domingo, 29 de janeiro de 2023

Notas

 Não é fake news! É fake news! Carros elétricos. Lula. Vacinas. E outras Notas Breves e Brevíssimas.


A notícia, que li, hoje cedo, num site de notícia, não é fake news. Disseram-me que é. Não é, eu sei. E sei que sei que não é, pois agradou-me a notícia, que está de acordo com as minhas crenças, as minhas idéias políticas, a favor dos meus políticos e contra os que lhe fazem oposição. Fake news tem aquela outra notícia, que dá a saber idéias que me desagradam, que me tiram do meu conforto, que contrariam as minhas idéias acerca dos políticos que me agradam e dos me desagradam. Ah! Serei sincero: das duas notícias, li, única e exclusivamente, os títulos. E o que entendo dos assuntos nelas considerados?! Nada. Nadica de naca. Neca de pitibiriba. Nem um pingo.

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O tal "L" está trocando os pés pelas mãos, é o que se depreende ao tomar-se conhecimento, pela imprensa, das propostas dele, arremessadas a público numa torrente de estontear todo brasileiro. Mas, cá entre nós, penso, a evocar alguns nomes de observadores políticos que estão na minha mente os quais recuso-me a citar, se os anúncios feitos pelo atual presidente do Brasil representam fatos, eventos concretos, políticas já em prática, ou em vias de se tornarem realidade, ou se tudo não passa de jogo de cena posto em movimento com o propósito de mostrar para todo mundo que o governo federal está a trabalhar a pleno vapor?! Se o que se anuncia é algo de palpável, então o Brasil irá de mal a pior. As propostas atingem em cheio, no peito, o Brasil: moeda única latino-americana, financiamento de obras nos países camaradas, atualização da tabela do imposto de renda, reativação de mecanismos para artistas milionários captarem recursos público via leis de incentivos fiscais para atividades ditas culturais, etecétera e tal. São essas e outras as políticas do atual governo, que, ao contrário do que diz a imprensa, não está indo bem das pernas.

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Contou-me o passarinho que na capital da França está mais caro abastecer até o bico a bateria de um carro elétrico do que encher um tanque de gasolina. Na Noruega, se não me falha a memórias, há empresas de serviços de transporte marítimo de carros que estão se recusando a transportar carros elétricos devido ao risco de explosões, maiores do que o de carros movido à pinga ou à sangue de dinossauro. (Uma digressão, entre parênteses: ouvi, e onde ouvi?! por aí que petróleo é um produto abundante e não resultado da decomposição de animais que viveram há sabe-se quantos milhões de anos antes da ereção da pirâmide de Quéops. É um produto barato. E para extraí-lo do chão, basta no chão fincar-se um prego. Mas há gente que se enriquece vendendo-o a preço de ouro). Parece que a indústria da economia verde está a fazer água. E muita gente comprou gato por lebre. Li, também, que, nas regiões frias, as usinas de produção de energia eólica travaram. E nelas os painéis solares são inúteis. Os países que apostaram todas as fichas nas fontes de energia dita limpa - e limpa não é - atiraram no pé, e acertaram em cheio, na mosca.

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As empresas de alta tecnologia, que vivem da internet, sites de busca, redes sociais, e outras, estão, contam por aí, indo de mal a pior: demitiram mais de cinquenta mil funcionários, de uns poucos meses pra cá. Por que, se hoje em dia praticamente todas as atividades humanas dependem da internet?! Há quem diga que as máquinas assumiram o controle da bagaça. Não sei. Num mundo de inteligência artificial e robôs dotados de cérebro quântico, quem sabe?!

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Quem irá cobrir o rombo de uns punhados de bilhões de Reais das lojas Americanas? Os Rotchilds, ou o povo brasileiro?! Ou ninguém?! Será que tais lojas trocarão de mãos, na ausência de quem delas assuma a dívida bilionária?! Seria, este, o melhor dos mundos.

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Uma notícia dos States: há gente afirmando que é o vírus criatura de laboratório, que justificou a criação da vacina e a consequente implementação da política de vacinação em massa em quase todos os países.

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Ainda acerca das vacinas: alerta-se para miocardite e periocardite que podem resultar da vacinação.

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Algumas palavras acerca do vírus: monstrinho desgracioso criado, em laboratório, para uso em guerras. Sim. É o bichinho, contam por aqui e por aí, uma arma biológica, uma, em inglês de Mark Twain, bioweapon.

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Há tanta coisa para se dizer que, indeciso, acaba-se por nada dizer. Anteontem, ou antes de anteontem, li: o governo da Ucrânia, escudado pelo dos Estados Unidos, conserva, no leste do país ora em confronto direto e mortal com a grande nação dos tzares, fazenda de adenocromo. Curioso, ao ler o título de uma reportagem que traz a palavra 'adenocrono' em letras garrafais, palavra que eu jamais li em livro, nem mesmo, puxando pela memória, nos de Camilo, cujo vocabulário é de uma riqueza irrivalizada, perguntei do que se tratava, e cuidei de procurar saber o que é 'fazenda de adenocromo', coçando a cabeça, a perguntar-me se era 'adenocromo' algum tipo de gado vacum desconhecido em terras ocidentais, ou uma espécie de ave diluviana, ou algum dinossauro redivivo. Nada disso. Enganei-me redondamente em todas as minhas fantasiosas conjecturas. O caso é pior do que eu poderia imaginar, escabroso: no leste da Ucrânia, o governo ucraniano e seus aliados e financiadores sequestram crianças russas, encarceram-las em prisões, e das crianças extraem fluídos das glândulas supra-renais, o ingrediente principal para a produção do adenocromo, combustível poderoso para se empreender uma viagem alucinógena inesquecível. Teoria da conspiração?! E eu sei?!

sábado, 28 de janeiro de 2023

Várias notas breves

 Governo Lula: impeachment. Deputados bolsonaristas. CPI da Invasão. Cuba: cartão de racionamento. Notas breves e brevíssimas.


De textos publicados em sites e redes sociais, tirei notícias, que dão o que falar, e sem pedir licença aos seus autores. E que ninguém pense que as notícias, porque saídas de fontes que não a imprensa oficial, são falsas, ou fake news, dizendo, e dizendo melhor, em língua do bardo de Stratford-upon-Avon, o autor da mais famosa e requintada versão de Romeu e Julieta e marido da atriz de O Diabo Veste Prada. Assim, aos ouvidos de milhões dos descendentes de Peri e Ceci soa melhor. Os de linguajar castiço exigem, e com razão, que se use o idioma do mais famoso dos menestréis lusitanos, homem de um olho bom, que via por dois, e cujo olho ruim via por mil, para se referir às notícias falsas. Ora, se são falsas as notícias que se diga que elas são falsas. Todavia, porém, diz-se fake news como se estivesse a se referir à coisa que não tem relação com notícia falsa, como se fake news fosse coisa distinta da que é indistinta. Fake News e Notícia Falsa são a mesma e única coisa, sem tirar nem pôr. E dá-se a saber ao vulgo que fake news só se vê na internet, nas redes sociais, e meios assemelhados, e que é a imprensa imune à tal praga. Enganam-se os ingênuos.

Não possuindo meios para ir às fontes primárias, tampouco para saber o que se faz nos labirintos dos edifícios das gentes poderosas, contento-me, resignado, com as fontes de, deixe-me ver, sexta mão, ou sétima, se não estou em erro; portanto, estou ciente de que não tenho autoridade para afirmar se as informações que eu enfio nas minhas notas breves e brevíssimas estão corretas, e, se corretas, exatamente contextualizadas. Todavia, cabeça dura que sou - cabeçudo, pode alguém me dizer -, não me vexo de dizer algumas palavras acerca do que me chega ao conhecimento - pronto, sempre, a reconsiderar o que penso, se outras informações me fazem coçar cabeça e me põem uma pulga atrás da orelha.

Diz o ditado: cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém.

Assim sendo, nesta edição das minhas Notas Breves e Brevíssimas, dou a conhecer ao meu seleto grupo de leitores uma sequência de notas com informações do balacobaco.

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Profetiza-se a quebradeira do sistema bancário internacional, que está caindo de podre tanta falcatrua concretizou desde há umas oito décadas. Não se sustenta. E os bancos centrais estão ruindo, literalmente.

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Rússia e Japão saíram às compras. Mas não de qualquer porcaria: compram ouro, e em boa qualidade, e o estocam em cofres protegidos por paredes capazes de suportar a detonação de todas as bombas termonucleares.

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E direto dos Estados Unidos: a câmara dos deputados pedem pela cabeça do Baiden numa cabeça. Impeachment! Agora vai?!

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Há não muitos dias, contou-me o passarinho que sempre me traz notícias do arco-da-velha, queriam porque queriam algumas figurinhas carimbadas da política tupiniquim uma cepeí a investigar a arruaça que se viu, no dia 8 de Janeiro, em Brasília. Agora, contou-me o mesmo passarinho, elas da cepeí não querem ouvir falar.

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São populares os Conselhos Populares?

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É organizada a Sociedade Civil Organizada? Quem a organiza?

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Direito de Cuba. Dizem as más línguas, e línguas muito más, viperinas e maledicentes, que o governo de Cuba é deveras maldoso, desumano, tão desumano e maldoso que só dá de comer - se assim se pode dizer - aos cubanos se eles apresentam um cartão de racionamento. Que desumanidade! Para cada cubano a sua ração diária! E se a ração que o governo cubano tão generosamente distribui aos cidadãos que com tanto amor trata e que tão bem quer não lhes atende às necessidades nutritivas?! Pouco importa! Que apresentem o cartão de racionamento, ou não terão arroz e feijão no prato, tampouco pão com mortadela, e picanha, e cerveja. Absurdo! Ninguém há de negar. Mas, para surpresa do mundo, e desmentindo os seus difamadores, e dando mostras de que está, num gesto de respeito pelos direitos humanos, a respeitar os cubanos, o governo da mais famosa ilha caribenha não mais deles exigirá, para que eles possam receber os alimentos que os mantêm fornidos, o tão mal-falado cartão de racionamento: acabou-se o papel que se usa para se imprimir os cartões! E aos quatro ventos declaram as más línguas que o governo de Cuba é cruel, crudelíssimo!

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E a respeito dos deputados bolsonaristas que estão no título desta edição das minhas Notas Breves e Brevíssimas o que tenho a dizer?! Esquecia-me deles.

Eles, tudo indica, não são benquistos pelos detentores do cetro do poder. Aventa-se a possibilidade de impedi-los de assumir cada qual o cargo para o qual foi eleito.

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Aqui encerra-se esta edição das minhas Notas Breves e Brevíssimas.

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"E o impítima?! Você esqueceu-se do impítima!" "O Baiden, ou Brandon, em maus lençóis..." "Não me refiro a ele, mas ao tal "L" "Ah! É. 'tá no título desta minha edição das Notas Breves e Brevíssimas. Há quem diga que o impeachment dele já está no forno, mas não sai antes de ele completar dois anos de mandato." "Por quê?!" "Ora, o reserva, aquele homem que é um poço de carisma, quer ser o titular. Se vier o impeachment pra já, convoca-se eleições, e ele, junto com aquele que melhor reflete e interpreta, do povo brasileiro, o sentimento de esperança, sai de cena; mas se ele tiver um pouco mais de paciência, quem sabe senta-se na cadeira de presidente daqui uns dois anos e meio, ou três anos. E com direito à eleição, e à reeleição. Que ele, açodado, premido pelo ávido, indomável sonho de vergar a faixa presidencial, não troque os pés pelas mãos." "E os brasileiros ganharemos, neste caso, o quê?" "E há vantagem em se trocar seis por meia dúzia?!"

Quatro notas breves

 Governo Lula: moeda única Brasil/Argentina. Trump. 8 de Janeiro. Notas breves e brevíssimas.


E não é que o nosso querido e amado "L", o tal, foi à Argentina apresentar, em comum acordo com seu hermano amicíssimo, o tal Fernandez, uma idéia extraordinariamente genial, a de fundir as moedas dos píses da América do Sul numa só, moeda, claro, com o poder de encarar, e de frente, olhando olho no olho, todas as suas rivas deste e de outros planetas! Que idéia genial! Por que ninguém pensou nisso antes?! Aliás, já pensaram em tal maravilha não poucos especialistas, que comem nas mãos de sabe-se lá quem! Cá entre nós: a idéia beneficiará o Brasil, não há dúvidas. Que mal há em fundir o Real ao Peso argentino?! Nenhum, sabemos. O que de tão mal redundará ao Brasil conjugar sua moeda com a de um país cuja inflação, no ano que há poucos dias se encerrou, chegou a quase cem por cento e cuja população está em petição de miséria?! Contaram-me que mais de quarenta por cento dos hermanos estão abaixo da linha da pobreza. Verdade?? Mentira?! Improvável que seja verdade, afinal o governo do tal Fernandez, de esquerda, socialista, ensinam-nos intelectuais renomados, porque de esquerda, socialista, produz riqueza, e não pobreza. E eles dizem a verdade, e nada mais do que a verdade, sabemos.

Mas parece que a brilhante idéia, que conta com o apoio de outros ilustres personagens da política da América do Sul, não irá vingar: o presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, e seu colega paraguaio, Mario Abdo Benitz, não apreciaram a proposta, e desceram, elegante, e civilizadamente, o sarrafo nos esquerdosos de plantão. Dois chatos-de-galocha, convenhamos. A festa estava tão divertida, e eles foram lá e pow! Desmanchas-prazeres desavergonhados! Tinham de constranger o tal "L" e seu colega argentino?!

Na cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos, a tal Celac, viu-se muita gente emburrada, de cara amarrada. Não houve rapapés e salamaleques.

Que nome dariam à moeda única latino-americana?! Real Peso?! Peso Real?! Argensil?! Bratina?! Não tenho criatividade para criar para a moeda um nome que se lhe encaixe à perfeição ao valor real em peso.

