domingo, 16 de junho de 2024

Notas

 Piruás e Farelos - volume 43.


Os homens sempre estamos prontos para ajudarmos as mulheres nos momentos de dificuldades, inclusive, e principalmente, quando elas enfrentam as que lhes criamos.


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Os esquerdistas e o inexistente Estado ideal.


Dizem os esquerdistas, socialistas, comunistas, marxistas, paulofreireanos, anticapitalistas, que o Estado (melhor, governo) é eficiente, sempre faz o bem ao povo. Se é assim, por que os serviços públicos no Brasil são de doer, caros e ineficientes?! O Estado brasileiro injeta 10% do PIB nacional em educação e colhe os piores alunos do mundo - sabatinas internacionais provam que os jovens brasileiros egressos da escola pública mal sabem o básico em Matemática e sofrem com a Língua Portuguesa, revelando-se, em leitura, incapazes de entender o teor de um texto constituído de uma frase com quatro palavras. (Exageros à parte, para se chegar à tal conclusão dispensa-se os resultados das provas internacionais: o convívio com os que têm em mãos o diploma escolar conquistado a duras penas nos últimos quarenta anos revela tão triste realidade, uma obviedade). Em outras palavras, o Brasil desperdiça bilhões de Reais com um serviço cujos resultados são, para dizer o mínimo, e sendo-se exageradamente urbano, constrangedores. E o que dizer do serviço público de saúde?! Quantos bilhões de Reais escapam pelo ladrão, literalmente?! Os brasileiros que fazem uso de tal serviço comem o pão-que-o-diabo-amassou; em não raros casos, conseguem agendar uma consulta médica para um ano após a morte, e, ainda assim, já quase inteiramente devorados pelos vermes, sorriem, felizes, por que obtiveram o tão desejado, e sonhado, serviço, que, sendo público, é gratuíto - se é de graça, diz a lenda, há quem aceite, alegremente, até injeção na testa. Deixando de lado o humor macabro, o que pensar da segurança pública? No Brasil mata-se a três por dois. Bandidos agem impunemente. Roubos, assaltos, estupros, assassinatos, ocorrem à luz do dia, e em números alarmantes, e os agentes públicos de segurança não dão conta do recado.

É o Brasil, em síntese, um país inculto, doente e violento.

Todo e qualquer brasileiro que seja um bípede implume mamífero aparentado aos chimpanzés e orangotangos, mas cujo intelecto não se mostre equivalente ao dos primatas mais simiescos, já chegou, pensando por si mesmo, às mesmas conclusões que o autor destas singelas palavras aqui expôs usando de um estilo todo seu, que, presume, envaidecido, é único.

É triste, desconsolador, a realidade nacional. O Estado (ou devo dizer governo?) está na origem dos males nacionais. E quem é que ignora que o Estado (governo) brasileiro atende a interesses de multibilionários capitalistas internacionais?!


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Esquerdistas, falsos profetas.


Em 2.016, esquerdistas de todo o orbe terrestre profetizaram: se eleito presidente, Donald Trump destruirá a economia americana, e, por consequência, a do mundo, e iniciará a terceira guerra mundial. Nem uma coisa aconteceu, e tampouco a outra.

E em 2.018, profetizaram: se eleito presidente, Jair Messias Bolsonaro destruirá o Brasil. E o que se viu? Apesar das adversidades incontornáveis, insuperáveis, dir-se-ia, foi bem o Brasil, a economia melhorou, e a segurança pública também.

E profetizaram em 2.020: Joe Biden será um ótimo presidente dos EUA. Seu governo é um fracasso que não está no gibi.

Em 2.022, de peito cheio os esquerdistas profetizaram: Luis Inácio Lula da Silva transformará o Brasil no país mais rico do mundo. E o que se vê é o oposto: o governo fazoéle, tão desajustado (para dizer o mínimo, e sendo exageradamente educado), que está a converter o Brasil no país mais pobre do orbe terrestre.

E chegamos ao ano de 2.023, quando os esquerdistas profetizaram: Javier Gerardo Milei destruirá a Argentina. E o que estamos a assistir? A economia argentina a renovar as suas forças, a encorpar-se, e a Argentina a crescer, e a ir bem, obrigado.

