domingo, 28 de maio de 2023

Duas notas

 

Apertem os cintos: a Skynet o controle assumiu.

O título desta crônica parece de filme de comédia; não o é, entretanto: é o de um texto sério, intensamente sério, um drama, presume-se, ou uma tragédia, alguém porventura assim o entenda, ou uma epopéia, talvez, se se considerar os ingredientes heróicos da narrativa, o Homem - assim, mesmo, em maiúscula - a se bater contra a Máquina - que também merece a maiúscula -, numa guerra pela existência da vida na Terra; quiçá em todo ou universo. Não sejamos apocalipticamente melodramáticos.

O maior de todos os fisioculturistas - que só encontra rival no hercúleo Ferrigno, um monstro que muitas vezes esverdeou-se de tanta raiva -, Arnold, que já representou, numa famosa película, a mais popular criatura de Robert E. Howard, Conan, o Cimério, bárbaro cuja história se tornou mundialmente conhecida pelas penas de Roy Thomas e pelas tintas de Barry Windsor-Smith e John Buscema e Alfredo Alcala, sabe, mais do que ninguém, os perigos que as máquinas, se independentes da vontade humana, representam para a humanidade. Do futuro o tal andróide veio para matar o salvador dos humanos, mas acaba, não me lembro porquê, por salvá-lo. Independentemente de quais tenham sido as razões que impeliram a musculosa máquina a salvar a pele de quem tinha ela de matar, ela é um emblema da insensatez dos homens, que delegaram muitas de suas responsabilidades à assim chamada Inteligência Artificial, que, muitos estão a ver, no tocante à inteligência, não é lá grande coisa: é apenas uma acéfala criatura de inteligência maquinal.

Estamos sob o governo de uma Skynet?! As máquinas dos filmes de ficção científica saíram das telas, e entraram na realidade?! As máquinas senscientes não são, como se pensava até há pouco tempo, coisas malucas de nerdes magricelas espinhentos e asmáticos cujos olhos estão indefectivelmente protegidos por óculos-fundo-de-garrafa?! E não é benéfica para os homens a presença de máquinas evoluídas em seu meio, a executar, se não todas, a maioria das atividades que conservam em pleno funcionamento - com os seus gargalos comuns - a civilização?! Escrevi 'presença'; não seria mais apropriado falar em 'onipresença'?! Há quem pense que sim; há quem pense que não. Uma das pessoas que não vê com muito bons olhos a onipresença - assim fica melhor - das máquinas no destino dos homens é Maurício Alves, que, em dois podcast - e ele já prometeu gravar um terceiro (enquanto digito estas linhas, no dia 1 de Maio, talvez ele já o tenha feito) - alertou para os perigos que o mundo digital aos humanos representa. São os podcast, dois, ambos publicados, neste final de Abril, em seu canal no Substack, Maurício Alves News, o primeiro, dia 29, e, dia 30, o segundo, "Cyberwar. Sim, Você Está Vivendo Uma Guerra Cibernética.", e "O Futuro Não é Digital. É Analógico.", nos quais ele esposa uma idéia deveras inimaginável: as máquinas estão no controle da civilização. Se Maurício Alves seguir nesta trilha, a de chamar das pessoas a atenção para os perigos que as máquinas representam para os humanos, logo, logo, após, na velocidade dos táquions, atravessar um buraco de minhoca, aportará em Belo Horizonte um T-1000 dois ponto zero, que irá em perseguição a ele.

Há quem diga que é a tese de Maurício Alves mirabolante, de um nerde mutio lôco, que vive de ingerir, no café-da-manhã, uma boa dose de chá de cogumelo mágico e, à noite, a sorrir, tolamente, de orelha à orelha, a tragar, de um narguilé, substâncias estupefacientes altamente poderosas. Mas é a tese dele do balacobaco?! É uma doideira do cão?! Pergunto-me se se tem de desconsiderá-la, assim, sem mais nem menos, de antemão, antes de se ponderar a respeito de suas premissas, dos fundamentos da idéia que lhe dá origem, antes, mesmo, de compreendê-la, e o fazer porque não se vai com a cara do seu autor, e porque não se está preparado para, tampouco disposto a, conhecer uma teoria - uma explicação, uma tese - que não é convencional, que não respeita a ortodoxia, o pacto convencionado entre as partes que participam do debate público, que é rigidamente controlado e no qual os participantes permitidos não admitem que dele participe um estranho qualquer, que não foi convidado, alguém que ignora o estatuto que estabelece o bom tom da conversa. É assim: as academias, a imprensa, os chamados formadores de opinião estabelecem, tacitamente, o tema para o debate público, e em tal debate concentram a atenção de todos, e só admitem duas, é o ideal - ou três, se o controle obtido não é tão rígido - pontos de vista distintos, e todos os outros são de antemão excluídos - e prevendo-se que um ou outro possa ser apresentado por este ou aquele personagem, que se recusa a respeitar as regras impostas sem seu prévio consentimento, tratam de maldizê-lo, a ele, sujeito indesejado, difamá-lo, ridicularizá-lo, desclassificá-lo, dá-lo como uma pessoa nociva ao bem-estar social, assim, consequentemente, a apresentar dele as idéias tais quais coisas de loucos, doidos-varridos, despirulitados, lelés.