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Contou-me um passarinho, amigo meu há uns três anos, que redes sociais restabeleceram a conta do nosso querido Tio Trâmp, que, por sua vez, não se revelou animado com a notícia, pois tem uma rede social só sua da qual ele usa e abusa à vontade.

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Falando em redes sociais: no centro-oeste deste Brasilzão que Deus no deu proprietários de duas redes sociais, recusando-se a acolher a ordem, ditada por um morcego supremamente tenebroso e feio, misto de faraó egípcio e ovo de galinha, não tiraram do ar canais de personalidades que não caíram nas graças de pessoas que se acreditam na posse do título de propriedade de toda a terra que os lusitanos conquistaram há uns quinhentos anos. Pagaram pra ver.

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Dizem por aí que vivemos sob o governo de um Estado paralelo, que manda mais do que o tal "L". Dizem, também, que os militares, estão no comando de boa parte da estrutura do Estado brasileiro e contra eles o tal "L" nada pode fazer - ele, resignado, tem de simular um poder que não tem, e com o apoio incondicional da imprensa, mas não se sabe se poderá contar, indefinidamente, com tal apoio, afinal, dizem os do povo, com dose cavalar de ironia, pagando bem a imprensa diz a verdade.

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Aquela velha história que conta que patriotas de verde e amarelo invadiram, em Brasilia, no dia oito deste ano, um domingo, edifícios públicos, assim, sem que ninguém lhes impusesse resistência, com a facilidade com que se viu, está muito mal contada. E o que se seguiu, posteriormente, também, como se diz, não cola: mil e duzentos patriotas, amontoados num galpão, ou sabe-se lá onde, sem comida, sem bebida, sem picanha, sem cerveja, obrigados a se vacinarem, vítimas de maus tratos, tais quais porcos num matadouro, num campo de concentração disseram alguns, mas com acesso a wi-fi! Estranho, não?! Exibiram vídeos para o mundo inteiro assistir! Há quem diga que tal não passou de encenação, de uma narrativa muito bem bolada, para gerar indignação no povo de bem, que, numa explosão de fúria contra os sevandijas que maltratavam mil e duzentos brasileiros, iriam tacar fogo no Brasil inteiro. E assim estaria criado o inferno na Terra. Mas o plano faiô. Mas por que fazer da terra brasileira o inferno? Para o tal "L" chamar para si a responsabilidade, decretar estado de síitio, ou de fazenda, ou de chácara, não sei, e pôr ordem na casa, duela a quién duela. Seria o paraíso, mas não para os brasileiros.

E não foram poucas as pessoas que aventam uma hipótese: o que se viu no dia oito de Janeiro foi uma false flag.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

Uma nota breve

 Jordan Peterson, reeducado. O que é a tal Democracia? Representantes do povo. Nota breve.


Li, e li com um gosto amargo na boca, um artigo que dá a notícia: o querido Jordan Peterson, autor do livro Doze Regras para a Vida, de ótima, e merecida, vendagem, homem odiado pelos espíritos-de-porco, intelectual que já vi em palestra com ninguém mais, ninguém menos, Roger Penrose, foi julgado por incorrer em desavergonhada manifestação de pensamentos que não estão em conformidade com o manual politicamente correto, condenado a ser reeducado, e por pessoas que sabem o que é melhor para o mundo, pessoas que conhecem o outro mundo, o melhor, o outro mundo, que é possível, mundo sem fronteiras, com inúmeras pontes a conectar todos os povos. Sim! Jordan Peterson ousou falar o que pensa, num país, o Canadá, cujo el comandante atende por um nome que o mundo está aprendendo a ver com maus olhos, e o que ele, Jordan Peterson, pensa não agrada aos ouvidos hipersensíveis dos floquinhos-de-neve, gente dotada de sentimentalismo hiperbólico que se ofende com toda e qualquer coisa e com coisa nenhuma. E destaca-se: o conselho de psicologia, ou algo que o valha, do Canadá é que pediu pela punição: ou o Jordan Peterson aceita ser reeducado, ou terá cassado o seu direito de exercer a psicologia. Estão a caçar o nosso amado Jordan Peterson. Para surpresa de quantas pessoas tal despautério está a se dar no Canadá, país que, porquê rico, é visto por não poucas pessoas como um modelo muito bem acabado de nação democrática, justa, um exemplo de civilização que os brasileiros deveríamos, obrigatoriamente, seguir. Alegam: Jordan Peterson disse o que não devia. Mas o que ele não devia dizer?! O que dizem os patrulheiros dos bons-modos, os agentes da polícia do pensamento orweliano, que não se pode dizer nem aqui e em nenhum outro planeta. Ora, move tal gente o desejo de eliminar da face da Terra toda e qualquer pessoa que não se genuflexiona diante do livro sagrado politicamente correto e que, recusando-se a pôr-lhe a mão em cima, tampouco reza a cantilena progressista; não podendo, todavia, entretanto, porém, reduzir Jordan Peterson à pó, tamanha é a fama dele, intentam excluí-lo da vida pública, e para tanto usam de uma arma: o assassinato de reputações. Arma esta associada à outra: punições financeiras: subtração de seus meios de sustento e multas pesadíssimas se o condenado não cumprir o estabelecido em decisão judicial. Todas essas ações, é claro, e ninguém há de negar, visam o bem-comum, o bem da sociedade, da coletividade, instituições, estas, infalivelmente evocadas quando se quer massacrar o indíviduo humano, a pessoa humana, o ser humano.

Aqui, chegamos a um ponto, que nos obriga a perguntar: O que é a tal democracia, cantada em prosa e verso, em todo canto de nosso ocidental mundo?! Vê-se um verniz de liberdade. Um jogo de aparência. Fosse o caso sucedido em um dos notórios países desgovernados por um ditador, Jordan Peterson ou teria arrebentado seu nariz num paredón, ou apodreceria numa fétida masmorra, ou beberia, voluntariamente, claro, chá-de-sumiço. Mas num país democrático, ocidental, tem a mulher de César de parecer ser o que não é: respeitadora dos princípios democráticos.

A pessoa perspicaz, que não se deixa mesmerizar pelas palavras elegantes e tampouco se embriagar pela oratória retumbante dos que se intitulam representes da liberdade e da justiça, entende que estão as nações outrora modelos de civilização caindo de podres. Democracia, no Canadá?! Ora, democracia não é a perfeição que muitos fetichistas pensam ser. A palavra democracia transcende valores universais, uma aura paradisíaca, entendendo o fetichista que ela, a palavra, por si só, faz da coisa nomeada, que não é algo concreto, facilmente identificável, uma realidade, algo existente no mundo real. E tão iludidos estão com a tal democracia, que muitas pessoas acreditam que os políticos eleitos, e eleitos pelo povo, representam do povo a vontade. Que ilusão! 

quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Notas

 Governo Lula: Michel Temer. Militares. Lojas Americanas. Amazônia. Yanomamis. Notas breves e brevíssimas.


Esta edição das Notas Breves e Brevíssimas vai mais bagunçada do que um balaio de gatos.

Li por aí, em alguma canoa do mar digital, que o tal "L" desceu o sarrafo no Temer, que, ferido em seus brios, não deixou por menos, e exclamou: "Não levo desaforo para casa! Não tenho sangue de barata!" E pôs a boca no trambone, defendendo-se da agressão sofrida e dando a público as conquistas de seu governo.

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Enquanto isso, em outra localidade de nosso imenso Brasil, uma loja, brasileira, a Americanas, informa-se, 'tá com um rombo daqueles! Da ordem de 20 bilhões de Reais e mais duas mãozadas de minhocas. Foi o dono de tal empresa, dono também de dezenas de outras empresas, um dos financiadores do tal "L", um dos que mais apostaram as fichas nele. Agora, aventa-se a possibilidade de o BNDES amparar a famosa empresa. Há quem diga que tal não se dará, pois o esqueleto beenedeésseano não o permite, o que irá fazer com que o dono da empresa que está a suplicar socorro financeiro e os credores dela, bancos, estes, fiquem a ver navios. Corre à boca pequena que há credores processando litigiosamente, nos tribunais, a devedora. Parece que o mar não está para peixe.

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O Brasil é um país tão grande, mas tão grande, que dentro dele cabe de tudo, e mais um pouco.

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Desde que o tal "L" sentou-se na cadeira de presidente e vergou a faixa presidencial - há quem diga que ele na cadeira não se sentou a si mesmo porcaria nenhuma e que ele tampouco segurou a faixa verde e amarela -, está a imprensa a falar do Bolsonaro, que já saiu de cena, no que fez bem, e está a gozar de suas merecidas férias na terra do Tio Sam - para sorte dele, no estado do DeSantis, moço legal e bem apessoado, amigão do Trump. O Bolsonaro não dá o ar de sua graça; e não podemos os brasileiros admirar-lhe o contagiante - contagioso, dizem as más línguas - sorriso. Se ele não se mostra ao público; se ele se conserva quieto, lá, no canto dele, a desejar que todos os brasileiros dele nos esqueçamos, a imprensa só fala dele: que ele, genocida, estava a dizimar os yanomamis; que ele usou cartão corporativo para comprar isto e aquilo; que ele... Enfim. Não se esquece dele a imprensa. Até quando irá ela ocupar-se dele?! Vejamos: o governo do tal "L" fará o que para benefício dos yanomamis? Daqui seis meses, a imprensa dirá o que a respeito?! E o cartão corporativo que está nas mãos do tal "L"?! A imprensa não tratará do assunto?! E as alianças com o Centrão?! E as emendas do relator, outrora orçamento secreto?! Há de chegar um dia, e este dia está a cada dia que passa mais próximo, em que a imprensa terá de se ocupar do governo do tal "L". Daqui a poucos meses, assistiremos às queimadas na Amazônia. E teremos enchentes no Pantanal. E a imprensa irá estribilhar "É culpa do Bolsonaro!"?! Se o fizer, ficará feia na foto. Daqui seis meses o que iremos ler e ouvir a respeito das ações do governo do tal "L" na reserva Yanomami?! Nada, certamente. Se houver dividendos políticos, todavia...

A história envolvendo os yanomamis não está a me cheirar bem. Fede. É fedorenta. A reserva indígena situa-se na fronteira do Brasil com a Venezuela. Uma celeuma, naquela região, um auê internacional, e um líder dos nativos declara independência... Não quero nem pensar.

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O título desta edição das Notas Breves e Brevíssimas conta com "Militares". O que eu pretendia escrever acerca deles?! Eu se esqueci.

Notas breves

 Governo Lula. Imprensa. Bolsonaro genocida. Genocida peruana. Rússia e Ucrânia. EUA: Biden, Covid, Ucrânia. Notas breves.


Contou-me um passarinho, daqueles bem tagarelas que, após ingerir, inadvertida e imprevidentemente, umas gotas de inebriante água-que-passarinho-não-bebe, algumas história de fazer cair o queixo de toda pessoa que já tem o queixo caído e o daquelas que se esforçam para sustentá-lo, firme, na cara. E numa das histórias conta que a imprensa tupiniquim, desde o dia primeiro de Janeiro de 2.019, imputava ao então presidente Jair Messias Bolsonaro todos os males, os presentes, os pretéritos e os futuros, que os brasileiros enfrentávamos e enfrentaríamos, e que ela inocenta, desde o dia primeiro de janeiro de 2.023, o ora presidente Luis Inácio Lula da Silva dos males que estão os brasileiros a enfrentarmos e os que as pessoas mais atiladas, mais perspicazes, antevêem. E faz mais a imprensa: não para por aí: está a noticiar, todo santo dia, casos escabrosos a envolverem o antecessor do atual presidente e a dar este como o salvador da pátria, melhor, o salvador de todos os povos, da humanidade. E há quem acredita, e piamente, que é a imprensa isenta de interesses reprováveis, uma instituição que se escora na objetividade e imparcialidade das notícias, sem se inclinar por nenhuma personalidade, menos ainda por nenhum interesse pecuniário. Inocentes! Estou a fantasiar uma narrativa do balacobaco?! Vejamos: trouxe a imprensa à baila um tema deveras importante, mas por razões meramente persecutórias: a situação desumana em que se encontram os yanomamis. É uma questão antiga. Desde que me entendo por gente fala-se de condições miseráveis dos nativos brasileiros. O tema em si é importante. Injusto é a narrativa: Bolsonaro e a ministra Damares, dizem por aí, dois genocidas, agiram para dizimar os yanomamis. Ora, é a narrativa peça difamatória. E digo mais: aprendeu a turminha do ódio do bem, aquelas pessoas que almejam a destruição de tudo o que não as agrada, a usar a palavra 'genocídio', há poucos dias, sem que saiba o que ela significa. É tal palavra  um brinquedinho que a turminha manuseia para atacar seus desafetos, seus inimigos políticos. E dias destes, li 'genocídio' num texto que trata da morte de umas trinta pessoas em revolta, no Peru, contra o governo de Dina Boluarte, alçada à cadeira de presidente de seu país após o legislativo peruano destituir Pedro Castillo, que ousara, num golpe de Estado clássico, típico da cultura milenar caudilhesca, fechar as portas desde mesmo legisativo. Mas quem da imprensa diz que o tal Pedro Castillo, o chapeludo peruano, é um golpista?! Que nada! Ele é a vítima, observando a coisa da perspectiva dos algozes dos peruanos, de um golpe perpetrado pela genocída senhora Boluarte.

*

E a guerra entre Rússia e Ucrânia vai de vento em popa. Parece que a coisa vai de mal a pior para o Zelenski. Dia destes, ele exonerou um bom punhado de pessoas do seu entorno, alegando que elas estavam envolvidas em nebulosos esquemas de corrupção. Não sei qual a razão para as demissões; só me pergunto se a razão aventada é a verdadeira. Há quem diga que o comediante, ora presidente da Ucrânia, está em maus lençóis e que os amigos dele, americanos e alemães e ingleses, o estão a deixar a ver navios.