Diante de todos os vaticínios incorretos dos esquerdistas, obrigo-me a concluir: os esquerdistas não têm o dom dos profetas.


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Ajudando uma jovem amiga a estudar Física e Química.


Pediu-me uma jovem amiga de quem muito gosto, que há dois meses assoprou quatorze primaveras, ajuda nos estudos de Física e Química. Teria ela a prova de Física quinta-feira e a de Química ontem, sexta-feira, ambas de manhã. Na terça e na quarta anteriores estudamos ela e eu dois capítulos de Física (um a tratar de frequência; o outro, de ondas) e três capítulos de Química, os três a se ocuparem de átomos, sua estrutura, as idéias filosóficas que os envolvem desde a Antiguidade até os tempos modernos, e os modelos atômicos, em especial o de Rutherford-Bohr.

Para a prova de Física, os capítulos a se resumirem a teorias, pouco eu tinha para dizer à minha jovem e querida amiga. E na quinta-feira de manhã, via aplicativo de mensagens, desejei-lhe boa sorte com a seguinte mensagem: "Bom dia. Hoje, na prova de Física, entre numa frequência harmoniosa de pensamentos, vá na onda da tranquilidade, que a oscilação do seu coração será de boa amplitude.

E a sua nota será a máxima. Boa sorte. E até mais." É a mensagem de apoio, simples, que ma inspirou pensamentos fraternais.

Estudos para a prova de Física encerrados, concentramo-nos, quinta-feira, nos estudos para a de Química. Às onze da manhã fui à biblioteca municipal, consultei três livros, dos quais copiei vinte exercícios; e de um pouco antes das sete da noite até às nove e meia, estudamos minha amiga e eu, ela a responder aos exercícios, e eu a corrigi-los e a explicar-lhe os pontos nos quais ela se enroscava, vira e mexe a confundir informações, o que poderia vir a prejudicá-la na prova.

E ontem, de manhã, antes, mesmo, de o galo anunciar o nascimento de mais um dia, eu, já desperto, pensei, e pensei corretamente, evocando as horas durante as quais a minha jovem amiga e eu nos ocupamos com o estudo de Química, que ela, podendo vir a se atrapalhar com o bom punhado de conhecimento que tinha de memorizar, talvez não se saísse bem na prova, e digitei, puxando pela memória o que eu me lembrava do que estudáramos, uma síntese dos capítulos estudados, síntese que a auxiliaria, eu sabia, na prova, e lha enviei por um aplicativo de mensagens. E eu tive a certeza de que o que fiz lhe seria de auxílio inestimável assim que ela, após ler a síntese, que eu lhe digitara, e lhe enviara, agradeceu-me e declarou que eu a havia salvado.

Reproduzo, abaixo, o texto (com ligeiras modificações) da mensagem que, via um aplicativo de mensagem, à minha jovem amiga enviei, ontem, antes do raiar do Sol.

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Lembre-se:

1 - Composição do átomo: prótons, nêutrons e elétrons.

2 - Estrutura do átomo: Núcleo e Eletrosfera.

No núcleo do átomo estão os prótons e os nêutrons, que, somados, compõem a Massa. Na eletrosfera, os elétrons.

3 - Os prótons têm carga positiva. Os elétrons, negativa.

4 - A letra A representa a Massa: é a soma de prótons e nêutrons.

5 - A letra Z representa o Peso Atômico: é a quantidade de prótons.

6 - Na notação convencional, o número da Massa (A) do átomo está apresentado na parte superior do símbolo do átomo. E o peso atômico (Z, prótons), embaixo.

7 - Átomo de carga elétrica positiva (perdeu elétrons; tem mais prótons do que elétrons): íon Cátion.

Átomo de carga elétrica negativa (ganhou elétrons; tem mais elétrons do que prótons): íon Ânion.

Átomo de carga neutra, iguais quantidades de próton e elétron.

8 - Isótopos: dois ou mais átomos de igual quantidade de prótons.

Isótonos: dois ou mais átomos de igual quantidade de nêutrons.

Isóbaros: dois ou mais átomos de igual Massa.

