quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Vários IV

 Cinco propostas de governo do senhor Zero à Esquerda, candidato a prefeito - publicado no Zeca Quinha Nius


Eu, Zero à Esquerda, candidato a prefeito pelo P.O.D.R.E. (Partido Organizado da Democracia Revolucionária Estudantil), dou a conhecer aos meus futuros eleitores e àqueles que, de tão burros e idiotas, num futuro próximo não votarão em mim, cinco propostas de governo, propostas que consistem na proibição de:

1) cortar verticalmente ou obliquamente as laranjas - dever-se-á cortar as laranjas horizontalmente. A transgressão redundará ao transgressor ou multa de R$ 500,00, ou prisão de seis meses;

2) consumo excessivo de oxigênio - cada cidadão de nossa cidade terá direito, obrigatoriamente, a inspirar um "x", proporcional ao volume de seu corpo, de metros cúbicos diário de oxigênio. A transgressão redundará ao transgressor ou multa de R$ 500,00, ou prisão de seis meses;

3) andar nas calçadas com passos que superem os oitenta centímetros de comprimento. A transgressão redundará ao transgressor ou multa de R$ 500,00, ou prisão de seis meses;

4) beber água em copos de vidro. A transgressão redundará ao transgressor ou multa de R$ 500,00, ou prisão de seis meses; e,

5) leitura de livro cuja publicação não conte com a autorização do prefeito. A transgressão redundará ao transgressor ou multa de R$ 500,00, ou prisão de seis meses.


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Bosquejo biográfico do senhor Zero à Esquerda, candidato a prefeito - publicado no Zeca Quinha Nius


Apresentamos, hoje, em primeira e segunda mãos - o autor deste artigo usou as duas mão para digitá-lo -, neste nosso Zeca Quinha Nius, o maior e melhor hebdomadário digital do orbe terrestre, breve nota biográfica do senhor Zero à Esquerda, candidato a prefeito pelo P.O.D.R.E. (Partido Organizado da Democracia Revolucionária Estudantil).

O senhor Zero à Esquerda, nascido há quarenta anos e mais alguns dias antes da publicação deste minucioso bosquejo biográfico, que ora damos a público, de sua biografia, é herdeiro de uma família de gente nobre, o primeiro da sua terceira geração (que sucedeu à segunda, que, por sua vez, foi subsequente à primeira).

Na escola, cabulava, sensato que era, todas as aulas, e os professores sempre lhe anotavam a presença. Passou, e com louvor, todos os anos letivos, até à graduação, na faculdade. Nos seus boletins escolares, nenhuma nódoa. Ao final da sua carreira estudantil, a sua ignorância era maior do que a que ele exibia no dia da sua matrícula no pré-primário, o que muito o regozijava, e o envaidecia, e orgulhava os seus familiares, em especial seus genitores - e, cá entre nós, o engrandece, pois, sabe toda pessoa que conhece a filosofia de um famoso jogador de futebol da antiga Grécia, o homem sábio é ignorante, e quanto mais ignorante mais sábio, e mais culto, e não há, no orbe terrestre, ninguém mais ignorante, e, portanto, mais sábio e mais culto, do que o senhor Zero à Esquerda. O diretor da escola de primeiro e segundo graus em que ele estudou, amigo íntimo de um deputado federal e do governador do estado, reconhecendo-lhe a inigualável inteligência, singular, incomum, dispensou-o de todas as provas, pois, estava ciente, ele nascera sabendo tudo de todas as matérias escolares, afinal ele era o primeiro da terceira geração de uma família nobiliárquica que só não possui títulos de nobreza imperial porque, na sua gênese, o Brasil já era uma república. "Maldito seja, Dom Pedro II.", amaldiçoava Zero à Esquerda Sênior I o imemorial imperador. Na faculdade, com nenhuma dificuldade se deparou para conquistar, e com louvor, o seu diploma.

Aos dezoitos anos, conseguiu uma sinecura numa autarquia municipal, o de diretor da Sub-secretaria de Planejamento Desnecessário (subordinada à Secretaria de Turismo), inexistente até então, criada especialmente para acolhê-lo porque ele, desempregado, precisava, urgentemente, de um emprego, pois ele havia engravidado a filha de um vereador, homem muito próximo do então prefeito. A filha do aludido vereador, jovem amorosa, discreta, amiga de todos os homens, donzela acanhadíssima, carregando no ventre seu herdeiro, exigira, batendo os pés e fazendo beiço com a graça e a simpatia que lhe eram comuns, de seus pais, um belo e exuberante enxoval e recursos que lhe permitissem oferecer ao filho comodidades e conforto - e seu amável pai não se fizera de rogado, e tratara do caso com o prefeito, amigo leal e fiel.