*

E dos Estados Unidos uma notícia importante: a Câmara americana, agora nas mãos dos Republicanos, irá investigar qual foi o destino da montanha de dólares que o governo americano torrou durante o combate ao vírus que sabe-se lá se nasceu num laboratório chinês ou em um americano situado na Ucrânia e qual foi o da que enviou à Ucrânia. Parece que há caroço no angu. E os Democratas não estão felizes com a situação.


sábado, 21 de janeiro de 2023

Dois contos

 O Telefonema


- Alô?!

- Alô!

- Alô?!

- Alô!

- Alô?!

- Você 'tá me ouvindo?

- Alô?!

- Você 'tá me ouvindo?

- 'tô.

- Alô?!

- Alô!

- Você 'tá me ouvindo?

- 'tô.

- Roberto, bom dia. Você poderá, até sexta, consertar a...

- Meu nome não é Roberto.

- Não?!

- Não.

- Mas você pode dar um recado para o Roberto?

- Que Roberto?!

- Com quem 'tô falando?

- Comigo.

- Quem é você?

- Com quem você quer falar?

- Qual é o seu nome?

- Qual é o seu?

- Com quem 'tô falando?

- Com quem você quer falar?

- Com o Roberto.

- Que Roberto?!

- O técnico, que conserta máquinas de lavar roupas.

- Não o conheço.

- Qual é o seu nome?

- Não conheço o Roberto.

- Esse telefone é de quem?

- Meu.

- Não era do Roberto?

- Não. Nunca foi. Sempre foi meu. Eu o comprei na loja.

- Esse número era do Roberto.

- Não era. Eu o contratei com a operadora.

- Você tem certeza que esse número sempre foi seu?

- Tenho. É claro que tenho certeza.

- Não é do Roberto, mesmo?

- Não. Não é dele, mesmo. É meu. Sempre foi meu.

- Você não conhece o Roberto, que conserta máquinas?

- Não. Não o conheço.

- Você conhece alguém que o conheça?

- Não. Não conheço. Não sei de quem se trata.

- Você não conserta máquinas de lavar roupas?

- Não. Não conserto.

- Você não é o Roberto?

- Não. Não sou o Roberto.

- Você trabalhava com ele, não trabalhava?

- Não. Nunca trabalhei com ele.

- Você não o conhece, mesmo?

- Não o conheço, mesmo.

- 'tá bem. Desculpa. Foi engano.

- Tudo bem. Acontece.


*


O Homem que Ofende Todo Mundo


- Você não sabe o que me aconteceu, hoje cedo.

- Você está me chamando de ignorante?

- Eu disse que você não sabe o que me aconteceu, hoje cedo.

- Por que você está me chamando de ignorante?!

- Não estou chamando você de ignorante.

- Está sim.

- Não estou, não. Eu disse que você não sabe...

 - Se você diz que eu não sei, e se quem não sabe é ignorante, então você está me chamando de ignorante.

 - Não estou. Eu apenas disse...

 - Você me chamou de ignorante. Confesse.

 - Você sabe o que me aconteceu, hoje cedo?

 - Não. Não sei.

 - Você não sabe porque você não estava, hoje cedo, onde eu estava, e ninguém para você contou o que me aconteceu.

 - Que eu não sei o que aconteceu com você, hoje cedo, não sei, é verdade. Mas você não precisa me ofender.

 - Não ofendi você.

 - Você me chamou de ignorante.

 - Não chamei você de ignorante. Comecei a contar para você o que me aconteceu, hoje cedo. É hábito nosso, sempre que desejamos contar para alguém uma novidade, que a pessoa para quem a contamos desconhece, ou acreditamos que a desconheça, uma novidade inusitada, um acontecimento incomum, ou um evento qualquer, que acreditamos interessante, mesmo que não o seja, prefaciarmos o que pensamos em contar com uma frase feita: "Você não sabe o que me aconteceu." Ora, é de...

 - Abandone tal hábito, hábito arraigado no substrato coletivo da cultura linguística do povo discriminador e preconceituoso, que, sem o saber, e a papaguear os dízeres de seus avós e bisavós analfabetos, herdou de uma sociedade escravocrata, hábito que ofende a todos, em especial às minorias historicamente injustiçadas, criando, assim, um ambiente social hostil, que impede a convivência harmoniosa entre as pessoas em suas mútuas interrelações e conexões sociais.

 - Que palavreado escalafobético! Galimatias sem propósito. Não entendi patavinas. Tudo bem. Excluo do meu relato o prefácio, e principio-o, contando: Vi, hoje cedo, uma capivara, que...

 - Que indireta, hein?!

 - Indireta?! Que indireta?!

 - Você me disse que viu uma capivara.

 - Pois... Se vi uma capivara!

 - Você me disse, amigo, que você viu uma capivara porque eu tenho dois dentes grandes aqui na frente - e exibiu-lhos.

 - Não. Eu não disse que vi uma capivara porque você tem dois dentes grandes aí na frente, dentes que, diga-se de passagem, eu não tinha visto até você os exibi-los para mim. Agora, que você me mostrou seus dentes grandes aí da frente, eu sei que você os tem. Eu disse, e digo, que vi uma capivara porque vi uma capivara. Ora, se vi uma capivara...

 - É ofensiva a sua piada.

 - Que piada?! Não estou contando uma piada. Estou contando o que me aconteceu, hoje cedo. E nada mais estou a contar. Não é uma piada o que...

 - Por que você me disse que você viu uma capivara?

 - Porque vi uma capivara.

 - Por que você está me dizendo que você viu uma capivara?

 - Para puxar conversa, apenas. E nada mais.

 - Por que você puxou conversa comigo, e não com outra pessoa?! Há várias pessoas aqui. Por que você puxou conversa comigo?!

 - Ora, é óbvio: porque você é a pessoa que está mais próxima de mim.

 - Olha, amigão: não me tome por um tolo. Sei que tipo de gente você é: daquele tipo que vive de zombar da aparência alheia, de ridicularizar as pessoas porque elas são gordas, e porque elas são magras, porque elas são carecas, e porque elas são cabeludas, porque elas são altas, e porque elas são baixas, porque elas são peludas, porque elas são zarolhas, porque elas são barrigudas; enfim, gente que encontra defeitos físicos nas pessoas, qualquer um, e delas zomba, delas ridiculariza. E você, ao ver os dentes grandes que tenho aqui na frente - e exibiu-lhos -, selecionou-me para ser o alvo de suas zombarias, de suas chacotas, de suas piada de mal gosto, desrespeitosas, preconceituosas. Saiba, querido, que não admito piadas ofensivas.

 - Não estou a contar para você uma piada, menos ainda uma que seja ofensiva. Se ao puxar um dedo de prosa com você eu não vira os seus dentes grandes aí da frente! Estou apenas a contar o que me aconteceu, hoje cedo, e nada mais. Nada mais estou a contar do que o que vi, hoje cedo. Eu disse, e digo, que vi, hoje cedo, uma capivara, no Bosque da Princesa...

 - Você se faz de educado, e ofende-me desavergonhadamente.

 - Quê?! Hoje cedo, no Bosque...

 - Você está querendo me roubar a paciência, né, amigo?!

 - Não. Não estou. Não sou um ladrão. Sou um cidadão pagador de impostos que está a contar uma história. Ora, estou apenas contando...

 - Não se faça de sonso, cara. Confesse. Confesse. Não tenha vergonha de me dizer a verdade, a sua real intenção: zombar de mim, rir às minhas custas. Por fora, sua cara se mostra séria. E por dentro você está a rir de mim, eu sei. Você é um preconceituoso, um discriminador. Sujeito incivil, insociável. Você me disse que viu uma capivara porque tenho dois dentes grandes aqui na frente - e exibiu-lhos -, e agora diz que a viu no Bosque da Princesa. E onde eu moro?! No condomínio Bosque dos Eucaliptos.

 - Eu não sabia...

 - Você quer é rir de mim. Você quer é zombar de mim. Você é preconceituoso, discriminador. Você quer é se divertir às minhas custas. Você escolheu a pessoa errada...

 - Estou a contar o que me aconteceu, hoje cedo, e nada mais.

 - Você me ofende. Você está me contando uma piada ofensiva, de mal gosto, discriminadora, preconceituosa, eu sei. Não queira me enganar. Deixe de lero-lero. Sei qual é a sua intenção: zombar de mim, divertir-se às minhas custas, ridicularizar-me. Você quer me tirar do sério, e eu sei com qual propósito: o de constranger-me na frente de todos, para humilhar-me. Você é um incivil, um bárbaro. Você é desrespeitoso, mal-educado.

 - Eu disse que vi, no Bosque da Princesa, uma capivara... Na verdade, três: uma, grande, e pequenas as outras duas. Estas, filhotes daquela, certamente.

 - E você insiste em contar-me a piada discriminadora, preconceituosa, para me ofender.

 - Não estou a contar uma piada; e tampouco é minha intenção ofender você. Estou a relatar o que me aconteceu, hoje de manhã, no Bosque da Princesa.

 - Não desconverse. Não simule educação, que você não tem. Você quer me ofender. Tenho certeza que você, ao acordar, hoje, pensou, e antes de escovar os dentes: "Quem irei ofender, hoje? A quem contarei uma piada ofensiva? Ao meu pai?! Não. À minha mãe?! Não. Ao meu vizinho?! Não. Ao meu irnão?! Não. À minha esposa?! Não. À minha amante?! Não. Ao meu chefe?! Não. Ao meu cachorro?! Não. Quem ofenderei, hoje? Quem?! A quem irei contar uma piada ofensiva?! Já sei. Escolherei, aleatoriamente, uma pessoa qualquer que me cruzar o caminho, e para ela a contarei, ofendendo-a." Estes os seus pensamentos, hoje, assim que você acordou. E há poucos minutos você me viu, e disse consigo mesmo: "Achei quem eu queria. Ele tem cara de tolo. É um pateta. Vou me divertir com ele." E aproximou-se de mim, e, insinuante, como quem não quer nada, abordou-me, e com simpatia fingida, emprestando-se ares de pessoa educada, pôs-se a contar-me, de mim zombando, e ofendendo-me, uma piada grosseira, ridícula, ofensiva. Comigo não, violão! Aceite um conselho, conselho de amigo: Não conclua a piada. Rejeite o conselho, que é de um amigo, e eu terei de providenciar os serviços de um advogado. E iremos, e não é o meu desejo, resolver o caso, num tribunal, diante de um juiz e dos jurados. É de bom alvitre, para você, fechar a matraca.

 - Não estou...

 - Não prossiga, por favor. Não prossiga, por gentileza. Não me tome por um tolo. Não nasci ontem, sabia?! Você me dirige a palavra, fala-me de uma capivara, porque tenho dois dentes grandes aqui na frente - e exibe-lhos -, e diz que a viu no Bosque da Princesa, porque eu moro no condomínio Bosque dos Eucaliptos, e, por fim, afirma que a capivara tem dois filhotes, porque eu tenho dois filhos. Você associa os personagens e os locais da sua história comigo e meus filhos e o lugar onde moro e ousa me dizer, com a maior cara-de-pau que já se viu, que não está a zombar de mim e que não está a me ofender, a me faltar com o respeito! Quantas demãos de óleo de peroba você passou na sua cara lavada, hoje cedo?! Diga-me quantas. Duas?! Três?! Dez?! Cinquenta?! Quantas?! Quantas?! Por quem você me toma?! Não abuse da sorte, amigo! Quem avisa amigo é!

 - Não se exalte.

 - Não estou exaltado!

 - Nada mais fiz, desde que a você me dirigi, do que contar que, hoje cedo, no Bosque da Princesa, vi uma família de capivaras, mãe,e filhos, dois, à margem do Rio Paraíba...

 - Por que você diz que foi à margem do Rio Paraíba que você viu as capivaras?!

 - Ora, porque foi à margem do Rio Paraíba que vi as capivaras.

 - E você não podia me dizer que as viu à margem de outro rio, do Rio São Francisco, por exemplo, ou do Rio Uruguai, ou do Rio Paraguai?!

 - Não. Não podia, não.

 - Por que não?!

 - Porque o Bosque da Princesa está à margem do Rio Paraíba. E eu estava, quando vi as capivaras, no Bosque da Princesa; então...

 - Então você é um paspalho, um salafrário, um cretino, um ordinário de marca maior! Você sabe onde eu nasci, sabe?! Em João Pessoa! João Pessoa! Ouviu?! João Pessoa, capital da Paraíba! Você me ofende! Insulta-me! Você odeia os nordestinos! Você odeia os paraibanos! Ei?! Aonde você vai?! Volte aqui?! Aonde você vai?! Não fuja, não! Aonde você vai?! Volte aqui?! Vou telefonar para a polícia! Não fuja, não! Volte aqui! Aonde você vai?! Volte aqui! Volte aqui!

sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

Um artigo

 Governo Lula: os empresários são vagabundos.


... e não deu outra: o tal "L" declarou, de viva voz, e em cores, para o mundo inteiro ouvir, que os empresários enriquecem-se sem trabalhar, a explorar o trabalho alheio. O que está a querer o tal "L"? Reviver uma era, ou viver em uma, que está inscrita nos anais da história universal como de conflito sem fim entre os eternos exploradores de mão-de-obra escrava ou barata e os sempiternos explorados pelo grande capital?! Para ele não bastam os embates diuturnos, e selváticos, e desleais, e irracionais, a estimularem-los intelectuais, artistas, ioutúberes, e formadores de opinião, que sei lá eu se formam alguma coisa, e artistas, e jornalistas, entre homens e mulheres, pais e filhos, crentes e descrentes, palmeirenses e corinthianos, praianos e sertanejos, fãs de Guerra nas Estrelas e fãs de Jornada nas Estrelas, e colecionadores de bonecos e colecionadores de figurinhas?! Tem ele de vivificar uma antiga desafeição, que males sem conta causou a todos os envolvidos, de há muito, assim se pensava, tempo suprimida dos discursos bombásticos dos novos paladinos da justiça social, que concentram a indignação que lhes move o espírito na, em defesa e proteção de minorias (e muitas destas estão em maioria), árdua tarefa de se baterem contra as maiorias (e destas muitas estão em minoria)?! Não basta lançar contra os nordestinos os sulistas, e contra estes aqueles, e contra os degustadores de sushi os apreciadores de churrasco, e estes contra aqueles?! Tem ele, em pleno século vinte e um, de alimentar uma política que nenhum bem dará ao Brasil?! Com qual propósito?!