Isoeletrônicos: dois ou mais átomos de igual quantidade de elétrons.

9 - Distribuição de elétrons nas camadas (níveis) da eletrosfera:

K(2), L(8), M(18), N(32), O(32), P(18), Q(8).

Distribuição de elétrons na eletrosfera: na penúltima camada o máximo de elétrons permitidos é 18; na última, 8.

10 - Quando o átomo absorve (ganha) energia, seu elétron "pula" para uma camada mais distante do núcleo do átomo.

Quando libera (perde) energia, seu elétron emite luz (fóton) e pula para a sua camada original, mais próxima do núcleo do átomo.

As camadas mais distante do núcleo do átomo têm mais energia do que as mais próximas.

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Atenção:

Ao se calcular a Massa do átomo, considere, sempre, o peso atômico (Z, prótons), jamais os elétrons, pois, se for o átomo Cátion ou Ânion, os números de prótons e elétrons do átomo são diferentes.

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Ver se há um sinal de + ou de - acima e à direita do símbolo do átomo. Se +, o átomo é um Cátion. Se -, um Ânion.

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Lembrei-me do que eu havia esquecido: camada de valência é a camada com elétrons mais distante do núcleo do átomo.

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Ah! Quase me esqueci do mais importante:

O Demócrito, o Aristóteles, o Dalton, o Thompson, o Rutherford e o Bohr são homens muito gente boa, gente finíssima, seus grandes amigos. Inventaram um punhado de idéias legais para que você possa viver bons e divertidos momentos de estudos.

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Boa sorte.

E até mais.

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Deixo este registro apenas devido ao gosto de saber que para um pequeno esforço meu, que de mim exigiu quase nenhum sacríficio além de algumas horas de dedicação à uma pessoa querida, a pessoa a quem me dediquei deu um valor imenso.

Estou feliz.

Está feliz a minha amiga.

Que nota a minha querida amiga obteve na prova de Física e na de Química? Não sei. Os professores ainda não as corrigiram. Independentemente de quais tenham sido as notas, para mim tem valor a confiança que a minha querida e jovem amiga depositou em mim e as dela dedicação e seriedade nos estudos. E o resto é resto, para mim detalhes de pouca importância.

sexta-feira, 7 de junho de 2024

Piruás 42

 Piruás e Farelos - volume 42.


Nada de novo sob o Sol.


O mundo sempre foi assim: um reduzido número de pessoas tem ciência do que se passa, da ação nefasta dos poderosos autoritários, que massacram povos inteiros, enquanto a grande massa, ignara, além de desinteressada, ocupada com quaisquer outras coisas, miudezas sem fim, condena ao fogo do inferno os que se esforçam para lhe abrir os olhos. E o que sobra aos de olhos abertos, pessoas, estas, que, na ausência de outra alternativa, querendo pôr luz, um pouco que seja, na cabeça do povo insciente? O humor. Que o digam Aristófanes, Rabelais, Jonathan Swift, e os nossos Machado de Assis, Lima Barreto, Herberto Sales.

Nada de novo sob o Sol.


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A extrema-direita, extrema-direita, extrema-direita.


- A extrema-direita está destruindo o Brasil. A extrema-direita é golpista. A extrema-direita...

- Ô, papagaio de pirata retardado, substitua o intestino que está dentro de sua cabeça por um cérebro.


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A favor ou contra as fake news.


- Sou contra fake news. Quem espalha fake news...

- Contra fake news?! Você?! Você espalhou aquela fake news que dizia que o Bolsonaro e a Michelle roubaram 261 móveis da presidência, lembra?! Não?! E até agora reconsiderou o que disse. Contra a fake news?! Você?! Hipócrita! Pilantra!


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Os homens da lei e a Justiça.


- Todos os homens da lei, juizes, promotores, procuradores, enfim, todos eles, tem um fim a atingir: a Justiça. São seres honrados, nobres, que se sacrificam...