Estão as pessoas tão habituadas ao convencional, tão seguras de si num debate público de cartas marcadas, que rejeitam, terminantemente, todo e qualquer comentário que lhes cheira estranho, antes mesmo de conhecê-lo.

Estariam as máquinas a conduzirem as ações humanas, a empurrarem os humanos para esta e para aquela direção, sem que eles o saibam?! É tal fenômeno impossível numa civilização conservada, em tese, por máquinas que, autônomas, prescindem de orientação humana?! Se se sabe que máquinas, dotadas de programas que lhes permitem, informações a lhe transbordarem do cérebro positrônico, decidir assumir esta ou aquela postura, por si mesmas, independentemente do que delas pensam, e querem, os humanos, então o fenômeno, o das máquinas autônomas, não pode ser de antemão descartada: tem de ser considerada, julgada em seus fundamentos, em seus alicerces. Tal idéia seria absurda num texto de Aristóteles, de Marco Aurélio, de Alighieri, homens de uma outra era, uma era, direi, convencional. Mas não vivemos numa era convencional.

O mundo da ficção científica saiu dos livros e das telas de cinema e entrou no mundo real, tudo indica.

Cá entre nós: muito do mundo da ficção-cientifica estava, antes, no mundo real.

Que tal tese - a das máquinas dotadas de Inteligência Artificial a determinarem o destino do homens - esteja além da imaginação, está, não há dúvida; e que é incômoda, também é, ninguém há de negar. E é assustadora, perturbadora. Declarei que tal tese está além da imaginação humana. Corrijo-me: além da imaginação humana ela não está. A imaginação humana a concebe, mas limita-se a considerá-la possível, e existente, em obras de ficção científicas, e não no mundo real.

O filósofo Olavo de Carvalho falava de horizonte de consciência, da capacidade das pessoas, a usarem cada qual de sua imaginação, pensarem o mundo; ora, a tese da autonomia das máquinas está além do horizonte de consciência de muita gente, gente, esta, pobre de imaginação.

Citei Olavo de Carvalho, então algumas palavras acerca dele: ele foi um dos personagens que excluíram do debate público; compreensível: ele não aprisionava as pessoas numa jaula mental de dimensões minúsculas; ele as libertava.

E que venha o John Connor!

*

Lula, e o cartão corporativo. E Bolsonaro.

Os fazuélles - ou fazuéles, ou fasuéles, ou fazoéles (não sei qual é a ortografia correta deste substantivo - já incorporado ao vocabulário nacional - há poucos meses concebido pela fértil, e impressionante, e admirável, imaginação do brasileiro comum, que ainda conserva, e milagrosamente, viva, a sua sarcástica inteligência telúrica; e os dicionários ainda não o incluíram, entre outros verbetes, em suas centenas - de alguns milhares - de páginas, como alguns já fazem com "Pelé", que está a provocar, entre professores de português, celeumas acaloradas, e que é o epicentro de uma controvérsia que está a afetar a estrutura da Língua Portuguesa, na sua vertente brasileira); os fazoéles, prossigo (e prossigo com a ortografia, que, usando de minha liberdade literária, dela a abusar, e abusar descomedidamente, imoderadamente, a dela usar desabusadamente, e ela a descer-me redondo, enquanto não dicionarizarem o subtantivo "fazoéle", ou fasuéle, ou "phazuélle", e etecétera e tal, com a ortografia que entendo apropriada, até o dia em que os dicionaristas dêem-lhe uma certidão de nascimento, dispensando-se da ingente, e ingrata, e infrutífera tarefa de lhe nomearem os genitores - os fazoéles, prossigo uma vez mais, hoje, em pleno desgoverno do tal "L", insistem em falar - e falar mal, sempre - do presidente Jair Messias Bolsonaro, e exclusivamente dele, e dos pecados dele, e dos crimes que lhe atribuem, enquanto do tal "L" não falam nem sequer um pingo. Compreensível. O que dele, do tal "L", têm a dizer, além do ramerrão encomiástico de sempre, abstraídos da realidade, a pintarem-lo com as cores que não são dele, as mais vívidas, as mais chamativas, as mais elegantes?!