Num país, em que outrora tudo, em se plantando, dava, abacaxi, mamão, cenoura, tomate, kiwi e pitaia; num país em cujas terras, nos dias que vivemos e sobrevivemos os brasileiros acossados pelas adversidades de costume da nossa milenar tradição, da qual somos ciosos, conquanto não seja a nossa nação uma pátria milenar, brota, tais quais pragas do Egito, lógicas no assalto, fiofós laicos e outras estranhezas que aqui sobejam, não surpreende que haja criaturas trevosas, uma a ver mais de uma centena de milhões de pessoas flageladas pela fome, e outra, instigada pela sanha persecutória, a elegantemente estimular injustiças contra quem não se dispõe a abaixar a cabeça para o governante de turno, e que tampouco um ogro mefistofélico de nove tentáculos resgate da cloaca da história uma idéia estapafúrdia, ridícula, malsã.

Até há uns dias, eu pensava que a tal "M", que viu, nas ruas e avenidas brasileiras, cento e vinte milhões de descendentes de Peri e Ceci esfomeados, cadavéricos, ossudos, cobertos os ossos unicamente com uma película mais fina do que a mais fina das folhas de seda, e que o tal "F", que disse que ele não compra produtos de empresas cujos donos não se genuflexionam humildemente diante do Partido, e que o tal do barbudo de nove dedos, que já disse que o Agro é fascista, e que há pouco declarou que os empresários, além de não trabalharem, vivem do suor e do sangue e das lágrimas dos trabalhadores, eram tolos, imbecis, ignorantes. Talvez o sejam, mas, ninguém há de negar, há um quê de calculado no que eles dizem. Exibe a tal criatura natureba uma imagem deveras horrível, assustadora, do Brasil: 120.000.000 de brasileiros, mais de cinquenta por cento da população tupiniquim, a se alimentar da fome. Qual é a imagem que os seres humanos de outras nações formam do Brasil ao ouvir tal despautério?! Crianças a caírem mortas às margens das ruas, pilhas de cadáveres de gente famélica. Exagero?! Talvez. É hiperbólica tal imagem?! É. Mas que os estranjas suspendem a respiração ao ouvir tamanha sandice, certos de que é ela reprodução exata da realidade sócio-econômica do país de Gonçalves Dias, suspendem, e a conservam suspensa por horas a fio, sem a perda do fôlego. Ora, foi uma ministra de Estado, e das mais mundialmente conhecidas e respeitadas em todo, diriam os jornalistas do hebdomadário digital Zeca Quinha Nius, o orbe terrestre e nos outros orbes deste e de outros universos conhecidos e desconhecidos desta e de outras dimensões existentes e inexistentes, que disse que mais de uma centena de milhões de brasileiros vivem de barriga vazia, o estômago a devorar o corpo que o contêm. É crível, portanto, a histórial! Verossímel! Plausível! Não há o que negar: 120.000.000 de brasileiros estão a devorar as próprias tripas. E pensam, diante de tal cenário, cenário apocalíptico, pós-apocalíptico, numa solução para tamanha injustiça, tamanho desprezo pelos seres humanos, as gentes de outras plagas, e muitas das desta: taxar grandes fortunas, aumentar a carga tributária, para, dizem, alavancar a arrecadação de recursos para investimentos em obras sociais urgentes, inadiáveis, e outros paliativos que a minha pobre imaginação não imagina. E foi um ministro de Estado que disse, e publicamente, para toda e qualquer pessoa que tenha interesse, e disposição, para, dedicando-lhe atenção, ouvir-lhe as palavras sapienciais, que não compra produtos e não contrata serviços de empresas cujos proprietários estão, no espectro político, no pólo oposto ao seu. Assim, ao ouvirem-lo, pensam os empresários que não se curvam aos tipos que ora desgovernam o Brasil que vantagem Maria leva se investirem uma boa quantidade de dindins no Brasil. E os empresários estrangeiros o que pensam?! Eles irão se arriscar a trazer os seus dólares, os seus euros, os seus ienes, as suas dracmas, para esta terra de pororocas e jabuticabas?! Não, provavelmente. Vai que o governo dos vermelhos resolva desapropriar as empresas e bloquear o dinheiro dos que contam com a desafeição dele! Melhor não arriscar. E foi o presidente da nação mais rica da América do Sul que afirmou, desavergonhadamente, que os empresários não trabalham; que os empresários vivem de sugar o sangue dos trabalhadores; que os empresários não passam de reles exploradores de mão-de-obra barata, inescrupulosos, indignos de consideração. Ora, se o chefe da nação diz tal, então, cabe ao Estado, assim entendem os justiceiros sociais, os paladinos da democracia, da igualdade, estatizar, e pra ontem! as empresas, e sem ressarcir os seus proprietários, nojentos exploradores de mão-de-obra. As palavras do tal "L" chegando aos ouvidos dos empresários, o que estes pensam?! Pensam em investir no Brasil?!

Não me parecem gratuítas as declarações das três celestiais personalidades que estão no topo da estrutura do Estado brasileiro. Foram a público as três em um intervalo de poucos dias, menos de uma semana. Parece-me que foram as três manifestações de caso pensado, para causar impacto, espantar investidores, justificar arbitrariedades, obter o silêncio de suas, em potência, futuras vítimas. Estou a asneirar?! Estou a ver pêlos em casca de ovo, a ver chifres em cabeça de cavalo?! Vá saber!


quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

Um artigo

 Governo Lula: 120.000.000 de brasileiros passam fome e boicote às empresas que não são vermelhas.


... e não deu outra: o governo do tal "L" é tão ruim, mas tão ruim, que em quinze dias produziu fome em larga escala, algo jamais visto na história da humanidade. "Que besteira você disse, mané!" Besteira?! Que besteira eu disse?! Ora, se há besteira, quem a disse não fui eu - foi a ministra do meio-ambiente, a tal "M".

E digo mais: o tal "F", o chefão da economia, pede, em outras palavras, as dele, que as pessoas não comprem produtos e nem contratem serviços de empresas cujos livros contábeis não tem capa vermelha. Sim, o tal "F", aquele carinha, figurinha carimbada da política brasileira, que, nos anais da história de Sampa, tem seu nome escrito no capítulo cujo título é "O pior prefeito da cidade."! "Que besteira você disse, mané!" Besteira?! Ouvi, e vi, em áudio e vídeo, em bom som e em cores, o que ouvi e vi. A tal "M", nossa amada "M", que não é a do Bond, disse, e com todas as letras, e para o mundo inteiro ouvir, que há, no Brasil, a passarem fome, cento e vinte milhões de brasileiros. Exatamente o que você leu, querido leitor: no Brasil há, flagelados pela fome, cento e vinte milhões de brasileiros. Em números redondos, para ficar mais bonito: 120.000.000. Sim. 120.000.000 de brasileiros, coitados! mortos de fome. Veja você, leitor: até outro dia, segundo o tal "L", entidade omnissapiente, que tem conexão íntima com o cosmos, havia, em nosso pobre país, 30.000.000 de compatricios nossos a caírem de fome, coitados! Agora, segundo a tal "M", filha da mãe natureza, são os famintos brasileiros 120.000.000. Deus meu! Em quinze dias, 90.000.000 de seres humanos que vivem no Brasil caíram da escada social direto para o precipício. O governo do tal "L" saiu pior do que a encomenda, bem pior. Esperava-se dele o pior que se podia imaginar. E saiu pior do que o pior que todo homo sapiens que imaginou o pior imaginou.

"Explique-me a história envolvendo o tal "F", pede-me o leitor, encarecidamente, suplicando-me, eu diria, a informação. O tal "F", responsável pela economia tupiniquim, aquele carinha que certa vez, num episódio de triste memória da política nacional, afirmou que os nazistas eram piores do que os comunistas porque aqueles matavam intelectuais antes de ler-lhes os livros e este depois de ler-lhos, disse, em algum país civilizado, diante de uma platéia atenta e interessada, com um jeito todo seu, professoral, falando em primeira pessoa, e de si mesmo, que é de bom tom boicotar empresas brasileiras que apóiam os extremistas e combatem a ideologia das pessoas vermelhudas que morrem de amores pela humanidade - e é tanto o amor que os vermelhudos dedicam à humanidade que fazem de tudo, e mais um pouco, com o propósito de evitar-lhe sofrimento, para dizimá-la.  Quanto amor! Mal sabe o tal "F" que a idéia dele, de jerico, prejudica a economia tupinambá. Presumo que o homem não entende de fazer contas. E nem a mulher da natureza, a deusa dos varapaus esmilinguidos azuis. Ora, num governo cujo ministro da educação embaralha-se com uma simples continha de mais, o que esperar dos outros ministros!? Estamos numa roubada. Entramos numa fria. E temos os brasileiros de vivermos as nossas vidas, haja o que hajar.

sábado, 14 de janeiro de 2023

Duas notas

 - Saia da sua bolha, maluco.

- Que estou dentro de uma bolha eu sei. E estou tentando descobrir de qual. E você?! Você sabe dentro de qual bolha você está?! Você já entendeu que você está dentro de uma bolha?!

*

- Você pensa dentro da sua caixinha, bróder.

- É. Eu sei. E você não imaginar o meu esforço para pensar fora dela. E você?! Pensando dentro de qual caixinha você está?

Uma nota

 Para o bem dos negros, das mulheres e dos honossexuais? Quem é racista, machista e homofóbico?


Discute-se - ouvi, hoje, de uma pessoa do meu círculo de amizades - uma idéia que eu já ouvi em diversas outras ocasiões, de pessoas próximas de mim, e de políticos e de intelectuais: tratar obrigatoriamente, e legalmente, como se racismo seja toda demissão de um funcionário negro pelo seu patrão.

Os defensores de tal política, que ainda não saiu do papel - e temos de nos perguntar se um dia sairá, ou quando irá sair -, declaram, ao defendê-la, que ela eliminará o preconceito contra os negros, servirá para acabar com injustiças contra os negros, dará fim ao racismo. Procede tal justificativa? O que o mundo nos ensina?

O raciocínio que se usa com o negro no papel principal é o que se usa com a mulher e o homossexual no lugar do negro.

Tal política assegura a justiça, a igualdade perante a lei, a isonomia no tratamento de todos os trabalhadores?

Se se considera toda demissão, pelo patrão, de um funcionário negro, como ação racista - e é o racismo crime inafiançável -, independentemente das motivações do patrão, e das razões que ele aventa, e da conduta do funcionário, qual empresário contratará negros, se não poderá contar com a justiça, que o condenará antes mesmo de ouvi-lo? Aliás, o empresário está de antemão condenado. A justiça jamais perderá tempo ouvindo-o.

Tal política, se implementada, estará em prejuízo aos negros, e dela eles não tirarão de lucro um centavo. É uma tolice sem tamanho.

Pergunto-me se as pessoas que defendem tal política antevêem a real consequência dela, e a quer, para gerar conflitos entre negros e brancos, ou se estão, impelidos por um sentimento justo e nobre, que atende ao fim de acabar com injustiças. É bem provável que aqueles que a elaboram, engenheiros sociais cujas estampas não são públicas, a mando de alguéns extraordinariamente poderosos, sabem no que tal política irá redundar, e que as pessoas, as pessoas comuns, assim direi, bem intencionadas, hipnotizadas pela oratória floreada com vocábulos que lhes ativam e excitam os bons sentimentos, a anunciarem, se tal política concretizada, um futuro alvissareiro, sem injustiças, sem preconceitos, não.


sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

Crônica

 Governo Lula. Domingo, 8 de Janeiro de 2.023: manifestações pacíficas, ordeiras e democráticas.


Na praça Monsenhor Marcondes, um pouco antes do meio-dia, Luis Renato, logo após comprar, numa lanchonete, um pastel recheado com carne de frango e uma coxinha com recheio de carne bovina, ambos os salgados bem fornidos, e uma garrafa, das de plástico, de refrigerante de uva, cujo volume correspondia a trezentos emeéles, sentou-se no único banco então desocupado ao redor do chafariz, ajeitou-se no seu encosto, pôs à direita, próximo ao braço do banco, a garrafa de refrigerante e o telefone celular, e sobre as coxas o pacote com os salgados, olhou aos arredores, à procura de alguém seu conhecido, e ninguém reconhecendo, pegou a garrafa com refrigerante, desatarraxou-a, e bebeu, do suco, um gole, discreto, para molhar os beiços. Assim que abriu o pacote com os salgados, e dele tirou para fora a coxinha, e enquanto ajeitava-a nos dois guardanapos que a acompanhavam, para não se lambuzar as mãos - e mesmo assim se lambuzaria -, chegou-lhe um seu amigo, da sua direita, surpreendendo-o:

- Natão, só na maciota, hein?!

Luis Renato, surpreso, voltou-se para ele, e saudou-o com um "E aí, Nael?! Beleza?!", estendeu-lhe a mão direita, puxou para si o telefone celular e a garrafa de refrigerante, e ofereceu-lhe espaço para sentar-se, e perguntou-lhe se ele queria pastel e suco de uva.

- Não. Não. Obrigado - respondeu-lhe Marco Natanael. - Não quero, não. Bom apetite.

- Você já almoçou?

- Já. - e disse-lhe em qual restaurante.