- Para! Para! Para! Conte-me a história de Sócrates, o filósofo grego, sábio, mestre de Platão, e pai da filosofia ocidental. Conte-ma, por favor. Não sei se é verdade: ouvi falar que ele, acusado de, se não me falha a memória, dois crimes, provou-se de ambos inocente, e mesmo assim nobres e honrados homens da lei condenaram-lo à morte por envenamento, e ele, filosoficamente resignado, bebeu de um copo de cicuta, e partiu desta para a melhor, e para melhor, mesmo, pois, agora, ele, na vida após a morte, palestra com outros sábios de têmpera igual à dele.


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Uma falácia: universalização do ensino.


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Uma política demagógica: universidade para todos.


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Já se sabe que nunca houve ciência em todos aqueles protocolos de saúde contra o covid. Foi tudo uma farsa. Máscaras, distanciamento social, vafssinação em massa, prisão domiciliar voluntária, etc, tudo besteira.


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O que há de científico na ideologia de gênero?


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É incorreto declarar que enfrentamos uma epidemia viral em 2.020, 2.021, 2022. O correto seria dizer que nos deparamos com uma histeria coletiva global.


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É o Brasil, hoje, na segunda década do século XXI, um país mais, muito mais, alfabetizado do que o de há setenta, oitenta, cem anos.

Diz a lenda que com o aumento dos seus índices de alfabetização (produto da escolarização) tem o país constituição cultural, intelectual, literária, musical, etc., e tal, superior à condição anterior.

Se é assim, por que as pessoas nascidas, no Brasil, nos anos 1.970 em diante, tem um gosto musical de dar engulhos, uma ignorância abissal em praticamente todas as áreas do conhecimento, uma rudeza estética de fazer os humanos do paleolítico parecerem requintados aristocratas da nobreza européia, em um ano mal lê, e lê mal, se muito, um livro, despreza o conhecimento, desdenha de quem sabe?!

E ninguém há de negar que muitas pessoas, em sua maioria analfabetas e semianalfabetas, nascidas há uma centúria e nas duas décadas subsequentes, têm um gosto e uma sensibilidade artística, musical, muito superiores ao das gerações escolarizadas nos anos 1980 em diante. Tal eu declaro evocando meus avós e pais e tios e outras pessoas, todas elas com setenta anos ou mais (os meus avós, ja falecidos - se vivos, todos eles teriam mais de cem anos), todas elas sempre a demonstrarem herdeiras de um ambiente cultural, de uma época em que grassava no Brasil o analfabetismo, superior ao atual, o que me faz pensar se a escolarização moderna não é, nada mais, nada menos, do que uma trituradora de cérebros, uma destruidora de talentos, uma devastadora de culturas.

E acredito eu que toda pessoa que hoje tem menos de sessenta anos já identificou tal fenômeno. Ora, quem nunca, hoje, se comparou com seus pais, tios e avós de mais se setenta anos, e não lhes reconheceu a superioridade cultural?

domingo, 2 de junho de 2024

41

 Piruás e Farelos - volume 41.


Biblioteca Nacional Digital de Portugal


O site Biblioteca Nacional Digital de Portugal é um baú de tesouros. Tem obras clássicas da literatura portuguesa e de outras literaturas em pdf, edição facsimilar de edições antigas, de dois, três, quatro séculos. Nele encontrei, baixei, e li obras de Diogo do Couto, Alexandre de Gusmão, Gabriel Soares de Sousa, João de Barros, Damião de Goes, Padre Antonio Francisco Cardim, Fernão Lopes de Castanheda, Ruy de Pina, Sebastião da Rocha Pita, e outros clássicos e algumas obras curiosas.


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Mais livros, menos armas.


- Mais livros, menos armas.

- É fácil falar "Mais livros, menos armas". Difícil é ler livros, e bons livros. Vai um Machado de Assis, aí?! E um Dostoiévski?! Quer um Platão?! Ou prefere Camões?! Dante?! Você já ouviu falar de Sófocles?! E de Cervantes?! Que tal o Balzac?! Aceita uma dica?! Ésquilo. Mais uma?! Shakespeare. Outra?! Santo Agostinho. Mais uma, a última: Santo Tomás de Aquino.


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O fim do homem de princípios.


Qual é o fim do homem de princípios?!


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A receita de patê de cebola.


