domingo, 8 de maio de 2022

Uma nota

 Lulalckmin.


... e Geraldo Alckmin está, com a sua oratória oca, e constrangendo seus mais fiéis eleitores, a enaltecer o senhor Luís Inácio Lula da Silva. Há poucos dias, ele disse que "Lula é (...) aquele que melhor reflete, interpreta, o sentimento de esperança do povo brasileiro; aliás, ele representa a própria democracia, (...)". Ao ouvir tais palavras, pensei com os meus botões, e matutei, e ruminei os meus pensamentos, que me ocuparam muito tempo, e hoje pensei a respeito certas coisas, que não sei se procedem, certas idéias que talvez tenham tangenciado a cabeça da metade incarismática do ser bifronte Lulalckmin.

E quais pensamentos pensei ao me debruçar sobre as palavras do mais respeitável filho de Pindamonhangaba?

Foram estes: dividindo as palavras, que reproduzi, aqui, devidamente aspeadas, do Geraldo Alckmin, em dois trechos, que são, o primeiro, "Lula é (...) aquele que melhor reflete, interpreta, o sentimento de esperança do povo brasileiro;", e, o segundo, "aliás, ele representa a própria democracia, (...)" Organizemos os meus pensamentos. Primeiro, comento o trecho "Lula é (...) aquele que melhor reflete, interpreta, o sentimento de esperança do povo brasileiro;". Vejamos, se Lula é a esperança do povo brasileiro, então, concluo, este povo está a ir de mal a pior, a comer o pão que o diabo amassou, a viver vida de necessidades insatisfeitas, desesperançado, sem eira nem beira, a ponto de cair no precipício, na completa miséria, em decorrência das ações políticas do atual presidente da república brasileira, Jair Messias Bolsonaro, que representa, em contraste, para o povo, que tem no Lula a sua esperança, o desespero, o terror, o fim-do-mundo, o demônio que está a destruir o maior dos filhos de Portugal. Procede tal imagem das atuais coisas do Brasil? Em resposta, a realidade diz um sonoro não, afinal, se desesperançados estivessem, os brasileiros manifestariam descontentamento, e sem papas na língua, e não se vexariam de pedir aos poderes celestiais que alijassem Jair Messias Bolsonaro da cadeira presidencial. Mas não é isso o que se vê. O presidente é recepcionado, em todas as cidades que visita, com entusiasmo, euforia, por multidão embevecida, contente, a transparecer seus sentimentos de carinho e gratidão por ele; enquanto isso, aquela cabeça do ser de duas cabeças socialistas que reflete e interpreta, segundo a outra cabeça, o sentimento de esperança do povo brasileira é refratária à idéia de ir às ruas e cair nos braços do povo, que tão bem lhe quer. Pergunto-me de que povo está o Geraldo Alckmin falando. Do brasileiro, dos descendentes de Peri e Ceci, dos herdeiros de Dom João VI? De quem ele está a falar? De que povo? É "povo" para ele os artistas famosos, os sindicalistas, os universitários militantes, os jornalistas, os políticos de esquerda?!

Agora, tratemos do trecho "aliás, ele representa a própria democracia, (...)" O que pretende o amigo do João Dória com tal frase? Quer ele expressar qual pensamento? Vejamos, se Lula representa a Democracia - e ponho-a em inicial maiúscula -, ele a corporifica, então qualquer critica que se lhe faça está-se, automaticamente, a se atacar a Democracia. É Democracia um valor universal; não se reduz, e não pode ser reduzido, à uma pessoa, a um homem; não se personaliza; é uma abstração, uma idéia. Ao afirmar que Lula a representa, dá-se a entender que ele é ela, e ela ele. Assim, blinda-se Lula. Que ninguém ouse atacá-lo. Qualquer crítica a ele é um ataque à Democracia, uma ação, portanto, anti-democrática, e quem ousa criticá-lo um ser anti-democrático.

Os comentários, que fiz, das palavras do Geraldo Alckmin, reproduzem pensamentos dele? Não sei. Tem ele consciência do valor de suas palavras, do alcance delas? Não sei. Aqui, eu me limitei a expressar pensamentos incômodos que as palavras dele inspiraram-me.


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