- Eu estava pensando em ir lá. Mas... Desisti. Prefiro um refri, uma coxinha e um pastel. Já estou cansado de, todo dia, comer arroz e feijão e alface e carne de boi. Chega! Hoje, para mim uma coisa mais suculenta.

- E mais gordurosa e menos saudável.

- Até que não. A coxinha tem muita massa, é verdade. E o pastel é seco...

- É da lanchonete... da... - e disse o nome da lanchonete.

- Sim.

- Verdade. O pastel que eles fazem lá é bom.

- Arroz e feijão e pastel e coxinha são a mesma porcaria. Tudo industrializado.

- É verdade.

E seguiram os dois amigos a falarem de trivialidades, enquanto Luis Renato mandava para seu estômago voraz a coxinha e o refrigerante e Marco Natanael zapeava, no seu telefone celular, pelos mares revoltos da internet, circunavegando uma rede social.

- Que loucura! - exclamou, certo momento, Marco Natanael.

- Que loucura?! Quem é o louco?

- Lá em Brasília, uma loucura do caramba.

- O que 'tá acontecendo lá?

- Você não soube, não, o que aconteceu, ontem?

- Em Brasília?!

- É.

- Sei não. 'tô' por fora. Ontem, eu, a Mari e a Dina passamos o dia todo fora. Não vi televisão, não vi telefone, não vi rede. Nada. Nadica de nada. 'tô' desatualizado. Atualize-me aí, Nael.

- Uns arruaceiros, de direita, quebraram Brasília. Destruíram o Palácio...

- Qual palácio?

- O do Planalto. Invadiram o ésseteéfe e a câmara. Picharam a estátua da justiça. Quebraram as vidraças. Fizeram o inferno, ontem, em Brasília. Você tinha de ver. Veja a desordem dos direitistas.

E Marco Natanael exibiu-lhe a tela do celular, que então exibia um vídeo com imagens das manifestações violentas das quais falavam.

- Você ouviu o que a jornalista disse, Natão?! Ato terrorista da direita ultra-radical, extremista, golpista. Vandalismo. Que gente sem noção.

- Tem alguma coisa errada nessa história, Nael. A direita, que é radical, negacionista, terraplanista, genocida, extremista, não age assim. A história 'tá mal contada.

- 'tá?!

- 'tá. Tenho certeza de que 'tá.

- Não sei, não, Natão. Não sei. Nada entendo de política. Só sei que 'tá uma bagunça em Brasília, que só vendo. Bagunça dos infernos.

- É. Eu vi. Nael. Mas veja. Veja. Entenda. Ouça. Essas manifestações não são da direita, não; são da esquerda.

- Da esquerda?!

- Sim. Veja. A direita é radical, antidemocrática. A direita nunca quebra as coisas, não vandaliza o patrimônio público. Eu já vi, em várias reportagens, à televisão, que assisto quase todo dia, as ações da direita. E ouvi as explicações sobre a estratégia dela. A direita jamais parte para a ignorância, entende?! Ela sequestrou os símbolos brasileiros, principalmente as cores verde e amarela da camisa da seleção, e as usa como propriedade dela, e não deixa ninguém mais usá-las. São as cores dela, agora. Da direita; e só da direita. E às suas manifestações os direitistas carregam os velhinhos, as tias do zap, as crianças para mandar mensagem falsa aos brasileiros, a de que respeitam o estado democrático de direito.

- Não entendo um pingo de uma vírgula desse troço de estado democrático de direito.

- Não é complicado, não. No Brasil há instituições democráticas, o ésseteéfe, a cebeéfe, o teéssee, o teceú, a ageú, o teiú...

- O que é teiú? Nunca ouvi falar de tal geringonça.

- Tribunal eleitoral inconstitucional...

- Inconstiticional?!

- Não. Inconstitucional, não. É... Internacional?! Integral?! Sei lá o que é. Só sei que existe.

- E pra que serve?

- Sei lá. Todas estas instituições são importantes para o pleno funcionamento do estado democrático de direito. Sem elas, não existe o estado democrático de direito.

- Não é estado de direito democrático, não?! Ouvi isso em algum lugar. Onde?! Não me lembro. Minha cabeça não me ajuda.

- É estado democrático de direito, eu tenho certeza. Li alguma coisa a respeito. Mas... Veja: ouça bem: os direitistas, sempre anti-democráticos, reúnem milhões de pessoas, aos domingos, sempre aos domingos, às vezes aos sábados, e uma vez ou outra aos feriados, e uma vez por ano no dia sete de setembro, para pressionarem os ministros do ésseteéfe e o exército a darem um golpe de estado contra a democracia. E o fazem antidemocraricamente, cantando o hino e rezando o Pai Nosso. Misturam política e religião, os fanáticos.

- Mas eles não quebram prédios...

- Não. Não quebram. E sabe por quê?

- Não.

- É porque as ações populares contra os opressores sempre pedem ações contundentes, que exigem dos manifestantes, e de manifestantes democráticos, que lutam pela liberdade de todos, coragem para arrostá-los. As manifestações de domingo, vi, aí, no celular, foram democráticas, contra os opressores; portanto, dos esquerdistas, e não dos direitistas.

- Mas é o Lula o presidente. Não seria contraditório lutarem os esquerdistas contra o Lula, que é de esquerda.

- Aparentemente, é. Todavia, realmente não é.

- Não entendi.

- Veja, Nael. Entenda: O Lula está num vespeiro: os militares não querem vê-lo nem pintado de ouro, os deputados e os senadores são serpentes e os juízes do supremo não são flores que algum cristão se disponha a cheirar. Todos eles querem puxar o tapete do Lula. Então, neste ninho de serpentes, que é um vespeiro, o que pode o Lula fazer?! Nada. Nada de nada. Menos que nada. Nada negativo. Resta a ele, portanto, o apoio de seus apoiadores, que são democráticos. Ora, alguém, da turma do Lula, disse para os militantes irem para Brasília e chutarem o pau da barraca, para o bem da democracia brasileira, para a conservação do estado democrático de direito.

- Não entendi. Mas as manifestações foram violentas...

- Não foram, não.

- Não?!

- Não. Veja. Veja. Entenda: as ações dos direitistas são violentas, antidemocráticas, mas ordeiras na aparência. Entenda, Nael: ao sequestrar o verde e o amarelo da camisa da seleção, os direitistas cometeram o maior dos crimes contra a pátria. Aqui está a violência dos direitistas, a verdadeira violência. Ontem, nenhuma violência se viu. O que se viu foram atos democráticos, para enfraquecer os inimigos do Lula, em favor do estado democrático de direito, que só pode se manter em pé se o representante do povo, democraticamente eleito, o presidente, isto é, o Lula, vencer os seus inimigos. Entendeu?! Os manifestantes, ontem, agiram com civilidade, pelo bem da democracia brasileira, que não vai bem das pernas.

- É meio confusa a...

- Confusa a história é, não discordo. Tenhamos em mente o seguinte, Nael: nem tudo que reluz é ouro. O que parece ser uma coisa é outra. Existe um... Como se diz?! É... Confronto dialético... Acho que é assim que se diz. Um confronto dialético entre a teoria e a prática, entre as narrativas e a realidade. É a história obscura, a eclipsá-la mentiras de fazer morrer de inveja o Malazartes. Temos de saber decriptografar as mensagens criptografadas que a mídia nos passa.

- Interessante. Interessante.

- Temos de ser prudentes, e não nos deixar levar pelos políticos, pelos jornalistas, pelos iotuberes. Todos eles querem nos manipular.

- Verdade.

- A jornalista aí do vídeo erra ao atribuir aos direitistas as manifestações de ontem. Erra feio. Manifestações democráticas dos direitistas o mundo jamais viu.

- Política é um treco muito complicado. 'taí o porquê de eu nunca me envolver em discussões políticas.

- Nelas também não me envolvo. Nem morto! Não quero ter um treco enquanto estou a discutir com desmiolados de direita e de esquerda.

- Nem eu. 'tá louco! Perder a cabeça por causa de gente descerebrada que confunde alhos com bugalhos e crocodilos com cocô de grilos e que não fala lé com cré! ' tô fora!

- Eu também.

- Nem votar votei. P'ra que perder meu tempo...

- Também não votei.

- Você tem certeza, Natão, que é estado democrático de direito, e não estado de direito democrático?

Uma frase

 Não sou daqueles fanáticos que idolatram falsos messias!

Não sou gado de falsos mitos!

Só Deus na causa!

Vai que é sua, Xandão, meu amor! Ponha ordem na bagaça! Bota pra quebrar!

Uma nota

 Domingo, dia 8, manifestantes, ordeira e pacificamente, num legítimo ato democrático... Ops! Corrijo-me: terroristas e genocidas invadiram, sem encontrarem resistência, o Palácio do Planalto, o STF e a Câmara, e viraram tudo de pernas para o ar. A mídia logo tratou de imputar o vandalismo aos bolsonaristas, que, por sua vez, falaram de infiltrados esquerdistas em seu seio e de agentes do governo a facilitarem o acesso dos vândalos aos interiores do prédio.

E nasce a guerra de narrativas.

Que a história não me cheirou bem, não cheirou, e desde o início.

Que está com a verdade? E com quem a mentira?

Agora, Raul Jungmann e o presidente Luis Inácio Lula da Silva afirmam que a invasão se deu porque os invasores tiveram facilitado o acesso às dependências dos três prédios públicos, e desde dentro destes, por agentes públicos.

Quem facilitou a vida dos vândalos, e com qual propósito?

quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

Três diálogos

 Quem é racista? Quem é machista? Quem é homofóbico?


Estavam, à mesa do bar, Roberto Carlos e Carlos Roberto, ambos negros, altos e fortes. Amigos desde o curso técnico de engenharia e colegas de trabalho, trocaram algumas confidências. Assim que, celular à mão, leu uma reportagem que lhe chamou a atenção, Carlos Roberto disse:

- As cotas raciais, Bertão, estão aí para ajudar os negros. Negro, no Brasil, só sai da sarjeta com um empurrão de mão amiga do governo; do contrário, nada feito. O sistema não permite a ascensão social e econômica dos negros.

- Deixa disso, Carlão. Veja você e veja eu. Estudamos, juntos, na mesma escola, na mesma sala-de-aula, com os mesmos professores, durante quatro anos, quatro difíceis anos. Oh! tempo bom. Lembra-se?! Estudávamos dia e noite. Sob chuva e sob o sol. E aqui estamos: belos, fortes, eu a viver com a minha branquinha, você com a sua pretinha, e de bem com a vida, e bem de vida, todos nós. Tenho um teto e roupa lavada. Você também. Ganhamos bem, muito bem. Temos salário de matar de inveja muita gente branca. E vivemos, no técnico, de cotas?! Não. Não. E não. Na na ni na não. Hoje bato no peito, e digo: Varei noites em claro e suei sangue para ter o que tenho. Com a valiosa ajuda da minha branquinha, é claro. E do meu velho e da minha velha. Você também tem o direito de bater no peito, e encarar, de frente, o mundo. Você e a sua pretinha. E seu velho.

*

Ana e Marisa, amigas desde a infância, encontraram-se no cabeleireiro. Conversa vai, conversa vem, Ana comentou:

- Meu marido é... meu ex-marido é um idiota de primeira. Traiu-me, o vagabundo. Pulou a cerca, o desgraçado, e foi se esbaldar na cama da Lúdi, aquela... aquela... Nem digo, para não me irritar. Quero esquecer o caso. Homens! Todos mulherengos! Todos safados! Todos machistas!

- Não generalize, Aninha. Meu marido é um amor, um doce de pessoa. Um príncipe encantado. Um deus. Além de bonito e charmoso, é educado, carinhoso. Ajuda-me em casa. Cuida dos filhos com amor que só vendo. Um doce de coco. E meu pai?! Um rei. Que amor! Marido exemplar.

*

Na lanchonete, conversam Vanessa e Angélica:

- Para se evitar a superpopulação - disse Vanessa - se faz necessário acesso fácil ao aborto. Sabe, Angéli, penso que logo enfrentaremos escassez de alimentos tanta gente existe no mundo. E, cá entre nós, a interrupção da gravidez tem de ser política de Estado, sanitária. É questão de saúde reprodutiva da mulher.

- E pode, Vá, haver saúde reprodutiva se se usa de meios violentos para matar crianças que ainda vieram à luz?! Que saúde?! E não se interrompe a gravidez; extrai-se do útero a criança já morta, ou despedaçada, ou desfazendo-se num mar de líquido corrosivo. Se se interrompe uma gravidez, pode-se retomá-la, depois, restituindo ao útero a criança dele retirada? Não. É assassinato. E não haverá escassez de alimentos: a tecnologia dará um jeito de conjugar a superpopulação com a produção de alimentos.

*

Marcelo e Márcio, ambos homossexuais, namorados, conversam à mesa:

- Nossa senhora! A nossa sociedade é homofóbica. Meu Deus! Despreza-se, aqui, os homossexuais. Hoje, ao passar à frente da lotérica, dois homens, brutos, acéfalos, provocaram-me. Um deles me disse: "Oi, rosinha. Você gosta de espinho?" E ele e o outro brucutu, peludo igual ratazana, riram, e riram, e riram. Que raiva. E você ri, Marcelo?! Ficou bobo?!

- Deixe de bobice, Márcio. Uma vez na vida e uma vez na morte, uma coisa dessas acontece, e você faz tempestade. Em copo d'água... Deixe de bobice. Sabe o que me aconteceu, hoje? Passei mal, no refeitório da empresa. Socorreram-me e conduziram-me ao pronto-socorro. E sabe você quem me ajudou? O Gustavo, o Maurício e o Nereu, que sempre me trataram com profundo respeito. Heteros, os três. E sabe qual tratamento, no Pronto Socorro, o médico, um bonitão, mulato de um metro e oitenta, um deus da Grécia, me concedeu? O mais respeitoso que eu podia esperar de um ser humano. Conversamos. Contamos piadas. Rimos. Que lindos, os dentes dele. Sabe: estou prevendo: amanhã, sentirei mal-estar e terei de ser conduzido ao pronto-socorro.

