Do louvor à estúpidez, à vagabundagem, à bandidagem, à injustiça.
Assisti, em canais de vídeos, na internet, vídeos que exibem cenas de estarrecer: homens e mulheres a entrarem em lojas, retirarem das prateleiras inúmeros produtos, amontoarem-los em carrinhos-de-compra, e a retirarem-se das lojas, passando pela porta, sem pagar pelos produtos que carregavam, aos olhos de caixas, clientes, e seguranças, que não moveram um dedo para impedi-los de praricar os roubos, à luz do dia, e aos olhos de todos. Cocei-me a cabeça, e pesquisei a respeito. Vim a saber, para a minha surpresa, e o meu espanto, que tais cenas foram filmadas, nos Estados Unidos, no estado da Califórnia, e, para intensificar-me o espanto, que há, em tal estado americano, lei, inspirada no Princípio da Insignificância, que concede aos nobres trabalhadores cidadãos americanos que se ocupam da incumbência de carregarem com eles mercadorias e produtos que entendem serem seus a partir do momento que os retiram da prateleira o direito de apossarem-se de toda e qualquer coisa que pertença à outra pessoa desde que ela não tenha valor superior a U$ 800,00 (ou um valor próximo disso). Consta que se considera insignificante qualquer produto ou mercadoria de preço inferior aos U$ 800,00 uma bagatela, ou a soma do preço de vários deles não atingindo tal valor. Ora, estamos falando da Terra do Tio Sam, e sabemos que, lá, com irrisórios U$ 800,00 (aproximadamente R$ 4.000,00) compra-se mansões. É dinheiro que não acaba mais. Não sou jurista, mas acredito que a idéia esposada no Princípio da Insignificância contempla a Justiça, afinal ninguém justo entende correto trancafiar numa fétida masmorra um homem que, sendo bom, num momento de desespero, carrega consigo, oculto sob a camisa, um pacote de um quilo de arroz. Tal Príncipio está, hoje em dia, a ser corroído pelos justiceiros sociais, pelos intelectuais que amam a humanidade, por aqueles que lutam contra as injustiças sociais, contra o capitalismo, a ganância dos empresários, por pessoas que se arvoram autoridades morais.
A política estabelecida na Califórnia causa estragos na sociedade californiana: empresas fechadas, demissões, aumento da violência, da miséria, o tecido social esgarçado. É uma política de tal estupidez, de tal desumanidade, que não tardou muito para inspirar a políticos brasileiros uma política de mesmo teor. E há uma ilustre deputada tupiniquim que propõe, no Brasil, a inspirá-la o desejo de salvar a humanidade, de auxiliar as classes sociais menos favorecidas, política semelhante.
Todo discurso em favor de tal política, seja quem seja o autor, vem revestido num jargão jurídico técnico, reforçado com citações de trocentas lei - que intimidam o homem comum, que acredita, diante de uma linguagem que não compreende, ser justa a política -, e ataviado com vocabulário e sentenças da Sociologia, da Economia, da Psicologia, da Antropologia, e de outras áreas das ditas Humanas, e paramentado com citações de especialistas e estudiosos, e de professores universitários e autoridades religiosas e intelectuais. Mas a idéia subjacente, percebe toda pessoa minimamente atilada, não é a alegada, mas seu oposto. Tal política, corroído o nobre valor que inspirou a concepção do Princípio da Insignificância, redunda em injustiça, revanchismo, estímulo à vagabundagem, ao crime, destrói a inteligência, favorece pessoas de pouca, ou nenhuma, consciência cívica, de mentalidade criminosa, que até então não tinha coragem para exercer atos à margem da lei (agora dentro da lei), desincentiva o trabalho, o empreendimento, o estudo, confunde as pessoas de mente fraca, sugestionáveis,a balançarem-se, em gangorra, ora para um lado, o do que é justo, ora para o outro, o do injusto, muitas vindo a se inclinar a este e, assim, a perderem-se.
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