O nome do senhor Zero à Esquerda, nome de jovem dedicado à vadiagem, é proverbial, legado de sua nobre família; o seu talento para o exercício de tão louvável profissão, admirável.

Aplicado no, e dedicado ao, exercício de seus afazeres na ditetoria da Sub-secretaria de Planejamento Desnecessário da Secretaria de Turismo, jamais faltou ao recebimento de seus estipêndios, salário modesto, de subsistência, que corresponde a dez salários míninos, merecida remuneração pelo indispensável e valioso trabalho ao qual, abnegadamente, concentra sua força intelectual.

Tem Zero à Esquerda, sob o seu comando, vinte funcionários (subordinados seus, todos familiares, parentes e amigos de políticos da cidade), que, de tão atentos são cada um deles aos seus vencimentos, jamais lhe viram a figura.

Hoje, aos quarenta anos, ele se apresenta ao proscênio da política municipal ao lançar a sua candidatura a prefeito.


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Quatro propostas de governo do senhor Inútil de Souza, candidato a prefeito - publicado no Zeca Quinha Nius


Ontem, especialmente ontem, entregou o senhor Inútil de Souza, candidato a prefeito, pelo P.O.R.C.A.R.I.A. (Partido dos Operários Revolucionários Comunistas e dos Anarquistas Revoltosos e dos Intelectuais Anti-americanos), ao Zeca Quinha Nius uma folha de sulfite contendo quatro das suas propostas de governo. Ei-las:

1) Distribuição gratuíta de óculos de grau aos cidadãos cegos - aos brasileiros natos, óculos de grau Célsius; aos inatos, de grau Farenheit;

2) Criação de um programa de logística de viagem interplanetária saída da Terra, com chegada em Júpiter, e escala em Plutão;

3) Elaboração de um projeto de estudo para a conservação da sequência dos dias da semana na sequência ordinária e tradicionalmente estabelecida: o Domingo segue sendo Domingo; a Segunda-feira, Segunda-feira; a Terça-feira, Terça-feira; a Quarta-feira, a Quarta-feira; a Quinta-feira-Quinta-feira; a Sexta-feira, Sexta-feira; e o Sábado, Sábado; e,

4) Decreto com a revogação da Segunda Lei da Termodinâmica.



sábado, 26 de setembro de 2020

Vários III

 Dizem que a China criou, em laboratório, o Covid-19. Se é verdade, ou não, eu não sei. Se é, temos de reconhecer a inteligência dos chineses; afinal, eles inventaram um vírus (dotado de Inteligência Artificial?) que só ataca quem desrespeita as orientações da Organização Mundial da Saúde.


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Nota biográfica do Zeca Quinha


Sou descendente de europeus, africanos e indígenas pré-colombianos (melhor, pré-cabralinos). Sou, portanto, meio branco, meio preto e meio marrom.


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Obituário - publicado no Zeca Quinha


João Melão nasceu no dia 25 de Fevereiro de 1980 e morreu, ontem, dia 25 de Setembro de 2020. Viveu vinte e oito anos, que correspondem aos quarenta anos de sua vida oficial substraídos os doze anos que ele passou na escola.

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Good Kill - Máxima Precisão (Good Kill)


Na sua luta contra o terrorismo, os Estados Unidos empregam drones nos ataques aos terroristas. Os pilotos dos drones, dentro de uma cabine, no deserto de Mojave, estado de Nevada, estão distantes milhares de quilômetros de seus alvos, localizados, estes, no Afeganistão, no Paquistão, no Iraque e em outros países berços de terroristas. Não visitam o campo de batalha, não olham nos olhos de seus inimigos; controlam joysticks, o olhar concentrado numa tela de computador; não arriscam a própria pele durante as incursões dos drones em território inimigo; a guerra é impessoal, assemelha-se a um jogo de videogame. Seus inimigos não são seres humanos, têm-se a impressão, seres reais, de carne e osso, de sangue; não são pessoas; são apenas personagens de um videogame.

O major Thomas Egan (Ethan Hawke), experiente piloto da força aérea americana, agora, protegido por uma cabine metálica localizada em território americano, empreende incursões, na pilotagem de drones, em território inimigo; nostálgico de seus anos de piloto de caças, amargurado, pergunta-se se está a ocupar-se de uma atividade meritória, ou se fôra reduzido a um covarde; seu drama destrói-lhe a alma, deprime-o; cumpre, maquinalmente, as ordens que seus superiores lhe descarregam no corpo, e no espírito, já combalido, de homem que não mais sabe qual é o propósito de seu trabalho, e tampouco o de sua vida. Sua postura, seu rosto sempre a transparecer a amargura que o consome, distante de sua esposa, Molly Egan (January Jones), e de seus filhos, inspira atritos com a sua consorte, que lhe sente a falta, não da presença física, pois, agora, piloto de drones, e não de caças F-16, ele está sempre presente na sua casa, em corpo, mas não em espírito. E desintegra-se a família do major Thomas Egan.