Uma nota breve

 Governo Lula. Lulistas fanáticos. Imposto de renda. Salário mínimo. Nota breve.


Podemos chamar os lulistas mais empedernidos de gado do Lula, de fanáticos e dizer que eles estão a passar pano para o Lula, ou ainda é cedo?

Em sua maioria, os eleitores do tal "L" seguem suas vidas, independentemente do que está a se passar na política nacional. Fazem bem. Há um grupo, todavia, de lulista - e dentre estes estão incluídos os nem-lula-nem-bolsonaro -, que, até domingo incomodados com as notícias agourentas que pululavam, aqui e ali, a indicar que o tal "L" e sua trupe estavam mais tontos do que o Níquel Náusea após se borrifar com um mata-baratas, encontraram nas manifestações violentas - e pouco importa se foram as depredações executadas por esquerdistas infiltrados no movimento de direita, numa nâo muito sutil false flag - um expediente para se esquivarem das cobranças que o cenário político caótico permitia que os anti-lulistas lhes fizessem - nada surpreendente, pois agora é o tal "L" a vidraça. Era incômoda a posição deles, pois inverteram-se os papéis. E eles não sabiam como lidar com a situação. Precisavam de bodes expiatórios para explicar as confusões e a inércia do atual governo. Daí a repetirem, nauseantemente, a cantilena: O Bozo deixou um rombo de quatrocentos bi, e reduziu impostos do combustível, e tal e tal e tal. É certo que nenhum deles sabe dizer quais são, do governo Lula, a política educacional, a econômica, a industrial, a cultural, a ambiental, etecétera, e etecétera e tal. Situação indesejada. Precisavam de algo, e para ontem, qualquer coisa, para desviarem o foco. E encontraram a coisa tão desejada, tão acalentada, que caiu dos céus, graças a Deus (ou a algum diabólico estrategista político): as manifestações de domingo, em Brasília. Pronto. Aí está o presente. Agora, ocupam-se os lulistas mais empedernidos, durante vinte e quatro horas por dia, de esbravejar, esgoelando-se, no rosto, estampado, rictus diabólico, contra os terroristas, os golpistas, os radicais de extrema-direita, os fanáticos, e tal, e tal.

O mais surpreendente, que não me surpreende, é a ação dos nem-lula-nem-bolsonaro, aquela gente prudente e sofisticada que enche uma kombi, gente que, situando-se a si mesma no centro do espectro político, e acima dos da direita e dos da esquerda, alcunhando-os a todos eles, indistintamente, de extremistas, radicais e fanáticos, e deles equidistante, alçou-se a si mesma à condição de criaturas superiores, semidivinas, melhor, ultradivinas, omnissapientes, melhor, ultraomnissapientes: desde o início do governo do tal "L", conservou silêncio quase absoluto: deu o ar da graça, para ridicularizar bolsonaristas, num e outro momento, com aquela graça que lhe é peculiar: insossa, desgraciosa, recheada de pusilanimidade e hipocrisia. E estes seres, prudentes e sofisticados, repetem, acriticamente, o discurso midiático, e se dizem independentes, pessoas que pensam cada uma delas com sua respectiva cabeça. Não entendo, no entanto, porque tais pessoas, tão sofisticadas, tão inteligentes, de formação literária e cultural e intelectual tão primorosa, estão sempre a ecoar a narrativa midiática, macaqueando-a, seja ela qual for, não raro - sempre a seguir a mídia - a defender, hoje, idéia que ontem reprovavam. E usam vocabulário que apreenderam da imprensa: terraplanismo, negacionismo, tratamento precoce, extrema-direita, fanatismo, genocídio, terrorismo, empoderamento, masculinidade tóxica, gado, e etecétera e tal. E a cada vocábulo emprestam o significado que a ele a mídia concede em cada momento. Inteligência simiesca. Simiesca, sim - mas inteligência. E digo mais: enaltecem os personagens que a mídia enaltece, e vilipendia a reputação daqueles que ela vilipendia.

São lulistas fanáticos?! Gado do Lula?! Passadores de pano?! Não sei.

No título desta nota breve, escrevi imposto de renda e salário mínino. Por descuido, quase a encerrei sem que nela escrevesse algo a respeito.

Li, em sites de revistas e em notas publicadas em redes sociais que o governo do tal "L" está a pensar, e a repensar, a correção da tabela do imposto de renda, que, dizem por aí, está desatualizada, reduzindo-se o valor de renda para isenção da alíquota, enfiando, assim, a cabeça de mais brasileiros dentro da boca do leão da receita, criatura voraz, insaciável, glutão pantagruélico tal qual um frade, e a pensar, e a repensar, a política de correção do valor do salário mínimo, para atender ao compromisso que assumiu com a responsabilidade social. Esta é a explicação, que está na ponta da língua, que explica a razão do governo para cobrar imposto de renda de mais trabalhadores brasileiros: está a se respeitar a lei: a tabela está desatualizada, defasada, não é corrigida há seis anos. E para explicar a inexplicável decisão de não se aumentar o valor do salário mínimo para não sei quantos reais, a explicação, que também está na ponta da língua, é esta: o governo tem responsabilidade fiscal.

É cedo para chamar os lulistas de gado do Molusco e passadores de pano?!

- Mas você tem de entender, meu amigo - dir-me-á um lulista -, que no governo Lula respeita-se a diversidade racial, e as mulheres, e os homossexuais. Você viu, amigo, quantas ministras há, e quantos...

quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

Nota breve - 2

 Multibilionários deste e de outros planetas investem seus dindins, bilhões deles, nas faculdades de medicina, nas de psicologia, nas de ciências jurídicas, nas de economia, nas de sociologia, nas de história, nas de filosofia, e etecétera e etecétera e tal, e nas editoras de livros de medicina, e nas de livros de ciências jurídicas, e nas de livros de história, e nas de livros de filosofia, e etecétera e etecétera e tal, e nos institutos de pesquisas de medicina, e nos de psicologia, e nos de antropologia, e nos de filosofia, e nos de geografia, e etecétera e etecétera e tal, e nas escolas primárias e secundárias, e nas organizações mundiais de comércio, e nas de saúde, e nas de meio-ambiente, e nas de política internacional, e etecétera e etecétera e tal, e têm nas suas mãos comendo lagostas e caviar e filemignon políticos de todos os espectros ideológicos, e cientistas, e sociólogos, e filósofos, e médicos, e juízes, e atores, e músicos, e padres e bispos e pastores, e etecétera e etecétera e ta. Investem o cascalho, toneladas dele a formar um Everest, para o bem dos povos, claro, em todos os campos do conhecimento.

Dentre os escritores de ficção e os sociólogos e os pedagogos e os historiadores e os filósofos renomados, que ostentam prêmios literários aos punhados e títulos e mais títulos expedidos por universidades e organizações, e cuja fama cobre todo o universo, quais são os talentosos, os que criaram uma obra valiosa, e quais foram laureados com incontáveis prêmios porque, financiados pelos multibilionários deste e de outros planetas, deles recebendo ordens diretas e indiretas, expõem em seus livros idéias que contemplam os interesses deles? Em quais pesquisas da área médica se pode confiar, pesquisas que não estejam viciadas em sua origem, pesquisas que multibilionários não financiaram com objetivos não muito nobres? As que as empreenderam institutos independentes de pesquisas, públicas, e organizações mundiais?! E quem injetou muita bufunfa nos cofres de tais institutos independentes e organizações mundiais?! Os multibilionários?! E quem financia jornalistas? E nos livros de história há História, escrita por historiadores honestos, que assumiram compromisso com a verdade, ou mentiras convenientes que as escreveram supostos historiadores a mando de gente poderosa e que dela recebem nota preta para contar lorotas e mais lorotas com o objetivo de ludibriar a todos?!

Em quem podemos acreditar? Nos cientistas renomados, reconhecidos e respeitados em toda a galáxia?! Nos pedagogos renomados, ganhadores de trocentos prêmios?! Nos jornalistas, e nos artistas... Pensando com os meus botões, presumo que seja prudente a pessoa que não dá o mínimo valor para os intitulados seres renomados, cientistas, filósofos, pedagogos, políticos, juízes, e etecétera e etecétera e tal; e que não vê nos títulos e nos diplomas que eles ostentam sinônimo de invejável formação em sua área de estudos, e tampouco de autoridade moral. Pensamos eu e meus botões ser sensato quem pede aos ditos sábios, intelectuais e cientistas e médicos e etecétera e tal, provas da boa formação literária e intelectual e científica e moral deles, e está sempre a questioná-los, a olhá-los, uma pulga atrás da orelha, com o canto dos olhos, sempre, e sempre, sem jamais, imediata e acriticamente, subscrever-lhes os discursos.

Uma nota

 Manifestações democráticas e manifestações antidemocráticas.


Brasil

Manifestantes de esquerda contra o Bolsonaro (de direita). Narrativa da imprensa: Manifestações pacíficas, ordeiras, democráticas, do povo oprimido a se levantar contra o governo opressor.

Manifestantes de direita contra o Lula (de esquerda). Narrativa da imprensa: Manifestações violentas, terroristas, antidemocráticas, do povo manipulado por opressores contra um governo democraticamente eleito.


Chile

Manifestantes de esquerda contra o Piñera (de direita). Narrativa da imprensa: Manifestações pacíficas, ordeiras, democráticas, do povo oprimido a se levantar contra o governo opressor.

Manifestantes de direita contra o Boric (de esquerda). Narrativa da imprensa: Manifestações violentas, terroristas, antidemocráticas, do povo manipulado por opressores contra um governo democraticamente eleito.


Argentina

Manifestantes de esquerda contra o Macri (de direita). Narrativa da imprensa: Manifestações pacíficas, ordeiras, democráticas, do povo oprimido a se levantar contra o governo opressor.

Manifestantes de direita contra o Fernandez (de esquerda). Narrativa da imprensa: Manifestações violentas, terroristas, antidemocráticas, do povo manipulado por opressores contra um governo democraticamente eleito.


Estados Unidos

Manifestantes de esquerda contra o Trump (de direita). Narrativa da imprensa: Manifestações pacíficas, ordeiras, democráticas, do povo oprimido a se levantar contra o governo opressor.

Manifestantes de direita contra o Biden (de esquerda). Narrativa da imprensa: Manifestações violentas, terroristas, antidemocráticas, do povo manipulado por opressores contra um governo democraticamente eleito.

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Há um padrão nas narrativas, no Brasil, no Chile, na Argentina, nos Estados Unidos, em todos os países, enfim: Toda ação de esquerda é legítima, democrática, o povo a lutar contra os opressores; e toda ação da direita ilegítima, antidemocrática, opressores a manipularem o povo contra governantes democraticamente eleitos.

Não há critérios para se distinguir das ações legítimas as ilegítimas, das democráticas as antidemocráticas, das populares contra os opressores as que os opressores manipulam contra o povo. Há narrativas. E tais narrativas apontam sempre para a mesma direção.

Vê-se rótulos, que se colam nas pessoas, nos grupos, a depender de quem tem o poder da rotulação. Não há critérios válidos, justos, para se apontar democráticos os fulanos e antidemocráticos os beltranos. Nenhum. Há narrativas e rotulações.

As manifestações, em Brasília, domingo, dia oito, acabaram em quebra-quebra generalizado, arruaça das brabas. Diante de tal cenário, informa a imprensa nacional e internacional: Desordeiros, bárbaros, terroristas, extrema-direita anti-democrática, radical, extremista, golpista destruiu patrimônio público, atacou o Estado Democrático de Direito.

Quantas vezes os brasileiros não assistismos agrupamentos de gente violenta, coberta de preto dos pés à cabeça, o rosto atrás de uma hedionda máscara, a arremessar contra prédios públicos, contra policiais, contra estabelecimentos privados coquetéis molotov, pedras, rojões, a espalhar o terror pelas ruas e avenidas?! Incontáveis foram as vezes que nos obrigaram a assistir a tais espetáculos incivis, de inegável selvageria. E a imprensa nacional e internacional informava: Meninos democráticos manifestam-se ordeira e pacificamente, respeitanto os princípios democráticos, em defesa do Estado Democrático de Direito, contra as injustiças sociais, contra a opressão.

Há diferenças entre o que se viu domingo, dia oito, independentemente de ter havido, ou não, agentes de esquerda infiltrados nas massa de gente de direita, e o que os brasileiros vimos em diversas outras ocasiões?! Não. Não há. Mas as narrativas diferem.

Coisas iguais merecem o mesmo nome, mas está a se dar, por conveniência, nomes diferentes a elas. Ou todas as manifestações que acabam em quebra-quebra são pacíficas, ordeiras e democráticas, ou violentas, desordeiras e anti-democráticas. Coisas iguais...

terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Crônica

Albert Einstein, o negacionista.


Não está longe o dia em que os Seguidores da Ciência irão chamar o Einstein de negacionista. E por que o fariam? Ora, porque o Einstein negou-se a si mesmo. Sim. O Einstein negou o próprio Einstein. Sim. Ele negou-se a si mesmo. Ele negou a sua ciência; então, ele era um negacionista.

Conte-nos melhor a história, Sergio.

Aqui vai:

Conta-nos a lenda:

Era uma vez...

Em algum reino, hoje perdido, da Europa, ia o dia frio. Um homem meio doido e meio gênio, o Albert, a deliciar-se, após chegado, em seu humilde lar, do escritório de patentes, numa banheira, com um banho refrescante e revigorante, de águas mornas e cristalinas bolhas de sabão, descerrou as pálpebras, no rosto estampado um sorriso contagiante, e arregalou os olhos, e exclamou: "Eureka! Descobri a Constante Cosmológica!" E logo, dando tratos à bola, escreveu-a, com a sua caligrafia hieroglífica, garranchos ilegíveis, por inteiro, ilustrando-a com centenas de fórmulas matemáticas, garatujas esotéricas a reservar mistérios insondáveis,  incomprensíveis ao comum dos homens, num pequeno bloco de anotações todo puído, um documento histórico de valor incalculável.