Li, numa tampa de um pote de creme de ricota: "No verso, receita de patê de cebola." "Legal!" - pensei, eufórico - "Uma receita de patê de cebola!" Gosto de patê. E mais ainda de cebola. E de patê de cebola, então, não sei o que dizer. Só de pensar em patê de cebola, dá-me água na boca. Meu sorriso foi de orelha à orelha. Era eu a alegria em pessoa. Todavia... No entanto... Alegria tão breve... Frustrei-me logo. E desanimei, e cabisbaixo estou até agora, pois não havia na tampa do pote outra informação, a que eu procurava, a que respondia à pergunta que eu me fazia: "No verso de qual estrofe da poesia de qual poeta a receita de patê de cebola está?"


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Pensar com a própria cabeça, ou macaquear coisas sem pé nem cabeça saídas de outras cabeças.


É fácil saber se uma pessoa está a pensar com a própria cabeça ou a macaquear certas verdades sem pé nem cabeça: basta contar-lhe histórias, e ouvir-lhe, atentamente, os comentários.

Uma história: Confrontaram-se, em Belo Horizonte, policiais e bandidos, e um dos policiais matou um dos bandidos.

Outra história: Durante um tiroteio, em São Paulo, um bandido matou um policial.

E quais comentários se ouve após se contar estas histórias?

Algumas pessoas choram a morte do bandido, condenam o policial que o matou, e diz que o bandido que, em São Paulo, matou o policial é uma vítima da sociedade e que o policial assassinado é um agente da opressão capitalista burguesa de um governo fascista e genocida. Outras pessoas, tergiversando, fazendo-se de isentos, e moral, e intelectualmente, superiores, apresentando, assim dão a entender, uma análise objetiva, desapaixonada, dos fatos, evocam renomados pensadores, para, ao final, declararem, orgulhosos da sofisticada evolução dos argumentos que apresentaram, que os bandidos são vítimas da sociedade, e não bandidos, e que os policiais são seres abjetos, assassinos crudelíssimos, e que a letalidade policial é uma chaga social, e pedem pelo fim da polícia. E outras pessoas, as que para muita gente são retrógradas, preconceituosas, atrasadas, elogiam os policiais, lamentam a morte do policial assassinado, e oferecem condolências aos familiares dele, e afirmam, de viva voz, que bandido é bandido e porque bandido tem de ser tratado como tal.

Ouvindo-se tais comentários, sabe-se quais valores as pessoas que os emitem defendem.


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O anticapitalista quer ser oprimido pelo capitalista.


João, esquerdista, anti-capitalista, enaltece revolucionários comunistas, pede pelo fim da iniciativa privada. E à procura de emprego vai à uma empresa capitalista, onde lhe agendam uma entrevista com o capitalista, José. No dia e hora aprazados, reúnem-se João e José numa sala da empresa. E José principia a palestra com estas palavras:

- João, você é um esquerdista, um socialista, um anticapitalista. Você diz que todo capitalista é opressor, condena o lucro, defende o fim da iniciativa privada. Por que você veio à procura de emprego, se eu sou um capitalista?! Convença-me a contratar você. Eu sou um opressor, você diz; e você pede-me emprego. Ora, você quer que eu oprima você? Se você pede pelo fim da iniciativa privada e tem no lucro um mal a ser eliminado, eu concluo que você quer a minha destruição. Estou certo?! Então, por que eu contrataria você?! E não entendi porque você veio se me oferecer para ser por mim oprimido. Juro que não entendo a sua conduta.


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O primeiro escritor a me dar um soco no cérebro.


Crime e Castigo, de Dostoievski, foi o primeiro livro da literatura russa que, caindo-me às mãos, eu li. Uma aventura inesquecível a leitura, empreendida há uns trinta anos. Foi-me um soco no cérebro - e de tal golpe eu ainda não me recuperando, no ano passado reli o livro. Que insensatez! Ou sensatez, sei lá.

Depois deste capítulo da minha minguada biografia, além de outros livros de Dostoievski, li obras de Leon Tolstoi, Alexei Tolstoi, Gogol, Pushkin, Ievutchenko, Gorki, Pasternak, Saltykov Shchedrin, Tchekov, Turgueniev, e mais um punhado - e da maioria dos que compõem o punhado contos unicamente.