Recordo-me de que, antes da era fazoelística da história do Brasil, capítulo, este, que será de triste memória, mesmo que os historiadores o cantem em prosa e verso, e dele o povo não venha a guardar memória, nem boa, nem má, e do seu principal personagem digam louvores, dizia-se, em tom acusatório, a dar Jair Messias Bolsonaro o tipo humano mais asqueroso da história da humanidade, e desde que o primeiro homem pisou na face da Terra, numa era em que, antediluviana, a memória dos homens alcança, antes da ereção da primeira caverna, que ele torrava, usando de um cartão, o corporativo, em um ano, trilhões de Reais que o pobre, miserável povo brasileiro imprimia com sangue, suor e lágrimas. O que digo?! O que digo eu digo mal! Os fazóeles fazem do presidente Jair Messias Bolsonaro o mais asqueroso tipo humano?! Foi o que eu disse; e o que eu disse, repito, eu disse mal, afinal, para os fazoéles, seres de moral ilibada, de alma imaculada, o presidente Jair Messias Bolsonaro nem humano é. Roubaram-lhe - e com a autoridade que eles se atribuíram - a condição humana.

Falava-se até há pouco tempo, e ainda se fala aqui e ali, desde que se possa vilipendiar a pessoa de Jair Messias Bolsonaro, do cartão corporativo do presidente da república; mas não do do atual mandatário da nação, homem que no Brasil está a mandar e a desmandar, sempre que lhe dá na telha; fala-se, única e exclusivamente, do do seu antecessor, o Jair Messias Bolsonaro, que alcunham dissipador irresponsável do patrimônio dos brasileiros, do rico dinheirinho que os brasileiros recolhem, de livre e espontânea vontade, aos cofres públicos. E está na casa dos dezessete, ou quinze, os milhões de Reais que no ano passado, o de 2.022, o senhor Jair Messias Bolsonaro jogou pelo ralo, desperdiçando-os sabe-se lá com o que. E não se perguntam os fazoéles se o tal "L" usa um cartão corporativo, e, se usa, quantos Reais do cartão já debitou e que destino deu ao dinheiro debitado.

Hoje, aventurosamente hoje, por vias acidentais, chegou-me ao conhecimento: o tal "L" já torrou, no primeiro trimestre deste ano de 2.023, uns insignificantes doze milhões de Reais. Se a notícia procede, não sei. Independentemente de sua procedência, o caso é para se pensar: se o presidente brasileiro, seja ele quem for, tem à disposição um cartão, que é de seu uso por direito, por que os fazoéles insistem em ignorar a existência do cartão que o tal "L" tem nas suas mãos e concentram-se no que estava nas mãos do presidente Jair Messias Bolsonaro? Não estou a insinuar, tampouco a declarar, que está o tal "L" a desviar dinheiro público, a desperdiçá-lo, a dissipá-lo com jóias, sofás, hotéis luxuosos, e banquetes que, além de encherem o bucho, alimentam os olhos; estou, única, e exclusivamente, a perguntar-me por que os fazoéles ignoram o uso que o tal "L" dá aos recursos públicos, via cartão corporativo (que seja outro o nome que se dá a tal cartão - destaco este ponto, pois, prevejo, algum fazoéle, fingindo ignorar, ou ignorando deveras, a questão que apresento neste artigo, irá chamar a atenção para o nome "cartão corporativo" como se tal detalhe fosse relevante, assim querendo desmerecer-me e considerar nula a questão que aqui proponho) e falam de Jair Messias Bolsonaro, e dele, unicamente, em tom acusatório, condenando-o ao fogo do inferno, sem lhe conceder o direito à defesa.

No tribunal revolucionário, em justiçamentos, os condenados voltados para o paredón: para os fazoéles é ato civilizatório a expurgar a civilização dos elementos nocivos, para a ereção do mundo melhor, o outro, que é possível, o perfeito, o que a mentalidade revolucionária em imaginação concebeu. Jair Messias Bolsonaro, antes mesmo de vir à luz, está condenado à prisão, à morte, à inexistência, por todos os crimes que lhe atribuem.

A questão é, e que fique bem claro: que se passe um pente-fino no cartão corporativo (tenha este cartão o nome que tiver) que estava nas mãos de Jair Messias Bolsonaro e no que está nas do tal "L".

Afinal, os tais fazoéles têm interesse em, e o desejo de, saber se o tal "L" está a fazer bom uso do dinheiro público?

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