E ao mundo Albert, o famosíssimo Einstein, apresentou a sua criatura: a Constante Cosmológica, que viera à luz de sua mente brilhante. E observou, regozijado, seus olhos a brilharem, o efeito da revelação no espírito dos homens. O mundo ajoelhou-se diante de Einstein, Albert Einstein. Louvou-o o maior gênio da humanidade.

E todos viveram felizes para sempre.

Não. Não.

Ainda não se encerrou a história.

Um dia, para surpresa de todo mundo, Albert Einsten negou a sua criação. Sim. Ele a negou. E a renegou.

- Pôxa, Einstein! - disseram-lhe os amigos mais próximos. - Que decepção! Primeiro, você nos disse que a Constante Cosmológica funciona que é uma beleza; agora, você, a negar, dela, a beleza do funcionamento, diz-nos que ela não passa de uma asneira das grossas?! Que decepção!

E dele eles afastaram-se.

Mas Einstein, ser único e irrivalizado, embora tenha negado e renegado a sua criatura, não a abandonou: amava-a. Não a abandonaria ao deus-dará, não lhe permitiria comer o pão que o diabo amassou, não a deixaria ao relento. Acalentou-a, carinhoso, sempre.

Transcorreram-se os anos.

Um dia, a passear de bicicleta pelos jardins de uma universidade americana, gritou, para espanto de todos ao redor: "Eureka!"

Perdeu o controle da bicicleta, esbarrachou-se no chão, e exclamou: "A Constante Cosmológica funciona! E funciona que é uma beleza!"

E Albert Einsten, o nosso querido Albert Einstein negou-se, uma vez mais, a si mesmo.

- Ô sujeito desmiolado! - exclamaram seus pares. - Não sabe o que quer, diabos! Decida-se: A Constante Cosmológica funciona que é uma beleza ou é uma asneira das grossas?!

Albert Einstein, indeciso, sem saber qual era a resposta certa para tal pergunta, negou-se e renegou-se até o fim de sua curta existência.

Esta é a lenda.

E todo viveram indecisos para sempre.

Fim.

A lenda, transcrita acima, está nos anais da história universal. Há, dela, outras versões, que estão em papel. Quem deseja conhecê-las, que as procure.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

Três notas breves

 Tem autoridade moral para reprovar os agentes do caos que, ontem,  executaram, em Brasília, quebradeira dos infernos, aquelas pessoas que, entendendo legítima a ação violenta, discurso político democraticamente válido, aceitável, sempre apoiaram os esquerdistas em suas arruaças toda vez que davam publicamente ar de sua graça? Não. Não tem. Por que, antes, elas legitimavam os atos violentos, os quebra-quebras, e, até mesmo, a agressão aos policiais, e agora estão a repreender o povo que, lá em Brasília, fez e aconteceu? Porque possuíam afinidades, supostamente ideológicas, sentimentais com os baderneiros e ódio pelos alvos deles, e hoje estão a ver pessoas a se manifestarem de modo a ferir politicamente um herói de todos eles: o mitológico demiurgo de nove dedos que salvará a pátria da destruição pelas mãos do demoníaco falso messias.

*

No oitavo dia de seu governo, o tal "L" enfrenta uma revolta popular de pôr o mundo em polvorosa. Espalha-se pelo universo notícias, e fotos e vídeos a exibirem milhares de pessas a invadirem o Palácio do Planalto, a Câmara dos Deputados e o STF. Não se viu algo semelhante durante os quatro anos do governo Jair Messias Bolsonaro. Declaram, uns, que todo o horrendo espetáculo não passou de uma armadilha, montada pelo tal "L" e os seus amigos de jornada, na qual os opositores dele caíram feito patinhos. E com qual objetivo os lulistas montaram tal armadilha? Com o de poderem pintar os seus oponentes como anti-democráticos, golpistas, de extrema-direita ultra-radical nazista e fascista, e assim desumanizarem-los, caçarem-los, prenderem-los, e, o sonho revolucionário, matarem-los, sob a justificativa de se estarem a extirpar, e pela raiz, da sociedade brasileira um mal, sem que a comunidade internacional desse um pio, aliás, com apoio dela, afinal estariam a fazer um imenso bem à humanidade. Verdade, ou mentira?! Não sei. Ou tal narrativa está a se disseminar para esconder de todos uma realidade, desagradável para o atual governo: o tal "L" não tem poder, nem popularidade. Não sei o que se está a se passar.

Aos próximos capítulos desta novela tão emocionante, dedicaremos a nossa atenção. Oxalá ela nos ofereça muitos momentos de emoção.

*

O que vale para o Chico vale para o Chiquinho.

Jair Messias Bolsonaro, desde o primeiro dia de seu governo, foi responsabilizado por todos os males que afligiram os brasileiros, inclusive pelos males fictícios, que só eram reais na cabeça oca das pessoas de cabeça de pote, e, retroativamente, pelos males que aconteceram em eras antediluvianas, em eras que a senhora genitora dele sequer imaginava que um dia viria à luz. E dentre os males que imputaram ao Bolsonaro, nosso velho conhecido, estão a extinção dos dinossauros, a destruiçâo da Biblioteca de Alexandria e o envenenamento de Sócrates, o mestre de Platão, por cicuta. E agora que o tal "L" é o presidente do Brasil, culpa-se, ora o Mercado, ora o Bolsonaro, pelas adversidades incontornáveis que os brasileiros enfrentamos. Ora, é o presidente do Brasil o tal "L", que foi eleito para resolver os problemas brasileiros, e não para encontrar bodes expiatórios. E ele é muito bem pago para cumprir seu trabalho. Que o cumpra.

Brasil violento

 Lulistas x bolsonaristas?!


Estamos a assistir uma guerra entre os brasileiros, que desejamos viver em paz nossas vidas, e gente muito poderosa (brasileiros e estrangeiros), que não quer que os brasileiros vivamos em paz nossas vidas, e não uma guerra entre lulistas e bolsonaristas. A eterna hostilidade entre bolsonaristas e lulistas é espúria, alimentada pela imprensa, pelos políticos, por formadores de opinião, por ditos intelectuais, por artistas, por militantes, por youtubers, muitos deles, se não todos, regiamente pagos por banqueiros naciocinais, e, mais do que por estes, pelos internacionais.

Dividir para conquistar, é o lema de todo político astuto, de todo banqueiro ladino, de toda, enfim, pessoa que não tem apreço pela liberdade de quem quer que seja e almeja concentrar em suas mãos o poder absoluto.

Uma pergunta: Por que o povo brasileiro está, há décadas, dividido em dois grupos numericamente, é o que se diz, equivalentes? Nas eleições brasileiras, os dois candidatos que se batem no segundo turno - e por que todas as mais recentes eleições se resolveram no segundo turno?! - conquistam, cada um deles, em torno de cinquenta por cento dos votos. Soa-me estranho tal fenômeno.

Somos os brasileiros, todos os brasileiros, manipulados, usados como bucha de canhão, jogados uns contra os outros, pais contra filhos, irmãos contra irmãos, vizinhos contra vizinhos, amigos contra amigos, pelos políticos e pelos artistas e pelos formadores de opinião, todos eles capachos de multibilionários nacionais e estrangeiros.

Não há quem não seja manipulado pela imprensa e pela internet, quem esteja além do raio de ação de políticos e artistas e youtubers e gente de outros tipos, todos manipuladores, quem seja impermeável às técnicas de manipulação de consciência, de comportamento. Quem sabe quais são as técnicas de manipulação de comportamento às quais, sem o saber, todos estamos submetidos? Cabe a cada pessoa se fazer tal pergunta, em vez de se dar ares de entidade suprema, infalível, mais atilada do que o capeta. Que cada pessoa abra os olhos, olhe para si mesmo, e procure saber se está em suas ações correta.

Quando foi que, nas últimas décadas, os brasileiros ouvimos, de políticos, palavras de harmonia, de respeito ao próximo, de compreensão?

Por que os dircusos políticos sempre pecam pelo teor de fúria, de ataque a quem pensa diferente, de incitação ao ódio mútuo?

Põe-se em lados opostos homens e mulheres, e brancos e negros, e heterossexuais e homossexuais. E joga-se brasileiros do Nordeste contra brasileiros de todas as outras regiões do Brasil, e brasileiros sem religião e de religiões várias contra os brasileiros cristãos.

Políticos estão sempre a substanciar a guerra entre os brasileiros, pois, dividindo-os, domina-os mais facilmente. Enquanto aqui, no nosso mundo de brasileiros, nos desentendemos, nos agredimos, nos matamos, eles, os políticos, nos seus castelos, nas suas mansões, festejam o esgarçamento do tecido social brasileiro, a desarmonia que eles provocam.

Digladiam-se os brasileiros. Os donos do poder os observam, de cima, e gargalham, maquiavélicos: Tolos!


Brasília

 Governo Lula: Brasília pega fogo!


De política entendo neca de pitibiriba. De política brasileira, nadica de nada e coisa nenhuma.

Aqui, após ver o fogo queimar em Brasília; e muita gente a jogar lenha na fogueira; e não poucas pessoas, para apagar a fogueira nela jogar gasolina, digo: 'tá todo mundo batendo cabeça, e ninguém sabe qual será o fim da história - e não são poucos os que ocultam de todos, e de si mesmos, a ignorância que os consome, e falam como se de tudo entendessem: já diagnosticaram o caso, e já anteciparam o seu fim.

Estou a ver pessoas que, até outro dia, vilipendiando Jair Messias Bolsonaro, que, agindo dentro das quatro linhas da Constituição, recusava-se a tomar medidas drásticas, pediam-lhe que metesse os pés na porta do Legislativo e do Judiciários federais, e reprovavam os brasileiros, que nada faziam de mais contundente, agora estão a censurar os brasileiros, dizendo que eles se precipitaram, que eles são de direita e conservadores, e que gente de direita e conservadora respeita as leis, e coisa e tal. E vejo também: pessoas sempre favoráveis ao quebra-quebra de militantes de esquerda agora se exibem indignados com a arruaça de pessoas que não são de esquerda. E na mídia, vejo: jornalistas a declararem que os manifestantes são anti-democráticos e arruaceiros. Ora bolas, mas quando milhões de brasileiros manifestavam-se pacificamente, diziam os mesmos jornalistas que eles eram anti-democráticos e arruaceiros, e chamavam os arruaceiros de esquerda, que punham tudo de pernas para o ar, de democráticos, pacíficos e ordeiros.

Não posso, também, deixar de dizer que muitos ditos intelectuais de direita, que até ontem diziam que enquanto os esquerdistas agem transgredindo leis, os direitistas agirem dentro da lei, os esquerdistas sempre ganharão as batalhas, agora estão a dizer que os da direita, ao agirem como estão a agir, erram, e erram feio: têm de agir dentro da lei. E tem mais: dizem que os manifestantes, ontem, em Brasília, com a exibição de um espetáculo de horror (não importa se o horror foi ação de infiltrados) que apresentaram, entregaram aos esquerdistas ingredientes para pintar os brasileiros de direita como anti-democráticos e golpistas e nazistas e fascistas, e ao governo Lula pretextos para a todos eles perseguir. Ora, mas nas manifestações ordeiras, pacíficas de milhões de brasileiros, estes já não eram rotulados de nazistas, facistas, golpistas e anti-democráticos, e já não se anunciava aos quatro ventos políticos para cercear a liberdade deles?! O que mudou? Nada. Pessoas autoritárias querem exercer, livremente, o seu poder.

Este meu texto vai meio bagunçado, eu a digitá-lo rapidamente, sem me deter para ajeitá-lo, deixá-lo bonito e apresentável.

Sei que não faço a mínima idéia do que está acontecendo, e tampouco do que acontecerá nos próximos dias - e não erro em dizer que os auto-intitulados entendidos também nenhuma idéia fazem: cada qual está a expôr os seus pensamentos, percebo, impelidos por preconceitos e sentimentos nem sempre louváveis.

Perguntei-me, ontem, e hoje: Se é o Lula, nas palavras do sensaborão, aquele que do povo melhor interpreta e reflete o sentimento de esperança, por que uma revolta, e já em seus primeiros dias de governo, tão grande, tão violência, de tal povo, que nele deposita esperança? Um governo popular enfrentaria, em poucos dias de existência, uma revolta tão densa, tão intensa, que tem gas para se ampliar, nos próximos dias, e rapidamente?! Qual é a força política do Lula? Parece-me que ele está fraco, politicamente fraco. Entendo que o caso não se resuma ao Lula. Penso que está o povo cansado de tanto trabalhar, e pedir que os governantes apenas o deixem em paz, e cansado de ser tratado como se lixo fosse, e de ser explorado, e ter de si por eles sugado toda a energia, todo o sangue. Está o povo cansado de sustentar multidão de gente vagabunda e corrupta, e criminosos, que recebem bolsa-bandido. E se reclama, é alcunhado nazista, imbecil, ignorante, fascista, anti-democrático, mané, e silenciado. Tem-lhe negado o direito à livre expressão. É obrigado a calar-se. Uma hora, esgota-lhe a paciência, e explode.

Não está a se ver, como por aí se pensa, uma luta entre lulistas e bolsonaristas.

E fico a matutar: há três grupos em disputa: o que deseja manter o Lula na presidência; o que deseja substituí-lo pelo Alckmin; e, o que deseja um governo militar. Não sei se estou certo, e é provável que não esteja, ao assim pensar, mas é o que penso.

