sexta-feira, 15 de maio de 2020

A luta entre dois lutadores que ao final da luta do octógono saíram com dores - Escrito por Alessandro Cassarrato, para o Zeca Quinha Nius


Ontem, à noite, na cidade de Pindamonhangaba do Sul, após o filme O Hómi de Aço, lutaram Bartolomeo Esmagamiolo, natural de Pindamonhangaba do Sudeste, e Francenildo Quebraperna, natural de Pindamonhangaba do Noroeste, os dois melhores lutadores que lutam acertando-se um no outro socos e pontapés com as mãos e com os pés. Uma multidão de pessoas compareceu ao estádio para assistir à luta, que foi um espetáculo para ninguém botar defeito. No início, encararam-se Esmagamiolo e Quebraperna, ambos os dois carrancudos como touros enfezados, feios como o diabo, o capeta e o satanás. Os olhos deles chispavam fogo, como o fogo das labaredas do inferno. Era de arrepiar o cangote, inclusive o do mais bravo dos homens. Assim que o árbitro, um sujeito grandalhão, maior do que os dois lutadores que lutariam, deu o sinal para o início da luta, Esmagamiolo e Quebraperna deram início ao espancamento mútuo e recíproco. Não havia mulher no estádio que não apreciasse o esmurramento, e os acotovelamentos, e as pontapeadas, e as bordoadas que os lutadores acertaram-se durante vinte minutos. E digo, com as minhas palavras: as mulheres apreciaram a luta, que foi boa pra caramba. Mas não é das mulheres que eu vou escrever; é da luta entre Esmagamiolo e Quebraperna. Uma luta para entrar para a história e para dela jamais sair. 
Logo no início da luta, Esmagamiolo acertou um soco nas fuças de Quebraperna, arrancando-lhe um litro de sangue, que dele espirrou igual cachoeira. Foi um espetáculo dantesco, de mesmerizar o mais desatento dos torcedores. Quebraperna, no entanto, não deixou por menos. Espirrado de si o sangue, tratou, e logo, antes de Esmagamiolo acertar-lhe outra bordoada, de pular, e pulou, acertando-lhe, com as solas dos pés, na cara, os pés, quebrando-lhe o nariz avantajado, desavantajando-o. E os torcedores foram ao delírio. Espirra-se sangue daqui; espirra-se sangue dali. E todo o octógono manchou-se de sangue, Esmagamiolo e Quebraperna, a esmagarem-se o miolo e a quebrarem-se as pernas. Ao final da luta, Quebraperna esmagou o miolo de Esmagamiolo, e Esmagamiolo quebrou a perna de Quebraperna. E os dois lutadores, ensanguentados, quase nenhum pingo de sangue restando-lhes no corpo, foram, de maca, carregados para o hospital, distante cinco quilômetros do estádio. E o árbitro, todo ensanguentado, não com o próprio sangue, mas com o sangue de Esmagamiolo e o de Quebraperna, disse que, por pontos, Quebraperna ganhou a luta, uma luta que entrará para a história e dela não sairá jamais. Daqui trinta dias, Bartolomeo Esmagamiolo enfrentará, na cidade de Pindamonhangaba do Nordeste, o invicto Joaquim Rachacabeça, e Francenildo Quebraperna, na cidade de Pindamonhangaba do Centro-Oeste, Robson Esmigalhacostela. Serão duas lutas para entrar para a história e dela não saírem jamais. É ver para crer.

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