. A mecanização e a robotização do projeto capitalista burguês [que
eleva o padrão de vida das pessoas, que não se ocupam mais de tarefas árduas,
que lhe ocupam tempo que elas poderiam dedicar a tarefas que lhes oferecem
bem-estar e lhes permitissem o aprimoramento dos seus talentos, da sua
criatividade, da sua inteligência, propiciando o desenvolvimento da
civilização, o enriquecimento da humanidade, criando novas indústrias, novas
tecnologias, como ocorre desde os primórdios da civilização] revelam a face
sórdida dos capitalistas, que coincide com a que Karl Marx descreveu,
fielmente, [na bíblia comunista] no Capital, fonte de sabedoria proletária, e o
projeto, desumano, de eliminação de trabalhadores, as vítimas preferenciais dos
capitalistas.
Encerrado,
aqui, uma síntese do objetivo dos capitalistas com a ininterrupta mecanização e
robotização das fábricas e da sociedade [que redundou no enriquecimento geral e
no progresso da civilização], passo, agora, a considerar os efeitos deletérios
do setor de serviços na vida dos trabalhadores operários.
Com a redução
da mão-de-obra operária, que se deu com a mecanização e a robotização das
fábricas, os capitalistas, ávidos pelo lucro, criaram o setor de serviços, e
neste setor os trabalhadores não são proletários autênticos; são trabalhadores
cooptados pela burguesia. Não trabalham; exercem função servil aos
capitalistas, ao atendê-los nas suas fantasias consumistas; e não percebem que [não
trabalham em ofícios insalubres e não exaurem as forças em tarefas desumanas]
são por eles explorados, alienados, tratados como seres servis, sem [alma,
inteligência] consciência proletária, a qual eles lhes extraem, ao oferecerem-lhes
mordomias pequeno-burguesas, desvirilizando-os, emasculando-os. E decorre de
tal política [mercantil - o bem-estar da população das nações ocidentais
capitalistas e o das nações orientais sob intensa influência ocidental] o
hedonismo, o narcisismo dos frequentadores - trabalhadores operários (mesmo que
eles não sejam operários, mas prestadores de serviços) e estudantes -, vadios e
desocupados todos eles, dos shopping-centers e dos cinemas-pipoca, que lhes
oferece, unicamente, produtos para consumo e entretenimento, desviando-lhes a
atenção para atividades irrelevantes, dispensáveis, que lhes devastam [o
espírito] a inteligência trabalhadora. E no bojo de tal política [libertária,
humanista, de constante e ininterrupto progresso e melhoria do padrão de vida],
que exalta os prazeres, o consumismo, a crueza de caráter, a insensibilidade, a
insensatez, a inconseqüência, a irresponsabilidade, o descompromisso, há a [liberdade]
libertinagem sexual. Os burgueses capitalistas ocidentais ludibriam os
trabalhadores ao lhes fornecerem argumentos capciosos, que os persuadem,
ludibriando-os, a abandonarem o trabalho árduo de constituição da sociedade
proletária, de concretização do comunismo, do socialismo, e a ocuparem tempo e a
consumirem energia a gozarem prazeres, dentro eles os de consumirem adornos
pequeno-burgueses, os quais eles podem adquirir devido o aumento do salário
mínimo, que lhes aumenta o poder de consumo e os afastam dos movimentos proletários.
Todos os
pontos tratados acima, mecanização e robotização das fábricas e da sociedade, o
setor de serviços, o salário mínimo, participam do projeto capitalista burguês
ocidental de demolição da liberdade socialista. E a China, antes tão sábia,
caiu na armadilha que lhes prepararam. A China, até há vinte e tantos anos tão
zelosa na manutenção do ideal [humanicida e liberticida] humanitário e
libertário, como o registram os livros de história (e um dos emblemáticos
episódios que registram tal zelo [genocida] social-comunista libertário é o [da
matança] da contenção da ação dos contra-revolucionários ocidentalizados na
Praça da Paz Celestial), abandonou [a sua cultura milenar, budista e taoísta,
fontes de sabedoria] a sua política humanitária de inspiração comunista. Prestou-nos
desserviço ao baratear o preço dos produtos no mercado internacional,
principalmente os produtos eletrônicos. Favorece o capital, o governo e a
indústria estadunidense, ao abandonar práticas econômicas socialista. E os
Estados Unidos transferem o trabalho braçal então executado pelos
estadunidenses aos chineses e concentram-se no desenvolvimento de projetos de
novas tecnologias cuja margem de lucro é maior do que a do trabalho braçal, e
investem o lucro no desenvolvimento de tecnologia burguesa mais sofisticada,
superior à chinesa. A China deu um tiro no próprio pé. A burguesia cresce na
China. A classe média chinesa é composta de 300 milhões de pessoas, e muitas
delas estudaram em universidades estadunidenses e aprenderam sutilezas
ideológicas do neoliberalismo estadunidense, e estão a coonestar projetos
criminosos de dominação do capital, enfraquecendo, portanto, o trabalhador (operário
e agricultor) chinês, e enriquecendo e aumentando o poder de consumo da classe
média burguesa chinesa, favorecendo esta, em prejuízo daquele, que [sofre nos
campos e nas regiões mais pobres] atualmente, usufrui de [baixo] elevado padrão
de vida, [inferior] superior ao dos países capitalistas ocidentais.
Não incorreremos
no mesmo erro no qual incorreu o governo chinês [que permitiu que o povo chinês
se enriquecesse ao adotar práticas econômicas capitalistas, se convertessem em
consumidores consumistas e abandonassem o chão das fábricas e trabalhos
degradantes, e estudassem em universidades estadunidenses, aprendendo, nelas,
conceitos de ideais liberais, e de respeito às liberdades dos indivíduos]. Não
admitiremos que multinacionais estadunidenses instalem-se no Brasil, [e assim gerem
empregos no Brasil, enriquecendo os brasileiros], enfraquecendo o movimento
proletário e fortalecendo a burguesia capitalista esnobe, favorecendo o
consumismo desenfreado e o conseqüente endividamento do povo brasileiro
trabalhador. Para a nossa sorte, o povo brasileiro, jovem, não tem o orgulho
dos provectos e insensatos chineses, que, rivais do Grande Império Capitalista
do Norte, produziram dois efeitos contrários aos propósitos do partido: Aumentaram
a burguesia chinesa; e liberaram os estadunidenses de trabalhos braçais,
concedendo-lhes tempo livre para se concentrarem em projetos de desenvolvimento
tecnológico, que lhes aumentam, formidavelmente, a renda e o poder.
Avante,
camaradas!
De Leninevitch
Stalininski
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