Embora Good Kill - Máxima Precisão caia na vala comum dos filmes protagonizados por um herói solitário que, num ato intemerato, decide confrontar o onipresente e onisciente sistema de poder estatal, indo contra pessoas que têm o poder de decidir o destino dos homens comuns, é notável a coragem, numa época em que o cinema se converteu em um planfeto ideológio da pior espécie, de seu diretor, Andrew Niccol, e de seus produtores e roteiristas, pessoas que tocaram, e com destreza, num tema sensível aos homens modernos: a desumanização do homem imerso num mundo de máquinas, que lhes roubam o espírito que os faz autênticos seres humanos. A guerra contra o terrorismo, empreendida pelos Estados Unidos e seus aliados após o 11 de Setembro, apenas empresta o enredo para se trabalhar um tema caro aos humanos, e desde sempre: A razão de viver.


quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Vários II

 Abordou-me, hoje, à Praça Monsenhor Marcondes, um chinês, que me falou, e me falou, e me falou, e me falou... E eu nada entendi do que ele me disse, pois, para mim, chinês é grego.

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Se dois homens negros estiverem brigando, e alguém me falar para eu lhes dar fim à briga, e se eu lhe dizer "Eles, que são brancos, que se entendam.", incorrerei em crime de racismo?!

Vários

 Argumentos sólidos


- Em defesa de suas idéias, use argumentos sólidos.

- Um tijolo bem aplicado na sua testa serve?

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Notícia importante aos meus queridos leitores

Hoje eu não tenho nenhuma notícia importante para dar a vocês.

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João Furtado era um homem tão forte que certa vez desceu um porrete, com tanta força, na cabeça do Crispim do Açougue que lhe empurrou os miolos para o dedão do pé.

Um dia, meus queridos leitores, a vocês eu contarei tal história com todos os seus pormenores e pormaiores.

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A salamandra vesga

Você quer viver feliz todos os dias que a você restam de vida? Quer!? Então, nunca mais pense na salamandra vesga.

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Considerando todas as adversidades que estamos enfrentando neste ano de 2.020, entendo que o Ayrton Senna, se vivo fosse ainda hoje, não teria morrido em 1994.

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À toa muita gente ocupa o tempo com o mal que é o Covid-19, que, embora muito mal nos faça a nós humanos, não nos faz tanto mal quanto o que nos fazem dois males que acompanham a espécie humana desde o tempo das cavernas: Cu Furado e Cu Entupido, que, digo para quem não sabe, atendem pelos seus nomes populares, respectivamente Diarréia e Prisão de Ventre.

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Certo dia, dobrando-se a uma indomável diarréia, o esquerdista despejou, na privada, metade de sua fedorenta massa encefálica, e logo tratou de, para reconstituí-la, ler os livros de Paulo Freire e os de Gianfrancesco Guarnieri.

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A quem interessar possa

A Organização Mundial da Saúde ainda não encontrou Covid-19 na Lua.

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Tolerância e intolerância

 Tolero quem desmata a Amazônia. Tolero quem é a favor da quarentena. Tolero quem diz que o Maradona é melhor do que o Pelé. Tolero quem vota em políticos do PT. Tolero quem acredita que a Terra é plana. Tolero vegetarianos e veganos. Tolero testemunhas de Jeová. Mas não tolero quem não gosta de fubá.

terça-feira, 1 de setembro de 2020

Bolsonaro e as obras do Lula

 - Bozonaro, aquele nazista! aquele fascista! está inaugurando obras do Lula. É incompetente e invejoso. Não sabe construir obras próprias, e conclui as que o Lula começou a construir.

- Carinha, Lula é o dono do Brasil? As obras que ele começou a construir, e cuja construção não concluiu, são obras públicas, erguidas para o bem do povo brasileiro e financiada com dinheiro do povo brasileiro. São obras de Estado, e não de governo. Não são do Lula, nem da Dilma, nem do Temer, nem do Bolsonaro. São dos brasileiros.

- Vá se ferrar, fascista!

- Você queria, querido carinha, que o Bolsonaro abandonasse os trechos já erguidos das obras de transposição das águas do Rio São Francisco, e começasse outras obras de transposição paralelas às que o Lula principiou? Imagine o gasto de dinheiro público, o desperdício. O Bolsonaro tem de concluir as obras já iniciadas, se necessárias; se não, devem ter desmanchadas o que já está erguido.

- Nazista! Racista!

- Carinha, você não quer me dizer que o Lula, e só o Lula, o homem sem pecados, a Idéia personificada, pode concluir as obras cuja construção se iniciou no governo dele, quer?

- Lula livre! Lula livre!