A acompanhar os próximos capítulos da novela, nos próximos dias, neste mesmo canal, neste mesmo horário.


domingo, 8 de janeiro de 2023

Brasil

 - Joãozinho, oito mais quatro é igual a...

- Onze, fessora.

- Onze?! Deixe de ser burro, menino. Doze! A resposta certa é: Doze.

- Mas, 'ssora. O ministro da educação disse que é onze.

- O ministro disse que é onze?!

- Sim. Disse. Eu vi.

- Hum... Vejamos... Lembrei-me de um famoso matemático, se não me engano inglês, e do início do século vinte e um, que disse que a aritmética nossa conhecida, antropocêntrica, e etnocêntrica, e eurocêntrica, tem em seus axiomas incertezas e incorreções que lhe impedem a assimilação e a introjeção das singularidades das idiossincrasias das aritméticas na delas infinita diversidade racial universal. Desde então, um dos postulados da teleologia matemática permite a admissão, numa adição, da subtração, de uma unidade, ou mais de uma, do resultado, desde que prevaleça...

Duas Notas

 Governo Lula: algumas palavras.


Publiquei, num site, dois textos (que aqui os identifico, numerando-os), o primeiro composto de três notas breves, o segundo sob o título Lula e a Demissão Sem Justa Causa. Para ambos os textos, uma pessoa ofereceu-se para meu interlocutor, e dedicou-me algumas palavras, contestando-me.

Aqui, reúno os meus dois textos em questão, acompanhando-os uma síntese dos comentários do meu interlocutor e de comentários meus em resposta aos dele. Achei por bem não reproduzir do meu interlocutor os comentários em sua íntegra, não porque sejam extensos, pois extensos não são, mas eu os considero dispensáveis; a síntese de cada um deles me é suficiente para dar idéia correta do argumento que neles estão.


Texto 1

1 - Diziam, até outro dia, os anti-bolsonaristas que o presidente Bolsonaro havia sequestrado a Bandeira Nacional. Não erro se concluir que ele, além de sequestrá-la, carregou-a consigo para os Estados Unidos, afinal, ontem, dia 1 e Janeiro de 2.023, não se viu a Bandeira Nacional em mãos de nenhuma das setecentas bilhões de pessoas que foram recepcionar, em Brasília, o tal "L".

2 - De uma reportagem jornalística, li o título, que dizia que na posse do tal "L" compareceram 280.000 pessoas a menos do que o público esperado. Cocei a cabeça, pensando quantas pessoas os organizadores da festa aguardavam. Um milhão?! Pouco, afinal é o tal "L" imensamente popular. Cinco milhões?! É provável. Curioso, li a reportagem, e vim a saber que acreditavam os organizadores da festa que ao porre... quero dizer, à posse do tal "L" compareceriam 300.000 pessoas. Não deveria a reportagem dizer, simplesmente, que ao evento festivo, o mais popular que o mundo já assistiu, foram 20.000 pessoas?! Para que tanto contorcionismo retórico, meu Deus!

3 - Numa reportagem, lê-se que o governo que ora se inicia revogou decreto (ou algo que o valha) de autoria do seu antecessor, decreto que isentava empresários de pagar impostos, do governo, portanto, conclui a reportagem, os empresários tirando quase seis bilhões de Reais por ano. Agora, revogado o decreto, terá o governo toda essa grana em suas mãos. Ora, o dinheiro que os empresários não recolhiam ao governo, em forma de impostos, era deles, e não dele.

E a reportagem, num tom não muito elegante, dá a entender que a isenção de impostos é política lesa-pátria, benéfica à gente gananciosa (os famigerados capitalistas), e maléfica ao povo (de que povo se trata?!).

Meu interlocutor: No seu texto, muitas mentiras. A revogação da isenção do imposto, obra de Mourão, para prejudicar Lula, ao crepúsculo do governo Bolsonaro, que jamais deixou de cobrá-lo. (e acompanha o comentário um link para reportagem que, segundo meu interlocutor, prova que estou a mentir).

*

Eu: Onde as mentiras no meu texto?! Eu me referi, com o uso de uma hipérbole, na primeira nota breve, à ausência de bandeiras nacionais. Ora, dada a popularidade universal do Lula e o autêntico sentimento patriótico de seus eleitores haveria milhões de bandeiras nacionais, em Brasília, no dia 1. Na segunda nota breve, fiz referência a uma reportagem jornalística, cujos título e corpo li, e o texto traz a informação que mencionei. E na terceira nota breve falei do teor de uma reportagem, e nada mais. E nesta terceira nota não é o tema central o governo Lula, tampouco o governo Bolsonaro, mas a idéia na reportagem esposada: a de que o dinheiro que os empresários ao tesouro nacional não recolhem via impostos pertence ao governo, e não aos empresários, os verdadeiros produtores de riqueza.

*

Meu interlocutor: Na posse do Lula, muitas bandeiras e uma bandeira gigante, e mais pessoas do que as fake news informam. Veja a reportagem do link: ela desmente o que você disse.

*

Eu: Quantas pessoas havia no empoçamento do molusco?! A reportagem não diz. E quantas bandeiras do Brasil?! A reportagem exibe duas pessoas com bandeiras - duas pessoas, duas bandeiras, num mar de gente - e uma bandeira de 50 metros. E só. É pouca bandeira para tanta gente. E você reparou que na primeira foto não há bandeiras do Brasil, apenas um mar vermelho de não sei quantos patriotas?!

*

Meu interlocutor: Havia muitas bandeiras, na posse. Veja o link. Haveria mais bandeiras se os bolsonaristas não houvessem se apropriado da Bandeira como símbolo deles, o que inibe, por quem não é bolsonarista, o uso delas.

*

Eu: Os bolsonaristas jamais se apropriaram da Bandeira Nacional. Jamais. A Bandeira está à disposição dos brasileiros desde há mais de um século. O que se viu no Brasil, nas últimas décadas, na mídia, na cultura, no sistema educacional, é o total desprezo pelo Brasil, pelas coisas brasileiras, pela Pátria. Jamais os bolsonaristas adotaram a Bandeira como sendo deles, exclusivamente deles. Jamais. Tal afirmação é uma falácia. Se as gentes da esquerda tivessem algum sentimento de apreço pelas coisas pátrias por que nas manifestações da esquerda, em 2003, e posteriormente, a Bandeira era, infalivelmente, a ilustre ausente?! Ah! Mas havia uma ou duas bandeiras, você poderá dizer. Sim. Ilhas num oceano de bandeiras vermelhas, de sindicatos, de movimentos de esquerda. E o seu uso generalizado pelo povo é inibido porque as pessoas se ressente da associação da bandeira com o bolsonarismo?! Bobagem. Pretexto de quem tem ódio ao Brasil, ao seu povo, e envergonha-se da Bandeira. Pessoas que jamais a usaram, e não querem exibi-la, encontraram uma boa justificava para seguirem a desprezá-la, sem dar na vista, e ficar bem na foto.


*


Texto 2

Lula e a Demissão Sem Justa Causa.

Contou-me alguém que o governo do tal "L", aquele ser divino que melhor representa, e interpreta, o que há de melhor nos sentimentos dos brasileiros, o da esperança, e que é a democracia em corpo e alma, está a pensar, e a pensar seriamente, para o bem do povo brasileiro, em reeditar uma política trabalhista que imensos bens já deu ao Brasil: o da proibição da demissão sem justa causa. Não entendi a razão de ser de tal idéia, que, aventada pelo governo de turno, recebe aplausos de uns, e de outros pancadas. O que diz a teoria política e econômica e social e trabalhista acerca de tema, tão polêmico, que mexe com os brios de onze em cada dez pessoas, não sei. E não quero saber. E tenho raiva de quem sabe. Desconheço-a. Conquanto eu a ignore, decidi pensar a respeito; para tanto, no entanto, todavia, solicitei ajuda aos meus cinco estimáveis piolhos de estimação, o Zezinho, o Joãozinho, o Pedrinho, o Carlinho e o Bartolomeu, e ajuda valiosa, imprescindível, para pensar acerca de tão complicado e complexo tema. Após quarenta e oito horas debruçados sobre o assunto, e vinte garrafas de cerveja, e três quilos de picanha maravilhosamente temperada, e uma dúzia de pães com alhos, e dois quilos de farofa, e quarenta e sete ovos de codorna e três litros de gelatina, a palestrarmos, a parlamentarnos, a tertuliarmos, chegamos a um denominador comum, que é o que segue nas linhas abaixo.

Teoria para tratar do caso, não temos. Imaginamos, porventura, para ilustrá-lo: uma empresa, criada há vinte anos, cujo corpo laboral original constituía-se de seu proprietário, capitalista e empresário, que punha as mãos na massa, e cinco empregados, lucrativa durante todo este período, cresceu, e cresceu, e cresceu, e veio a ter dois mil funcionários. Uma história de inegável sucesso. E assim foi, enfrentando adversidades de monta, em sua maioria oriundas de ações erráticas, involuntárias umas, outras nem tanto, de governos. Mas chegou um dia em que, devido a percalços que inúmeros fenômenos políticos e sociais e econômicos, nacionais e internacionais, convergiram para produzir, viu seu balanço no vermelho em dois anos seguidos. E seus diretores visualizaram a crise que se daria se medidas drásticas, enxugamento do quadro de funcionários em vinte por cento, redução de quinze por cento dos salários dos diretores, e de trinta por cento das despesas, e robotização e informatização, não fossem tomadas imediatamente. A outra opção: falência, e dois mil funcionários no olho da rua. Podendo, em tal caso, além de atender, para manter a empresa em pé, às outras demandas, que o diagnóstico indicou imprescindíveis, demitir quatrocentos funcionários, e assim manter empregados mil e seiscentos, num ambiente jurídico - na área trabalhista - favorável, que não encarece as ações demissionárias, assim seria feito, e a existência da empresa preservada, e um mil e seiscentas pessoas com a garantia de conservação do emprego; e nos anos subsequentes todos veriam a empresa a aprimorar os seus serviços, a melhorar os seus produtos, e a progredir, vindo a, num momento economicamente favorável, agigantar-se um pouco mais, agora cortada de si a gordura, a ponto de contratar outros funcionários, cem, duzentos, quinhentos, talvez mil. Mas, e se desvantajoso para a empresa o processo de demissão de funcionários, tal processo se revelando economicamente inviável tendo-se em vista legislação trabalhista onerosa, e revelando-se vantajoso para empresa o encerramento das suas atividades?! Se os empresários entenderem que, impedidos, devido à lei, pesando os prós e os contras da política de demissões, de demitir funcionários que sabem dispensáveis, tiverem de conservá-los eternamente na folha de pagamento, terão seguidos balanços anuais no vermelho até chegar o dia em que a dívida da empresa supere a do seu patrimônio em cinco vezes, irão eles, óbvio, dar fim à empresa. Neste quadro, que bem receberam os trabalhadores protegidos pela política trabalhista que, não necessariamente proíbe, mas dificulta as demissões sem justa causa? Sabe-se que na carteira de trabalho registra-se, se demitido sem justa causa o trabalhador, a razão da demissão: sem justa causa. E em hipótese alguma tal detalhe vai em prejuízo do trabalhador, que, sabe-se, perdeu o emprego por alguma razão que, pode-se dizer, fugia ao controle dele, e não porque é ele relapso, ou vagabundo, ou ladrão, ou por qualquer outra razão reprovável, que lhe manche a reputação, que dele dê uma figura corrupta.

Meus piolhos de estimação e eu não sabemos se pretende o governo do tal "L" , e com a nossa parca sabedoria entendemos que pretende, pôr em prática tal política. E se pretende, se terá meios políticos, poder, para fazer valer sua vontade. Ou se tal capítulo não passou de um balão de ensaio; ou se está o governo a jogar para a torcida, a sua torcida, para contentá-la, mas ciente de que não poderá concretizá-la. E se a impuser goela adentro dos brasileiros, qual será o resultado?! Dada a repercussão de tal proposta entre os entendidos, o de afugentar investimentos produtivos, brasileiros e estrangeiros, nas empresas tupiniquins e tupinambás, o que será imensamente prejudicial aos trabalhadores. E sabe-se que trabalhadores desempregados não gozam de direitos trabalhistas.

Seguiremos a pensar meus piolhos de estimação e eu.

E somos meus piolhos e eu sinceros: pouco nos importa o que diz a teoria, que não sabemos o que diz.

*

Meu interlocutor: É fácil falar do que não entende. Seu texto não está de acordo com a questão em debate - no qual está envolvido o STF, e não o governo Lula -, que retrocede ao governo de FHC e envolve a OIT, que proíbe demissão sem justa causa e considera justificada a demissão se a empresa se encontra em dificuldades financeiras desde que sejam estas comprovadas

Eu: O meu artigo, que está num tom joco-sério - e eu me dou ao direito de tratar com jocosidade assuntos sérios -, não é o de um especialista em legislação trabalhista, está claro, e claro no próprio artigo. Sei da história, que remonta a FHC. Deixei sob suspeita se é do governo atual, ou não, a proposta. Neste meu artigo, fiz um exercício de imaginação com o uso de "demissão sem justa causa", que pode ser qualquer coisa, a depender da interpretação que se dá à lei, que pode ser interpretada e reinterpretada ao bel prazer de advogados e juízes. Ora, vivemos num mundo em que a lei nunca é a lei. Outro ponto, que fiz questão de apontar, foi a repercussão da notícia com tal proposta entre investidores, que vêem na legislação trabalhista brasileira inúmeras razões para não investir, e uma delas atende por "demissão sem justa causa". O que eu comento, neste meu artigo joco-sério, está publicado em reportagens de jornais e sites. Sabendo-se que é da mentalidade do Partido dos Trabalhadores, e de governos de esquerda, o engessamento do investimento capitalista e restrições à liberdade econômica, a "demissão por justa causa" pode ter o teor que se lhe querem atribuir. A observar os próximos capítulos desta novela.