domingo, 29 de abril de 2018

Recordações. E orgulho.

Ao ascender em sua condição social, e estabelecer-se numa posição de destaque em uma profissão qualquer, e adquirir certa proeminência, muita gente, orgulhosa de suas conquistas, ao evocar a sua vida pregressa, para dá-la a público, a recria de modo a satisfazer seu ego, sua vaidade, ocultando aquilo que a envergonha, no seu entender, dotando-a de elementos favoráveis. E numa posição social privilegiada, reconhecendo as deficiências de sua formação intelectual, rememorando os seus anos de escola, vêm-lhe à mente suas experiências, o seu desinteresse pelos estudos, recorda dos professores, despreparados muitos deles, e não poucos desinteressados do exercício correto do magistério, e da escola, que nenhum meio de aquisição de conhecimentos lhe ofereceu, molda o seu passado, emprestando à escola recursos que lhe faltavam, ou lhe escasseavam, e aos professores vocação e talento dos quais eles eram desprovidos. Não deseja, tal gente, bem-sucedida em sua carreira profissional, agora cidadão proeminente, dar a conhecer ao público - seja este público constituído de familiares e parentes, seja um pequeno círculo de amigos, seja um grupo de colegas, seja toda a população de uma cidade, ou de um país - a miséria que foi a sua formação intelectual, em especial a escolar.

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